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SAÚDE BASEADA EM VALOR: CONCEITOS, IMPLEMENTAÇÃO GLOBAL, EXPERIÊNCIA DA ÍNDIA E O PAPEL DA CCIH

A saúde baseada em valor é incompatível com a incorporação de tecnolgia em saúde e a prevenção de infecções?

FAQ: Saúde Baseada em Valor e o Papel do Profissional de Saúde

Parte I: Definições e Conceitos Fundamentais

1. O que é Saúde Baseada em Valor (Value-Based Healthcare – VBHC)?

Saúde Baseada em Valor é um modelo de gestão e remuneração em saúde que busca entregar os melhores resultados para os pacientes com o menor custo possível. O foco muda do volume de serviços prestados (consultas, exames) para a qualidade e eficiência do cuidado entregue ao longo de toda a jornada do paciente.

2. Qual é a “equação de valor” na saúde?

A equação, definida por Michael Porter, é: Valor = Desfechos que importam para o paciente / Custos para entregar esses desfechos. O objetivo é sempre melhorar os desfechos e/ou reduzir os custos, aumentando assim o valor gerado para o paciente.

3. Como o modelo de VBHC se diferencia do modelo tradicional “fee-for-service”?

O modelo tradicional fee-for-service (pagamento por procedimento) remunera por volume, incentivando a quantidade de serviços, independentemente do resultado. A Saúde Baseada em Valor remunera pelos resultados e pela eficiência, incentivando a qualidade, a prevenção de complicações e o cuidado coordenado.

4. O que são “desfechos que importam para o paciente”?

São os resultados do tratamento que realmente impactam a vida do paciente, indo além dos indicadores puramente clínicos. Incluem a sobrevida, o controle da doença, a recuperação funcional (ex: voltar a andar sem dor), a qualidade de vida e a experiência durante o tratamento.

5. Saúde Baseada em Valor é apenas sobre reduzir custos?

Não. A redução de custos é uma consequência, não o objetivo principal. O foco primário está em melhorar os desfechos para o paciente. A redução de custos geralmente vem da eliminação de desperdícios, como o tratamento de complicações preveníveis (infecções, por exemplo), exames desnecessários e reinternações.

 

Parte II: Implementação e o Papel da CCIH

6. Quais são os pilares para a implementação da Saúde Baseada em Valor?

A implementação se baseia em: 1) Organizar o cuidado em Unidades de Prática Integrada (UPIs); 2) Medir desfechos e custos para cada paciente; 3) Mudar para modelos de remuneração por pacotes (bundles); 4) Integrar o cuidado entre diferentes locais e especialidades; 5) Utilizar uma plataforma de TI que apoie o sistema.

7. O que são Unidades de Prática Integrada (UPIs)?

São equipes multiprofissionais dedicadas e organizadas em torno de uma condição clínica específica do paciente (ex: UPI de Câncer de Mama, UPI de Artroplastia de Quadril). Essa estrutura quebra os silos tradicionais e permite um cuidado mais coordenado, eficiente e centrado no paciente.

8. Qual é o papel da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) no modelo de Saúde Baseada em Valor?

A CCIH tem um papel central e estratégico. Ao prevenir Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), a comissão atua diretamente nos dois lados da equação de valor: melhora os desfechos (evitando complicações e morte) e reduz drasticamente os custos (evitando diárias extras de UTI, uso de antibióticos caros e novos procedimentos).

9. Como a Segurança do Paciente se encaixa na Saúde Baseada em Valor?

A Segurança do Paciente é um pré-requisito e um componente fundamental da VBHC. Eventos adversos, como erros de medicação, quedas com dano ou infecções, representam desfechos negativos e custos elevadíssimos. Portanto, um programa de segurança robusto é essencial para gerar valor.

10. Como os programas de Antimicrobial Stewardship (AMS) se alinham à VBHC?

Programas de AMS geram valor ao garantir o uso racional de antibióticos. Isso melhora os desfechos ao reduzir a toxicidade e o risco de infecções por C. difficile, e diminui os custos ao evitar o uso de drogas caras e desnecessárias e ao combater a resistência antimicrobiana, que tem um custo altíssimo para o sistema.

11. Qual a lição da experiência da Índia com a VBHC, citada no artigo?

A experiência de hospitais indianos, como a rede Narayana Health, demonstra que é possível entregar desfechos de altíssima qualidade (comparáveis aos melhores centros do mundo) a um custo radicalmente menor, através da padronização de processos, da otimização de fluxos e de um foco implacável na eficiência.

 

Parte III: O Papel dos Profissionais de Saúde

12. Qual o papel do médico na transição para um modelo de VBHC?

O médico precisa evoluir de uma prática individual para um trabalho colaborativo em equipe. Seu papel é focar nos desfechos que importam para o paciente, aderir a protocolos baseados em evidências, comunicar-se efetivamente e participar da análise de dados de sua própria performance para buscar a melhoria contínua.

