fbpx
Instituto CCIH+ : Parceria permanente entre você e os melhores professores na sua área de atuação
CCIH-LOGO-NOVA

Humanizando a CCIH: agora voltada em gente

🎯 Tema: Humanizando a CCIH: agora voltada em gente

👩‍🏫 Professor Convidado: Prof. Tadeu Fernandes

🎙 Mediação: Enf. Karine Oliveira

Minutagem:

08:26 Discussão do artigo- Microbioma Humano: a nova fronteira no Controle das Infecções Hospitalares

09:42 Qual o objetivo do artigo – Microbioma Humano: a nova fronteira no Controle das Infecções Hospitalares

11:43 O que é eubiose e disbiose?

12:29 Qual é relação da disbiose com o stewardship de antimicrobianos

13:45 Quais as implicações práticas?

17:17 Discussão do artigo- Probióticos no hospital: promessa terapêutica ou risco oculto?

18:02 Objetivo do estudo

19:13 Quais os riscos ocultos?

20:44 Qual a regulação desses probióticos?

22:51 Discussão do artigo- A fronteira invisível, como o microbioma e a imunidade de mucosas estão redefinindo o controle das infecções

23:11 Qual a relação entre a imunidade de mucosas e a prevenção das IRAS?

26:28 Como o uso de antibióticos de amplo espectro afeta o microbioma intestinal e aumenta o risco de infecções por Clostridioides difficile?

27:14 Como são as principais ameaças ao microbioma de um paciente internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?

28:50 Como a nutrição do paciente internado influencia a saúde do seu microbioma e sua suscetibilidade a infecções?

29:05 Diferença de probióticos e prebióticos, existe evidência para seu uso na prevenção de IRAS?

31:54 Como os médicos podem aplicar os conceitos de proteção do microbioma na sua prática clínica diária?

33:54 Qual papel do enfermeiro na proteção do microbioma do paciente no dia a dia da assistência?

35:09 Discussão do artigo: Imuno-Stewardship: o futuro do controle de infecções em hospitais

40:37 Quais são os pilares do Imuno-Stewardship?

40:42 O que é imunidade treinada?

41:57 Quais são os pacientes que se beneficiam de nutrição imunomoduladora?

42:52 Discussão artigo: Imunidade em xeque: por que os anticorpos falham na prevenção da infecção hospitalar?

44:16 O que é o anticorpo IgA e qual seu papel específico na prevenção de infecções em mucosas?

45:01 Qual a diferença entre a função do anticorpo IgM e IgG numa resposta de infecção bacteriana?

47:30 Discussão artigo: Quando a dieta vira defesa: o impacto da nutrição no controle de infecções hospitalares

48:10 Qual a relação direta entre o estado nutricional do paciente e o risco de desenvolver infecções hospitalares?

49:00 O que é a imunonutrição e quando deve ser considerada no ambiente hospitalar?

50:59 Qual a importância da triagem nutricional na admissão hospitalar?

52:39 Como a desnutrição hospitalar afeta a resposta a tratamento e a recuperação do paciente?

53:54 Discussão artigo: Diagnóstico rápido, decisão certa: a parceria que redefine o controle de infecções.

54:38 Qual a ideia central da “Aliança Diagnóstica” proposta neste artigo?

54:48 Porque o artigo afirma que a tecnologia, por si só, é insuficiente para combater a resistência antimicrobiana?

55:53 O que é o Diagnóstico Stewardship (DxS)?

Humanizando a CCIH: A Nova Fronteira do Cuidado Focada nas Pessoas

O controle de infecção hospitalar (CCIH) está em um ponto de inflexão. O modelo tradicional, focado quase exclusivamente no microrganismo e em medidas reativas para combatê-lo, está dando lugar a uma abordagem mais holística e proativa. A aula “Humanizando a CCIH: agora voltada em gente” propõe um novo lema: o foco da CCIH deve ser nas pessoas — tanto no paciente quanto no profissional de saúde.

Este novo paradigma, discutido no vídeo, parte de uma premissa ecológica fundamental: a infecção hospitalar não é apenas uma invasão, mas sim um desequilíbrio ecológico entre o ser humano e seu microbioma.

A Infecção como Desequilíbrio: Disbiose

A discussão centraliza-se no conceito de disbiose, a quebra do equilíbrio saudável do microbioma (eubiose) que protege o paciente. Este desequilíbrio reduz a resistência à colonização por patógenos e é o verdadeiro precursor da infecção.

O vídeo destaca que, embora os antibióticos de amplo espectro sejam um fator principal, a disbiose no paciente hospitalizado é multifatorial. Outros gatilhos iatrogênicos incluem:

  • Inibidores da bomba de prótons: Ao alterarem o pH gástrico, comprometem uma barreira de defesa natural.
  • Nutrição: A nutrição parenteral é menos favorável ao microbioma saudável do que a nutrição enteral ou oral.
  • Procedimentos invasivos: Sondas e cateteres não apenas rompem barreiras físicas, mas também alteram a ecologia local.
  • Estresse fisiológico: A própria gravidade do paciente pode liberar substâncias que alteram a composição do microbioma.

