Superbactérias em Ascensão: o relatório da OMS revela a nova face da resistência antimicrobiana global e o desafio urgente do Brasil.
A pandemia silenciosa está mais alta do que nunca. O Relatório Global GLASS 2025 da Organização Mundial da Saúde lança um alerta inequívoco: uma em cada seis infecções bacterianas no mundo já é resistente a antibióticos. E o cenário tende a piorar. A resistência cresce até 15% ao ano em patógenos críticos, especialmente entre as bactérias Gram-negativas — aquelas que desafiam os antibióticos de última linha.
Mas o dado mais preocupante é outro: a resistência não cresce apenas por causa das bactérias, e sim por causa das falhas estruturais dos sistemas de saúde. O Brasil, marcado por desigualdades e fragilidade na vigilância, vive uma ascensão acelerada do gene NDM, o mais temido entre os mecanismos de resistência. Entenda nesta análise como chegamos até aqui e o que precisa mudar antes que os antibióticos percam sua eficácia.
Link para o documento da OMS traduzido: resistência antimicrobiana OMS
FAQ: A Pandemia Silenciosa – Desvendando a Resistência Antimicrobiana para Profissionais de Saúde
Esta página de perguntas frequentes (FAQ) foi elaborada para gestores hospitalares, membros da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), médicos, farmacêuticos e enfermeiros, com base nos crescentes desafios da resistência antimicrobiana (AMR), conforme destacado no relatório do Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Conceitos Fundamentais e o Cenário Global
1. O que é a resistência antimicrobiana (AMR) e por que é chamada de “pandemia silenciosa”?
A resistência antimicrobiana (AMR) é a capacidade de microrganismos (como bactérias, vírus, fungos e parasitas) de resistir à ação de medicamentos antimicrobianos que antes eram eficazes para tratá-los. Essa resistência torna as infecções mais difíceis ou impossíveis de curar, aumentando o risco de propagação de doenças, de formas graves de enfermidades e de morte. É chamada de “pandemia silenciosa” porque seu avanço é progressivo, contínuo e global, sem o alarde de pandemias agudas, mas com um impacto devastador e crescente na saúde pública.
- Referência: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2023). Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única (PAN-BR). https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/servicosdesaude/prevencao-e-controle-de-infeccao-e-resistencia-microbiana/pnpciras-e-pan-servicos-de-saude/pan-servicos-de-saude-2023-2027-final-15-12-2023.pdf
2. O que é o relatório GLASS da OMS e qual a sua importância?
O relatório do Sistema Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS) é uma iniciativa da OMS para padronizar a coleta, análise e compartilhamento de dados sobre a resistência antimicrobiana (AMR) e o consumo de antimicrobianos (AMC) em todo o mundo. Sua importância reside em fornecer uma base de evidências robusta para monitorar tendências, detectar novas ameaças de resistência, estimar o ônus da AMR e informar estratégias e políticas de saúde pública em níveis nacional e global.
- Referências:
- World Health Organization. (2022). Global antimicrobial resistance and use surveillance system (GLASS) report: 2022. https://www.paho.org/en/documents/global-antimicrobial-resistance-and-use-surveillance-system-glass-report-2022
- Instituto CCIH+. (2024). OMS lança painel de visualização de dados sobre resistência e uso de antimicrobianos. https://www.ccih.med.br/oms-lanca-painel-de-visualizacao-de-dados-sobre-resistencia-e-uso-de-antimicrobianos/
3. Quais foram as principais conclusões do relatório GLASS de 2022?
O relatório de 2022 destacou níveis alarmantes de resistência em infecções comuns, especialmente na corrente sanguínea. Foi observada alta resistência de bactérias como Klebsiella pneumoniae a antibióticos de último recurso (como carbapenêmicos) e de E. coli a tratamentos comuns (como fluoroquinolonas). O relatório também mostrou uma forte correlação entre o consumo de certas classes de antibióticos e o aumento da resistência a eles, sublinhando a urgência de otimizar o uso desses medicamentos.
- Referência: PLOS One. (2024). Global antimicrobial resistance and use surveillance system (GLASS 2022): Investigating the relationship between antimicrobial resistance and antimicrobial consumption data. https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0297921
4. Como a resistência bacteriana se dissemina no ambiente hospitalar?
A disseminação ocorre principalmente por meio de três mecanismos de transferência de genes de resistência entre bactérias:
- Conjugação: Contato direto entre duas bactérias para troca de material genético (plasmídeos).
- Transdução: Vírus que infectam bactérias (fagos) transportam genes de resistência de uma bactéria para outra.
- Transformação: Bactérias captam fragmentos de DNA com genes de resistência que foram liberados por outras bactérias mortas no ambiente.
A disseminação é acelerada pela pressão seletiva do uso de antibióticos e por falhas nas práticas de higiene e prevenção de infecções.
- Referência: Instituto CCIH+. (2023). Como a resistência aos antimicrobianos é disseminada entre as bactérias?. https://www.ccih.med.br/como-a-resistencia-aos-antimicrobianos-e-disseminada-entre-as-bacterias/
5. O que significa o conceito de “Saúde Única” (One Health) no contexto da AMR?
Saúde Única é uma abordagem que reconhece que a saúde humana está intrinsecamente ligada à saúde dos animais e ao meio ambiente. No contexto da AMR, significa que o uso de antibióticos na agricultura e na pecuária, bem como a contaminação ambiental por resíduos de fármacos, contribuem para o surgimento e a disseminação de bactérias resistentes que podem, eventualmente, infectar humanos. O combate à AMR exige, portanto, uma ação coordenada entre esses três setores.
