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CCIH Cursos: há 20 anos disseminando sabedoria

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Infectologia & CCIH: seu papel nas contas hospitalares

Não é um assunto novo, mas é um tema espinhoso e necessário. O tripé usuário – plano de saúde – hospitais e medicina complementar está sendo progressivamente amputado. A cada crise econômica só mostra quanto este sistema caminha para a implosão.

Hoje, boa parte dos planos de saúde são ligados a empresas, já que a atualização do preço da mensalidade é baseada na sinistralidade, ou seja, no custo final e o seu repasse aos usuários. Há empresas que simplesmente funcionam como atravessadores, aumentando ainda mais esse custo.

Não é à toa que planos de saúde baseados em valor estão tendo prejuízos e sendo vendidos para grandes corporações hospitalares. E as redes verticais crescem na busca de diminuir seus custos e otimizando sua busca por resultados.

Mas… como funciona todo esse processo?

Principais modelos de contas hospitalares

Existe dois sistemas básicos quando pensamos em Saúde. O que é baseado em valor e o de resultados.

O primeiro pensa em prover tudo o que há de melhor para o usuário, independentemente do custo final a ser alcançado. Melhor não quer dizer o paciente foi bem tratado. Ele é de alto custo, a qualidade é inconstante, os erros são frequentes e o acesso é limitado a melhor assistência. Ou seja, não gera aumento da expectativa de vida e 1/3 do custo total é no último ano de vida (já dá para notar que não há uma série de cuidados, inclusive de fim de vida e cuidados paliativos).

Esse método é de SOMA ZERO. Um modelo em que o hospital trata o plano de saúde como uma grande jazida de ouro. Põe todos a minerar sem controle na tentativa de se adquirir o máximo de valor (valor? ah, financeiro!). Ninguém sai ganhando, pois aumenta o custo do seguro e corrói o valor envolvido. Uma mistura de diagnósticos em excesso (vários exames solicitados sem justificativa) e tratamentos redundantes (quem não conhece aqueles profissionais que só pedem exames e tratam aos mais diversos boticários entre reposições de zinco, selênio e mesmo vitamina D).

O mau uso desse modelo é uma soma de tratamento em demasia do que não é necessário, insuficiente com relação ao verdadeiro problema e uma soma de erros médicos devido aos dois primeiros tópicos.

Soma zero é um modelo onde os custos são extremamente elevados, independente do desfecho ser favorável ou não, transferindo ao usuário a conta final

Em sistemas verticais isso também pode ocorrer, transferindo custos para terceiros, aumentando o poder de negociações em materiais de qualidade inferior, restringir as escolhas dos pacientes e dos profissionais e restringindo serviços numa tentativa de diminuir os custos.

Contas hospitalares: causas e consequências?

Sem dúvidas, a competição em saúde no nosso país ocorre no nível errado. Paga-se pela bela estrutura, mas não pelo resultado. Não se paga pelo profissional mais efetivo e sim pelo que dispõe na rede.

A coparticipação (quando a empresa divide a conta com o funcionário) leva ao autoracionamento do sistema. Ao invés de investir em medidas preventivas (e baratas) como exames de próstata e colo de útero acabamos pagando o alto custo dos tratamentos oncológicos derivados destes. A empresa que economiza em saúde definitivamente aumenta seu absenteísmo e presenteísmo. Sim, presenteísmo! Estar presente ao trabalho sem desfrutar de ampla saúde diminui drasticamente a produtividade do funcionário que está sendo pago para aquele papel, não pelo seu resultado!

As condições de saúde, ciclo de tratamento, monitoramento e prevenção, diagnóstico, tratamento adequado e contínuo gerenciamento das condições de saúde (e não de doença simplesmente) são a melhor forma de se trabalhar por resultados, gerando ao final uma SOMA POSITIVA. Ou seja, o plano de saúde teve um custo menor junto às instituições de saúde e o resultado foi o aumento da estimativa de vida e saúde crônica (sim, não mais doenças crônicas) do usuário.

A competição em valor pode tornar essa soma positiva, porém desconheço hospitais que façam propaganda dos seus resultados para chamar uma maior quantidade de pacientes. Somos facilmente inebriados pela estrutura hoteleira, os altos pé direitos, o Wi-Fi, a televisão plana e os vários restaurantes a nossa disposição.

E não é por falta de tecnologia! Não mesmo! Mas seu mau uso, seja em excesso ou insuficiente, acaba pagando essa conta final.

Tendências das contas hospitalares

Antes de falar no que a infectologia e a CCIH contribuem, precisamos entender o que vem sendo feito errado. Mas sem dúvidas erros no diagnóstico ou diagnóstico tardio são muito caros. Aumentam o tempo de internamento, os custos, os efeitos colaterais das medicações e, consequentemente, os processos judiciais.

Os serviços de saúde são pagos para tratar, mas não são pagos para manter os pacientes saudáveis. A dificuldade em desospitalizar pacientes assim como disponibilizar tratamentos de custo mais baixo simplesmente porque o “não” precisa vir a frente de qualquer pedido.