13. Como a enfermagem contribui para a geração de valor no cuidado ao paciente?

A enfermagem está no centro da coordenação do cuidado. Contribui para desfechos melhores através da prevenção de eventos adversos (quedas, lesões por pressão, infecções), da educação do paciente para o autocuidado e da garantia de uma transição de cuidado segura (ex: na alta hospitalar), o que reduz reinternações.

14. Qual a contribuição do farmacêutico na Saúde Baseada em Valor?

O farmacêutico gera valor através da otimização da farmacoterapia. Isso inclui a reconciliação medicamentosa para evitar erros, o Antimicrobial Stewardship, a gestão de medicamentos de alto custo e a orientação ao paciente para aumentar a adesão ao tratamento, melhorando desfechos e evitando desperdícios.

15. Como a VBHC impacta o trabalho em equipe multiprofissional?

A VBHC exige um trabalho em equipe multiprofissional altamente integrado. O modelo de Unidades de Prática Integrada (UPIs) quebra os silos departamentais, colocando médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas e outros profissionais para trabalharem juntos, com metas e métricas compartilhadas em torno da condição do paciente.

16. Um profissional pode ser remunerado com base no valor que gera?

Sim. Os modelos de remuneração estão evoluindo. Em sistemas mais maduros de VBHC, a remuneração dos profissionais e das equipes pode estar atrelada ao alcance de metas de desfechos e de eficiência, incentivando diretamente a entrega de valor.

 

Parte IV: Contexto Brasileiro e Futuro

17. Qual é o status da implementação da Saúde Baseada em Valor no Brasil?

O Brasil está em uma fase de transição, com vários projetos-piloto e iniciativas, principalmente na saúde suplementar. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tem incentivado a discussão e a criação de modelos de remuneração baseados em valor, mas o modelo fee-for-service ainda é predominante.

18. A Saúde Baseada em Valor é aplicável ao Sistema Único de Saúde (SUS)?

Sim. Embora o modelo de financiamento do SUS seja diferente, os princípios da VBHC são totalmente aplicáveis. Focar em desfechos, otimizar jornadas de cuidado, reduzir desperdícios e organizar o cuidado em linhas integradas são estratégias que podem aumentar enormemente a eficiência e a qualidade do SUS.

19. Quais são os maiores desafios para a implementação da VBHC no Brasil?

Os desafios incluem a fragmentação do sistema de saúde, a dificuldade de coletar e integrar dados de desfechos e custos, a resistência cultural ao trabalho em equipe e à mudança nos modelos de remuneração, e a necessidade de um grande investimento em tecnologia da informação.

20. Onde os profissionais podem aprender mais sobre a implementação da VBHC?

As principais fontes de conhecimento incluem as publicações do Institute for Healthcare Improvement (IHI), os trabalhos de Michael Porter na Harvard Business School, e no Brasil, as discussões promovidas por agências como a ANS, institutos como o IESS e portais de conhecimento focado em gestão e qualidade, como o ccih.med.br.

1. Definição de Saúde Baseada em Valor (VBHC) Segundo a OMS

A Saúde Baseada em Valor (Value-Based Healthcare – VBHC) é um modelo assistencial focado em maximizar os desfechos clínicos relevantes para os pacientes enquanto reduz custos desnecessários.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), VBHC é definida como:

“Os resultados relevantes para o paciente divididos pelos custos por paciente ao longo de todo o ciclo de atendimento” (WHO, 2025).

Esse modelo contrasta com o tradicional sistema fee-for-service, que remunera os prestadores de saúde com base na quantidade de serviços prestados, sem considerar a efetividade dos tratamentos.

Os seis pilares da VBHC, segundo o relatório da OMS, são:

  1. Unidades de Prática Integradas (IPUs): Equipes multidisciplinares organizadas para tratar uma condição de forma completa.
  2. Medição rigorosa de desfechos e custos: Monitoramento constante da efetividade do tratamento.
  3. Pagamentos por pacote (“bundled payments”): Remuneração por episódio de cuidado, evitando incentivos à superutilização.
  4. Integração dos serviços de saúde: Coordenação entre unidades hospitalares, clínicas e sistemas de atendimento primário.
  5. Expansão de serviços de qualidade: Ampliação da cobertura geográfica de centros de excelência.
  6. Uso de tecnologia da informação: Sistemas digitais para garantir transparência e monitoramento de dados.

2. Implementação Global da VBHC: Experiência de Diferentes Países

📍 Estados Unidos

  • Reformas conduzidas pelo Affordable Care Act (ACA) deram origem a programas como o Hospital Readmissions Reduction Programme (HRRP), reduzindo reinternações desnecessárias.
  • Modelos de pagamento por desempenho foram adotados para incentivar hospitais a melhorarem a qualidade do atendimento.

📍 Reino Unido

  • A iniciativa “Getting It Right the First Time” (GIRFT) foca na redução de variações nos tratamentos e na padronização dos cuidados.
  • O National Health Service (NHS) implementou um sistema de medição de desfechos baseado na experiência do paciente (Patient-Reported Outcome Measures – PROMs).

