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Revisão do guia SHEA/IDSA/APIC de prevenção de infecção do sítio cirúrgico.

Revisão do guia SHEA/IDSA/APIC de prevenção de infecção do sítio cirúrgico.

Confiram as medidas de prevenção de infecção do sítio cirúrgico de acordo com a SHEA/IDSA/APIC, incorporando as novas evidencias cientificas para atualizar seu guia publicado em 2014.

 

O que são as recomendações SHEA/IDSA/APIC?

Essa publicação da Society for Healthcare Epidemiology of America (SHEA) é o produto de um esforço colaborativo liderado pela SHEA, a Infectious Diseases Society of America (IDSA), a Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology (APIC ), a American Hospital Association (AHA) e a Joint Commission, com importantes contribuições de representantes de várias organizações e sociedades relevantes. Este documento traz recomendações praticas com base em síntese de evidências, fundamentação teórica, práticas atuais, considerações práticas, consenso do grupo de redação e consideração de danos potenciais.

 

Como as evidências científicas foram classificadas?

As recomendações feitas na publicação foram classificadas de acordo com a qualidade da evidência, considerando equilíbrio entre efeitos desejáveis e o potencial das intervenções. A qualidade das evidências de cada recomendação foi classificada entre Alta, Moderada, ou Baixa.

Alta = há grande probabilidade de que o real efeito da recomendação seja próximo aos efeitos previstos; por exemplo, quando há uma ampla gama de estudos sem grandes limitações, pouca variação entre os estudos e os intervalos de confiança são estreitos.

Moderada = há certa probabilidade que o efeito real seja próximo aos efeitos previstos, porém há possibilidade de ser substancialmente diferente; por exemplo, quando há poucos estudos e eles possuem limitações (mas sem grandes falhas), há variação entre os estudos, e os intervalos de confiança são amplos.

Baixa = o efeito real pode ser substancialmente diferente do previsto; por exemplo, os estudos têm grandes falhas, existe grande variação entre os estudos, e os intervalos de confiança são muito amplos ou ainda não há estudos rigorosos.

 

Quais foram as 19 práticas consideradas essenciais para prevenção de infecção do sítio cirúrgico?

Um total de 19 práticas de prevenção de infecção de sitio cirúrgico foram consideradas essenciais, sendo elas:

  1. Administrar profilaxia antimicrobiana de acordo com padrões e diretrizes baseados em evidências (qualidade da evidência: alta). Enfatiza-se que a profilaxia antimicrobiana deve ser descontinuada no momento do fechamento cirúrgico na sala operatória.
  2. Utilizar de uma combinação de profilaxia antimicrobiana parenteral e oral antes da cirurgia colorretal eletiva para reduzir o risco de infecção do sítio cirúrgico (qualidade da evidência: alta).
  3. Descolonizar pacientes cirúrgicos com agente anti-estafilocócico no pré-operatório de procedimentos ortopédicos e cardiotorácicos (qualidade de evidência: alta).

Descolonizar pacientes cirúrgicos em outros procedimentos com alto risco de infecção estafilocócica do sítio cirúrgico, como os que envolvem material protético (qualidade de evidência: baixa).

  1. Usar agentes de preparação vaginal pré-operatória contendo antissépticos para pacientes submetidas a cesariana ou histerectomia (qualidade da evidência: moderada).
  2. Não remover os cabelos/pelos no local da operação, a menos que a presença do desses interfira no procedimento cirúrgico (qualidade da evidência: moderada).
  3. Usar agentes pré-operatórios para preparação da pele contendo álcool em combinação com um antisséptico (qualidade da evidência: alta).
  4. Para procedimentos que não requerem hipotermia, manter a normotermia (temperatura > 35°C) durante o período pré-operatório (qualidade de evidência: alta).
  5. Usar protetores de ferida de plástico impermeáveis para cirurgia do trato gastrointestinal e biliar (qualidade da evidência: alta).
  6. Realizar lavagem antisséptica intraoperatória (qualidade da evidência: moderada). Essa abordagem só deve ser usada quando a esterilidade do antisséptico puder ser assegurada e mantida.
  7. Controlar o nível de glicose no sangue durante o período pós-operatório imediato para todos os pacientes (qualidade da evidência: alta). Isso é importante independentemente de um diagnóstico conhecido de diabetes mellitus e o nível alvo de glicose foi reduzido de “<180 mg/dl” para 110-150 mg/dl.
  8. Usar uma lista de verificação e/ou pacote (bundle) para garantir a conformidade com as melhores práticas para a segurança do paciente cirúrgico (qualidade da evidência: alta).
  9. Realizar vigilância de infecção de sítio cirúrgico (qualidade de evidência: moderada).
  10. Aumentar a eficiência da vigilância utilizando dados automatizados (qualidade da evidência: moderada).
  11. Fornecer feedback contínuo sobre a taxa de infecção do sítio cirúrgico para o pessoal cirúrgico, perioperatório e liderança (qualidade da evidência: moderada).
  12. Medir e fornecer feedback aos profissionais de saúde em relação às taxas de conformidade com os protocolos (qualidade da evidência: baixa).
  13. Educar cirurgiões e pessoal perioperatório sobre medidas de prevenção de infecções do sítio cirúrgico (qualidade da evidência: baixa).
  14. Educar os pacientes e suas famílias sobre a prevenção de infecção do sítio cirúrgico conforme apropriado (qualidade da evidência: baixa).
  15. Implementar políticas e práticas para reduzir o risco de infecção do sítio cirúrgico que se alinhem com protocolos, regras e regulamentos baseados em evidências (qualidade da evidência: moderada).
  16. Observar e revisar a conformidade do pessoal da sala de cirurgia e do ambiente da sala de cirurgia e do reprocessamento estéril (qualidade da evidência: baixa).

