A Sustentabilidade Hospitalar está alimentando as superbactérias? Fizemos uma análise crítica à luz do relatório “Nosso-Futuro-Comum” e suas implicações para o controle de infecções.
A sustentabilidade hospitalar tornou-se uma bandeira nobre e necessária. Mas e se, em meio à busca por eficiência energética e redução de insumos, estivermos abrindo portas silenciosas para a resistência microbiana? Este artigo revela conexões negligenciadas entre práticas ecológicas e o aumento de superbactérias em ambientes de saúde. Profissionais do controle de infecção, gestores hospitalares e líderes em saúde pública precisam conhecer este alerta urgente — antes que boas intenções se tornem más consequências.
Introdução: A Urgência da Sustentabilidade no Cenário da Saúde
A saúde global está intrinsecamente ligada à saúde do nosso planeta, uma interconexão que se torna cada vez mais evidente e urgente. As crises ambientais contemporâneas, como as mudanças climáticas, a perda acelerada de biodiversidade e a poluição generalizada, não são meras preocupações ecológicas; elas representam ameaças diretas e profundas à saúde pública e à capacidade fundamental dos sistemas de saúde de operar com eficácia e segurança. A degradação ambiental, ao exacerbar condições de saúde preexistentes e ao dar origem a novas doenças, sobrecarrega os hospitais e as infraestruturas de saúde, criando um ciclo vicioso que compromete o bem-estar humano.1 A saúde, nesse contexto, transcende a ideia de ser apenas um resultado desejável do desenvolvimento sustentável; ela se estabelece como um pré-requisito indispensável e um poderoso impulsionador para qualquer progresso verdadeiramente duradouro.
No cerne dessa discussão, os hospitais emergem como atores de grande relevância. Essas instituições são, por natureza, grandes consumidores de recursos e geradores de resíduos, possuindo uma pegada ambiental considerável. Contudo, a sustentabilidade hospitalar, longe de ser um luxo ou uma preocupação secundária, é um imperativo estratégico para a segurança do paciente e a resiliência operacional a longo prazo.2 Ignorar os princípios da sustentabilidade pode comprometer diretamente a capacidade de uma instituição de saúde de prevenir e controlar infecções, uma vez que a gestão inadequada de resíduos ou o uso de produtos químicos prejudiciais podem criar ambientes propícios à proliferação de patógenos ou ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana.3
Neste cenário de crescentes desafios e oportunidades, o relatório “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) em 1987, permanece como um marco fundamental. Este documento fundamental não apenas cunhou a definição amplamente aceita de desenvolvimento sustentável, mas também estabeleceu uma visão holística que integra as dimensões ambiental, social e econômica. Este artigo se propõe a explorar os princípios e as conclusões desse relatório histórico, aplicando-os de forma crítica ao setor de saúde, com um foco particular em hospitais e nas estratégias de controle de infecções. Ao fazê-lo, buscar-se-á informar, expressar uma opinião fundamentada, provocar reflexão, ensinar, motivar e instruir, desenvolvendo todos os tópicos apresentados com uma linguagem acadêmica, moderna e profissional, objetivo explicitado na missão do Instituto CCIH+.
1. “Nosso Futuro Comum”: Fundamentos e Visão para um Futuro Sustentável
O relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, representa um divisor de águas na compreensão global sobre a interconexão entre desenvolvimento e meio ambiente. Publicado em 1987, este documento estabeleceu as bases para a agenda de sustentabilidade que moldaria as políticas e discussões nas décadas seguintes.
1.1. O Conceito Central: Atendendo às Necessidades Presentes sem Comprometer o Futuro
A definição mais influente do desenvolvimento sustentável, articulada no relatório, é a de que ele “atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.1 Esta formulação, aparentemente simples, encerra uma profunda complexidade e um chamado à responsabilidade intergeracional. O relatório desdobra essa definição em dois conceitos-chave interligados. O primeiro é o conceito de “necessidades”, com uma ênfase primordial nas “necessidades essenciais dos pobres do mundo”, que devem receber a máxima prioridade. Isso revela que o desenvolvimento sustentável não é meramente uma questão ambiental ou tecnológica, mas fundamentalmente uma questão de justiça social e equidade.1 Para as instituições de saúde, essa perspectiva implica que as práticas sustentáveis devem ser concebidas e implementadas de forma a garantir o acesso equitativo à saúde, sem agravar as disparidades sociais existentes. Um hospital que adota práticas “verdes” que, por exemplo, elevam os custos de forma proibitiva ou que, indiretamente, prejudicam comunidades vulneráveis através de um descarte inadequado de resíduos em áreas periféricas, falha no princípio fundamental da equidade, mesmo que suas ações pareçam ambientalmente corretas.
O segundo conceito-chave é a “noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras”.1 Isso significa reconhecer que os recursos do planeta não são infinitos e que a capacidade da biosfera de absorver os impactos das atividades humanas possui limites. A tecnologia e a organização social, embora ferramentas poderosas para o progresso, também podem ser fontes de restrição se não forem orientadas por princípios de sustentabilidade.