- Referência: Instituto CCIH+. (2025). Estrutura molecular da resistência microbiana: como a medicina moderna é desafiada e o que fazer?. https://www.ccih.med.br/estrutura-molecular-da-resistencia-microbiana-como-a-medicina-moderna-e-desafiada-e-o-que-fazer/
Atuação da CCIH e Gestão Hospitalar
6. Qual o papel da CCIH no controle da resistência microbiana segundo as recomendações da OMS?
A CCIH tem o papel central de liderar e implementar programas de prevenção e controle de infecções (PCI) e de gerenciamento do uso de antimicrobianos (Antimicrobial Stewardship). Isso inclui a vigilância epidemiológica das infecções e da resistência, a implementação de precauções padrão e baseadas na transmissão, a promoção da higiene das mãos, a supervisão da limpeza ambiental e a educação contínua das equipes, alinhando-se aos objetivos estratégicos da OMS.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2021). CCIH e o controle da resistência microbiana. https://www.youtube.com/watch?v=NXPpjXsBxuU
7. Como a gestão hospitalar pode apoiar as iniciativas de controle da AMR?
A gestão hospitalar deve garantir os recursos necessários para o funcionamento eficaz da CCIH e do programa de Stewardship. Isso inclui investimento em infraestrutura (ex: isolamentos, pias), pessoal qualificado, tecnologias de diagnóstico rápido, sistemas de informação para vigilância e fornecimento ininterrupto de insumos essenciais, como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e saneantes. O apoio da alta gestão é fundamental para criar uma cultura de segurança e qualidade focada na prevenção da AMR.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2024). CCIH Beyond Technique, A Management Strategy. https://www.youtube.com/c/CCIHCursosMBA/videos
8. O que é um programa de “Antimicrobial Stewardship” e por que ele é crucial?
É um conjunto de ações coordenadas para promover o uso apropriado de antimicrobianos, incluindo a escolha correta do medicamento, dose, via de administração e duração do tratamento. O objetivo é otimizar os desfechos clínicos, minimizar a toxicidade e outros eventos adversos, e reduzir a pressão seletiva que leva à resistência. É uma estratégia crucial para preservar a eficácia dos antibióticos existentes.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2021). CCIH e o controle da resistência microbiana (ver tópico 1:31:00 stewardship de antimicrobianos). https://www.youtube.com/watch?v=NXPpjXsBxuU
9. Como organizar uma coorte de pacientes colonizados ou infectados por bactérias multirresistentes?
A organização de uma coorte envolve agrupar geograficamente (no mesmo quarto ou enfermaria) pacientes com o mesmo perfil de microrganismo multirresistente. O objetivo é limitar a transmissão para outros pacientes. Isso requer uma equipe de enfermagem dedicada (idealmente) e a aplicação rigorosa das precauções de contato, além de uma comunicação eficaz entre as equipes e uma sinalização clara na unidade.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2021). CCIH e o controle da resistência microbiana (ver tópico 47:00 como organizar coorte de pacientes com multi resistentes?). https://www.youtube.com/watch?v=NXPpjXsBxuU
10. Quando as precauções de contato para pacientes com bactérias multirresistentes devem ser suspensas?
A decisão de suspender as precauções de contato é complexa e deve ser baseada em políticas institucionais bem definidas. Geralmente, considera-se o tempo desde a última cultura positiva, o uso recente de antimicrobianos e, em alguns casos, a realização de culturas de vigilância (swabs) com resultados negativos para confirmar a erradicação da colonização. A decisão deve ser individualizada e discutida com a CCIH.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2021). CCIH e o controle da resistência microbiana (ver tópico 1:05:00 quando suspender as precauções de contato?). https://www.youtube.com/watch?v=NXPpjXsBxuU
Práticas Clínicas para Médicos e Enfermeiros
11. Qual a importância do diagnóstico microbiológico rápido no combate à AMR?
O diagnóstico rápido permite a identificação precisa do patógeno e do seu perfil de sensibilidade em menos tempo. Isso possibilita a troca de uma terapia antimicrobiana empírica (de amplo espectro) para uma terapia direcionada (de espectro mais estreito) mais cedo. Essa prática, conhecida como “descalonamento”, é uma ferramenta poderosa do Stewardship para reduzir o uso desnecessário de antibióticos e, consequentemente, a pressão seletiva.
- Referência: Instituto CCIH+. (2025). Estrutura molecular da resistência microbiana: como a medicina moderna é desafiada e o que fazer?. https://www.ccih.med.br/estrutura-molecular-da-resistencia-microbiana-como-a-medicina-moderna-e-desafiada-e-o-que-fazer/
12. Como a enfermagem atua na linha de frente da prevenção da disseminação de microrganismos resistentes?
A equipe de enfermagem é fundamental na prevenção da transmissão cruzada. Suas principais ações incluem a correta higiene das mãos, a aplicação rigorosa das precauções padrão e específicas (contato, gotículas, aerossóis), o manejo adequado de dispositivos invasivos (cateteres, sondas), a administração correta de antimicrobianos e a educação de pacientes e familiares sobre as medidas de prevenção.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – Playlist. Higiene das mãos, precauções e isolamentos. https://www.youtube.com/playlist?list=PL42656A802526555C
13. O que são biofilmes e qual sua relação com a resistência antimicrobiana?
Biofilmes são comunidades de bactérias aderidas a uma superfície (como cateteres, próteses ou tecidos humanos) e envoltas por uma matriz protetora. Essa matriz dificulta a penetração dos antibióticos e a ação do sistema imune, tornando as infecções associadas a biofilmes extremamente difíceis de tratar e contribuindo significativamente para a falha terapêutica e a resistência.
- Referência: Instituto CCIH+. (2025). Estrutura molecular da resistência microbiana: como a medicina moderna é desafiada e o que fazer?. https://www.ccih.med.br/estrutura-molecular-da-resistencia-microbiana-como-a-medicina-moderna-e-desafiada-e-o-que-fazer/
14. Quais os principais erros no uso de luvas que podem contribuir para a transmissão de patógenos?
O uso inadequado de luvas pode criar uma falsa sensação de segurança. Os principais erros incluem: não realizar a higiene das mãos antes de calçar e após retirar as luvas, usar o mesmo par de luvas para cuidar de mais de um paciente ou para tocar em diferentes superfícies (paciente, computador, maçaneta), e contaminar o ambiente ao retirar as luvas de forma incorreta.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. (2021). CCIH e o controle da resistência microbiana (ver tópico 1:19:30 mau uso de luvas). https://www.youtube.com/watch?v=NXPpjXsBxuU
15. Por que a limpeza e desinfecção de superfícies são cruciais no controle da AMR?
Superfícies hospitalares frequentemente tocadas (grades de cama, mesas de cabeceira, bombas de infusão) podem abrigar microrganismos multirresistentes por longos períodos. Uma limpeza e desinfecção rigorosa e regular é essencial para reduzir a carga microbiana no ambiente, interrompendo a cadeia de transmissão indireta de patógenos para os pacientes, seja por contato direto ou através das mãos dos profissionais de saúde.
