fbpx


CCIH Cursos: há 20 anos disseminando sabedoria

logo-ccih-famesp-496-x-866-px-1

Higiene das mãos: conheça a revisão de estratégias da SHEA/IDSA/APIC

novas estratégicas para prevenção de infecções pela higiene das mãos

A importância da higiene das mãos é de amplo conhecimento dos profissionais de controle e prevenção de infecção, mas continua a ser um grande desafio na área da saúde em geral. Esse artigo aborda as mais recentes e importantes estratégias práticas para garantir a higiene adequada das mãos dos profissionais de saúde.

 

Por que foi feita esta atualização?

Esse documento é uma atualização de uma publicação de 2014 (Strategies to Prevent Healthcare-Associated Infections through Hand Hygiene) e enfatiza de forma concisa as recomendações praticas para implementação e aprimoração das estratégias de prevenção de infecções relacionas à assistência a saúde (IRAS) por meio da higiene das mãos. Essa publicação é resultado de uma colaboração liderada pela SHEA, IDSA, APIS, AHA e outros stakeholders.

 

Quais as principais recomendações práticas dessa atualização?

Práticas essenciais:

  1. Promover a manutenção da pele e unhas das mãos saudáveis
    1. Promover o uso preferencial de GEL ALCOÓLICO na maioria das situações clínicas
    2. Realização da higiene das mãos conforme indicações do CDC ou dos Cinco Momentos da OMS.
    3. Incluir cuidados com as unhas nas políticas institucionais relacionadas à higiene das mãos
      1. Profissionais da saúde devem manter unhas curtas e naturais
      2. As unhas não devem ultrapassar a ponta do dedo
  • Profissionais de saude envolvidos que atuam direta ou indiretamente em áreas de risco (por exemplo, UTI, perioperatório) não devem usar extensão artificial de unhas
  1. A proibição do uso de esmalte de unhas (comum ou gel) fica a critério do programa de prevenção de infecção; essa recomendação não se aplica a profissionais que atuam em campo estéril e/ou realizam assepsia das mãos, esses profissionais não devem usar esmalte de unhas
  1. Incluir medida de prevenção primaria e secundaria de dermatites
  2. Fornecer aos profissionais de saude fácil acesso a hidratante para as mãos
  3. Engajar todos os profissionais de saude na prevenção primaria de irritações ocupacionais e dermatite de contato alérgica
  4. Fornecer e educar sobre o uso de forros de luvas em algodão para profissionais com irritação nas mãos

 

  1. Selecionar produtos apropriados
    1. Para higiene rotineira das mãos, escolher GEL ALCOÓLICO líquido, gel ou espumo com pelo menos 60% de álcool
    2. Envolver os profissionais de saúde na seleção de produtos
    3. Quando em busca de GEL ALCOÓLICO com ingredientes que possam aumentar a eficácia contra organismos considerados menos suscetíveis a biocida, obter e considerar os dados específicos do produto fornecidos pelo fabricante
    4. Confirmar se o volume de GEL ALCOÓLICO dispensado é consistente com o volume mostrado como eficaz
    5. Educar os profissionais de saúde sobre o volume apropriado e o tempo necessário para eficácia do GEL ALCOÓLICO
    6. Fornecer um hidratante para as mãos que seja compatível com antissépticos e luvas
    7. Para antissepsia cirúrgica, usar um antisséptico cirúrgico aprovado pelo FDA com ou sem enxague

 

