A pré-limpeza de artigos reprocessáveis manteve-se resiliente na sua instituição. e não foi afetada pela ausência de treinamentos específicos durante a pandemia de Covid-19, segundo estes autores. Saiba o que foi importante nesta manutenção.
Você, controlador de infecção, vive na linha de frente. E sabe que cada passo na limpeza é um escudo contra surtos silenciosos. Agora imagine que, mesmo com a pandemia interrompendo seu treinamento formal, o conhecimento essencial permaneceu firme. É disso que trata o estudo de Fox et al. no American Journal of Infection Control (2025): a robustez do aprendizado prático em pré-limpeza — mesmo diante da adversidade. Uma evidência que questiona se estamos investindo nossos recursos como deveríamos — e se treinamento presencial e multidisciplinar pode ser mais vital do que pensamos.
FAQ — Pré-limpeza resiliente: por que um ano sem reforço não apagou o saber?
1) Qual a importância da pré-limpeza no ponto de uso mencionada no artigo?
Resposta:
A pré‑limpeza — imediata e no local de uso — é fundamental para remover resíduos que endurecem e favorecem a formação de biofilmes, comprometendo a descontaminação subsequente. O artigo reforça que falhas nessa etapa são associadas a surtos graves de infecção. Acesse o conteúdo completo em Instituto CCIH+.
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2) O que o estudo de Fox et al. (2025) revelou sobre os impactos da pausa nos treinamentos durante a pandemia?
Resposta:
O estudo avaliou o conhecimento dos profissionais antes e depois dos treinamentos práticos (hands-on). Mesmo com a interrupção em 2020, em 2021 as pontuações nos testes se mantiveram estáveis, sugerindo que o conhecimento básico em pré‑limpeza é resiliente — especialmente quando adquirido por métodos eficazes.
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3) Qual modelo de treinamento foi utilizado e considerada mais eficaz?
Resposta:
Adotou-se o modelo “treinar o treinador” (train‑the‑trainer), com sessões teóricas e estações práticas, conduzidas por especialistas (SMEs). Isso garantiu disseminação eficiente do conhecimento e retenção sólida ao longo do tempo.
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4) E quanto à formação de biofilmes — qual o risco e sua prevenção?
Resposta:
Quando resíduos em instrumentos secam, biofilmes podem se formar rapidamente — às vezes em apenas 2 horas. Uma vez estabelecidos, resistem a limpeza, desinfecção e esterilização. A pré‑limpeza imediata e correta é a única forma de prevenir essa estrutura resistente.
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5) Como a ANVISA regula esse processo no Brasil?
Resposta:
A ANVISA proíbe reprocessamento de produtos de uso único (RE 2605/2006 e RDC 156/2006) e exige protocolos validados (RE 2606/2006 e RDC 15/2012) para itens permitidos. As instruções do fabricante (MIFU) devem ser rigorosamente seguidas.
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6) Onde o artigo aponta desafios específicos na área pediátrica?
Resposta:
Em pediatria, é preciso maior rigor: brinquedos, equipamentos de baixo risco, nebulizadores e dispositivos sensíveis a substâncias devem ter limpeza e desinfecção mais frequentes e adaptadas, considerando vulnerabilidade biológica e comportamento infantil.
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7) O artigo traz reflexões sobre as metodologias de treinamento utilizadas?
Resposta:
Sim. Destaca que, apesar da preferência por métodos interativos (simulação, aplicativos), muitas instituições ainda usam treinamentos informais por falhas organizacionais. Sugere-se a adoção de tecnologia e simulação para superar barreiras operacionais e manter a qualidade.
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8) Há vídeo disponível no canal TV CCIH sobre esse tema?
Resposta:
Embora o artigo não indique um vídeo específico, o canal TV CCIH (@CCIHCursosMBA) oferece diversos conteúdos relacionados a IPC, CME, treinamento prático e simulação, que podem complementar sua preparação. Veja o canal completo: TV CCIH – YouTube.
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9) Que lições estratégicas podemos extrair para o futuro?
Resposta:
- Treinamento prático, multidisciplinar, é eficaz e promove retenção robusta.
- Pós-pandemia mostrou que o conhecimento fundamentado é duradouro, mas reforço anual segue essencial para atualização, adaptação e gestão de superusuários.
- A adoção de tecnologias (simulação, apps) pode elevar a eficiência e cobertura do treinamento.
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1.Introdução: A Essencialidade da Pré-limpeza na Prevenção de Infecções Hospitalares e o Contexto da Pandemia
A pré-limpeza de dispositivos médicos reutilizáveis constitui um pilar fundamental e insubstituível na prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). Esta etapa inicial do reprocessamento é crucial, pois garante a remoção da sujidade grosseira e impede o ressecamento de detritos orgânicos, que, uma vez endurecidos, podem dificultar significativamente a desinfecção e esterilização subsequentes. A falha em realizar uma pré-limpeza eficaz está diretamente associada à formação de biofilmes, estruturas complexas de microrganismos envoltos em uma matriz protetora, que são notoriamente resistentes a desinfetantes e esterilizantes, comprometendo a segurança do paciente e podendo levar a surtos de infecção. A literatura documenta diversos surtos de infecção, como os de Pseudomonas aeruginosa ligados a guias de agulha e infecções de sítio cirúrgico associadas a instrumentos inadequadamente limpos, sublinhando a ligação direta entre a pré-limpeza eficaz e a segurança do paciente.
Nesse cenário, o estudo “Impact of COVID-19 pandemic on reusable device precleaning training for front-line staff” (Ref 1) emerge como uma investigação oportuna e de grande relevância. Publicado no American Journal of Infection Control, este artigo avalia a resiliência dos programas de treinamento em pré-limpeza em um contexto de crise sanitária global. A pandemia de COVID-19, ao forçar a interrupção de rotinas anuais de treinamento, inadvertidamente criou um cenário único para observar a durabilidade do conhecimento adquirido pela equipe de saúde. Essa pausa inesperada permitiu aos pesquisadores avaliar como a ausência de reforço formal afetou a linha de base de conhecimento dos participantes, oferecendo informações valiosas sobre a retenção da aprendizagem e a necessidade de programas de educação contínua. Compreender a persistência do conhecimento fundamental em meio a uma crise é essencial para otimizar futuras estratégias de treinamento e garantir a segurança contínua dos pacientes em ambientes hospitalares.
2. Análise Detalhada do Artigo Central: “Impact of COVID-19 pandemic on reusable device precleaning training for front-line staff” (Ref 1)
2.1. Principal Achado
O principal achado do estudo de Fox et al. (Ref 1) é que a interrupção do programa de treinamento anual de pré-limpeza de dispositivos reutilizáveis em 2020, imposta pela pandemia de COVID-19, não resultou em uma degradação estatisticamente significativa do conhecimento básico dos participantes sobre o processamento. As pontuações medianas do pré-teste em 2021, após a pausa de um ano no treinamento, não apresentaram diferença estatística em comparação com as pontuações de 2019, para os participantes que já haviam sido treinados (6 vs 6, P = 0,591).