1.2. A Importância Estratégica do Tema para a Humanidade
O relatório “Nosso Futuro Comum” transcende a mera definição, projetando uma visão estratégica para a sobrevivência e o bem-estar da humanidade. Ele discute a interconexão indissolúvel entre pobreza, deterioração do meio ambiente e crescimento populacional, afirmando categoricamente que “Venceremos ou fracassaremos juntos”.1 Essa percepção da interdependência global sublinha a necessidade de abordagens integradas para problemas que, à primeira vista, podem parecer isolados. A preocupação com a equidade social, tanto entre as gerações quanto dentro de cada geração, é um pilar central, enfatizando que padrões de vida além do mínimo básico só são sustentáveis se os padrões gerais de consumo visarem ao desenvolvimento sustentável a longo prazo.1
Além disso, o documento salienta que o desenvolvimento sustentável não deve, sob nenhuma circunstância, pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos.1 Essa interconexão entre pobreza, meio ambiente e população, destacada pelo relatório, é uma precursora do conceito moderno de “Saúde Única” (One Health). Essa visão holística é crucial para o controle de infecções, pois os patógenos não respeitam fronteiras – sejam elas humanas, animais ou ambientais. A degradação ambiental pode, de fato, criar nichos para doenças e facilitar a disseminação de patógenos, tornando a abordagem “One Health” uma ferramenta essencial para a gestão de riscos em ambientes hospitalares.4
1.3. O Contexto Histórico: O que se Sabia e o Legado do Relatório
Antes da publicação do “Nosso Futuro Comum”, o tema do desenvolvimento sustentável já era objeto de discussões e preocupações crescentes em diversos fóruns globais. O relatório não surgiu do vácuo, mas sim de um contexto onde já se reconhecia a interdependência entre meio ambiente e desenvolvimento. Havia, por exemplo, “lobbies” ambientais no Norte e “lobbies” desenvolvimentistas no Sul que, embora com focos distintos, estavam começando a convergir para um consenso sobre a necessidade de uma abordagem mais integrada.1 A própria definição de desenvolvimento sustentável era um “desafio contínuo” 1, indicando que o relatório atuou como um catalisador e unificador global, formalizando um consenso emergente sobre a urgência e a complexidade da crise socioambiental.
Uma percepção crucial que já existia, e que o relatório reforça, é que o “simples crescimento não basta”.1 Uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, e essa coexistência, por si só, já constitui um risco significativo para o meio ambiente. O relatório, portanto, consolidou e articulou essas ideias preexistentes, fornecendo uma estrutura formal e abrangente que projetou o conceito de desenvolvimento sustentável para o centro da agenda política global, conferindo-lhe um poder de influência duradouro.
1.4. A Abordagem da Comissão: Estrutura e Processo de Elaboração do Relatório
A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), presidida pela então Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi um esforço verdadeiramente multidisciplinar e internacional.1 A “metodologia” empregada pela Comissão não se limitou a estudos de gabinete; ela se caracterizou por um processo extenso de audiências públicas e consultas globais. Esse processo buscou ativamente um consenso sobre o conceito básico de desenvolvimento sustentável e sobre uma série de estratégias necessárias para sua consecução.1
A inclusão de depoimentos de diversas regiões do mundo, como os de Ottawa, Nairóbi, Moscou, São Paulo e Jacarta 1, demonstra o compromisso da Comissão em capturar uma multiplicidade de perspectivas e experiências. Essa natureza participativa e global na elaboração do relatório conferiu-lhe uma legitimidade ímpar e uma perspectiva multifacetada, elementos cruciais para abordar problemas tão complexos como a sustentabilidade. Essa abordagem colaborativa é, em si, um modelo para a governança da sustentabilidade em qualquer nível, incluindo o hospitalar, onde a colaboração entre diferentes departamentos e a escuta das necessidades da comunidade são essenciais para o sucesso das iniciativas.
1.5. Conclusões e Imperativos Estratégicos dos Autores: Um Chamado à Ação
Em sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação que busca harmonizar a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional para reforçar o potencial presente e futuro, atendendo a:
- Um sistema social que possa resolver as tensões causadas por um desenvolvimento não-equilibrado.
- Um sistema de produção que respeite a obrigação de preservar a base ecológica do desenvolvimento.
- Um sistema tecnológico que busque constantemente novas soluções.
- Um sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento.
- Um sistema administrativo flexível e capaz de autocorrigir-se.
