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Comunicação estratégica para aprimorar práticas de prevenção e controle de infecção

Podemos melhorar as estratégias para as medidas de prevenção de controle de infecção?

As infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) são um desafio significativo e reconhecido para a segurança do paciente. Ao longo dos anos muitos avanços foram feitos quando se trata da prevenção e controle de tais infecções, porém a aplicação das práticas de prevenção baseadas em evidências nem sempre é ideal.

Nesse contexto, uma possível estratégia para melhorar a promoção de boas práticas de prevenção e controle de infecção e permitir sua implementação e manutenção nos hospitais poderia centrar-se na comunicação estratégica direcionada por parte das figuras de liderança, mas as estratégias mais efetivas para tal ainda não são bem compreendidas.

Quais os objetivos do estudo?

O estudo teve como objetivo principal identificar e caracterizar as práticas de comunicação estratégica utilizadas por gestores, diretores e líderes executivos para compartilhar informações sobre prevenção de IRAS e a percepção de eficácia das técnicas pelos mesmos.

Qual foi a metodologia utilizada?

Os pesquisadores usaram a análise temática dominante dedutiva para avaliar as respostas obtidas durante entrevistas individuais ou em grupo que foram realizadas com personagens-chave sobre as estratégias de gestão em torno de prevenção e controle de infecção (com foco em infecções sanguíneas relacionadas a cateter central (CLABSI) e infecções urinarias relacionadas a cateter (CAUTI)) em 18 hospitais dos EUA de setembro de 2017 a novembro de 2019.

Quais os principais resultados dessas entrevistas?

No total, foram entrevistados 188 líderes de hospitais de diversos portes, regiões e atuações. Os participantes foram 51 líderes de nível executivo e 137 de nível médio.

Os entrevistados em todos os hospitais identificaram o compartilhamento de informações como uma prática de gerenciamento crítica que serve de apoio aos esforços de prevenção e controle de infecção. As principais áreas temáticas identificadas foram facilitadores de sucesso/melhores práticas para prevenção de IRAS e barreiras ao sucesso/lições aprendidas sobre prevenção de IRAS.

Uma estratégia identificada como parte importante da comunicação estratégica foi a de storytelling (contar histórias). Essa técnica foi considerada particularmente útil pela sua capacidade de criar impacto e emoção, além da possibilidade de ser utilizada para educar e reconhecer casos de sucesso. Ela se mostrou percebida como particularmente impactante quando aliada com o uso do ponto de vista em primeira pessoa, focando em situações realistas e envolvendo o ouvinte na narração.

A prática de storytelling é uma ferramenta que também pode ser usada para descrever erros, mas os autores recomendam cuidado ao compartilhar histórias emotivas com resultados negativos. Em tais casos, sugere-se que as histórias devem ser cuidadosamente selecionadas e compartilhadas somente se houver uma conexão clara com o objetivo de aprendizagem. Além disso, a permissão dos indivíduos envolvidos deve ser obtida previamente e linguagem que implica culpa não deve ser usada.

Que limitações foram destacadas pelos autores?

Os autores destacam uma limitação principal, que é o fato de os achados do estudo apresentarem perspectivas subjetivas dos líderes sobre as estratégias de comunicação. Eles destacam que trabalhos futuros podem ser projetados para avaliar também a eficácia das abordagens de comunicação.

Afinal, o que se pode concluir deste estudo?

Os pesquisadores sugerem que figuras de liderança compartilhem informações sobre facilitadores de sucesso para a prevenção e controle de infecção por meio de reuniões de liderança e e-mails. Eles também destacam que o storytelling é percebido como mais eficaz quando são incluídas histórias educativas, emocionais com um resultado positivo e de celebração. Por outro lado, quando se trata de barreiras de sucesso, as estratégias mais percebidas como bem-sucedidas foram a comunicação via reuniões de liderança e reuniões de revisão de casos, que permitem discussão e comunicação bidirecional.

Que críticas e comentários finais a respeito do estudo?

Este estudo se diferencia da grande coorte de pesquisas que tratam da eficácia de estratégias comunicativas. O ponto mais inovador é que o insight de partida dos pesquisadores é a de iniciar da perspectiva dos líderes e pessoas-chave dentro da cadeia de relações hospitalares sobre as estratégias comunicativas sugeridas pela literatura cientifica, e não da eficácia propriamente dita dessas estratégias. Esta mudança de perspectiva pode ser particularmente interessante levando em consideração outros estudos recentes que associam a eficácia percebida de novas estratégias a possibilidade de implementação e manutenção mais eficazes dentro de ambientes de cuidados a saúde.

Alguns pontos que podem ser interessantes para trabalhos futuros – além da necessidade já mencionada no texto pelos autores de validar a eficácia dessas intervenções para melhoria das práticas de prevenção e controle de infecção – são a perspectiva de eficácia de estratégias comunicativas por funcionários que não ocupam posição de liderança de alto e médio nível, e também o estudo dos pontos que dificultam a aceitação de outras formas de comunicação que se provam eficazes quando implementadas mas que sofrem grande resistência inicial.

Salientamos a crescente utilização de pesquisas qualitativas, frequentes em ciências sociais, mas pouco empregada entre na área da saúde, mais voltada à metodologias quantitativas. Mas quando se quer estudar comportamento as pesquisas qualitativas devem ser o método de escolha e por este motivo os profissionais de saúde devem cada vez mais conhecer e empregar essas metodologias. No nosso MBACCIH há mais de 10 anos temos esse tema no curso, ministrado juntamente com estratégias de marketing e comunicação.

Fonte: McAlearney AS, MacEwan SR, Gregory ME, Sova LN, Hebert C, Gaughan AA. Identifying management practices for promoting infection prevention: Perspectives on strategic communication. Am J Infect Control. 2022 Jun;50(6):593-597

Link: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2021.11.025

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Management practices for leaders to promote infection prevention: Lessons from a qualitative study – https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.09.001

The role of leadership in eliminating health care-associated infections: a qualitative study of eight hospitals – https://doi.org/10.1108/s1474-8231(2013)0000014008

Rewarding and recognizing frontline staff for success in infection prevention – https://doi.org/10.1016/j.ajic.2020.06.208

Emprego de pesquisas etnográficas para prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/emprego-de-pesquisas-etnograficas-para-prevencao-e-controle-de-infeccao/

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Motivação dos profissionais de saúde para a prevenção das infecções hospitalares: https://www.ccih.med.br/motivacao-dos-profissionais-de-saude-para-a-prevencao-das-infeccoes-hospitalares/

CCIH: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

Sinopse por: Maria Julia Ricci

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TAG / palavras chaves: Controle de infecção, prevenção de infecção, infecção relacionada à assistência à saúde, IRAS, IACS, Infecção associada aos cuidados em saúde, evidências científicas, comunicação, comunicação estratégica, liderança, pesquisa qualitativa, entevistas semi-estruturadas, contar história, emoção, impacto, storytelling, aprendizagem, subjetividade

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