  1. Assegurar a acessibilidade dos materiais de higiene das mãos
    1. Certificar que os dispensadores de GEL ALCOÓLICO sejam inequívocos, visíveis e acessíveis no fluxo de trabalho do profissional da saúde
    2. Em quartos privados, considerar 2 dispensadores de GEL ALCOÓLICO como o limite mínimo (1 no corredor e 1 no quarto do paciente)
    3. Em quartos semiprivados e outras configurações de leitos multipaciente, considerar 1 dispensador para cada 2 leitos como o limite mínimo adequado. Colocar os dispensadores de GEL ALCOÓLICO no Percurso de trabalho do profissional de saúde
    4. Certificar que a disposição dos suprimentos para higiene das mãos (como frascos individuais de bolso e dispensadores de GEL ALCOÓLICO nos leitos) estejam facilmente acessíveis para os profissionais em todas as áreas de atendimento ao paciente
    5. Avaliar o risco de consumo (desperdício) intencional. Utilizar dispensadores que reduzam esse risco, como dispensadores montados na parede que permitam números limitados de ativação em períodos curtos (por exemplo, 5 segundos)
    6. Disponibilizar soluções assépticas apropriadas nas áreas perioperatórias
    7. Considerar o uso de antissépticos aprovados pelo FDA em áreas de realização de procedimento e antes da realização de procedimentos ambulatórias de alto risco (como a inserção de cateter central)

 

  1. Certificar o apropriado uso de luvas para reduzir a contaminação das mãos e do meio ambiente.
    1. Usar luvas para todo contato com o paciente e com o ambiente, conforme indicado pelas precauções padrão e de contato, durante o atendimento de indivíduos com organismos confirmados como menos suscetíveis a biocidas (por exemplo, C. difficile, norovírus)
    2. Educar os profissionais de saúde sobre o potencial de auto contaminação e contaminação ambiental quando há uso de luvas
    3. Limpar as mãos imediatamente após a remoção das luvas. Se a lavagem das mãos for indicada e não houver pias imediatamente disponíveis, usar o GEL ALCOÓLICO e depois lavar as mãos assim que possível.
    4. Educar e confirmar a capacidade do profissional de retirar as luvas de maneira a evitar a contaminação.

 

  1. Tomar medidas para reduzir a contaminação ambiental associada a pias e ralos de pia.
    1. Certificar de que as pias para lavagem das mãos sejam construídas de acordo com os códigos administrativos locais.
    2. Incluir as pias para lavagem das mãos nas avaliações de risco de infecção relacionas ao suprimento de água
    3. Se possível, dedicar pias exclusivas para a lavagem das mãos.
    4. Educar os profissionais para evitar o descarte de substâncias que promovam o crescimento de biofilmes (por exemplo, soluções intravenosas, medicamentos, alimentos ou dejetos humanos) em pias para lavagem das mãos.
    5. Usar um desinfetante hospitalar registrado pela EPA para limpar pias e torneiras diariamente.
    6. Não guardar medicamentos ou suprimentos de cuidados com o paciente em bancadas ou superfícies móveis que estejam a menos de 1 m de pias.
    7. Fornecer toalhas descartáveis ou de uso único para secar as mãos. Não usar secadores de ar quente em áreas de atendimento ao paciente.
    8. Consultar as autoridades de saúde pública estaduais ou locais ao investigar surtos confirmados ou suspeitos de infecções relacionadas à assistência a saúde devido a patógenos transmitidos pela água do encanamento da instalação.

 

  1. Monitorar a adesão à higiene das mãos.
    1. Usar vários métodos para medir a adesão à higiene das mãos.
    2. Considerar as vantagens e limitações de cada tipo de monitoramento.

 

  1. Fornecer feedback oportuno e significativo para aprimorar uma cultura de segurança
    1. Fornecer feedback em vários formatos (por exemplo, verbal, escrito) e em várias ocasiões (por exemplo, em tempo real, semanalmente)
    2. Considerar interrogar os gestores da unidade o mais rápido possível após cada sessão de observação direta e encoberta (método “comprador secreto”). Isso pode ser conduzido de maneira a preservar a confidencialidade do observador.
    3. Fornecer dados significativos com metas claras vinculadas a ações que melhorem a adesão

 

Abordagens adicionais durante surtos:

  1. Considerar educar os profissionais usando uma abordagem estruturada (por exemplo, etapas da OMS) para lavar ou higienizar as mãos. Avaliar a adesão dos profissionais à técnica
  2. Para patógenos transmitidos pela água do encanamento local, considerar a desinfecção dos ralos da pia usando um desinfetante registrado pela EPA com alegações contra biofilmes

Consultar as autoridades de saúde pública estadual ou local para obter assistência na determinação de protocolos apropriados para uso e outras ações necessárias para garantir o fornecimento de água seguro.

