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Como treinar melhor para a prevenção de infecção hospitalar?

Quais as preferências dos controladores de infecção para treinar melhor em prevenção de infecção hospitalar.

Quais as preferências dos controladores de infecção para treinar melhor para a prevenção de infecção hospitalar.

FAQ: Como Treinar Melhor para a Prevenção de Infecção Hospitalar

Esta seção de Perguntas Frequentes (FAQ) foi desenvolvida para orientar gestores hospitalares, membros da CCIH, médicos, farmacêuticos e enfermeiros a planejarem, executarem e avaliarem treinamentos de alto impacto, transformando conhecimento em práticas seguras no dia a dia.

Princípios Fundamentais do Treinamento Eficaz

1. Por que o treinamento contínuo é fundamental para a prevenção de infecções hospitalares (IRAS)?

O conhecimento científico e os protocolos de prevenção evoluem constantemente. O treinamento contínuo garante que as equipes estejam sempre atualizadas com as melhores práticas, reforça habilidades que podem se perder com o tempo e mantém a cultura de segurança do paciente como uma prioridade constante na instituição.

2. Quais são as principais limitações dos modelos tradicionais de treinamento, como palestras expositivas?

Modelos tradicionais são passivos, gerando baixo engajamento e baixa retenção do conhecimento. Eles raramente se traduzem em mudança de comportamento na prática, pois não permitem que o profissional treine a habilidade em si. Muitas vezes, são vistos como mera obrigação, sem conexão com a realidade do trabalho.

3. O que é “Andragogia” (Aprendizagem de Adultos) e por que é crucial para treinar profissionais de saúde?

Andragogia é a ciência de como adultos aprendem. Ela parte do princípio de que adultos aprendem melhor quando entendem a relevância do conteúdo para sua prática, participam ativamente do processo, utilizam suas experiências prévias e focam na resolução de problemas reais. Aplicar esses princípios torna o treinamento mais significativo e eficaz.

4. Qual a diferença entre “treinar” e “desenvolver competências”?

“Treinar” muitas vezes foca na transmissão de informação (o quê fazer). “Desenvolver competências” é um processo mais amplo que envolve desenvolver o Conhecimento (saber o quê), a Habilidade (saber como fazer) e a Atitude (querer fazer). Um treinamento eficaz visa desenvolver competências, garantindo que o profissional não só saiba, mas também execute a prática correta de forma consistente.


Para a CCIH: Desenhando e Implementando Treinamentos

5. Quais são os primeiros passos para planejar um programa de treinamento eficaz?

O primeiro passo é realizar um diagnóstico de necessidades. Analise os dados de vigilância epidemiológica (taxas de infecção, surtos), resultados de auditorias (ex: adesão à higiene das mãos), e converse com as equipes para identificar as principais lacunas de conhecimento e habilidade que precisam ser abordadas.

6. Que metodologias ativas de aprendizagem são mais eficazes para o controle de infecção?

Metodologias que exigem a participação ativa do aluno são ideais. Exemplos incluem:

7. Como a CCIH pode avaliar a real eficácia de um treinamento?

A eficácia deve ser medida em múltiplos níveis:

  1. Reação: O participante gostou e viu relevância? (Pesquisa de satisfação).
  2. Aprendizado: O participante adquiriu o conhecimento? (Pré e pós-teste).
  3. Comportamento: O participante mudou sua prática? (Auditorias observacionais, ex: adesão a bundles).
  4. Resultados: Houve impacto nos indicadores? (Queda nas taxas de infecção).

8. Como treinar efetivamente os novos colaboradores na admissão (integração)?

O treinamento de integração deve ser prático e focado nas competências essenciais para a função. Em vez de apenas palestras, inclua demonstrações práticas, simulações e um período de mentoria com um profissional experiente. A avaliação de competências ao final do processo é fundamental.

9. De que forma os dados de vigilância epidemiológica podem direcionar os temas dos treinamentos?

Os dados são o “mapa” que mostra onde estão os problemas. Um aumento nas taxas de Infecção do Trato Urinário (ITU) associada a cateter deve gerar um treinamento focado no bundle de prevenção de ITU. Um surto por uma bactéria específica deve levar a um treinamento sobre as precauções de contato e limpeza ambiental.


Para Gestores Hospitalares e Lideranças

10. Como justificar o investimento em treinamentos mais elaborados para a diretoria?

O argumento deve ser baseado no Retorno sobre o Investimento (ROI). Treinamentos eficazes reduzem as taxas de IRAS, o que por sua vez diminui o tempo de internação, os custos com antibióticos e tratamentos de complicações. Além disso, melhora a segurança do paciente, um pilar para a acreditação hospitalar e a reputação da instituição.