 

Que práticas adicionais podem ser implementadas devido sua possível eficácia?

Para além das práticas essenciais, recomendam-se 4 possíveis praticas adicionais.

  1. Realizar uma avaliação de risco de infecção do sítio cirúrgico (qualidade da evidência: baixa).
  2. Considerar o uso de curativos de pressão negativa em pacientes que podem se beneficiar (qualidade da evidência: moderada). As evidências atuais indicam que esta estratégia é útil em procedimentos específicos (como procedimentos abdominais) e/ou pacientes específicos (como aqueles com índice de massa corporal aumentado).
  3. Observar e revisar as práticas no pré-operatório, unidade de recuperação pós-operatória, unidade de terapia intensiva cirúrgica e/ou enfermaria cirúrgica (qualidade de evidência: moderada).
  4. Usar suturas impregnadas com antisséptico como estratégia para prevenir infecções do sítio cirúrgico (qualidade da evidência: moderada).

 

Quais abordagens que não devem ser consideradas rotineiras na prevenção de infecção do sítio cirúrgico?

A publicação elucida também 3 praticas que não devem ser consideradas como parte da rotina de prevenção de ISC. Recomenda-se aos profissionais de saude:

  1. Não usar vancomicina rotineiramente para profilaxia antimicrobiana (qualidade da evidência: moderada).
  2. Não atrasar rotineiramente a cirurgia para fornecer nutrição parenteral (qualidade da evidência: alta).
  3. Não usar rotineiramente campos antissépticos como estratégia para prevenir infecções de sítio cirúrgico (qualidade de evidência: alta).

 

Quais questões permanecem em aberto?

As evidências atuais não permitiram conclusões claras sobre os seguintes temas:

  1. Otimização da oxigenação dos tecidos no local da incisão.
  2. Utilização de tratamento pré-operatório de CHG (gluconato de clorexidina) intranasal e faríngeo para pacientes submetidos a procedimentos cardiotorácicos.
  3. Uso de esponjas de gentamicina-colágeno.
  4. Uso de pó antimicrobiano.
  5. Uso de traje cirúrgico.

 

Que comentários finais podem ser destacados?

Essa ampla publicação traz, além das recomendações práticas, informações sobre o estado atual da literatura sobre cada um dos tópicos acima que podem ser consultadas no artigo original. Além disso, é importante considerar que as recomendações foram elaboradas de acordo com as evidências mais recentes (documento elaborado no ano de 2022) e feitas considerando principalmente em bases de dado e agencias norte-americanas; os autores ressaltam, portanto, que nenhuma dessas recomendações deve ser levada em consideração de modo isolado e que de nenhuma maneira podem substituir a avaliação de uma equipe especializada.

Embora a revisão descreva o processo de seleção de artigos, os resultados não são apresentados de forma transparente e convencional, informando quantos artigos foram encontrados, quantos excluídos, subdivididos por motivos de exclusão, dificultando sua reprodutividade, passo importante para a avaliação da abrangência, ausência de conflitos de interesse (por sinal, não apresentados) e qualidade da própria revisão, enquanto evidência científica.

 Observação: esta revista faz parte de nossa biblioteca virtual, tendo nossos alunos atuais ou concluídos, acesso ao texto integral do artigo

 

 

Fonte:  Calderwood MS, Anderson DJ, Bratzler DW, et al. (2023). Strategies to prevent surgical site infections in acute-care hospitals: 2022 Update. Infection Control & Hospital Epidemiology, 44: 695–720.

Link: https://doi.org/10.1017/ice.2023.67

 

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

 

Links relacionados:

Fatores demográficos associados a ISC em São Paulo – https://www.ccih.med.br/fatores-sociodemograficos-associados-as-taxas-de-infeccao-de-sitio-cirurgico-em-hospitais-do-interior-do-estado-de-sao-paulo/

Bundles – https://www.ccih.med.br/bundles-alem-do-controle-de-infeccao/

Antibioticoprofilaxia cirúrgica – https://www.ccih.med.br/antibioticoprofilaxia-cirurgica/

Antissepsia – https://www.ccih.med.br/antissepsia/

Vigilância epidemiológica em saúde – https://www.ccih.med.br/vigilancia-epidemiologica-em-saude/

Recomendações SHEA/APIC para higiene das mãos – https://www.ccih.med.br/higiene-das-maos-conheca-a-revisao-de-estrategias-da-shea-idsa-apic/

 

TAGs / palavras chave: infecção de sítio cirúrgico, SHEA, recomendações praticas, antibióticos, profilaxia, descolonização, preparação, antissepsia, glicose, feedback, ccih, prevenção, atualização, protocolo

 

 

 

 

 

 

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