Neste estudo os autores evidenciaram que as imagens térmicas são promissoras na avaliação da técnica de lavagem das mãos dos profissionais de saúde.
Qual a técnica adequada para a Higiene das Mãos?
Publicações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostraram que os esforços e a dedicação para garantir e melhorar a adesão à higiene das mãos (HM) entre os profissionais de saúde tem obtido considerável êxito. No entanto, muito menos atenção tem sido dada à avaliação da técnica de aplicar desinfetante à base de álcool (ABHS) nas mãos, embora já conhecida sua eficácia antimicrobiana.
Elementos importantes na técnica de higiene das mãos incluem cobrir toda a superfície das mãos e dedos com uma quantidade suficiente de ABHS e realizar a fricção das mãos. Vários estudos documentaram que os profissionais de saúde muitas vezes falham em aplicar o ABHS na ponta dos dedos e nos polegares. Atualmente, não existem métodos amplamente adotados para avaliar a adequação da técnica de higienização das mãos. Como resultado, é provável que muito poucos estabelecimentos de saúde avaliem rotineiramente a técnica de higienização das mãos dos profissionais de saúde.
Na busca por uma nova forma de avaliação da higiene das mãos, os autores buscaram nas evidências científicas estudos que abordassem a imagem térmica infravermelha, e observaram que havia uma redução transitória da temperatura da pele subjacente quando se associava está técnica a aplicação tópica de um gel de ultrassom ou de uma solução contendo etanol. Como a aplicação de um desinfetante para as mãos à base de álcool (ABHS) resulta na evaporação do líquido e reduz transitoriamente a temperatura da pele em áreas afetadas pelo produto, os autores exploraram a viabilidade do uso de imagens térmicas para determinar se o ABHS foi aplicado corretamente nas mãos ou não.
Como os autores aplicaram a técnica de imagem térmica nesta avaliação?
O objetivo deste estudo foi determinar se o desinfetante à base de álcool foi aplicado corretamente pelos profissionais de saúde nas mãos pela técnica da imagem térmica infravermelha. Uma amostra de conveniência de 12 funcionários da Qualidade e Segurança do Hospital Yale New O Haven se ofereceram para serem participantes do estudo, que foi conduzido pelo Departamento de Controle e Prevenção de Infecções.
Uma câmera termográfica profissional (FLIR One Pro) para iOS (Teledyne FLIR LLC, Wilsonville, OR) foi conectada a um iPhone 12 equipado com o aplicativo smartphone FLIR foi utilizado para obter as imagens térmicas. As imagens térmicas do aspecto da palma da mão dominante de cada voluntário foram obtidas antes da aplicação de aproximadamente 1,8 ml de gel ABHS de etanol à 70%, e imediatamente após as mãos ficarem totalmente secas, por volta de 1 a 2 minutos depois. A imagem térmica é não invasiva e não requer contato com a mão do participante. A paleta de cores da FLIR One Pro usada no estudo, apresenta nas áreas mais quentes o branco ou marrom-avermelhada, nas áreas progressivamente mais frias o amarelo, verde, turquesa, azul, magenta e preto.
As medições de temperatura foram registradas na área da palma da mão, e nas pontas do terceiro dedo e polegar (ou seja, o ponto médio da superfície plantar da falange distal) usando software do FLIR Studio Suite desktop. Para avaliar o impacto potencial das imagens térmicas, o gênero de cada participante foi registrado e a área da superfície da mão estimada (HSA) em cm2 da mão dominante foram classificados como pequeno (< 375 cm2), médio (375-424 cm2) ou grande (425 cm2). Para adequar a relação entre a área da superfície da mão estimada e o volume de AHBS aplicado, dividimos 1,8 ml pela HSA de cada voluntário e encontramos os volumes que deveriam ser utilizados em ml/cm2. Além disso, questionamos se o volume de ABHS aplicado por cm2 seria preditivo de diminuição da temperatura da palma da mão imediatamente após a higienização das mãos.
Esse sistema foi capaz de detectar a aplicação da técnica adequada de HM?