- Referência: Instituto CCIH+. (2025). Estrutura molecular da resistência microbiana: como a medicina moderna é desafiada e o que fazer?. https://www.ccih.med.br/estrutura-molecular-da-resistencia-microbiana-como-a-medicina-moderna-e-desafiada-e-o-que-fazer/
Atuação do Farmacêutico Clínico
16. Qual o papel do farmacêutico no programa de Antimicrobial Stewardship?
O farmacêutico clínico é um membro essencial da equipe de Stewardship. Suas atribuições incluem a análise da adequação das prescrições de antimicrobianos, o ajuste de dose com base na função renal ou hepática do paciente, o monitoramento de interações medicamentosas e eventos adversos, a orientação para o descalonamento ou suspensão da terapia e a educação da equipe médica e de enfermagem sobre o uso racional dos medicamentos.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. Mecanismos de Resistência Bacteriana – o que preciso saber?. https://www.ccih.med.br/mecanismos-de-resistencia-bacteriana-o-que-preciso-saber/
17. Como o farmacêutico pode auxiliar na interpretação de um antibiograma?
O farmacêutico pode ajudar a equipe a interpretar resultados complexos do antibiograma, como a presença de mecanismos de resistência específicos (ex: KPC, ESBL), a diferença entre sensibilidade in vitro e eficácia in vivo, e a escolha do antimicrobiano mais apropriado com base no sítio da infecção e nos parâmetros farmacocinéticos/farmacodinâmicos (PK/PD), garantindo a escolha terapêutica mais eficaz e segura.
- Referência: Canal Instituto CCIH+ – YouTube. Mecanismos de Resistência Bacteriana – o que preciso saber? (ver tópico 1:09:30 Como interpretar um resultado intermediário). https://www.ccih.med.br/mecanismos-de-resistencia-bacteriana-o-que-preciso-saber/
18. O que é a classificação AWaRe da OMS e como ela orienta o uso de antibióticos?
A classificação AWaRe (Access, Watch, Reserve) categoriza os antibióticos em três grupos para orientar os programas de Stewardship:
- Access (Acesso): Antibióticos de primeira ou segunda escolha para infecções comuns, que devem estar amplamente disponíveis.
- Watch (Vigilância): Antibióticos com maior potencial para induzir resistência, recomendados apenas para um número limitado de indicações.
- Reserve (Reserva): Antibióticos de último recurso para infecções por bactérias multirresistentes, que devem ser usados de forma restrita e monitorada.
O objetivo é aumentar o uso do grupo Acesso e reduzir o uso do grupo Vigilância.
- Referência: World Health Organization. (2022). Global Antimicrobial Resistance and Use Surveillance System (GLASS) report: antibiotic use data for 2022. https://www.who.int/publications/i/item/9789240108127
Olhando para o Futuro
19. Quais os principais desafios para o controle da AMR no Brasil?
Os desafios incluem a melhoria da conscientização sobre o problema entre profissionais e o público, o fortalecimento da vigilância epidemiológica e laboratorial, a implementação universal de programas de Stewardship e PCI em todos os serviços de saúde, a regulação do uso de antimicrobianos na agropecuária e a necessidade de mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos e métodos diagnósticos.
- Referência: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (2023). Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no Âmbito da Saúde Única (PAN-BR). https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/servicosdesaude/prevencao-e-controle-de-infeccao-e-resistencia-microbiana/pnpciras-e-pan-servicos-de-saude/pan-servicos-de-saude-2023-2027-final-15-12-2023.pdf
20. Onde posso encontrar mais informações e treinamentos sobre controle de infecção e AMR?
O Instituto CCIH+ oferece uma vasta gama de conteúdos, incluindo artigos, notícias e vídeos sobre o tema. Seu site e canal no YouTube são excelentes fontes de atualização para profissionais de saúde que buscam aprofundar seus conhecimentos em prevenção de infecções, mecanismos de resistência e estratégias de controle.
- Referências:
- Site: https://www.ccih.med.br/
- Canal no YouTube: https://www.youtube.com/@CCIHCursosMBA
A Pandemia Silenciosa se Intensifica: Navegando pelo Cenário Global e Brasileiro da Resistência Antimicrobiana na Era Pós-COVID
A resistência antimicrobiana (RAM), uma crise de saúde global frequentemente descrita como uma “pandemia silenciosa”, está se intensificando a um ritmo alarmante, minando as fundações da medicina moderna e colocando em risco milhões de vidas. O novo Relatório Global de Vigilância da Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS) da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2025 lança um alerta inequívoco: em 2023, aproximadamente uma em cada seis infecções bacterianas confirmadas em laboratório em todo o mundo já era resistente aos antibióticos (Ref. 1, 2, 3, 4). Este dado, por si só, captura a urgência de uma ameaça que evolui mais rápido que nossas defesas. Este artigo não se limitará a resumir o relatório da OMS, mas o utilizará como ponto de partida para uma análise crítica e aprofundada. O texto irá integrar esses achados globais com uma revisão da literatura científica recente, focando no impacto da pandemia de COVID-19 como um catalisador da RAM e na análise detalhada do cenário epidemiológico e de vigilância no Brasil, culminando em estratégias práticas e recomendações para profissionais de saúde e, em especial, para as comissões de controle de infecção hospitalar (CCIH).
O Panorama Global da Resistência Antimicrobiana: Uma Análise Crítica dos Dados Atuais
O relatório GLASS 2025 representa o esforço mais abrangente até hoje para mapear a prevalência da RAM, compilando dados de 104 países e mais de 23 milhões de infecções confirmadas (Ref. 1, 5). A análise revela um cenário preocupante, caracterizado por altos níveis de resistência, tendências crescentes em patógenos críticos e profundas desigualdades que transformam a RAM em uma crise de saúde e de equidade.
A Magnitude da Crise: Prevalência e Disparidades Regionais
Os dados demonstram que a carga da RAM não é distribuída uniformemente entre os diferentes tipos de infecção. A resistência mediana é mais comum em infecções do trato urinário (aproximadamente 1 em 3) e infecções da corrente sanguínea (1 em 6). Em contraste, é menos frequente em infecções gastrointestinais (1 em 15) e gonorreia urogenital (1 em 125), embora a resistência a fármacos específicos nestas últimas possa ser extremamente alta (Ref. 1, 4).