Este resultado é particularmente notável, pois sugere uma robustez considerável na retenção do conhecimento fundamental sobre pré-limpeza, mesmo após um período de um ano sem o reforço formal do treinamento anual. A estabilidade do conhecimento básico pode ser atribuída à eficácia da metodologia de treinamento original, que incluía sessões didáticas e estações práticas de “hands-on”. A natureza fundamental das etapas de pré-limpeza, aliada à prática repetida e ao aprendizado experiencial, pode ter contribuído para uma memória de longo prazo mais sólida. Isso indica que, para habilidades essenciais e bem estabelecidas, o investimento inicial em treinamento de alta qualidade pode gerar um retorno duradouro, mesmo diante de interrupções significativas nas rotinas de educação continuada.
2.2. Importância do Tema
O tema abordado pelo artigo é de extrema importância para a segurança do paciente e a saúde pública. A desinfecção de alto nível e a esterilização de dispositivos médicos reutilizáveis são processos complexos que demandam treinamento inicial e contínuo da equipe da linha de frente. A pré-limpeza no ponto de uso é um componente crítico para o sucesso dessas etapas, pois a remoção imediata da sujidade grosseira e a manutenção da umidade dos detritos impedem seu endurecimento e a formação de biofilmes.
A falha em realizar a pré-limpeza corretamente ou a omissão de qualquer etapa do processamento de dispositivos reutilizáveis têm sido diretamente associadas a surtos de infecção hospitalar. O artigo cita exemplos alarmantes, como um surto de Pseudomonas aeruginosa em 2005, vinculado ao processamento inadequado de guias de agulha para biópsias de próstata, e numerosos incidentes relacionados à limpeza deficiente de broncoscópios e instrumentos cirúrgicos. Essa interconexão entre treinamento inadequado, falhas no reprocessamento e surtos de infecção estabelece uma clara cadeia de causalidade.
Além disso, grupos de acreditação, como a The Joint Commission (TJC), avaliam rigorosamente o desempenho desses processos durante as vistorias de acreditação. A conformidade com essas diretrizes é vital não apenas para a manutenção da acreditação, mas, fundamentalmente, para a garantia da qualidade do atendimento hospitalar e a proteção da reputação institucional. Assim, o tema transcende a mera operacionalidade, posicionando a pré-limpeza como um componente crítico da segurança do paciente e da gestão de riscos em ambientes de saúde.
2.3. O Que se Sabia Anteriormente
Antes da realização deste estudo, a importância da pré-limpeza no ponto de uso já era amplamente reconhecida e fundamentada por diretrizes de organizações como a Association for the Advancement of Medical Instrumentation (AAMI). A AAMI, por exemplo, recomendava a remoção de sujidade grosseira e a umidificação dos detritos no ponto de uso para prevenir o endurecimento e a subsequente formação de biofilmes, que comprometem a eficácia da descontaminação.
A literatura científica também já documentava extensivamente a ocorrência de surtos de infecção e pseudo-surtos associados a falhas no processamento de dispositivos reutilizáveis. Casos como o surto de Pseudomonas aeruginosa ligado a guias de agulha, problemas na limpeza de broncoscópios e infecções de sítio cirúrgico devido a instrumentos inadequadamente limpos eram conhecidos e serviam de alerta para a criticidade do tema.
Organizações reguladoras e de acreditação, como o Centers for Disease Control and Prevention (CDC) e a TJC, já preconizavam a necessidade de treinamento de competência inicial e periódico para a equipe envolvida nas etapas de processamento de dispositivos. Contudo, uma lacuna notável existia: nem o CDC nem a TJC definiam com que frequência esse treinamento periódico deveria ocorrer. Garantir a competência de uma equipe multidisciplinar, composta por enfermeiros, médicos e pessoal de apoio de diversas áreas clínicas, para realizar essa tarefa de forma apropriada, era um desafio reconhecido. O estudo de Fox et al. (Ref 1) se insere precisamente nessa lacuna, buscando compreender a durabilidade do conhecimento adquirido e a eficácia do modelo de “treinar o treinador” em um cenário de interrupção, fornecendo evidências que podem informar futuras diretrizes sobre a periodicidade ideal do treinamento.
2.4. Metodologia do Estudo
O estudo de Fox et al. (Ref 1) empregou uma metodologia de avaliação de programa, com coleta de dados de pré- e pós-teste, em um centro médico acadêmico de grande porte, com 1.250 leitos. O programa de treinamento foi desenvolvido em 2017 por meio de uma colaboração estratégica entre os departamentos de Prevenção de Infecção, Serviços Perioperatórios e Processamento Estéril Central da instituição.
Inicialmente, foi realizado um levantamento hospitalar abrangente em áreas não cirúrgicas para identificar todos os setores que utilizavam dispositivos semicríticos ou críticos, como endoscópios, sondas de ultrassom intracavitárias e instrumentos reutilizáveis. Anualmente, os requisitos de pré-limpeza eram revisados e atualizados conforme necessário. A abordagem pedagógica adotada foi o modelo “treinar o treinador”, no qual “super-usuários” de cada área eram capacitados para, por sua vez, treinar os membros de suas respectivas equipes.
O treinamento em si consistia em duas partes principais: uma sessão didática focada na importância do processamento adequado de dispositivos reutilizáveis e estações de treinamento prático (hands-on) para revisar o processo de pré-limpeza para diferentes tipos de dispositivos. Especialistas no assunto (SMEs), incluindo fornecedores de dispositivos, especialistas da indústria, pessoal de processamento estéril e especialistas em prevenção de infecções, atuaram como instrutores nas estações.
Para avaliar a aquisição de conhecimento, um teste de múltipla escolha de 7 questões foi introduzido em 2018, aplicado antes e depois do treinamento. Este teste incluía 6 questões gerais e uma sétima questão específica para o tipo de dispositivo abordado em cada versão do treinamento. Um elemento crucial da metodologia foi a interrupção do programa anual em 2020 devido à pandemia de COVID-19. Essa pausa permitiu aos pesquisadores avaliar o impacto da ausência de treinamento na linha de base de conhecimento dos participantes.
A análise estatística empregou o teste de Wilcoxon signed-rank para comparar as pontuações medianas pré- e pós-teste dentro dos participantes e entre participantes repetidos. O teste de Mann-Whitney U foi utilizado para comparar as pontuações medianas do pré-teste entre participantes com e sem treinamento prévio, e o teste de Kruskal-Wallis para comparar as pontuações entre participantes de departamentos de internação e ambulatoriais. O estudo foi considerado pesquisa com seres humanos isenta pelo Human Research Protection Office. A escolha por um modelo “treinar o treinador” e a inclusão de estações práticas são metodologias que buscam otimizar a disseminação e a retenção do conhecimento, alinhando-se com as preferências de treinamento identificadas em outras pesquisas, que apontam para a simulação e atividades interativas como as mais eficazes. A correlação entre a metodologia do estudo (hands-on) e as preferências gerais de treinamento (interativo/simulação) sugere que o programa estava alinhado com as melhores práticas pedagógicas em controle de infecção, o que pode explicar a boa retenção de conhecimento observada.