📍 União Europeia

  • A UE definiu quatro pilares para medir valor em saúde: eficiência técnica, equidade, impacto social e resultados individuais.
  • Regulamentação de Avaliação de Tecnologias em Saúde (HTA) para precificação de medicamentos e procedimentos baseados em evidências.

📍 América Latina

  • Países como Chile e Colômbia lideram a adoção da VBHC, com padronização de qualidade hospitalar e pagamentos baseados em desfechos.
  • No Brasil, o Hospital Albert Einstein desenvolve modelos privados de VBHC usando PROMs e pagamento por pacotes em algumas condições.

📍 África e Ásia

  • Modelos de VBHC digitalizados são testados no Quênia para acompanhamento de saúde materna.
  • Na Índia, a OMS destaca a implementação do PM-JAY, um dos maiores programas de saúde baseada em valor do mundo.

3. A Experiência da Índia na Saúde Baseada em Valor

A Índia é um dos principais estudos de caso da OMS no uso da VBHC para alcançar cobertura universal de saúde. O país implementou o Pradhan Mantri Jan Arogya Yojana (PM-JAY), que cobre 40% da população mais vulnerável, garantindo acesso gratuito a hospitais públicos e privados.

📌 Principais Estratégias do PM-JAY

  • Financiamento de internações e tratamentos de alta complexidade para populações vulneráveis.
  • Uso de diagnóstico relacionado a grupos (DRG) para pagamentos baseados na efetividade do atendimento.
  • Desenvolvimento de Unidades de Prática Integradas (IPUs) para evitar redundâncias e reduzir desperdícios.
  • Implementação do Ayushman Bharat Digital Health Mission (ABDM) para integração de dados dos pacientes.

📌 Impactos da VBHC na Índia

Expansão do acesso à saúde: 30.174 hospitais credenciados pelo programa, sendo 56,5% públicos e 43,5% privados.
Melhoria na qualidade assistencial: Incentivos financeiros para hospitais que seguem protocolos de atendimento baseados em valor.
Redução de custos: Menos desperdício e otimização do orçamento do sistema de saúde.

📌 Desafios da Implementação na Índia

🚧 Dificuldade na padronização de dados entre hospitais públicos e privados.
🚧 Resistência dos profissionais de saúde na adoção de novos modelos de pagamento.
🚧 Sustentabilidade financeira do programa a longo prazo, exigindo maior colaboração entre governo central e estados.

Obs: ver o artigo original inserido em nossa postagem.

4. O Papel do Controle de Infecção e Segurança do Paciente na VBHC

O controle de infecções hospitalares é um pilar essencial da VBHC, pois infecções associadas à assistência à saúde (IRAS) aumentam custos, prolongam internações e reduzem os desfechos positivos.

Segundo o relatório da OMS (2025) e informações do CCIH (www.ccih.med.br):

  • Protocolos rigorosos de controle de infecção podem reduzir custos desnecessários e melhorar a segurança do paciente.
  • Treinamentos e certificações hospitalares são essenciais para manter padrões de higiene e reduzir eventos adversos.
  • Hospitais que evitam infecções têm melhores resultados clínicos e reduzem os custos do tratamento, tornando-se mais eficientes dentro da VBHC.

A Índia já implementa diretrizes rigorosas para evitar infecções, mas enfrenta desafios na monitorização contínua da qualidade em hospitais credenciados no PM-JAY.

Conclusão: Lições da VBHC para Outros Países

A experiência global demonstra que VBHC é um caminho essencial para tornar os sistemas de saúde mais sustentáveis e eficientes.

🔹 Pontos-chave do sucesso na Índia e em outros países:
✔️ Governos atuando como reguladores e financiadores de modelos baseados em valor.
✔️ Uso de tecnologia para rastreamento de desfechos e otimização do atendimento.
✔️ Pagamentos por desempenho e pacotes para garantir eficiência e qualidade.

🚧 Principais desafios a serem superados:
❌ Falta de integração entre diferentes níveis de atendimento.
❌ Resistência dos profissionais de saúde à adoção de novos modelos.
❌ Sustentabilidade financeira de grandes programas de saúde pública.

🔹 Próximo passo:
Países em desenvolvimento podem aprender com a Índia e outros modelos internacionais, ajustando a VBHC às suas realidades para oferecer mais qualidade assistencial com menor custo.

 

Fonte:

WHO. A global review of value-based care: theory, practice and lessons learned. New Delhi: WHO, 2025.

Link:

1741392714039

Links relacionados:

Valor em Saúde: https://www.youtube.com/watch?v=akS-trOykYU&t=6s

Perspectivas dos pacientes sobre infecção relacionada à assistência à saúde: https://www.ccih.med.br/perspectivas-dos-pacientes-sobre-infeccao-relacionada-a-assistencia-a-saude/

 

Segurança do Paciente: por que implantar? https://www.ccih.med.br/seguranca-do-paciente-por-que-implantar/

 

Infectologia & CCIH: seu papel nas contas hospitalares: https://www.ccih.med.br/infectologia-ccih-seu-papel-nas-contas-hospitalares/

 

Sinopse por:

Antonio Tadeu Fernandes:

https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/

https://www.instagram.com/tadeuccih/

 

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