Além desses requisitos, o relatório detalha uma série de imperativos estratégicos que servem como um roteiro prático para a transição rumo à sustentabilidade. Estes incluem a necessidade de retomar o crescimento econômico, especialmente em países em desenvolvimento, para combater a pobreza absoluta.1 Contudo, esse crescimento deve ter sua qualidade alterada, tornando-se menos intensivo em matérias-primas e energia, e mais equitativo em seu impacto.1 É fundamental atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento para uma população crescente.1 A manutenção de um nível populacional sustentável, coerente com a capacidade produtiva do ecossistema, é igualmente crucial.1 A conservação e melhoria da base de recursos naturais da Terra são imperativos, exigindo reformas políticas para lidar com os padrões de consumo.1 A tecnologia precisa ser reorientada para considerar fatores ambientais e administrar riscos.1 Finalmente, é essencial incluir as considerações de meio ambiente e economia no processo de tomada de decisões em todos os níveis, superando a fragmentação setorial.1
Esses “imperativos estratégicos”, embora formulados em um contexto macro, são diretamente transponíveis para a gestão hospitalar. Eles fornecem um roteiro para que as instituições de saúde integrem a sustentabilidade em sua governança, operações e planejamento estratégico, indo muito além de iniciativas pontuais. Por exemplo, se o relatório pede para “alterar a qualidade do desenvolvimento” ou “reorientar a tecnologia”, isso se aplica diretamente a como um hospital adquire equipamentos, gerencia seu consumo de energia ou implementa novos protocolos de tratamento. A “inclusão do meio ambiente e da economia no processo de decisão” 1 é um chamado para que a sustentabilidade seja um critério central em todas as escolhas hospitalares, desde a construção de novas alas até a seleção de produtos de limpeza.
2. Desafios e Obstáculos à Implementação da Sustentabilidade: Uma Análise Crítica
A busca pelo desenvolvimento sustentável, conforme detalhado no relatório “Nosso Futuro Comum”, é permeada por uma série de desafios complexos, que se manifestam tanto como fatores limitantes estruturais quanto como possíveis confundidores que distorcem a compreensão e a aplicação do conceito.
2.1. Fatores Limitantes: Barreiras Estruturais e Comportamentais
O relatório identifica uma gama exaustiva de barreiras que impedem a plena concretização do desenvolvimento sustentável, revelando que se trata de um desafio sistêmico e multifacetado, e não de um problema isolado.
A pobreza e a injustiça são apontadas como endêmicas, gerando crises ecológicas e de outros tipos. A pobreza absoluta, especialmente nos países em desenvolvimento, reduz a capacidade das pessoas de usar os recursos de modo sustentável, levando a uma maior pressão sobre o meio ambiente.1 Isso significa que, para hospitais, as iniciativas de sustentabilidade devem considerar o impacto nas comunidades mais vulneráveis, garantindo que não haja um agravamento das desigualdades no acesso à saúde.
As limitações tecnológicas e de organização social também impõem restrições ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.1 Isso se reflete na dificuldade de desenvolver e implementar soluções inovadoras e eficientes em contextos onde a infraestrutura ou a capacidade de gestão são deficientes.
Os padrões de consumo insustentáveis são uma barreira global, com muitas sociedades vivendo acima dos meios ecológicos do mundo, como exemplificado pelo uso excessivo de energia.1 Para hospitais, isso implica a necessidade de revisar profundamente os processos de aquisição, uso e descarte, buscando a eficiência e a redução do consumo em todas as esferas.
O crescimento populacional pode intensificar a pressão sobre os recursos, tornando mais lento o aumento do padrão de vida em áreas de privação.1 A sustentabilidade hospitalar, nesse sentido, deve considerar o planejamento de longo prazo para atender a uma demanda crescente por serviços de saúde com recursos finitos.
A exploração excessiva de recursos, seja pela deterioração da terra, esgotamento de recursos não-renováveis ou destruição de renováveis além de sua capacidade de regeneração, compromete a base natural do desenvolvimento.1 Hospitais, como grandes consumidores de água, energia e materiais, devem adotar práticas de gestão de recursos que respeitem os limites de regeneração e a disponibilidade.
A tecnologia mal empregada é outro fator crítico. Embora possa resolver problemas imediatos, pode criar outros maiores ou marginalizar amplos segmentos da população.1 A escolha de tecnologias hospitalares deve, portanto, ser criteriosa, avaliando não apenas a eficiência imediata, mas também os impactos ambientais, sociais e econômicos a longo prazo.
A simplificação de ecossistemas e a perda de biodiversidade resultam do desenvolvimento que tende a reduzir a diversidade de espécies, limitando as opções das gerações futuras.1 Embora menos óbvio no contexto hospitalar direto, a perda de biodiversidade pode afetar a descoberta de novos medicamentos e a resiliência dos ecossistemas que fornecem recursos essenciais.
A poluição e os rejeitos, subprodutos dos processos de produção, representam impactos adversos sobre a qualidade do ar, da água e de outros elementos naturais.1 O gerenciamento de resíduos hospitalares, incluindo o descarte adequado para prevenir infecções, é uma atividade crucial da CCIH junto ao PGRSS que se alinha diretamente com este desafio.5
As disparidades no poder econômico e político permitem que indústrias poluam impunemente ou que recursos sejam destruídos, pois as pessoas prejudicadas são pobres e menos influentes.1 Isso ressalta a importância de uma governança transparente e da participação das comunidades nas decisões que afetam sua saúde e meio ambiente.
A falta de coincidência entre jurisdição política e áreas de impacto é um problema que se manifesta em questões transfronteiriças, como a precipitação ácida ou políticas pesqueiras que afetam outras jurisdições.1 No nível hospitalar, isso pode se traduzir na dificuldade de gerenciar impactos que se estendem para além dos limites físicos da instituição, exigindo colaboração com autoridades locais e regionais.