2.5. Principais Resultados com Significância Estatística
Os resultados do estudo de Fox et al. (Ref 1) apresentaram diversas descobertas com significância estatística, que são cruciais para a compreensão do impacto do treinamento e da interrupção pandêmica:
- Melhora Pós-Treinamento: As pontuações medianas dos testes demonstraram uma melhora significativa do pré-teste para o pós-teste em todos os anos de treinamento (2018, 2019 e 2021). Para todos os participantes, a pontuação mediana aumentou de 6 para 7, com um valor de P < 0,001. Este resultado valida a eficácia do programa de treinamento em aumentar o conhecimento dos participantes sobre a pré-limpeza de dispositivos reutilizáveis.
- Impacto do Treinamento Anterior (2019): Em 2019, os participantes que já haviam frequentado a sessão de treinamento de 2018 obtiveram pontuações significativamente mais altas nas questões do pré-teste (5 vs 6, P = 0,007) em comparação com aqueles que não haviam participado anteriormente. Isso indica que o treinamento prévio conferiu um benefício tangível no conhecimento inicial dos profissionais.
- Retenção de Conhecimento Pós-Pandemia (2021): Um dos achados mais importantes e surpreendentes foi a ausência de diferença estatística nas pontuações medianas do pré-teste em 2021. Não houve distinção entre os participantes que frequentaram o treinamento de 2019 e aqueles que não haviam frequentado anteriormente (6 vs 6, P = 0,591). Este dado é fundamental, pois sugere que a interrupção do programa de treinamento em 2020 devido à pandemia de COVID-19 não levou a uma degradação significativa no conhecimento básico dos participantes sobre a pré-limpeza, indicando uma notável resiliência do conhecimento fundamental.
- Estabilidade do Conhecimento de Repetidores: Não foi observada diferença significativa nas pontuações medianas do pré-teste de participantes que repetiram o treinamento entre os períodos de 2018-2019 (6 vs 7, P = 0,096) e 2019-2021 (7 vs 6, P = 0,329). Isso reforça a ideia de que o conhecimento básico se manteve estável mesmo com a pausa no treinamento anual.
- Sem Diferença por Departamento: O estudo também revelou que não houve diferença significativa nas pontuações medianas do pré-teste entre os participantes de departamentos de internação e ambulatoriais (6 vs 6, P = 0,145). Isso sugere que o nível de conhecimento inicial era semelhante entre esses dois grupos de profissionais de saúde.
Em suma, os resultados validam a eficácia do treinamento anual e, crucialmente, demonstram que o conhecimento básico sobre pré-limpeza é resiliente a uma interrupção de um ano. A ausência de degradação do conhecimento básico em 2021, apesar da interrupção em 2020, sugere que, para habilidades fundamentais e bem estabelecidas, a frequência anual pode ser mais sobre reforço e atualização do que sobre a prevenção de uma perda total de conhecimento. Isso implica que o conhecimento sobre pré-limpeza, uma vez adquirido, pode ter uma curva de esquecimento mais lenta do que se poderia esperar para tarefas complexas ou menos rotineiras, o que pode otimizar a alocação de recursos para treinamento.
2.6. Conclusões dos Autores
As conclusões dos autores do artigo (Ref 1) reforçam a importância da modalidade de treinamento empregada e a surpreendente resiliência do conhecimento básico em pré-limpeza:
- Treinamento Prático é Eficaz: Os autores concluíram que o treinamento prático (hands-on) é uma maneira altamente eficaz de capacitar os profissionais de saúde na pré-limpeza de dispositivos reutilizáveis que exigem processamento.
- Melhora Significativa nas Pontuações dos Testes: As pontuações gerais dos testes melhoraram significativamente após os participantes concluírem o treinamento a cada ano, validando a metodologia de ensino.
- Interrupção da Pandemia não Degradou o Conhecimento Básico: A interrupção do programa de treinamento anual devido à pandemia de COVID-19 não levou a uma degradação do conhecimento de processamento. Este achado sugere que o conhecimento básico não se degrada significativamente em um período de um ano.
- Abordagem Multidisciplinar é Benéfica: Os autores destacam que uma abordagem multidisciplinar é vantajosa para garantir que uma variedade de funcionários seja competente no processo essencial de pré-limpeza e no processamento seguro de dispositivos médicos reutilizáveis.
A combinação de treinamento prático e abordagem multidisciplinar é um modelo pedagógico robusto que não apenas transfere conhecimento, mas o solidifica, tornando-o mais resistente ao esquecimento, mesmo em condições adversas como uma pandemia. A observação de que o conhecimento não se degradou pode ser vista como um resultado direto da eficácia dessas abordagens. Isso sugere uma relação causal: métodos de treinamento eficazes (práticos, multidisciplinares) levam a uma melhor retenção de conhecimento, o que, por sua vez, confere resiliência em face de interrupções. Isso implica que a qualidade do design do treinamento é mais importante do que apenas a sua frequência para a retenção do conhecimento básico.
2.7. Fatores Limitantes e Possíveis Confundidores
Os autores de Fox et al. (Ref 1) foram transparentes ao reconhecer várias limitações e possíveis fatores confundidores em seu estudo, que são cruciais para a interpretação dos resultados:
Generalização dos Resultados: O estudo foi conduzido em um único centro médico acadêmico. Essa especificidade pode limitar a generalização dos achados para outros ambientes de saúde, que podem possuir diferentes recursos, demografias de pessoal, ou protocolos de treinamento.
Avaliação da Disseminação do Conhecimento: O estudo não avaliou se o conhecimento adquirido pelos participantes do programa foi efetivamente disseminado para outros membros da equipe em seus respectivos departamentos. Isso significa que, embora os indivíduos treinados possam ter melhorado seu conhecimento, não é possível inferir se essa melhoria se traduziu em uma melhoria mais ampla na prática em todo o departamento.
Associação Conhecimento-Prática: Uma limitação significativa é que o estudo mediu a melhoria do conhecimento por meio de testes pré- e pós-treinamento, mas não avaliou se essa melhoria no conhecimento estava associada a uma melhoria nas práticas reais de pré-limpeza. É possível que os profissionais obtenham boas pontuações em um teste sem, necessariamente, aplicar consistentemente os procedimentos corretos em seu trabalho diário.
Benefícios Não Avaliados do Treinamento Anual: Embora o estudo tenha constatado que o conhecimento básico não se degradou em um período de um ano sem treinamento anual, os autores reconhecem que existem outros benefícios potenciais de um cronograma anual que não foram avaliados. Estes incluem:
- Treinamento sobre mudanças recentes nos processos: O treinamento anual é crucial para atualizar a equipe sobre novas diretrizes ou modificações nos procedimentos de pré-limpeza.