Aplicar mais tratamentos que o necessário. Do suposto útil ao fútil. Esse sobretratamento caminha na linha tênue entre a cura e a distanásia. Muitas vezes vendendo esperança e finalizado em um clássico “foi feito tudo o que era possível”, levando a mais e mais exames e tratamentos adicionais desnecessários.

Outro ponto é a demanda dirigida pela oferta. Geralmente o hospital se concentra na sua baixa vacância (evitar leitos vazios) e na multiplicidade da equipe assistencial para se monetizar ainda mais o processo de internamento.

Estamos usando um processo caro, de baixa efetividade, sem promoção de saúde.

CCIH e infectologia nas contas hospitalares

Admissão à alta hospitalar

O médico infectologista e a CCIH participam de forma ativa na prevenção de doenças infecciosas dentro do ambiente hospitalar. Os cuidados assistenciais, os bundles em unidades de internamento, a antibioticoprofilaxia em situações especiais, o trabalho conjunto com farmacêutico clínico e enfermagem assistencial… Infinitas são as oportunidades de melhoria junto com a equipe multidisciplinar.

Mesmo no pré-hospitalar, com a estimulação do uso de vacinas e as orientações para a prevenção das mais diversas doenças. Sífilis pode ser de uma simples infecção sexualmente transmissível a uma avassaladora doença neonatal grave que trará transtornos para a eternidade. Hepatite B e C tem um tratamento de custo elevado, mas as consequências são ainda mais dispendiosas.

Quando não realizamos o tratamento antimicrobiano adequado aumentamos tempo de internamento, custo hospitalar, maior risco de efeitos colaterais e interações medicamentosas. Muitas vezes se prende ao valor unitário do antimicrobiano, mas esquece que medicações por vezes de custo menor pode desencadear insuficiência renal. E o custo de sessões de hemodiálise serão infinitamente maiores. Um retransplante por ignorar um Citomegalovírus, dias adicionais na terapia intensiva, internamento prolongado e tantos outros fatores que levam a conta às alturas e o pior, diminui a qualidade da saúde do indivíduo.

Stewardship

Hoje o modelo de stewardship de antimicrobianos é obrigatório nas instituições com selos de acreditação internacional. É uma forma de registrar que há uma busca incessante de minimizar os riscos ao paciente. Mas ela não prevê custos menores com melhores resultados, a busca pela custoefetividade.

Por isso o papel da CCIH (comissão de controle de infecções hospitalares) não pode ser restrito simplesmente a apagar incêndios! Ela tem papel crucial na promoção de saúde e prevenção de doenças. O impacto na qualidade na saúde do indivíduo e no custo às instituições é gigantesco. Muitas vezes parece um serviço invisível, até encrenqueiro (vai tirando esses adornos aí enquanto lê esse texto), mas com impactos colossais na conta final.

Desospitalização

Se o Hospital é um local com altos custos envolvidos e risco de infecções hospitalares, manter o tratamento fora dele e a busca incessante por saúde crônica deveria se tornar uma regra. OPAT (Outpatient Parenteral Antimicrobial Treatment) ou até a possibilidade de passar medicações por via oral contanto que haja farmacocinética e farmacodinâmica aceitáveis na realidade específica daquele indivíduo.

Uso de dispositivos de média e longa duração como dispositivos centrais de acesso venoso perifético (conhecido como PICC Line) também traz uma experiência de soma positiva, com menos riscos de infecção e minimizando o tempo de internamento hospitalar.

Conclusão final

E nessa busca incessante de soma positiva, custo efetividade, dados sólidos, multidisciplinaridade, diminuição de custos, evitar o tratamento fútil, múltiplos diagnósticos e desempenho baseado em resultados, a Infecto Associados do Recife monta um projeto conjunto com uma das gigantes do mercado brasileiro para tratar dessa nova revolução de cuidados voltados ao indivíduo. Acreditamos nas mudanças drásticas que ocorrerão no sistema de saúde na próxima década, mas pioneirismo e resultados sempre nos motivou a sair da zona de conforto!

Você pode ter valor quando trabalha com resultados, mas dificilmente terá resultados se trabalhar exclusivamente com valor!

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/o-papel-da-infectologia-nas-contas-hospitalares-filipe-prohaska/

Elaborado por: Filipe Prohaska

LinkedIn Top Voice & LinkedIn Creator | Diretor Médico na Infecto Associados do Recife | Infectologista da Universidade de Pernambuco | Empresário | Palestrante | Professor Universitário

Contatos:

https://www.linkedin.com/in/filipeprohaska/

https://www.instagram.com/infectoassociados/

Palavras chaves/TAGs: gestão, hospital, sinistralidade, planos de saúde, medicina suplementar, negociação, cuidados paliativos, qualidade em saúde, infectologia, prevenção, saúde baseada em valor, CCIH, oferta, demanda, stewardship, infecção hospitalar, multidisciplinaridade

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