11. Qual o papel da liderança em criar uma cultura de aprendizado contínuo?

A liderança deve demonstrar que valoriza o treinamento, liberando as equipes para participar, alocando recursos (tempo, espaço, verba) e cobrando a aplicação do conhecimento na prática. Líderes que participam dos treinamentos e celebram as melhorias de performance servem como exemplo e motivam a todos.

12. Como o treinamento impacta os processos de Acreditação Hospitalar?

Manuais de acreditação (ONA, JCI, etc.) exigem evidências de programas de educação e desenvolvimento de competências para as equipes. Ter um programa de treinamento robusto, com metodologias ativas e avaliação de eficácia, é um diferencial que demonstra o compromisso do hospital com a qualidade e a segurança.


Para Todos os Profissionais de Saúde

13. Qual o papel do profissional da linha de frente no sucesso do treinamento?

O sucesso depende da participação ativa e do engajamento do profissional. É essencial chegar com a mente aberta, participar das discussões, tirar dúvidas, praticar as habilidades e, principalmente, se comprometer a aplicar o aprendizado no cuidado ao paciente.

14. Por que a simulação realística é tão poderosa para treinar habilidades práticas?

A simulação permite que o profissional treine em um ambiente seguro, onde errar faz parte do aprendizado e não oferece risco ao paciente. Ela trabalha a memória muscular e a tomada de decisão sob pressão, sendo extremamente eficaz para procedimentos como paramentação, desparamentação e inserção de dispositivos invasivos.

15. O que é “gamificação” (gamification) e como pode ser aplicada aos treinamentos?

É o uso de elementos de jogos (pontos, rankings, desafios) em contextos que não são jogos. Em prevenção de IRAS, pode ser um quiz interativo sobre higiene das mãos, um desafio entre setores para ver quem tem a maior adesão a um bundle, ou um “escape room” com o tema de controle de surto. Isso aumenta o engajamento e a retenção do conteúdo.

16. Qual o papel do feedback construtivo no processo de aprendizagem?

O feedback é uma das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento de habilidades. Ele deve ser específico, descritivo (não julgador), oportuno e focado no comportamento, não na pessoa. Um bom feedback ajuda o profissional a entender o que fez bem e onde pode melhorar.

17. A equipe de farmácia também precisa de treinamento em prevenção de IRAS?

Sim, e de forma direcionada. Os treinamentos devem focar em áreas como: boas práticas de manipulação de medicamentos estéreis e não estéreis, gerenciamento de antimicrobianos (stewardship), armazenamento correto de medicamentos e saneantes, e o papel do farmacêutico na orientação das equipes.

18. Como a tecnologia (EAD, vídeos) pode ser uma aliada nos treinamentos?

A tecnologia permite flexibilidade e escala. Plataformas de Ensino a Distância (EAD) podem ser usadas para a parte teórica, liberando o tempo presencial para atividades práticas. Vídeos curtos (“pílulas de conhecimento”) são ótimos para reforçar um conceito específico, como os 5 momentos da higiene das mãos.

19. É melhor fazer treinamentos curtos e frequentes ou longos e anuais?

A evidência mostra que treinamentos mais curtos, frequentes e focados (microlearning) são mais eficazes para a retenção do conhecimento do que treinamentos longos e esporádicos. A repetição espaçada ajuda a fixar a informação na memória de longo prazo.

20. Onde encontrar recursos e materiais de qualidade para desenvolver treinamentos?

Fontes confiáveis são essenciais. Consulte sempre:

1. Principal Achado

O estudo revelou que os profissionais de prevenção de infecção (IPs) preferem abordagens interativas e baseadas em simulação para treinamento de prevenção e controle de infecções (IPC), mas acabam utilizando métodos informais e improvisados, como treinamentos de última hora (“just-in-time”). Além disso, a tecnologia mais desejada para apoio ao treinamento é a de aplicativos móveis.

2. Importância do Tema

A educação sobre prevenção e controle de infecção é essencial para a segurança dos profissionais da saúde e dos pacientes. No entanto, a pandemia da COVID-19 desviou recursos dessa área, aumentando a necessidade de estratégias eficientes e acessíveis de capacitação.

3. O Que se Sabia sobre o Tema

Já era reconhecido que a simulação é uma metodologia eficaz de ensino em IPC. Contudo, não havia uma compreensão clara de quais estratégias e ferramentas os IPs realmente utilizam e quais prefeririam adotar, nem como essas preferências variam de acordo com a experiência e qualificação dos profissionais.