A distribuição desigual dos ganhos do comércio exterior e o acesso aos recursos levam à exploração excessiva de recursos marginais por aqueles que não partilham do controle monopolístico.1 Isso afeta a cadeia de suprimentos hospitalar, que pode depender de recursos extraídos de forma insustentável em outras regiões.
Finalmente, a inflexibilidade institucional e a fragmentação setorial são barreiras significativas. A tendência de lidar isoladamente com cada setor ou indústria, sem reconhecer a importância dos vínculos intersetoriais, agrava os problemas.1 Para hospitais, isso significa que a “sustentabilidade verde” (e.g., redução de resíduos) deve ser integrada a uma “sustentabilidade social” (e.g., equidade no acesso à saúde, segurança do trabalhador) e uma “sustentabilidade econômica” (e.g., eficiência de custos), superando os silos entre departamentos como CCIH, suprimentos e engenharia.
2.2. Possíveis Confundidores: Distorções e Equívocos na Busca pela Sustentabilidade
Além dos fatores limitantes, o relatório aponta para “confundidores” – equívocos ou distorções que podem desviar os esforços de sustentabilidade de seu verdadeiro propósito.
O crescimento econômico simples versus a qualidade do crescimento é um desses confundidores. O relatório adverte que o simples crescimento pode coexistir com a pobreza disseminada e ser um risco ambiental; o desenvolvimento sustentável exige uma mudança na qualidade do crescimento, tornando-o menos intensivo em recursos e mais equitativo.1 Isso desafia a noção de que qualquer crescimento é bom, enfatizando a necessidade de um crescimento que seja inclusivo e ecologicamente responsável.
A contabilidade incompleta é outra distorção. A contabilidade econômica tradicional frequentemente não leva em conta os custos de regenerar recursos naturais ou a deterioração da reserva de recursos, levando a uma visão distorcida do crescimento e do verdadeiro custo das atividades.1 Um hospital que foca apenas no custo de aquisição de um material, sem considerar os custos de descarte, o impacto ambiental da produção ou a pegada de carbono ao longo do ciclo de vida, toma decisões que podem parecer economicamente vantajosas no curto prazo, mas são insustentáveis a longo prazo, mascarando o verdadeiro custo ambiental e social.
A busca por soluções de curto prazo e ganhos individuais ou de grupo, sem considerar o impacto nos outros ou as consequências futuras, pode comprometer a sustentabilidade.1 Esta visão míope é um obstáculo significativo para a implementação de estratégias de longo prazo necessárias para a sustentabilidade hospitalar.
A crença cega na ciência, a ideia de que a ciência por si só encontrará soluções para todos os problemas, ignorando as consequências futuras das decisões tomadas hoje, pode levar à complacência e à falta de ação preventiva.1 Embora a inovação tecnológica seja crucial, ela deve ser guiada por uma ética de responsabilidade e precaução.
Finalmente, a falta de participação pública é um confundidor, pois a lei por si só não impõe o interesse comum; a conscientização e o apoio da comunidade, com maior participação pública nas decisões, são essenciais.1 A centralização da administração de recursos e a falta de voz ativa das comunidades locais podem impedir a efetivação do interesse comum, inclusive no planejamento e operação de serviços de saúde.
2.3. Comentários Adicionais: Reflexões sobre as Limitações e a Atualidade do Relatório
Apesar de ter sido publicado em 1987, o relatório “Nosso Futuro Comum” mantém uma relevância surpreendente, e sua análise dos fatores limitantes e confundidores permanece notavelmente atual. Os problemas identificados – pobreza, consumo insustentável, inflexibilidade institucional – continuam sendo desafios centrais para a sociedade contemporânea.
A transição do conceito de “desenvolvimento sustentável” para os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)” da Organização das Nações Unidas (ONU) representa uma operacionalização e quantificação dos princípios de Brundtland. Os ODS, com suas metas e indicadores específicos, oferecem um arcabouço mais concreto para a ação, inclusive no setor de saúde. O ODS 3, “Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas e todos, em todas as idades”, é diretamente relevante, mas outros ODS, como o ODS 6 (Água Potável e Saneamento), ODS 7 (Energia Limpa e Acessível), ODS 12 (Consumo e Produção Responsáveis), ODS 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima) e ODS 15 (Vida Terrestre), também são cruciais para a sustentabilidade hospitalar, demonstrando a amplitude do desafio e a necessidade de uma abordagem integrada.6
A persistência desses desafios e a evolução para os ODS validam a profundidade e a visão do relatório original. Ele não apenas identificou os problemas fundamentais, mas também forneceu uma base conceitual robusta para a formulação de políticas e estratégias globais e locais, incluindo aquelas aplicadas ao complexo ambiente da saúde.
3. A Sustentabilidade no Contexto da Saúde e do Ambiente Hospitalar: Uma Revisão Bibliográfica Integrativa
A intersecção entre sustentabilidade e saúde é um campo de crescente importância, especialmente no ambiente hospitalar, onde as operações diárias têm impactos significativos nos recursos naturais e na saúde das comunidades.