Avaliações visuais
As imagens térmicas obtidas antes e imediatamente após a execução da higienização das mãos revelaram a capacidade do sistema de detectar mudanças de cor, de acordo com a mudança na temperatura.
As temperaturas da linha de base foram diferentes de acordo com o local que estavam sendo avaliadas, a temperatura média da palma da mão foi de 32,2°C, significativamente maior do que para o 3º dedo (29,4°C) e o polegar (29,7°C). No geral, a imagem térmica mostrou reduções significativas na palma da mão, nos dedos e polegar imediatamente após a realização da higienização das mãos. Um voluntário com as mãos grandes não teve temperaturas diminuídas na palma, no dedo ou polegar após a aplicação do ABHS.
Um minuto após a higienização das mãos ter sido concluída, as temperaturas médias em todos os 3 locais aumentaram para 0,3 a 0,41°C acima das temperaturas da linha de base.
Dois minutos após a higienização das mãos ter sido concluída, as temperaturas médias na palma da mão, no dedo e polegar aumentaram, respectivamente, de 0,45; 0,97 e 0,89°C a mais do que a linha de base.
Tamanho da mão e volume utilizado da solução alcoólica?
O volume médio do desinfetante à base de álcool para mãos pequenas, médias e grandes foram, respectivamente de, 352,66 cm2, 402,89 cm2 e 456,02 cm2. Não houve uma correlação estatisticamente significativa entre a área da superfície da mão estimada e a diminuição da temperatura da palma da mão imediatamente após a higienização. A diminuição média na temperatura da palma das mãos, imediatamente após a higienização, foi maior para mãos pequenas ou médias (-1,69°C) do que para mãos grandes (- 0,73°C).
Houve uma forte correlação negativa entre a superfície da mão estimada e a quantidade de ABHS aplicada por cm2, com as quantidades aplicadas. Embora a temperatura da palma da mão diminuísse, imediatamente, após higienização, pode-se observar que, as variações foram maiores conforme o volume de ABHS fosse maior pela área, contudo não houve correlação estatisticamente significativa.
As limitações do estudo podem ter impactado nos resultados obtidos?
O estudo teve uma série de limitações, incluindo a pequena amostra de participantes, necessitando assim, de novos estudos envolvendo um número muito maior de profissionais de saúde para determinar se a imagem térmica é, de fato, um método prático de avaliação da técnica de higienização das mãos.
O frasco do dispensador de álcool utilizado foi medido para dispensar »1,8mL, enquanto os dispensadores montados na parede calibrados de fábrica são configurados para fornecer »1,1 mL. Logo, estudos adicionais são necessários para determinar se as mudanças na temperatura observadas com este maior volume, também, estariam presentes em volumes menores de ABHS em pessoas com diferentes tamanhos de mão. E o trabalhou avaliou apenas mudanças nas temperaturas da face palmar e dos dedos, não os aspectos dorsais da mão.
Estas limitações podem ter impacto no resultado do estudo, mas ele mostra uma linha de pesquisa sobre avaliação da técnica de aplicação de soluções alcoólicas para higiene das mãos na prática hospitalar
O que podemos então concluir sobre a avaliação térmica da técnica de uso de álcool gel para higiene das mãos?
A imagem térmica para avaliar a execução da técnica de higienização das mãos pode ser promissora. Contudo, mais estudos são necessários e devem incluir as seguintes características: um número muito maior de pessoas sob condições variadas, uso de diferentes formulações ABHS e aplicação de volumes ABHS semelhantes aos fornecidos por dispensadores de parede.
Fonte:
Boyce JM, Martinello RA. Pilot Study of Using Thermal Imaging to Assess Hand Hygiene Technique. Am J Infect Control. 2022 Jul 23:S0196-6553(22)00571-5. Epub ahead of print. PMID: 36116677. https://doi.org/10.1016/j.ajic.2022.07.015
Link: https://www.ajicjournal.org/article/S0196-6553(22)00571-5/fulltext
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Sinopse por:
Thalita Gomes do Carmo
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