4. Metodologia do Estudo

  • Tipo de Estudo: Estudo transversal baseado em pesquisa online.
  • Amostra: 2.432 profissionais membros da Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology (APIC), nos EUA.
  • Coleta de Dados: Aplicação de um questionário com 36 itens via plataforma Qualtrics entre maio e junho de 2023.
  • Critérios de Inclusão: Profissionais que atuam como IPs em unidades de saúde ou órgãos de saúde pública.
  • Critérios de Exclusão: Aposentados, funcionários da APIC e profissionais fora da área de saúde.
  • Análise de Dados: Estatísticas descritivas, testes qui-quadrado e Kruskal-Wallis para identificar associações estatisticamente significativas.

5. Principais Resultados

  • Treinamento Preferido vs. Realidade:
    • Mais preferido: Simulação e atividades interativas.
    • Menos preferido: Módulos de aprendizado independente.
    • Mais utilizado: Treinamentos improvisados e feedback imediato.
  • Diferenças Estatisticamente Significativas:
    • IPs treinam mais enfermeiros (p < 0,001) e menos prescritores médicos (p < 0,001).
    • IPs certificados em controle de infecção (CIC) treinam mais prescritores (70,3% vs. 63,3%, p < 0,01).
    • IPs com mais experiência e nível educacional mais alto utilizam mais o treinamento formal.
    • O uso de simulação é significativamente menor entre profissionais com pós-graduação (p < 0,01).
  • Tecnologia e Recursos Desejados:
    • Mais desejado: Aplicativos para treinamento em IPC (14,3% dos respondentes).
    • Outros recursos desejados: Simulação, ferramentas interativas, vídeos e monitoramento de conformidade em IPC.

6. Conclusões dos Autores

  • Há uma discrepância entre as metodologias preferidas pelos IPs (simulação e aprendizado interativo) e as efetivamente utilizadas (treinamentos improvisados).
  • Existe uma demanda significativa por tecnologias de apoio ao treinamento, especialmente aplicativos móveis e plataformas de simulação.
  • A implementação de ferramentas de ensino interativas pode melhorar a capacitação em IPC.
  • Estudos futuros devem investigar como integrar essas preferências nas práticas educacionais.

7. Fatores Limitantes e Possíveis Confundidores

  • Apenas membros da APIC dos EUA participaram, o que limita a generalização dos achados.
  • A taxa de resposta foi de 21,9%, o que pode gerar viés de seleção (os IPs mais interessados em treinamento podem ter respondido mais).
  • Como os dados foram autorrelatados, há risco de viés de resposta.

Fonte:

REBANN, Terri et al. Infection preventionists’ current and preferred training strategies and tools. American Journal of Infection Control, v. 53, p. 2-7, 2025. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2024.08.015. Acesso em: [22/02/2025].

Comentários Adicionais

O estudo traz implicações práticas importantes para o treinamento de IPC, destacando que a preferência por métodos interativos e baseados em simulação não se traduz na prática diária. Isso reforça a necessidade de investimentos em tecnologias educacionais acessíveis para IPs. Além disso, há um claro contraste entre os métodos utilizados por profissionais com diferentes níveis de experiência e certificação, o que sugere que a capacitação inicial dos IPs pode influenciar sua abordagem de ensino.

Para aplicação no Brasil, seria interessante avaliar como as tecnologias de simulação e aplicativos de treinamento poderiam ser integradas à rotina hospitalar, considerando os desafios locais, como infraestrutura limitada e carga de trabalho dos profissionais de saúde.

Nosso MBA Gestão em Saúde e Controle de infecção tem um módulo específico para discutir o trabalho em equipe, estatégias pedagógicas e de marketing para que nosso pós-graduando desenvolva criticamente essas metodologias inovadoreas.

Links adicionais:

Estudo brasileiro mostra importância do treinamento para a enfermagem das precauções contra transmissão de infecções: https://www.ccih.med.br/estudo-brasileiro-mostra-importancia-do-treinamento-para-a-enfermagem-das-precaucoes-contra-transmissao-de-infeccoes/

 

Comunicação Assertiva na Saúde: https://www.ccih.med.br/comunicacao-assertiva-na-saude/

 

Comunicação consciente na área da saúde: https://www.ccih.med.br/comunicacao-consciente-na-area-da-saude/

 

Desafios da CCIH na Gestão da Mudança de Comportamento dos Profissionais de Saúde: https://www.ccih.med.br/esafios-da-ccih-na-gestao-da-mudanca-de-comportamento-dos-profissionais-de-saude/

 

Estratégias criativas para treinamentos em Higienização das Mãos: https://www.ccih.med.br/estrategias-criativas-para-treinamentos-em-higienizacao-das-maos/

 

Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

 

MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção: https://www.ccih.med.br/cursos-mba/mba-ccih-gestao-em-saude-e-controle-de-infeccao/ 

Autor:

Antonio Tadeu Fernandes:

https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/

https://www.instagram.com/tadeuccih/

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