3.1. A Indissociável Relação entre Saúde Humana e Saúde Ambiental
A premissa de que a saúde humana depende intrinsecamente da saúde do planeta é um eco direto do relatório “Nosso Futuro Comum”, que já em 1987 destacava a fragilidade dos sistemas naturais que sustentam a vida.1 Essa compreensão evoluiu para o conceito de “Saúde Única” (One Health), uma estrutura moderna que integra a saúde humana, animal e ambiental, reconhecendo que a saúde de um domínio influencia diretamente a saúde dos outros. Este paradigma é fundamental para entender a epidemiologia de doenças e para informar políticas de prevenção de infecções em hospitais.4
A “Saúde Única” não é apenas uma teoria, mas uma estrutura prática para a gestão de riscos em hospitais. Ao reconhecer a interconexão, as instituições de saúde podem desenvolver estratégias de controle de infecções mais robustas que considerem os reservatórios ambientais de patógenos e a influência de fatores externos. Por exemplo, a qualidade da água da rede pública ou a poluição do ar que afeta a saúde respiratória dos pacientes são fatores ambientais que impactam diretamente a saúde humana e a transmissão de infecções no ambiente hospitalar. Se patógenos se espalham entre humanos, animais e o ambiente construído, o controle de infecções não pode ser isolado de uma visão mais ampla que englobe a saúde do ecossistema circundante.
3.2. Sustentabilidade e Controle de Infecções Hospitalares: Evidências e Práticas Verdes
A integração da sustentabilidade nas operações hospitalares, especialmente no controle de infecções, tem sido objeto de crescente atenção e pesquisa.
Limpeza Ambiental
O papel da limpeza ambiental no controle de infecções associadas aos cuidados de saúde (HAIs) tem gerado muita discussão, especialmente com o aumento das “superbactérias” e a percepção pública de hospitais “sujos”.7 Embora a importância da limpeza como intervenção única ainda seja debatida, há um consenso crescente sobre a necessidade de torná-la uma ciência baseada em evidências, com métodos de avaliação estabelecidos.7 Patógenos como Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), Clostridioides difficile e enterococos resistentes à vancomicina podem sobreviver em ambientes de saúde, mas são vulneráveis ao processo de limpeza. A remoção desses microrganismos, com ou sem desinfetantes, tem sido associada à redução das taxas de infecção em pacientes.4 A priorização da limpeza de “pontos de toque” (superfícies frequentemente tocadas por mãos) é sugerida como um adjunto útil à higiene das mãos, abordando um lado menos estudado da equação da transmissão.7
No entanto, a busca por “práticas verdes” na limpeza hospitalar deve ser rigorosamente avaliada para garantir que a eficácia antimicrobiana não seja comprometida. A segurança do paciente é primordial, e a adoção de produtos “verdes” não pode significar uma redução na capacidade de combater patógenos críticos. Há preocupações de que os produtos “verdes” atuais podem não ser tão eficazes contra patógenos como Clostridium difficile ou Mycobacterium tuberculosis no tempo necessário.3 Isso exige que as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) liderem a pesquisa e validação de produtos de limpeza sustentáveis que garantam a eficácia no controle de infecções, equilibrando a preocupação ambiental com a segurança do paciente.
Gerenciamento de Resíduos
O gerenciamento adequado de resíduos hospitalares é uma atividade central da CCIH, importante para prevenir infecções.5 A proliferação de produtos descartáveis em ambientes hospitalares, impulsionada pela necessidade de esterilidade, resulta em grande quantidade de lixo em aterros. A redução de resíduos hospitalares não é apenas um benefício ambiental, mas uma estratégia direta de controle de infecções, pois menos resíduos significam menos oportunidades para a proliferação de patógenos e menor risco de exposição para profissionais de saúde e a comunidade.3
Um estudo sobre sustentabilidade ambiental nos processos de medicação realizados na assistência de enfermagem hospitalar demonstrou que intervenções específicas podem levar a uma redução estatisticamente significativa na geração de resíduos. Após a intervenção, houve uma redução de materiais como sacos plásticos (37,1%), uma diminuição no uso de medicamentos anti-inflamatórios hormonais (67,1%), um aumento na remoção de rótulos de sacos plásticos para reciclagem (146,9%) e um descarte adequado de resíduos (32,2%), todos com diferença estatisticamente significativa (p ≤0,05).8 Isso demonstra que a sustentabilidade pode ser quantificável e eficaz na prática hospitalar, contribuindo para um ambiente mais seguro.
Integração da Sustentabilidade na Gestão Hospitalar
A implementação de atividades de “saúde verde” (green healthcare) é mais eficaz quando integrada a uma estrutura de Gestão da Qualidade Total (TQM), com o papel essencial da alta gerência na motivação de funcionários, educação contínua e monitoramento.2 A sustentabilidade hospitalar é mais eficaz quando integrada à cultura organizacional e impulsionada pela liderança, não sendo apenas uma iniciativa isolada. Esta integração estratégica pode gerar benefícios financeiros e de reputação, além dos ambientais e de saúde. A saúde verde pode, de fato, criar valor econômico pela redução de resíduos e custos operacionais, além de melhorar a satisfação do paciente através de operações ecologicamente corretas.2
O relatório Brundtland já apontava a “inflexibilidade institucional” e a “fragmentação setorial” como fatores limitantes para a sustentabilidade.1 A integração da sustentabilidade via TQM e o engajamento da alta gerência, como sugerido por pesquisas, transformam a sustentabilidade de um custo em um investimento estratégico com retorno financeiro e social.