- Escuta de preocupações da equipe: Sessões de treinamento regulares oferecem um fórum para que a equipe da linha de frente expresse problemas ou desafios relacionados à pré-limpeza, que podem então ser abordados.
- Gerenciamento da rotatividade de super-usuários: A abordagem de “treinar o treinador” depende de super-usuários, e o treinamento anual pode ajudar a mitigar o impacto da saída desses indivíduos-chave, garantindo um ciclo contínuo de transferência de conhecimento.
A lista de limitações revela que o estudo, embora valioso, apenas explorou uma parte da complexidade do treinamento em saúde. A retenção de conhecimento é uma métrica importante, mas a aplicabilidade prática, a atualização contínua e a gestão de pessoal são igualmente vitais e não foram abordadas. A interrupção do treinamento, mesmo sem degradar o conhecimento básico, pode ter tido impactos negativos não medidos na adaptabilidade da equipe e na qualidade geral do reprocessamento em um ambiente em constante mudança.
2.8. Recomendações Implícitas dos Autores
Embora o artigo de Fox et al. (Ref 1) não apresente uma seção explícita de “recomendações”, as discussões e as conclusões dos autores, em conjunto com a análise das limitações, permitem inferir várias recomendações importantes para a prática e a pesquisa:
- Continuidade e Investimento em Treinamento Prático e Multidisciplinar: A eficácia demonstrada do treinamento prático e da abordagem multidisciplinar em melhorar o conhecimento dos participantes sugere fortemente a continuidade e o investimento nesses modelos. A capacidade desses métodos de solidificar o conhecimento básico, tornando-o resiliente a interrupções, é um forte argumento para sua manutenção e expansão.
- Reconsideração da Frequência do Treinamento com Base em Benefícios Amplos: Embora o conhecimento básico não tenha se degradado em um ano, os autores ressaltam que outros benefícios potenciais do treinamento anual não foram avaliados. Isso inclui a atualização da equipe sobre mudanças recentes nos processos, a oportunidade de coletar feedback e abordar preocupações da equipe, e a gestão da rotatividade de super-usuários. Portanto, ao definir a frequência do treinamento, as instituições devem considerar esses benefícios dinâmicos, e não apenas a retenção do conhecimento fundamental. A pandemia, ao expor a durabilidade do conhecimento básico, paradoxalmente reforça a necessidade de um calendário anual de treinamento, não para reter o fundamental, mas para abordar as dimensões dinâmicas e evolutivas da prática clínica, como novas diretrizes e tecnologias.
- Foco na Qualidade do Treinamento Inicial: A resiliência do conhecimento básico pode indicar que um treinamento inicial de alta qualidade, que inclua componentes práticos e seja multidisciplinar, pode reduzir a necessidade de reforços excessivamente frequentes para os fundamentos. Isso, por sua vez, pode liberar recursos para tópicos mais complexos, atualizações e discussões de desafios operacionais.
Essas deduções destacam a complexidade de otimizar programas de treinamento e a necessidade de uma abordagem multifacetada que considere tanto a retenção de conhecimento quanto a adaptabilidade contínua da equipe em um ambiente de saúde em constante evolução.
3. Contexto Ampliado: Artigos Relacionados e Desafios no Reprocessamento
3.1. A Pré-limpeza de Dispositivos Médicos Reutilizáveis: Perspectivas Nacionais e Internacionais
A pré-limpeza é universalmente reconhecida como a etapa mais crítica no reprocessamento de dispositivos médicos reutilizáveis, e sua execução correta é fundamental para a segurança do paciente. A aderência rigorosa às Instruções de Uso do Fabricante (MIFU) é primordial, especialmente para dispositivos lumenizados, que possuem canais internos complexos. A adaptação inadequada de instruções de limpeza destinadas a dispositivos não lumenizados para dispositivos lumenizados pode levar à retenção de sujidade e à formação de biofilmes, comprometendo a eficácia do reprocessamento. Em caso de atrasos no tratamento, a MIFU deve ser seguida para correção, pois o potencial de formação de biofilme e secagem da sujidade aumenta significativamente com o tempo.
A manutenção da umidade dos dispositivos médicos reutilizáveis entre o uso e o início do tratamento é uma prática crucial para evitar o ressecamento da sujidade. Atrasos no processamento podem levar à formação rápida de biofilmes, que são notoriamente mais resistentes a desinfetantes e esterilizantes. Para a pré-imersão de instrumentos, soluções enzimáticas com pH neutro são as preferidas, e nunca desinfetantes devem ser usados para esse fim.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) desempenha um papel fundamental na regulamentação do reprocessamento de produtos para a saúde. A ANVISA define claramente quais produtos são passíveis de reprocessamento e quais são proibidos. A proibição ocorre se o material constar da lista publicada pela RE/Anvisa 2605/2006 (que estabelece produtos de uso único proibidos de serem reprocessados) ou se a rotulagem do produto indicar “Proibido Reprocessar”, conforme a RDC/Anvisa nº 156/2006. Para os produtos que podem ser reprocessados, os serviços de saúde devem seguir rigorosamente as diretrizes da RE/Anvisa 2606/2006, que trata da elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento, e da RDC/Anvisa nº 15/2012, que estabelece os requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para a saúde. A ênfase repetida na adesão às MIFUs e na manutenção da umidade não é apenas uma diretriz, mas uma estratégia proativa para combater a formação de biofilmes, que é um desafio persistente no reprocessamento. Essa abordagem estabelece uma relação causal clara: a falha na pré-limpeza e na adesão à MIFU pode levar à formação de biofilme, dificultando o reprocessamento e aumentando o risco de infecção. Assim, a pré-limpeza é vista não apenas como uma etapa, mas como uma barreira crítica contra a persistência microbiana.
3.2. Educação Continuada e Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS)
A educação continuada é um pilar essencial para a prevenção e controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). No entanto, a forma como essa educação é preferida e, de fato, implementada, revela desafios significativos. Profissionais de prevenção de infecção (IPs) demonstram uma clara preferência por abordagens interativas e baseadas em simulação para o treinamento em prevenção e controle de infecções (IPC). Apesar dessa preferência, a realidade muitas vezes os leva a utilizar métodos mais informais e improvisados, como treinamentos “just-in-time”. Essa discrepância entre o ideal e o praticado sugere barreiras que impedem a adoção de metodologias mais eficazes.
A tecnologia é vista como uma solução promissora para superar esses obstáculos. Aplicativos móveis, por exemplo, são a tecnologia mais desejada para apoiar o treinamento em IPC, seguidos por simulação, ferramentas interativas e vídeos. Essa demanda por ferramentas digitais indica uma necessidade latente de inovação pedagógica que possa tornar o treinamento mais acessível, engajador e alinhado com as preferências dos profissionais.