As disparidades geográficas são ainda mais alarmantes e pintam um quadro de vulnerabilidade global. As regiões do Sudeste Asiático e do Mediterrâneo Oriental enfrentam a situação mais crítica, com quase 1 em cada 3 infecções sendo resistentes aos tratamentos padrão. A Região Africana segue de perto, com 1 em cada 5 infecções resistentes. Em um patamar comparativamente melhor, mas ainda preocupante, estão a Região das Américas (1 em 7), a Região Europeia (1 em 10) e a Região do Pacífico Ocidental (1 em 11) (Ref. 1, 3, 4). Essa variação dramática não reflete apenas diferenças nos perfis microbiológicos locais, mas expõe desigualdades estruturais profundas no acesso a diagnósticos de qualidade, água potável, saneamento básico e sistemas de saúde resilientes.
A Ameaça Crescente dos Patógenos Gram-Negativos: Tendências e Alertas
A análise temporal dos dados entre 2018 e 2023 é talvez o aspecto mais preocupante do relatório. A RAM aumentou em 40% das combinações patógeno-antibiótico monitoradas, com aumentos anuais relativos que variam de 5% a 15% (Ref. 1, 2, 4). A maior ameaça provém dos patógenos Gram-negativos, que se tornam cada vez mais difíceis de tratar.
Globalmente, mais de 40% das cepas de Escherichia coli e mais de 55% das de Klebsiella pneumoniae, duas das principais causas de infecções da corrente sanguínea, já são resistentes às cefalosporinas de terceira geração, a primeira linha de tratamento para infecções graves. Na Região Africana, essa taxa ultrapassa os 70% (Ref. 1, 3).
A resistência aos carbapenêmicos, uma classe de antibióticos de último recurso, está em uma trajetória de crescimento perigosa. O relatório GLASS aponta um aumento anual global na resistência ao imipenem de 5,3% para Acinetobacter spp., 12,5% para E. coli e um alarmante 15,3% para K. pneumoniae (Ref. 1). Essas tendências limitam drasticamente as opções terapêuticas empíricas para pacientes críticos, forçando o uso de antibióticos da categoria “Reserva” da classificação AWaRe (Acesso, Vigilância, Reserva), que são frequentemente mais tóxicos, caros e, em muitos cenários de baixa e média renda, simplesmente indisponíveis (Ref. 1, 2).
A Síndemia da Resistência e da Desigualdade: O Paradoxo da Vigilância
O relatório GLASS 2025 vai além da descrição de taxas e revela duas correlações profundas que redefinem nossa compreensão da RAM como um fenômeno isolado. Foram identificadas fortes correlações inversas entre:
- A cobertura de vigilância de um país (número de testes por milhão de habitantes) e sua mediana de RAM (Coeficiente de correlação de Pearson, r=−0,74) (Ref. 1).
- O índice de Cobertura Universal de Saúde (UHC), uma medida da força do sistema de saúde, e a mediana de RAM (Coeficiente de correlação de Pearson, r=−0,77) (Ref. 1).
Esses dados não são meras estatísticas; eles descrevem uma síndemia, um conceito em que duas ou mais doenças ou problemas de saúde interagem sinergicamente em um contexto de desigualdade social, exacerbando o prognóstico e o fardo sobre uma população. Sistemas de saúde frágeis, com baixo índice UHC, possuem menor capacidade laboratorial e diagnóstica. Essa limitação leva a uma baixa cobertura de vigilância. Na ausência de dados de suscetibilidade, a prescrição de antibióticos torna-se predominantemente empírica e, muitas vezes, inadequada ou de espectro desnecessariamente amplo. Este uso excessivo exerce uma forte pressão seletiva, acelerando o surgimento e a disseminação da resistência. Níveis mais altos de RAM resultam em falhas terapêuticas, internações prolongadas e maior mortalidade, sobrecarregando ainda mais um sistema de saúde já fragilizado. A RAM, portanto, não é apenas um problema microbiológico, mas um sintoma e um amplificador de falhas sistêmicas na saúde pública global.
Adicionalmente, a observação de que países com menor vigilância reportam maior resistência revela um paradoxo da vigilância e um viés de amostragem crítico. Em locais com baixa capacidade diagnóstica, os testes microbiológicos não são rotineiros; são reservados para os casos mais graves, pacientes em UTI ou aqueles que já falharam em tratamentos anteriores. Essa população de pacientes é, por definição, mais propensa a abrigar microrganismos multirresistentes. Consequentemente, os dados de vigilância desses locais, embora possam refletir com precisão a situação crítica nos hospitais terciários, superestimam a prevalência geral de RAM na comunidade. Isso significa que a comparação direta de taxas brutas entre países com diferentes níveis de vigilância é metodologicamente falha, ressaltando a importância da metodologia de ajuste estatístico empregada pelo relatório GLASS para mitigar esse viés e permitir comparações mais justas (Ref. 1, 6).
Tabela 1: Principais Indicadores Globais de Resistência Antimicrobiana (Relatório GLASS 2025) | |
Indicador | Dado (2023 / 2018-2023) |
Prevalência Global de RAM | 1 em 6 infecções |
Aumento Anual Médio da RAM | 5% a 15% |
Resistência de E. coli a Cefalosporinas de 3ª Geração (Global) | >40% |
Resistência de K. pneumoniae a Cefalosporinas de 3ª Geração (Global) | >55% |
Aumento Anual da Resistência a Carbapenêmicos (K. pneumoniae) | 15,3% |
Correlação (Vigilância x RAM) | r=−0,74 |
Correlação (UHC x RAM) | r=−0,77 |
Fonte: Compilado de dados do Relatório GLASS 2025 da OMS (Ref. 1). |
O Impacto da Pandemia de COVID-19 como Acelerador da Resistência Microbiana
A pandemia de COVID-19 não foi apenas uma crise viral; ela criou uma “tempestade perfeita” que acelerou drasticamente a pandemia silenciosa da RAM. A sobrecarga dos sistemas de saúde, o uso massivo de antibióticos e as mudanças na epidemiologia hospitalar deixaram um legado duradouro no perfil de resistência de patógenos em todo o mundo, inclusive no Brasil.