3.3. Iniciativas e Desafios da Sustentabilidade em Hospitais Brasileiros
O cenário brasileiro também demonstra um crescente engajamento com a sustentabilidade no setor de saúde, com instituições e bases de dados dedicadas a disseminar conhecimento e práticas.
Artigos do www.ccih.med.br
O próprio site da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) no Brasil, www.ccih.med.br , reflete um reconhecimento ativo da importância da sustentabilidade. A plataforma oferece cursos como “Gerenciamento de resíduos em serviços de saúde” e “Higiene ambiental nas instituições de saúde: um desafio contínuo”.9 A oferta desses cursos indica que o CCIH não apenas reconhece a relevância desses temas, mas também se dedica à capacitação e ao desenvolvimento de um ecossistema de conhecimento e prática no Brasil. Além disso, membros do CCIH oferecem consultoria especializada para a implantação de programas de segurança do paciente, controle de infecções e gestão em saúde, contribuindo para a excelência e sustentabilidade dos serviços de saúde.10 A atuação da CCIH no “Gerenciamento de Resíduos” para prevenir infecções 5 reforça a ligação direta e operacional entre sustentabilidade e controle de infecção no contexto brasileiro.
Artigos da BIREME (BVSALUD)
A Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), coordenada pela BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), é uma fonte valiosa para pesquisas sobre sustentabilidade em saúde na América Latina e Caribe.11 A BIREME, um centro especializado da OPAS/OMS, tem como missão democratizar o acesso, publicação e uso de informação, conhecimento e evidência científica para o desenvolvimento da saúde.11
Pesquisas disponíveis na BVSALUD abordam temas como “indicadores de sustentabilidade hospitalar e evidências de redução do impacto socioambiental” 7, o que demonstra a busca por métricas e avaliações de progresso no contexto local. Outro estudo relevante é sobre a “sustentabilidade da Gestão da Qualidade Total” em um Hospital Universitário, destacando a importância de fatores como cultura organizacional, liderança e recursos financeiros para a continuidade de programas de qualidade e sustentabilidade.13 A educação ambiental também é vista como uma estratégia viável para a Atenção Primária à Saúde, capaz de mobilizar comunidades e secretarias de saúde em questões socioambientais que interferem na saúde das pessoas.14
A pesquisa em bases brasileiras e latino-americanas mostra que a discussão sobre sustentabilidade hospitalar no Brasil está amadurecendo, com foco em gestão da qualidade e indicadores. Isso é crucial para a contextualização das recomendações globais para a realidade local, validando a aplicação dos princípios do relatório Brundtland no contexto nacional.
3.4. O Papel Estratégico da CCIH na Promoção de Práticas Sustentáveis
A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) é um grupo multidisciplinar fundamental para prevenir e controlar infecções adquiridas no ambiente hospitalar.5 Sua atuação, tradicionalmente focada na segurança do paciente e no controle de riscos biológicos, posiciona-a de forma única para liderar a integração da sustentabilidade nas operações hospitalares.
As atividades da CCIH que se alinham diretamente com a sustentabilidade incluem:
- Gerenciamento de Resíduos: A CCIH participa do Plano de gerenciamento de resíduos que é responsável por assegurar o descarte adequado dos resíduos hospitalares para prevenir infecções.5 Esta função é crucial para a sustentabilidade, pois a gestão eficiente de resíduos reduz o impacto ambiental e os riscos à saúde pública.
- Desenvolvimento de Protocolos e Diretrizes: A elaboração e implementação de protocolos baseados em evidências para prevenção e controle de infecções podem e devem incluir práticas mais sustentáveis. Isso envolve a seleção de produtos e processos que minimizem o impacto ambiental sem comprometer a eficácia clínica.5
- Educação e Treinamento: A capacitação contínua dos profissionais de saúde em práticas de controle de infecção pode ser expandida para incluir a conscientização sobre sustentabilidade. A CCIH, ao oferecer cursos como “Higiene ambiental nas instituições de saúde: um desafio contínuo” 9, demonstra sua expertise e compromisso com a disseminação de conhecimentos sobre a interconexão entre higiene, controle de infecção e sustentabilidade.
- Auditoria e Avaliação: A CCIH realiza auditorias regulares para assegurar a conformidade com os protocolos estabelecidos e avaliar a eficácia das medidas implementadas.5 Esse processo de avaliação é vital para monitorar o progresso das iniciativas de sustentabilidade e fazer ajustes conforme necessário.
- Controle de Antimicrobianos (Stewardship): O monitoramento do uso de antibióticos para evitar a resistência bacteriana é uma questão crítica de sustentabilidade da eficácia dos medicamentos.5 A promoção do uso racional de antimicrobianos contribui para a saúde pública a longo prazo, preservando a eficácia desses recursos vitais.
- Higiene Ambiental: A expertise da CCIH em higiene ambiental, evidenciada pelos cursos oferecidos 9, é um pilar para a implementação de práticas de limpeza mais seguras e eficazes, considerando tanto a eliminação de patógenos quanto a redução do uso de produtos químicos agressivos.