Apesar do conhecimento técnico, a aplicação efetiva das ações de prevenção na prática diária enfrenta diversos obstáculos. Fatores como a falta de informações, falhas na comunicação, a ausência de um cuidado adequado e, de forma proeminente, a grande sobrecarga de trabalho, são citados como impedimentos para a concretização das ações de prevenção. Essa sobrecarga pode levar à dependência de métodos informais de treinamento, perpetuando a lacuna entre as metodologias preferidas e as utilizadas.
A pesquisa também revelou uma lacuna de compreensão clara sobre quais estratégias e ferramentas os IPs realmente utilizam e quais prefeririam adotar, bem como a variação dessas preferências de acordo com a experiência e qualificação dos profissionais. A preferência por métodos interativos e a demanda por aplicativos móveis indicam uma necessidade latente de inovação pedagógica no treinamento em IPC, que pode ser crucial para superar a sobrecarga de trabalho e a dependência de métodos informais. A adoção de tecnologias e metodologias pedagógicas modernas pode ser um fator determinante para melhorar a conformidade com as práticas de IPC e, consequentemente, reduzir as taxas de IRAS.
3.3. O Desafio dos Biofilmes no Reprocessamento de Dispositivos Médicos
Os biofilmes representam um dos desafios microbiológicos mais significativos e persistentes no reprocessamento de dispositivos médicos reutilizáveis. A capacidade de microrganismos, como o Staphylococcus epidermidis, de aderir rapidamente e formar biofilme em instrumentais cirúrgicos em um curto período, por vezes em apenas duas horas, é alarmante. Uma vez formados, os biofilmes são notoriamente resistentes, sendo significativamente mais difíceis de eliminar por desinfetantes e esterilizantes em comparação com microrganismos planctônicos.
Estudos comparativos, como o de Evangelista (Ref 3), demonstram que, embora a limpeza automatizada seja mais eficaz do que a manual na remoção de microrganismos, nenhum dos métodos consegue remover completamente o biofilme já formado. Isso significa que, mesmo com os melhores esforços de limpeza, um resíduo microbiano persistente pode permanecer nos dispositivos, criando um risco latente de infecções.
A presença de biofilmes pode reduzir drasticamente a eficácia da Desinfecção de Alto Nível (DAL) e, em casos mais preocupantes, pode levar a resultados de cultura falso-negativos, mascarando a contaminação real dos dispositivos. Fatores como condições inadequadas de pré-limpeza e a existência de áreas de difícil acesso nos instrumentos (como serrilhas e cremalheiras) são identificados como críticos para a qualidade do processamento, pois são locais propícios à formação e persistência de biofilmes.
A persistência de biofilmes, mesmo após limpeza e desinfecção, cria um risco latente de infecções, transformando a pré-limpeza de uma etapa de “limpeza” para uma “barreira de segurança” contra a colonização microbiana persistente. O fato de que nenhum método de limpeza remove o biofilme completamente e que biofilmes podem reduzir a eficácia da DAL representa uma preocupação crítica. Isso implica que a pré-limpeza deve ser vista não apenas como uma etapa de remoção de sujidade visível, mas como uma intervenção crucial para prevenir a formação inicial de biofilmes, pois uma vez formados, são extremamente difíceis de erradicar. Isso eleva a importância da pré-limpeza para um nível estratégico na prevenção de IRAS.
4. Diretrizes e Recomendações em Pediatria: Um Olhar Específico
A prevenção de infecções em ambientes pediátricos exige uma atenção particular devido à maior vulnerabilidade das crianças e aos comportamentos específicos dessa população. As diretrizes nacionais e internacionais fornecem uma estrutura essencial para o reprocessamento de dispositivos médicos, com algumas especificidades cruciais para a pediatria.
4.1. Panorama das Diretrizes Nacionais (ANVISA)
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece o arcabouço regulatório para o reprocessamento de produtos para a saúde, visando garantir a segurança e a eficácia do reúso. A ANVISA permite o reprocessamento de certos produtos, desde que obedeçam rigorosamente à normatização vigente, conferindo-lhes maior vida útil e uso contínuo sob condições de segurança.
A proibição do reprocessamento de um produto ocorre sob duas condições principais: se o material estiver listado na RE/Anvisa 2605/2006 como um produto de uso único proibido de ser reprocessado, ou se a rotulagem do produto apresentar explicitamente os dizeres “Proibido Reprocessar”, conforme estabelecido pela RDC/Anvisa nº 156/2006. Para os produtos que são considerados passíveis de reprocessamento, os serviços de saúde que realizam essa atividade devem seguir estritamente o que preconizam a RE/Anvisa 2606/2006, que dispõe sobre a elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento, e a RDC/Anvisa nº 15/2012, que estabelece os requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para a saúde.
As diretrizes da ANVISA focam na segurança e na regulamentação do processo de reprocessamento de forma geral, impondo barreiras legais ao reúso indiscriminado de itens de maior risco. Embora não haja regulamentações específicas da ANVISA para o reprocessamento de artigos pediátricos detalhadas nos materiais consultados, a atenção a esses produtos de “uso único” deve ser ainda mais rigorosa para crianças devido à sua maior vulnerabilidade a infecções. A ANVISA, através de suas regulamentações de registro e rotulagem, atua como um pilar de segurança primária, garantindo que apenas produtos seguros sejam reutilizados, o que é de particular importância para populações vulneráveis.
4.2. Panorama das Diretrizes Internacionais (CDC, WHO, AAP)
As diretrizes internacionais, incluindo as do CDC (Centers for Disease Control and Prevention), WHO (World Health Organization) e AAP (American Academy of Pediatrics), fornecem um panorama abrangente para o reprocessamento de dispositivos médicos, com ênfase na classificação de Spaulding para determinar o nível de desinfecção ou esterilização necessário.
Classificação de Spaulding:
- Críticos: Dispositivos que penetram tecidos estéreis ou o sistema vascular (ex: agulhas, instrumentos cirúrgicos). Requerem esterilização.
- Semicríticos: Dispositivos que entram em contato com mucosas ou pele não íntegra (ex: laringoscópios, espéculos, termômetros). Requerem desinfecção de alto nível ou esterilização.
- Não Críticos: Dispositivos que entram em contato apenas com pele íntegra (ex: estetoscópios, manguitos de pressão arterial, balanças). Requerem desinfecção de baixo nível ou limpeza com detergente e água.
Diretrizes Pediátricas Específicas: As diretrizes pediátricas adaptam a prevenção de infecções à realidade do ambiente infantil, onde o contato com superfícies e objetos é mais intenso e a vulnerabilidade é maior.
- Brinquedos: Devem ser limpos e desinfetados após cada uso por diferentes pacientes, ou, no mínimo, diariamente e imediatamente se visivelmente sujos. Brinquedos que entram em contato com fluidos corporais (ex: levados à boca) devem ser removidos da área de uso e limpos/desinfetados antes de serem reutilizados.
Superfícies Ambientais: Maçanetas, tampos de mesa, carrinhos e pisos devem ser limpos e desinfetados diariamente.