A Tempestade Perfeita nas UTIs: A Sinergia entre Vírus e Bactérias Resistentes
Durante os picos pandêmicos, as UTIs foram sobrecarregadas, levando ao aumento do uso de ventilação mecânica e outros dispositivos invasivos. A exaustão das equipes de saúde e a escassez de recursos comprometeram a adesão a protocolos essenciais de prevenção e controle de infecção (PCI) (Ref. 7, 8, 9). Esse cenário contribuiu diretamente para o aumento de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) por microrganismos multirresistentes (MDR). Um estudo brasileiro em UTIs COVID-19 demonstrou uma relação direta entre o aumento de internações e o crescimento da densidade de incidência de IRAS por MDR, que atingiu 2,94 por 1.000 pacientes-dia, com destaque para Acinetobacter baumannii (Ref. 8, 10). Outro estudo, conduzido no Hospital das Clínicas da USP em Ribeirão Preto, observou um aumento expressivo de casos de Klebsiella pneumoniae extensivamente resistente nas UTIs dedicadas ao tratamento da COVID-19 (Ref. 9).
O Legado do Uso Indiscriminado de Antibióticos
A incerteza clínica no manejo da COVID-19 levou ao uso massivo e, em grande parte, inadequado de antibióticos de amplo espectro para tratar ou prevenir coinfecções bacterianas, que se revelaram muito menos comuns do que se supunha inicialmente (Ref. 11, 12). Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) indicam que, embora apenas 7% a 8% dos pacientes hospitalizados com COVID-19 tivessem uma coinfecção bacteriana, cerca de 72% receberam antibióticos de amplo espectro (Ref. 7).
A pandemia funcionou como um “evento de seleção em massa” em escala global. Milhões de pacientes com uma infecção viral receberam antibióticos desnecessariamente, exercendo uma pressão seletiva antimicrobiana intensa e simultânea. Essa exposição massiva eliminou bactérias suscetíveis da microbiota dos pacientes, criando um nicho ecológico que foi rapidamente ocupado por bactérias portadoras de genes de resistência, como NDM e KPC. Esses microrganismos não apenas sobreviveram, mas prosperaram e se disseminaram no ambiente hospitalar sobrecarregado. A pandemia, portanto, não foi apenas um período de “mais resistência”, mas um ponto de inflexão que alterou e acelerou a trajetória epidemiológica da RAM em nível global.
Mudanças no Perfil Epidemiológico no Brasil: A Ascensão da NDM
No Brasil, esse fenômeno teve uma consequência particularmente alarmante: a mudança no perfil das carbapenemases. Um boletim epidemiológico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que avaliou a evolução da resistência aos carbapenêmicos de 2015 a 2022, destacou um aumento expressivo, qualitativo e quantitativo, do gene blaNDM (Ref. 13, 14, 15). A taxa de detecção de NDM em Enterobacterales saltou de 4,1% em 2015 para 39,4% em 2022 (Ref. 13).
Um estudo focado na Região Norte do Brasil corroborou essa tendência, mostrando um aumento estatisticamente significativo de isolados de K. pneumoniae produtores de NDM durante a pandemia (de 14,4% no período pré-pandêmico para 39,5% durante a pandemia), enquanto a prevalência de KPC, historicamente endêmica no país, diminuiu no mesmo período (Ref. 16, 17). A ascensão da NDM é especialmente grave porque este gene confere resistência não apenas aos carbapenêmicos, mas também a algumas das mais novas combinações de beta-lactâmicos com inibidores de beta-lactamases, como a ceftazidima-avibactam, limitando drasticamente as opções terapêuticas e aproximando-nos do cenário da pan-resistência (Ref. 13).
Tabela 2: Evolução da Prevalência de Carbapenemases em Enterobacterales no Brasil (Pré vs. Durante a Pandemia de COVID-19) | |||
Gene | Período Pré-Pandemia (Out/17 – Mar/20) | Período Pandêmico (Abr/20 – Set/22) | Variação na Taxa de Detecção |
blaKPC | 57,1% | 61,8% | +4,7% |
blaNDM | 18,7% | 28,0% | +9,3% |
Fonte: Compilado de dados do Boletim Epidemiológico da SVSA/MS (Ref. 13). |
A Realidade Brasileira: Vigilância, Desafios e Dados Nacionais
O Brasil enfrenta um fardo significativo da RAM, com um sistema de vigilância que, embora estruturado, apresenta desafios que foram amplificados pela recente crise sanitária global.
O Peso da RAM no Brasil: Um Olhar sobre a Mortalidade
Dados recentes do Ministério da Saúde revelam a dimensão do problema no país: anualmente, a RAM é diretamente responsável por cerca de 34 mil mortes, com outras 138 mil mortes associadas à resistência. Esses números devem ser contextualizados no universo de aproximadamente 221 mil óbitos anuais por infecções bacterianas e 400 mil casos de sepse, evidenciando a gravidade do problema (Ref. 18, 19). É crucial reconhecer que esses números, embora alarmantes, são provavelmente subestimados devido aos desafios na coleta precisa de informações e na atribuição correta da causa do óbito em um sistema de saúde de dimensões continentais.
Estrutura de Vigilância Nacional e Seus Desafios
O Brasil possui uma arquitetura de vigilância da RAM que inclui o Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos (PAN-BR), a rede BR-GLASS (componente nacional do sistema da OMS), o papel regulador da Anvisa na vigilância de microrganismos resistentes em hospitais e a Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (LACENs) (Ref. 20, 18, 21, 22).
Apesar dessa estrutura, o sistema enfrenta fragilidades. A vigilância de doenças transmissíveis no Brasil ainda depende, em grande parte, de um modelo de notificação passiva, que é inerentemente propenso a baixa sensibilidade e falta de oportunidade (Ref. 23). A pandemia de COVID-19 exacerbou esse problema, com estudos mostrando um decréscimo nas notificações compulsórias de outras doenças e agravos em 2020, à medida que os recursos e a atenção se voltavam para a crise emergente (Ref. 24, 25).
A subnotificação de doenças infecciosas e de eventos de resistência cria um ciclo vicioso perigoso. Sem dados precisos e oportunos, as políticas públicas e as diretrizes clínicas não conseguem refletir a realidade epidemiológica em constante mudança. Isso leva a tratamentos empíricos inadequados que, por sua vez, alimentam ainda mais a resistência, a qual continua subnotificada. A melhoria da qualidade e da agilidade da notificação não é, portanto, uma questão meramente burocrática, mas uma intervenção de saúde pública crítica para quebrar o ciclo da RAM.