A CCIH, com sua expertise em segurança do paciente e controle de riscos, está em uma posição única para liderar a integração da sustentabilidade nas operações hospitalares. Sua atuação vai além da mera conformidade regulatória, tornando-se um agente de mudança cultural e operacional rumo a um hospital mais verde e seguro. Ao integrar a sustentabilidade em suas atividades centrais, a CCIH não apenas cumpre seu mandato de controle de infecções, mas também contribui para a resiliência e a responsabilidade social da instituição hospitalar.
4. Conclusões Finais e Recomendações para um Futuro Sustentável na Saúde
A jornada rumo à sustentabilidade no setor de saúde, especialmente no ambiente hospitalar, é um imperativo inadiável, conforme sublinhado pelos princípios atemporais do relatório “Nosso Futuro Comum”. Este documento impactante, mesmo após décadas de sua publicação, permanece uma bússola essencial, cujos preceitos são plenamente aplicáveis e cruciais para a construção de sistemas de saúde resilientes e responsáveis.
4.1. Síntese dos Achados e Comentários Finais sobre o Tema
A análise aprofundada do relatório “Nosso Futuro Comum” e sua intersecção com as práticas de saúde hospitalar revela que a verdadeira sustentabilidade transcende a mera conformidade ambiental. Ela exige uma mudança de paradigma que integre a ética intergeracional e a equidade social nas decisões operacionais e estratégicas, reconhecendo o hospital como um ecossistema complexo inserido em um contexto social e ambiental mais amplo. A fragmentação setorial, um dos fatores limitantes apontados pelo relatório 1, é um desafio persistente que demanda uma visão holística e colaborativa na gestão hospitalar.
A sustentabilidade, longe de ser um custo adicional, deve ser encarada como um investimento estratégico que aprimora a qualidade do atendimento, eleva a segurança do paciente e otimiza a eficiência operacional.2 As evidências apresentadas demonstram que práticas como o gerenciamento eficiente de resíduos e a otimização de processos de medicação podem gerar resultados estatisticamente significativos, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a segurança dos pacientes.8 A interconexão entre saúde humana, animal e ambiental, formalizada pelo conceito de “Saúde Única”, oferece uma estrutura robusta para abordar a epidemiologia de infecções e desenvolver intervenções mais eficazes.4 Um hospital que apenas cumpre regulamentações ambientais, mas não se preocupa com a saúde da comunidade ao redor ou com o bem-estar de seus funcionários, não é verdadeiramente sustentável.
4.2. Recomendações Práticas para Instituições de Saúde e a CCIH
Com base nos achados e nas reflexões apresentadas, as seguintes recomendações práticas são propostas para instituições de saúde e, em particular, para as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH):
- Liderança e Cultura Organizacional: A alta gerência deve assumir um papel proativo na promoção de uma cultura de sustentabilidade. Isso inclui fornecer educação contínua, motivar a participação dos funcionários e integrar os princípios de sustentabilidade nos valores e na missão da instituição.2
- Abordagem “One Health”: Integrar a perspectiva de saúde humana, animal e ambiental nos programas de prevenção e controle de infecções. Isso implica considerar os fatores ambientais (qualidade da água, do ar, saneamento) e, quando aplicável, as interações com animais, no planejamento e nas intervenções de controle de infecções.4
- Gestão de Recursos e Resíduos:
- Implementar programas robustos de Redução, Reutilização e Reciclagem (RRR) de resíduos hospitalares, estabelecendo metas claras e mecanismos de monitoramento para avaliar o progresso.8
- Priorizar a aquisição de produtos e tecnologias que sejam menos intensivas em energia e matérias-primas, com menor impacto ambiental ao longo de seu ciclo de vida.1
- Avaliar rigorosamente a eficácia de produtos de limpeza “verdes” para garantir que a segurança do paciente não seja comprometida em nome da sustentabilidade.3
- Eficiência Energética e Hídrica: Investir em infraestrutura e práticas que otimizem o consumo de energia e água. Isso pode incluir a adoção de tecnologias mais eficientes, a busca por fontes de energia renováveis e a implementação de sistemas de reuso de água, quando viável.1
- Educação e Capacitação: Desenvolver programas de treinamento contínuo que capacitem todos os profissionais de saúde em práticas sustentáveis e na compreensão da interconexão entre saúde e meio ambiente.2
- Colaboração Intersetorial: Fomentar a colaboração entre a CCIH, o setor de suprimentos, engenharia, gestão de resíduos e a alta direção. A superação da fragmentação setorial é crucial para integrar a sustentabilidade em todas as decisões, desde a compra de insumos até o planejamento de novas instalações.1
- Transparência e Prestação de Contas: Publicar relatórios de sustentabilidade e indicadores de desempenho ambiental e social, promovendo a transparência e a responsabilidade da instituição perante a comunidade e stakeholders.12
4.3. Perspectivas: Inovação e Colaboração para a Sustentabilidade na Saúde
O futuro da sustentabilidade na saúde não se limita à implementação das melhores práticas existentes; ele exige um compromisso contínuo com a pesquisa e a inovação tecnológica para desenvolver soluções ainda mais eficazes e sustentáveis para o setor. Isso inclui a busca por novos materiais, desinfetantes mais seguros e eficazes, e sistemas de gestão hospitalar mais eficientes, especialmente em um cenário de desafios emergentes, como novas pandemias e o agravamento da resistência antimicrobiana.