Equipamentos de Paciente: Estetoscópios, otoscópios e manguitos de pressão devem ser limpos com álcool ou lenços desinfetantes, ou com água e sabão, após cada uso ou diariamente. Devem ser desinfetados se contaminados com sangue.
Dispositivos de Uso Único: Itens projetados para uso em um único paciente (ex: glicosímetros) não devem ser usados para mais de um paciente.
Proteção de Dispositivos: Capas transparentes e limpas ou descartáveis podem ser utilizadas para proteger dispositivos que não podem ser submetidos a limpeza rigorosa.
Nebulizadores: Os reservatórios de nebulizadores são potenciais fontes de contaminação. O uso de nebulizadores em serviços de urgência deve ser evitado sempre que possível, dada essa preocupação.
As diretrizes pediátricas, ao detalhar a limpeza de itens como brinquedos e equipamentos de uso comum em consultórios, demonstram uma adaptação da prevenção de infecções à realidade do ambiente infantil. Isso reflete a compreensão de que crianças pequenas têm comportamentos (como levar objetos à boca) e uma fisiologia (sistema imunológico em desenvolvimento) que aumentam seu risco de infecção. A prevenção de infecções em pediatria exige, portanto, uma abordagem mais granular e adaptada ao comportamento infantil, indo além da desinfecção de dispositivos críticos.
4.3. Comparativo e Análise das Especificidades Pediátricas
A análise comparativa das diretrizes de reprocessamento de dispositivos médicos revela tanto convergências quanto especificidades cruciais para a prática pediátrica.
Convergências:
Todas as diretrizes, sejam elas da ANVISA, CDC, WHO ou AAP, convergem na ênfase da limpeza como a primeira e mais fundamental etapa do reprocessamento. A Classificação de Spaulding é universalmente aceita como o princípio orientador para determinar o nível de desinfecção ou esterilização necessário com base no risco de infecção associado ao uso do dispositivo. A necessidade de seguir rigorosamente as Instruções de Uso do Fabricante (MIFU) para cada dispositivo é também um consenso inegociável, independentemente do contexto.
Divergências/Especificidades Pediátricas:
As particularidades da população pediátrica exigem adaptações e, em alguns casos, um nível de rigor adicional que se manifesta nas diretrizes específicas:
- Frequência de Limpeza: As diretrizes pediátricas, como as da AAP, tendem a recomendar frequências de limpeza e desinfecção mais rigorosas para superfícies e itens considerados de baixo risco, como brinquedos e estetoscópios. Essa maior frequência se justifica pela maior vulnerabilidade das crianças a infecções e por seus comportamentos de exploração oral e contato mais intenso com o ambiente.
- Tipos de Desinfetantes: Algumas diretrizes pediátricas podem impor restrições ao uso de certos desinfetantes. Por exemplo, fenólicos não são recomendados para itens que entrarão em contato direto com a pele de recém-nascidos, devido à sensibilidade da pele e ao potencial de toxicidade.
- Dispositivos Comuns em Pediatria: A atenção a dispositivos como nebulizadores é mais proeminente nas diretrizes específicas para essa população. Os reservatórios de nebulizadores são reconhecidos como potenciais fontes de contaminação, e seu uso em serviços de urgência é desencorajado quando possível.
- Reprocessamento de Produtos de Uso Único: Embora a ANVISA regulamente o “uso único” de forma geral para todos os produtos de saúde, a aplicação em pediatria requer atenção redobrada. A menor tolerância a riscos nessa população implica que a adesão estrita às proibições de reprocessamento é ainda mais crítica.
A ausência de diretrizes pediátricas explícitas da ANVISA sobre reprocessamento, em contraste com as internacionais (CDC, WHO, AAP), pode indicar uma lacuna regulatória ou uma dependência implícita das diretrizes gerais para adultos, o que pode não ser ideal para a população pediátrica. Essa diferença sugere que, no Brasil, a interpretação e adaptação das normas gerais para a pediatria podem ficar a cargo das instituições, o que pode levar a variabilidades na prática. A harmonização ou o desenvolvimento de diretrizes nacionais mais específicas para a pediatria seria benéfico para garantir a segurança e a padronização.
5. Comentários Adicionais e Análise Crítica
A análise do estudo de Fox et al. (Ref 1) e a contextualização com a literatura expandida revelam nuances importantes para a gestão do controle de infecções e o reprocessamento de dispositivos médicos.
A resiliência do conhecimento básico de pré-limpeza, observada mesmo após a interrupção do treinamento anual durante a pandemia (P = 0,591) , é um achado que merece reflexão aprofundada. Embora possa ser interpretado como um indicativo de que o conhecimento fundamental é duradouro, é crucial não subestimar a necessidade de treinamento contínuo. A rápida evolução de novas tecnologias em dispositivos médicos, a emergência de novos patógenos e a constante atualização de diretrizes (como as da AAMI, CDC e TJC) exigem que os profissionais estejam sempre atualizados. A interrupção da pandemia, embora não tenha degradado o básico, pode ter criado lacunas significativas em relação a essas atualizações dinâmicas. A dicotomia entre a retenção do conhecimento básico e a necessidade de treinamento contínuo para atualizações e adaptação sugere que os programas de educação em saúde devem ser multifacetados, com estratégias distintas para a consolidação de fundamentos e para a disseminação de informações dinâmicas e contextuais.
As implicações da interrupção do treinamento vão além da simples retenção de conhecimento. A pausa no treinamento anual durante a pandemia (Ref 1) pode ter tido consequências não mensuradas, como a dificuldade em incorporar novas práticas, a perda de oportunidades para discutir desafios operacionais e a falha em treinar novos “super-usuários” devido à rotatividade de pessoal. Isso destaca que o treinamento não é apenas sobre a aquisição de conhecimento, mas sobre a manutenção de uma cultura de segurança e adaptabilidade. Enquanto a fundação do conhecimento pode ser robusta, a “camada superior” de informações em constante mudança e a capacidade de adaptação organizacional são vulneráveis sem treinamento contínuo. Um programa de treinamento ideal deve, portanto, ter um componente de “manutenção de base” e um componente de “atualização ágil” para garantir a competência total da equipe em um ambiente dinâmico.
O estudo reforça a eficácia do treinamento prático e da abordagem multidisciplinar. Isso é consistente com a literatura que aponta para a aprendizagem experiencial como superior para a retenção de habilidades complexas e para a promoção de um entendimento holístico do processo de reprocessamento, que envolve diversas áreas e profissionais. A combinação de sessões didáticas e estações práticas, aliada à participação de especialistas de diferentes áreas, cria um ambiente de aprendizado robusto que contribui para a solidificação do conhecimento.