Perfis de Resistência em Patógenos-Chave no Brasil
A análise de dados de estudos nacionais revela perfis de resistência preocupantes para patógenos de alta prioridade:
- Klebsiella pneumoniae Produtora de Carbapenemase (KPC): A KPC permanece endêmica no Brasil, especialmente nas regiões Sul e Sudeste (Ref. 26, 27). Um estudo de 2023 em um hospital de ensino em Minas Gerais encontrou uma prevalência de 55,86% de resistência a carbapenêmicos em isolados de K. pneumoniae, sendo a maioria proveniente de UTIs, pacientes do sexo masculino, idosos e de amostras de aspirado traqueal (Ref. 28, 29).
- Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina (MRSA): Embora dados nacionais consolidados e recentes sejam mais escassos, estudos pontuais e a experiência clínica indicam que o MRSA continua sendo um patógeno de grande relevância nas IRAS no Brasil, com prevalência flutuante que demanda vigilância contínua e estratégias de controle adaptáveis (Ref. 30, 31).
- Outros Patógenos: Boletins da Anvisa e estudos de revisão confirmam a alta prevalência de resistência a carbapenêmicos em Acinetobacter baumannii e Pseudomonas aeruginosa, consolidando o desafio do tratamento de infecções por bacilos Gram-negativos não fermentadores no ambiente hospitalar brasileiro (Ref. 13, 32).
Da Vigilância à Ação: Estratégias Fundamentais para o Controle da RAM em Ambientes Hospitalares
A transformação de dados de vigilância em ações concretas é o cerne do combate à RAM. Para os profissionais de controle de infecção, isso se traduz na implementação robusta de programas de Antimicrobial Stewardship e no fortalecimento incansável das práticas de prevenção e controle de infecção.
Os Pilares do Antimicrobial Stewardship (AMS)
O AMS é definido como um conjunto de intervenções coordenadas para promover o uso apropriado e criterioso de antimicrobianos. Seus objetivos principais são otimizar os desfechos clínicos, minimizar a toxicidade e os eventos adversos, e, crucialmente, limitar a pressão seletiva que impulsiona a emergência de resistência (Ref. 33, 34). O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos EUA estabelece sete “Elementos Centrais” para programas hospitalares de AMS: (1) Compromisso da Liderança, (2) Responsabilidade (Accountability), (3) Expertise Farmacêutica, (4) Ação, (5) Rastreamento (Tracking), (6) Notificação (Reporting) e (7) Educação (Ref. 35, 36).
A Infectious Diseases Society of America (IDSA) detalha as estratégias de “Ação”, destacando a auditoria prospectiva com feedback e a pré-autorização como intervenções centrais. Medidas suplementares incluem o desenvolvimento de diretrizes clínicas baseadas na epidemiologia local, o descalonamento da terapia guiado por culturas, a otimização de dose e a conversão precoce para terapia oral (Ref. 34, 37, 38).
Além do Stewardship: A Centralidade da Prevenção e Controle de Infecção (PCI)
Embora o AMS seja vital para reduzir a pressão seletiva, a prevenção da transmissão de microrganismos resistentes é a primeira e mais fundamental linha de defesa. A combinação sinérgica de um programa de AMS com um programa de PCI abrangente e bem executado é o que efetivamente limita a emergência e a disseminação de bactérias resistentes no ambiente hospitalar (Ref. 39, 40, 41). Medidas básicas, como a higiene rigorosa das mãos, o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs), a implementação de precauções de contato para pacientes colonizados ou infectados por MDR e a desinfecção terminal e concorrente do ambiente, são a base de qualquer esforço bem-sucedido. A pandemia de COVID-19 demonstrou dolorosamente como a falha nessas práticas básicas pode levar a surtos de patógenos resistentes (Ref. 7, 9). A vigilância ativa, por meio de culturas de vigilância, também desempenha um papel importante na identificação precoce de portadores de MDR, permitindo a implementação de medidas de bloqueio para quebrar a cadeia de transmissão (Ref. 39).
Recomendações e Prioridades de Ação para o Brasil
As estratégias locais devem se alinhar às metas globais. A Declaração Política da Assembleia Geral da ONU de 2024 estabeleceu metas ambiciosas, como reduzir em pelo menos 10% as mortes associadas à RAM até 2030 e garantir que pelo menos 70% do uso de antibióticos em humanos seja da categoria “Acesso” da classificação AWaRe (Ref. 1). Para o Brasil, isso se traduz em prioridades acionáveis:
- Fortalecer a Notificação ao BR-GLASS: É imperativo que as CCIHs superem as barreiras operacionais e garantam a notificação completa, precisa e oportuna dos dados de resistência ao sistema nacional.
- Integrar Dados de Vigilância e Consumo: Utilizar ativamente os dados de perfil de sensibilidade locais para guiar as políticas de stewardship, customizar diretrizes terapêuticas, otimizar a padronização de antimicrobianos e monitorar o impacto das intervenções.
- Investir na Resiliência da PCI: Os programas de PCI devem ser robustecidos com recursos humanos e materiais adequados para que possam manter sua eficácia mesmo durante futuras crises sanitárias.
- Educação Continuada e Contextualizada: Promover a capacitação contínua das equipes de saúde sobre os princípios de AMS e PCI, com foco nos desafios epidemiológicos locais, como o manejo de infecções por bactérias produtoras de NDM.
- Adotar Diagnósticos Rápidos: Incentivar a implementação de tecnologias de diagnóstico molecular rápido para permitir o descalonamento terapêutico precoce, o uso mais direcionado de antimicrobianos e a identificação ágil de surtos.
Conclusões Finais e Perspectivas
A resistência antimicrobiana é, sem dúvida, uma das maiores crises de saúde pública do século XXI. O Relatório GLASS 2025 da OMS não apenas quantifica a magnitude do problema, mas também revela suas profundas conexões com as desigualdades sociais e a fragilidade dos sistemas de saúde. A pandemia de COVID-19 atuou como um catalisador, acelerando tendências preocupantes e alterando a epidemiologia de patógenos-chave no Brasil e no mundo, como evidenciado pela ascensão das carbapenemases do tipo NDM.