A colaboração multidisciplinar e a parceria entre hospitais, academia, indústria e comunidades são fundamentais para impulsionar a agenda da sustentabilidade na saúde. Ao unir conhecimentos e recursos, é possível acelerar a inovação e a adoção de práticas que beneficiem a todos. Conclui-se que cada profissional de saúde e cada instituição têm um papel vital a desempenhar na construção de um futuro mais saudável e sustentável. A visão do relatório “Nosso Futuro Comum” inspira a ação, lembrando que o compromisso com o planeta é, em última instância, um compromisso com a saúde e o bem-estar das gerações presentes e futuras.
4.4. Conclusão final
O texto evidencia que a agenda de hospitais verdes não explora amplamente os impactos microbiológicos de suas decisões — como o uso reduzido ou exagerado de germicidas e antimicrobianos, reuso de água, presença de áreas verdes e descarte de resíduos. Sustentabilidade e segurança microbiológica não podem caminhar separadas. É essencial incluir microbiologistas, infectologistas e equipes de CCIH nas decisões de sustentabilidade hospitalar. Se quisermos proteger o planeta sem comprometer os pacientes, o diálogo entre ecologia e biossegurança precisa ser construído com urgência.
5. Referências bibliográficas
- DALTON, Kathryn R. et al. One Health in hospitals: how understanding the dynamics of people, animals, and the hospital built-environment can be used to better inform interventions for antimicrobial-resistant gram-positive infections. Antimicrob Resist Infect Control, v. 9, n. 1, p. 78, 2020. DOI: 1186/s13756-020-00737-2.
- FURUKAWA, Patricia de Oliveira et al. Sustentabilidade ambiental nos processos de medicação realizados na assistência de enfermagem hospitalar. Acta Paulista de Enfermagem, v. 29, n. 3, 2016. DOI: 1590/1982-0194201600044.
- KALTWASSER, Jared. For Hospitals, Going Green Is an Infection Prevention Issue. ContagionLive, 26 jul. 2018. Disponível em: https://www.contagionlive.com/view/hospitals-going-green-is-an-infection-prevention-issue.
- LEE, Sang M.; LEE, DonHee. Developing Green Healthcare Activities in the Total Quality Management Framework. Int J Environ Res Public Health, v. 19, n. 11, p. 6504, 2022. DOI: 3390/ijerph19116504.
- LUEDY, Almerinda; MENDES, Vera Lúcia Peixoto Santos. SUSTENTABILIDADE DA GESTÃO DA QUALIDADE: UM ESTUDO EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO. baiana saúde pública, v. 40, Supl. 1 UFBA, 2017. DOI: 10.22278/2318-2660.2016.v40.n0.a2677.
- PEREIRA, Carlos Alexandre Rodrigues; MELO, Juliana Valéria de; FERNANDES, André Luis Teixeira. A educação ambiental como estratégia da Atenção Primária à Saúde. Rev bras med fam comunidade. Florianópolis, v. 7, n. 23, p. 108-116, 2012. DOI: 5712/rbmfc7(23)293.
- COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro Comum. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getulio Vargas, 1991. (documento anexado a este artigo)
- ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. G20: OMS reforça a importância dos conhecimentos tradicionais para a Saúde e a Bioeconomia. Boletim BIREME/OPAS/OMS, n. 87, 10 jun. 2024. Disponível em: https://boletin.bireme.org/pt/2024/06/10/oms-reforca-a-importancia-dos-conhecimentos-tradicionais-para-a-saude-e-a-bioeconomia/.
- BVSAULD.ORG. Hospital sustainability indicators and reduction of socio-environmental impact. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/enfermeria/resource/pt/biblio-1440982.
- INSTITUTO CCIH+Consultora especializada para implantação de Programas de Segurança do Paciente, Controle de Infecções e Gestão em Saúde, contribuindo para a excelência e sustentabilidade dos serviços de saúde. Disponível em: https://www.ccih.med.br/cursos-mba/mba-eqs-epidemiologia-hospitalar-qualidade-e-seguranca-do-paciente/.
- INSTITUTO CCIH+ Gerenciamento de resíduos em serviços de saúde. Disponível em: https://www.ccih.med.br/cursos/. Acesso em:.
- INSTITUTO CCIH+ Higiene ambiental nas instituições de saúde: um desafio contínuo. Disponível em: https://www.ccih.med.br/cursos/.
- INSTITUTO CCIH+ Como deve atuar uma CCIH e elaborar seu programa de controle de infecção?. Disponível em: https://www.ccih.med.br/como-deve-atuar-uma-ccih-e-elaborar-seu-programa-de-controle-de-infeccao/.
Sinopse por:
Antonio Tadeu Fernandes:
https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/
https://www.instagram.com/tadeuccih/
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