No entanto, a lacuna entre a preferência dos profissionais por métodos interativos e o uso frequente de abordagens informais sugere que, apesar do reconhecimento da eficácia, existem barreiras práticas para a implementação de programas de treinamento ideais. A sobrecarga de trabalho, a falta de recursos e a dificuldade de acesso a tecnologias avançadas podem ser fatores limitantes. A busca por soluções tecnológicas, como aplicativos móveis e plataformas de simulação, pode ser um caminho promissor para superar esses desafios, tornando o treinamento mais acessível, flexível e alinhado com as necessidades dos profissionais.
O desafio dos biofilmes é uma preocupação persistente que sublinha a criticidade da pré-limpeza. A capacidade de microrganismos de formar biofilmes rapidamente, mesmo em poucas horas, e a dificuldade de removê-los completamente, mesmo com métodos de limpeza avançados, reforça a necessidade de uma pré-limpeza imediata e eficaz. A pré-limpeza não é apenas uma etapa de “limpeza”, mas uma barreira de segurança fundamental contra a colonização microbiana persistente, que pode comprometer a desinfecção e esterilização subsequentes.
6. Recomendações Finais e Campos para Pesquisa Futura
6.1. Recomendações para a Prática Clínica
Com base na análise do artigo principal e na contextualização com a literatura e diretrizes complementares, as seguintes recomendações são propostas para aprimorar as práticas de reprocessamento de dispositivos médicos e o controle de infecções:
- Priorizar a Qualidade da Pré-limpeza no Ponto de Uso: Reforçar a pré-limpeza como a etapa mais crítica do reprocessamento. Assegurar a remoção imediata de sujidade grosseira e a manutenção da umidade dos dispositivos pós-uso, seguindo rigorosamente as Instruções de Uso do Fabricante (MIFUs) para cada tipo de dispositivo. Esta prática é essencial para prevenir o ressecamento de detritos e a formação de biofilmes.
- Investir e Manter Programas de Treinamento Prático e Multidisciplinar: Continuar e expandir programas de treinamento que incorporem sessões práticas (hands-on) e envolvam equipes multidisciplinares. Esta abordagem demonstrou ser eficaz na aquisição e retenção do conhecimento essencial sobre pré-limpeza.
- Avaliar e Otimizar a Frequência do Treinamento Contínuo: Embora o conhecimento básico possa ser resiliente a interrupções, a frequência do treinamento anual deve ser mantida ou adaptada. Isso é crucial para abordar atualizações de processos, novas tecnologias, diretrizes emergentes e para gerenciar a rotatividade de pessoal, garantindo a adaptabilidade e a segurança contínuas da equipe.
- Adotar Tecnologias de Apoio ao Treinamento: Explorar e implementar o uso de aplicativos móveis, plataformas de simulação e outras ferramentas digitais para tornar o treinamento mais acessível, interativo e eficiente. Isso pode ajudar a superar barreiras como a sobrecarga de trabalho e a dependência de métodos informais.
- Atenção Específica às Particularidades da Pediatria: Implementar e reforçar diretrizes de reprocessamento adaptadas para o ambiente pediátrico. Isso inclui a limpeza e desinfecção mais rigorosas de brinquedos e equipamentos de baixo risco, a consideração de restrições a certos desinfetantes devido à sensibilidade infantil, e a vigilância sobre dispositivos de uso comum nessa população, como nebulizadores.
- Desenvolver Estratégias Ativas para Prevenção e Combate aos Biofilmes: Reconhecer a resistência dos biofilmes e o risco que representam. Implementar protocolos que visem ativamente a prevenção da formação de biofilmes, com foco na pré-limpeza imediata e eficaz, e considerar a avaliação contínua da eficácia dos métodos de limpeza na remoção de biofilmes.
6.2. Sugestões para Pesquisas Futuras
A complexidade do reprocessamento de dispositivos médicos e a dinâmica do treinamento em saúde abrem diversas avenidas para futuras investigações:
- Impacto na Prática Clínica e Segurança do Paciente: Estudos futuros devem ir além da avaliação do conhecimento e correlacionar diretamente a melhoria do conhecimento com a melhoria das práticas de pré-limpeza no ambiente clínico real. Mais importante, é fundamental estabelecer a correlação entre a eficácia do treinamento e a redução das taxas de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS).
- Eficácia da Disseminação do Conhecimento: Investigar a eficácia dos modelos “treinar o treinador” na disseminação do conhecimento para toda a equipe de um departamento, e não apenas para os participantes diretos do treinamento. Isso incluiria a avaliação da cascata de conhecimento e a adesão às práticas em larga escala.
- Otimização da Frequência de Treinamento: Realizar pesquisas que explorem a frequência ideal de treinamento para diferentes tipos de conhecimento (básico vs. avançado/atualizado) e para diferentes perfis de profissionais de saúde, considerando a curva de esquecimento e a necessidade de atualização contínua.
- Avaliação de Tecnologias de Treinamento: Conduzir estudos robustos para avaliar a eficácia de aplicativos móveis, plataformas de simulação e outras inovações tecnológicas na melhoria da adesão às práticas de reprocessamento e na redução de IRAS.
- Desenvolvimento de Diretrizes Pediátricas Nacionais Detalhadas: Pesquisas podem subsidiar o desenvolvimento de diretrizes brasileiras mais específicas para o reprocessamento de dispositivos em pediatria, considerando as particularidades da população infantil, suas vulnerabilidades e os desafios inerentes aos ambientes de saúde pediátricos.
- Novas Estratégias para Prevenção e Eliminação de Biofilmes: Continuar a pesquisa sobre novas tecnologias, materiais de dispositivos e métodos de limpeza e desinfecção que sejam mais eficazes na prevenção da formação e na completa eliminação de biofilmes em dispositivos médicos reutilizáveis, especialmente em áreas de difícil acessos.
6.3: Considerações finais:
O ensino não é apenas uma rotina — é uma estratégia de resistência. O estudo mostra que o modelo de “treinar o treinador”, com estações práticas e abordagem multidisciplinar, solidifica tanto o conhecimento que ele resiste ao tempo e às crises. Mas atenção: isso não significa baixar a guarda. O fortalecimento inicial deve ser contínuo com atualizações, feedbacks, adaptação tecnológica e combate ao esquecimento organizacional. É esse equilíbrio entre base sólida e renovação dinâmica que vai transformar seu ambiente hospitalar em um verdadeiro bastião contra surtos.
Referências Bibliográficas
FOX, Josephine et al. Impact of COVID-19 pandemic on reusable device precleaning training for front-line staff. American Journal of Infection Control, v. 53, p. 269-271, 2025. DOI: 10.1016/j.ajic.2024.10.003.
Resumo: Este estudo avaliou a eficácia de um programa anual de educação e competência em pré-limpeza de dispositivos reutilizáveis e o impacto de sua interrupção devido à pandemia de COVID-19. Os resultados mostraram que o treinamento prático e multidisciplinar é eficaz, e que a interrupção de um ano não degradou o conhecimento básico dos participantes.
REBANN, Terri et al. Infection preventionists’ current and preferred training strategies and tools. American Journal of Infection Control, v. 53, p. 2-7, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2024.08.015.