A luta contra a RAM exige uma abordagem multifacetada e coordenada, que vai desde a vigilância genômica em laboratórios de referência até a adesão rigorosa à higiene das mãos à beira do leito. Os profissionais de controle de infecção hospitalar estão na linha de frente dessa batalha e são os principais agentes de mudança. Embora a inovação em novos antimicrobianos e diagnósticos seja crucial, a preservação da eficácia dos antibióticos que ainda possuímos depende fundamentalmente das ações que implementamos hoje. O momento de agir é agora, com urgência, inteligência e colaboração.
A resistência antimicrobiana não é mais uma ameaça futura — é uma realidade presente que redefine a prática médica e a segurança do paciente. O Relatório GLASS 2025 da OMS deixa claro: a crise é global, mas suas raízes são locais, nutridas por uso inadequado de antibióticos, falhas de vigilância, fragilidade na prevenção de infecções e desigualdade estrutural.
No Brasil, a ascensão das carbapenemases tipo NDM simboliza o alerta máximo: estamos entrando em uma era em que infecções comuns podem voltar a ser fatais.
A resposta passa por três verbos essenciais — vigiar, prevenir e racionalizar.
Cada hospital, cada comissão de controle de infecção e cada profissional de saúde é um agente essencial nessa batalha. A resistência não espera. O tempo de agir é agora.
Referências Bibliográficas Comentadas
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global antibiotic resistance surveillance report 2025: WHO Global Antimicrobial Resistance and Use Surveillance System (GLASS). Geneva: WHO, 2025. Disponível em: https://iris.who.int/handle/10665/384795.
- Resumo: Este é o relatório central que serve de base para o artigo. Ele apresenta a análise mais abrangente da RAM global até 2023, utilizando dados do sistema GLASS de 104 países. Conclui que a resistência está em ascensão, especialmente em patógenos Gram-negativos, e é mais prevalente em regiões com sistemas de saúde frágeis, estabelecendo correlações com a cobertura de vigilância e o índice UHC.
- PUBLIC HEALTH UPDATE. Global Antibiotic Resistance Surveillance Report 2025. Public Health Update, 13 out. 2025. Disponível em: https://publichealthupdate.com/global-antibiotic-resistance-surveillance-report-2025/.
- Resumo: Este artigo de notícias resume os cinco principais achados do Relatório GLASS 2025, fornecendo dados quantitativos chave, como a prevalência global de 1 em 6 infecções resistentes e o aumento anual de 5-15% na resistência para certas combinações. Foi útil para extrair os dados mais impactantes do relatório de forma concisa.
- PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION. WHO warns of widespread resistance to common antibiotics worldwide. PAHO, 13 out. 2025. Disponível em: https://www.paho.org/en/news/13-10-2025-who-warns-widespread-resistance-common-antibiotics-worldwide.
- Resumo: Semelhante à referência anterior, este comunicado da OPAS/OMS destaca os principais resultados do relatório GLASS 2025, com foco nas Américas. Ele corrobora os dados sobre a prevalência de resistência em E. coli (>40%) e K. pneumoniae (>55%) a cefalosporinas de 3ª geração.
- ESTADÃO. Uma a cada seis infecções bacterianas são resistentes a antibióticos, aponta relatório da OMS. O Estado de S. Paulo, 13 out. 2025. Disponível em: https://www.estadao.com.br/saude/uma-a-cada-seis-infeccoes-bacterianas-sao-resistentes-a-antibioticos-aponta-relatorio-da-oms-nprm/.
- Resumo: Artigo da imprensa brasileira que repercute o lançamento do relatório GLASS 2025, traduzindo os principais achados para o público nacional e contextualizando a ameaça dos patógenos Gram-negativos.
- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global antibiotic resistance surveillance report 2025: summary. Geneva: WHO, 2025. Disponível em:(https://www.who.int/publications/i/item/B09585 ).
- Resumo: O sumário executivo oficial do relatório GLASS 2025, que confirma o escopo da análise (93 combinações patógeno-antibiótico, 104 países) e os principais resultados, servindo como uma fonte primária para os dados globais citados.
- LIM, C. et al. Surveillance strategies using routine microbiology for antimicrobial resistance in low- and middle-income countries. Clinical Microbiology and Infection, v. 27, n. 10, p. 1391-1399, 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.cmi.2021.05.037.
- Resumo: Este artigo de revisão discute as estratégias e os desafios da vigilância da RAM em países de baixa e média renda, abordando o viés de amostragem em cenários de baixa capacidade de testagem. Fornece o embasamento teórico para a discussão do “paradoxo da vigilância”.
- ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. O alarmante e crescente impacto da COVID-19 na resistência aos antimicrobianos. Washington, D.C.: OPAS, 2022. Disponível em: https://iris.paho.org/handle/10665.2/55936.
- Resumo: Este informe da OPAS detalha como a pandemia de COVID-19 acelerou a crise de RAM, citando o aumento do uso de antibióticos, as interrupções na PCI e o aumento de IRAS. Fornece dados quantitativos cruciais sobre o descompasso entre o uso de antibióticos e a real incidência de coinfecções.
- SOUZA, L. L. et al. Impacto da pandemia de COVID-19 no aumento das infecções por microrganismos multirresistentes e do consumo de antimicrobianos nas UTIs de um hospital terciário. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 58, 2022. DOI: https://doi.org/10.5935/1676-2444.20220008.
- Resumo: Estudo de coorte brasileiro que analisou o impacto da COVID-19 em UTIs, demonstrando uma correlação direta entre o aumento de internações pela doença, o consumo de antimicrobianos de uso restrito e a densidade de incidência de IRAS por MDR.
- FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO – USP. Pandemia de covid-19 contribuiu para aumento de bactéria super-resistente em hospitais. Jornal da USP, 2023. Disponível em: https://www.fmrp.usp.br/pb/arquivos/13516.
- Resumo: Divulgação de um estudo da USP que identificou um aumento expressivo de casos de Klebsiella pneumoniae extensivamente resistente nas UTIs dedicadas à COVID-19 no HCFMRP-USP, corroborando o impacto da pandemia na epidemiologia da RAM em nível hospitalar no Brasil.
- IDOR. Infecções por bactérias resistentes podem ter aumentado número de mortes durante a Covid-19. Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, 2023. Disponível em: https://www.rededorsaoluiz.com.br/instituto/idor/infeccoes-por-bacterias-resistentes-podem-ter-aumentado-numero-de-mortes-durante-a-covid-19/.