  1. Para Clostridioides difficile e norovírus, além das precauções de contato, incentive a lavagem das mãos com água e sabão após o atendimento de pacientes com infecção conhecida ou suspeita

 

Abordagens que não devem ser consideradas uma parte rotineira da higiene das mãos:

  1. Não fornecer dispensadores GEL ALCOÓLICO de bolso individuais em vez de cumprir os limites mínimos para dispensadores de parede acessíveis.
  2. Não recarregar ou “abastecer” dispensadores de sabonete, dispensadores de hidratante ou dispensadores GEL ALCOÓLICO destinados a uso único.
  3. Não usar sabonetes antimicrobianos formulados com triclosan como ingrediente ativo.
  4. Não usar luvas duplas rotineiramente, exceto quando especificamente recomendado para determinadas funções de trabalho ou em resposta a certos patógenos de alto risco
  5. Não desinfetar as luvas rotineiramente durante o atendimento, exceto quando especificamente recomendado em resposta a certos patógenos de alto impacto.
  6. Não remover o acesso ao GEL ALCOÓLICO ao responder a organismos que são considerados menos suscetíveis a biocidas (por exemplo, C. difficile ou norovírus).
  7. Não tentar remediar biofilmes potenciais em ralos de pia com desinfetantes sem registro da EPA para este uso.

 

Questões não resolvidas:

  1. O uso por profissionais de saúde de lenços umedecidos com álcool não foi resolvido devido à falta de dados de não inferioridade.

Considerações importantes

Esse documento – com metodologia de elaboração claramente descrita na publicação – é baseado em uma síntese de evidências, fundamentação teórica, práticas atuais, considerações práticas, consenso de especialistas, e considerações de dano potencial quando aplicável. Os autores ressaltam, contudo, que nenhuma diretriz ou documento pode antecipar todas as situações clínicas, e esse documento elaborado por especialistas não tem o intuito de substituir o julgamento clínico individual por profissionais qualificados. Por fim, essas atualizações foram concebidas para aplicação em contextos de cuidado agudo, mas os princípios e práticas descritas são possíveis de ser aplicadas em qualquer contexto de cuidados a saude, incluindo cuidados a longo prazo e ambulatoriais.

 

Fonte:  Glowicz JB, et al. (2023). SHEA/IDSA/APIC Practice Recommendation: Strategies to prevent healthcare-associated infections through hand hygiene: 2022 Update. Infection Control & Hospital Epidemiology, 44: 355–376

Link: https://doi.org/10.1017/ice.2022.304

Continua no: https://www.ccih.med.br/higiene-das-maos-implementacao-de-acoes-de-acordo-com-shea-idsa-apic/

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

 

Artigos relacionados:

Reduzir o risco de infecções associadas a cuidados de saúde (Higiene de mãos) –

https://www.ccih.med.br/reduzir-o-risco-de-infeccoes-associadas-a-cuidados-de-saude-higiene-de-maos/

ANVISA lança campanhas para o dia mundial de higiene das mãos –

https://www.ccih.med.br/anvisa-lanca-campanhas-para-o-dia-mundial-de-higiene-das-maos/

Como fazer o monitoramento eletrônico da higiene das mãos –

https://www.ccih.med.br/como-fazer-o-monitoramento-eletronico-da-higiene-das-maos/

Adesão à higiene de mãos pelos profissionais de saúde antes e depois da pandemia pelo Covid-19 –

https://www.ccih.med.br/adesao-a-higiene-de-maos-pelos-profissionais-de-saude-antes-e-depois-da-pandemia-pelo-covid-19/

 

 

TAGs/palavras-chave: IRAS, atualização, SHEA, lavagem das mãos, prevenção

 

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress
×