Resumo: O artigo investiga as preferências e práticas de treinamento de profissionais de prevenção de infecção (IPs), revelando que, embora prefiram abordagens interativas e baseadas em simulação, frequentemente utilizam métodos informais. Destaca a demanda por aplicativos móveis como ferramenta de apoio ao treinamento em IPC.
EVANGELISTA, Síntia de Souza. EFICÁCIA DA LIMPEZA MANUAL VERSUS AUTOMATIZADA PARA A REMOÇÃO DE Staphylococcus epidermidis ADERIDO À SUPERFÍCIE DE INSTRUMENTAL CIRÚRGICO EM DIFERENTES INTERVALOS POR CONTAMINAÇÃO EXPERIMENTAL. 2019. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2019.
Resumo: Esta tese compara a eficácia da limpeza manual e automatizada na remoção de Staphylococcus epidermidis de instrumental cirúrgico, concluindo que a limpeza automatizada é mais eficaz, mas nenhum método remove completamente o biofilme. Enfatiza a criticidade da pré-limpeza e áreas de difícil acesso para a qualidade do processamento.
RUTALA, William A.; WEBER, David J. Preventing medical-device–borne outbreaks: High-level disinfection policy for duodenoscopes. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 42, n. 2, p. 248-251, 2021. DOI: 10.1017/ice.2020.1265.
Resumo: Este artigo discute a importância de políticas de desinfecção de alto nível para duodenoscópios na prevenção de surtos relacionados a dispositivos médicos. Aborda os desafios na validação de instruções de uso e a persistência de biofilmes, destacando a necessidade de uma pré-limpeza manual rigorosa.
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE EPIDEMIOLOGIA E CONTROLE DE INFECÇÃO RELACIONADA À ASSISTÊNCIA À SAÚDE. Novo guia SHEA e AORN para CME. 2024.
Disponível em: https://www.ccih.med.br/novo-guia-shea-e-aorn-para-cme/.
Resumo: Este guia aborda as recomendações atualizadas para o Centro de Material e Esterilização (CME), com foco na importância de seguir as instruções de uso do fabricante (MIFU) para dispositivos médicos, especialmente os lumenizados, e na manutenção da umidade para prevenir a formação de biofilmes.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 156, de 11 de agosto de 2006. Dispõe sobre o registro, rotulagem e reprocessamento de produtos médicos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2006.
Resumo: Esta resolução estabelece as normas para o registro, rotulagem e reprocessamento de produtos médicos no Brasil, definindo critérios para produtos de uso único e aqueles que podem ser reprocessados.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução Específica – RE nº 2.605, de 11 de agosto de 2006. Estabelece a lista de produtos médicos enquadrados como de uso único proibidos de ser reprocessados. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2006.
Resumo: Esta resolução complementar à RDC 156/2006 lista especificamente os produtos médicos que são classificados como de uso único e, portanto, têm seu reprocessamento proibido no Brasil.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução Específica – RE nº 2.606, de 11 de agosto de 2006. Dispõe sobre as diretrizes para elaboração, validação e implantação de protocolos de reprocessamento de produtos médicos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 ago. 2006.
Resumo: Esta resolução detalha as diretrizes técnicas para que os serviços de saúde possam elaborar, validar e implementar protocolos seguros para o reprocessamento de produtos médicos que são permitidos para reúso.
BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 15, de 15 de março de 2012. Dispõe sobre requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 mar. 2012.
Resumo: Esta RDC estabelece os requisitos de boas práticas a serem seguidos pelos estabelecimentos de saúde no processamento de produtos para saúde, abrangendo desde a limpeza até a esterilização e armazenamento.
CENTRO DE CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR. Como treinar melhor para a prevenção de infecção hospitalar. 2024. Disponível em:
https://www.ccih.med.br/como-treinar-melhor-para-a-prevencao-de-infeccao-hospitalar/.
Resumo: O artigo discute as preferências de treinamento de profissionais de prevenção de infecção, destacando a preferência por métodos interativos e a demanda por tecnologias como aplicativos móveis, contrastando com o uso frequente de métodos informais.
BUENO, Juliana Vila Chã; PIO, Danielle Abdel Massih; NONATO, Ana Carolina; CHIRELLI, Mara Quaglio. Educação permanente em saúde em prevenção e controle das infecções em unidade de emergência. Revista Enfermagem Atual In Derme, v. 95, n. 36, p. e-021175, 2021. DOI: 10.31011/reaid-2021-v.95-n.36-art.1245.
Resumo: Este estudo qualitativo analisou os resultados de um processo de Educação Permanente em Saúde para controle de IRAS em uma Unidade de Urgência e Emergência, identificando obstáculos como sobrecarga de trabalho e a importância de oficinas problematizadoras para a mudança de prática.
CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS (CDC). Guideline for disinfection and sterilization in healthcare facilities. 2008. Disponível
em: https://www.cdc.gov/infection-control/hcp/disinfection-and-sterilization/index.html.
Resumo: Esta diretriz abrangente do CDC fornece recomendações detalhadas para desinfecção e esterilização em ambientes de saúde, incluindo a classificação de Spaulding e a importância do treinamento.
CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS (CDC). Guide to Infection Prevention For Outpatient Settings: Minimum Expectations for Safe
Care. Atlanta, GA: CDC, 2011. Disponível em:
https://www.cdc.gov/infection-control/media/pdfs/Outpatient-Guide-508.pdf.
Resumo: Este guia fornece recomendações básicas de prevenção de infecções para ambientes ambulatoriais, reafirmando as Precauções Padrão como base. Inclui orientações gerais sobre o manuseio de dispositivos médicos reutilizáveis, com menção à necessidade de políticas mais detalhadas para locais que realizam esterilização no local.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (WHO). Boas Práticas de Limpeza Ambiental em Unidades de Cuidados de Saúde: em Ambientes de Recursos Limitados. Disponível em:
Resumo: Este documento oferece orientações sobre boas práticas de limpeza ambiental em unidades de saúde, incluindo a frequência e os métodos de limpeza para diferentes superfícies e equipamentos, com foco em ambientes de recursos limitados.
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS (AAP). Infection Prevention and Control in Pediatric Office Settings. 2017. Disponível em:
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC6242053/.
Resumo: Este artigo oferece diretrizes detalhadas para prevenção e controle de infecções em consultórios pediátricos, classificando equipamentos em críticos, semicríticos e não críticos. Apresenta recomendações específicas para limpeza e desinfecção de brinquedos, superfícies e equipamentos de paciente, adaptadas à vulnerabilidade infantil.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA (SBP). Pacientes com asma não são mais propensos a adquirir a infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). 2020. Disponível em:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/DC_Alergia_-_Covid-19.pdf.
Resumo: Embora o foco principal seja asma e COVID-19, o documento menciona a importância da limpeza e não compartilhamento de dispositivos inalatórios e a preocupação com a contaminação de reservatórios de nebulizadores em pediatria.
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