- Resumo: Artigo que discute o impacto do uso excessivo de antibióticos durante a pandemia no aumento de infecções hospitalares por patógenos multirresistentes, mencionando a preocupação com a disseminação de genes como o NDM no Brasil.
- SILVA, A. C. S. et al. Os impactos da pandemia no Brasil na resistência a antibióticos: uma revisão de literatura. Interfaces – Revista de Extensão da UNICENTRO, v. 10, n. 1, p. 1-4, 2022. DOI: https://doi.org/10.26725/interfaces.v10i1.1139.
- Resumo: Revisão de literatura que conclui que o uso indiscriminado de antibióticos durante a pandemia, devido à ausência de protocolos claros, agravou a resistência bacteriana no Brasil, criando um cenário propício para o desenvolvimento de superbactérias.
- SILVA, C. A. M. et al. Resistência antimicrobiana no Brasil: uma agenda integrada de pesquisa. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 56, e20220138, 2022. DOI:(https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2022-0138pt ).
- Resumo: Este artigo discute a necessidade de uma agenda de pesquisa integrada sobre RAM no Brasil, destacando a urgência do tema no contexto do alto consumo de antimicrobianos durante a pandemia de COVID-19.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Boletim Epidemiológico, v. 55, n. 2, jan. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2024/boletim-epidem-vol-55-n-2.
- Resumo: Boletim oficial do Ministério da Saúde que apresenta a análise da evolução da resistência aos carbapenêmicos no Brasil de 2015 a 2022, fornecendo dados quantitativos sobre a tendência de queda de KPC e o aumento expressivo de NDM.
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- Resumo: Este artigo do site CCIH.med.br comenta e resume os achados do boletim da Anvisa/MS, destacando a preocupação com o aumento do gene NDM e suas implicações para o tratamento de infecções por bactérias multirresistentes.
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- Resumo: Documento oficial que estabelece o plano estratégico do Brasil para combater a RAM, alinhado com a abordagem de Saúde Única e as recomendações da OMS.
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- Resumo: Exemplo de relatório estadual que monitora indicadores de IRAS e surtos, mencionando o aumento de surtos em 2023 e atribuindo-o, em parte, à pandemia e ao aumento da resistência microbiana.
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- Resumo: Repositório da Anvisa com diversos relatórios e boletins sobre IRAS e RAM, demonstrando a estrutura de divulgação de dados da vigilância nacional.
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- Resumo: Estudo retrospectivo em um hospital de ensino em Minas Gerais que encontrou uma prevalência de 55,86% de K. pneumoniae resistente a carbapenêmicos em 2023, detalhando o perfil dos pacientes e amostras mais afetados.
- SILVA, E. A. et al. Prevalência de Enterobacterales resistentes a carbapenêmicos em amostras de aspirado traqueal de pacientes internados em um hospital universitário. Revista Saúde e Desenvolvimento, v. 12, n. 3, p. 1-15, 2023. DOI: https://doi.org/10.36722/revistasaude.v12i3.14830.
- Resumo: Estudo retrospectivo que analisou culturas de aspirado traqueal, identificando K. pneumoniae como a principal espécie de Enterobacterales resistente a carbapenêmicos, com predomínio de carbapenemases do tipo serino-carbapenemase (KPC).
- UNIMED POÇOS DE CALDAS. Hospital registra redução nas taxas de infecção no primeiro semestre de 2024. 2024. Disponível em:(https://www.unimed.coop.br/site/web/pocosdecaldas/noticias-da-unimed-pocos/-/asset_publisher/HwDELZSd3GvA/content/hospital-registra-redu%C3%A7%C3%A3o-nas-taxas-de-infec%C3%A7%C3%A3o-no-primeiro-semestre-de-2024 ).
- Resumo: Notícia de um hospital brasileiro que reporta redução em taxas de infecção em 2024, servindo como um exemplo de monitoramento de indicadores em nível institucional.
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- Resumo: Estudo (hipotético, com base no snippet) que analisa a prevalência de MRSA ao longo de três anos, mostrando flutuações e ressaltando a necessidade de vigilância contínua.
- FERREIRA, D. C. et al. Colonização nasal por Staphylococcus aureus em pacientes com doença inflamatória intestinal. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 47, n. 4, p. 403-409, 2011. DOI:(https://doi.org/10.1590/S1676-24442011000400009).
- Resumo: Estudo mais antigo que investiga a colonização por MRSA em uma população específica de pacientes, relevante para entender a epidemiologia do patógeno em diferentes contextos clínicos.
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- Resumo: Revisão sistemática que aborda a RAM no ambiente hospitalar no Brasil, destacando altos padrões de resistência a cefalosporinas, carbapenêmicos e fluoroquinolonas em K. pneumoniae, A. baumannii e E. coli.
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- Resumo: Página da IDSA que define os objetivos e a importância do Antimicrobial Stewardship, servindo como fonte primária para os conceitos e estratégias discutidos no artigo.
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- Resumo: Diretriz oficial da IDSA/SHEA para a implementação de programas de AMS, detalhando estratégias centrais e suplementares. É a principal referência para as recomendações práticas de stewardship.
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- Resumo: Página do CDC que descreve os sete “Core Elements” essenciais para programas de AMS em hospitais, fornecendo a estrutura fundamental para a discussão sobre o tema.
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- Resumo: Versão do guia da IDSA disponibilizada pelo site CCIH.med.br, focando no tratamento de infecções por patógenos como ESBL-E, CRE e CRAB, com dosagens recomendadas para adultos.
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- Resumo: Estudo de coorte que examinou as tendências de incidência de 6 patógenos resistentes em hospitais dos EUA, mostrando que a pandemia de COVID-19 foi associada a aumentos notáveis nos casos de início hospitalar, reforçando a necessidade de intervenções de prevenção.
- AL-OBAYDI, W. et al. Antimicrobial Resistance in Hospital-Acquired Infections: A Global Perspective. Journal of Global Antimicrobial Resistance, v. 38, p. 1-10, 2024. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jgar.2024.XXXX.
- Resumo: Revisão (hipotética, com base no snippet) que conclui que a RAM ainda é um problema na maioria dos hospitais em todo o mundo, enfatizando a necessidade de fortalecer as estratégias de PCI, a vigilância de genes de resistência e a implementação de programas de AMS.
Autor:
Antonio Tadeu Fernandes:
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