A Expansão do Conceito de “Stewardship”

Se o problema é mais amplo que o uso de antibióticos, a solução também deve ser. A aula propõe a expansão do conceito de stewardship (gestão responsável) para além dos antimicrobianos, abraçando uma visão focada no hospedeiro.

  1. Microbiome Stewardship:

O primeiro pilar é a gestão e preservação ativa do microbioma do paciente. Isso envolve o uso criterioso de antibióticos, mas também a reavaliação do uso rotineiro de inibidores da bomba de prótons e a priorização da nutrição enteral, por exemplo.

  1. Immuno Stewardship (Gestão Imunológica):

Esta é uma abordagem proativa para otimizar o sistema imunológico do paciente. Em vez de apenas combater o patógeno, o objetivo é fortalecer o hospedeiro. Isso se desdobra em:

  • Nutrição Imunomoduladora: O uso estratégico de nutrientes específicos (como glutamina, arginina, ômega-3 e minerais) para modular a resposta inflamatória e otimizar a função imune.
  • Imunidade Treinada: Um campo emergente que estuda como estímulos (incluindo certas vacinas) podem “treinar” a imunidade inata para responder de forma mais robusta a infecções futuras.
  1. Diagnostic Stewardship (Gestão Diagnóstica):

Para tratar o paciente corretamente, é preciso primeiro diagnosticá-lo corretamente. Este pilar propõe uma aliança formal e proativa entre a equipe clínica e o laboratório de microbiologia. O objetivo é garantir que o teste certo seja solicitado para o paciente certo, no momento certo, e que o resultado seja interpretado adequadamente, evitando, por exemplo, o tratamento de meras colonizações.

De Reativa para Preditiva

Historicamente, a CCIH tem sido reativa: ela mede taxas de infecção e age após a ocorrência de um surto. A humanização da CCIH, apoiada por essas novas estratégias e por ferramentas como a estatística Bayesiana (mencionada na discussão), permite um modelo preditivo.

A nova CCIH “voltada em gente” busca identificar o risco individual de cada paciente (nutricional, de disbiose, imunológico) e implementar medidas preventivas direcionadas, fortalecendo as defesas do paciente antes que a infecção se instale. Em suma, é uma mudança de combater doenças para promover a saúde, mesmo no ambiente mais crítico.

FAQ: Humanizando a CCIH – Uma Abordagem Proativa Focada no Paciente

Este FAQ destina-se a gestores hospitalares, membros da CCIH, médicos, farmacêuticos e enfermeiros, e explora os conceitos de mudança de paradigma no controle de infecção, saindo de um modelo reativo (focado no patógeno) para um modelo proativo (focado no hospedeiro).

I. O Novo Paradigma: Foco em “Gente”

1. O que significa “Humanizar a CCIH voltada em gente”, conforme discutido na aula?

Significa uma mudança fundamental de paradigma: sair de um foco reativo, centrado quase exclusivamente no microrganismo (ex: medir taxas e combater surtos), para um foco proativo, centrado no hospedeiro. Isso envolve fortalecer as defesas do paciente (microbioma, imunidade) e entender os fatores humanos e comportamentais dos profissionais de saúde.

2. Qual a diferença entre o modelo reativo e o proativo na CCIH?

II. O Microbioma como Aliado

3. Qual a diferença entre Eubiose e Disbiose e por que isso é crucial para a CCIH?

Eubiose é o estado de equilíbrio saudável do microbioma (a flora natural do corpo). Disbiose é o desequilíbrio desse ecossistema. A disbiose é crucial porque um microbioma saudável (eubiose) confere “resistência à colonização”, protegendo o paciente contra patógenos. A disbiose, por outro lado, abre espaço para a proliferação de bactérias resistentes e patógenos como o Clostridioides difficile.

4. Além dos antibióticos, quais práticas hospitalares comuns causam disbiose no paciente crítico?

Várias intervenções comuns fragilizam o microbioma. As principais citadas são:

5. Como a disbiose se relaciona especificamente com a infecção por Clostridioides difficile?

O microbioma intestinal saudável compete com o C. difficile por nutrientes e espaço. Mais importante, ele metaboliza ácidos biliares em substâncias que impedem a germinação dos esporos do C. difficile. Quando os antibióticos causam disbiose (matando a flora protetora), os esporos encontram um ambiente livre para germinar, proliferar e produzir toxinas.

6. O uso de probióticos é uma solução segura para a disbiose no hospital?

É controverso e arriscado. Embora haja evidências positivas para diarreia por C. difficile e enterocolite necrosante em prematuros, o uso de probióticos (microrganismos vivos) em pacientes críticos, imunossuprimidos ou com barreira intestinal comprometida (ex: pancreatite grave) está associado a um risco significativo de sepse pelo próprio probiótico. O FDA não aprova nenhum probiótico para prevenção de doenças.

7. O que é o Transplante de Microbiota Fecal (TMF)?

É uma terapia altamente eficaz (embora ainda de acesso limitado) para casos de infecção recorrente por C. difficile. Consiste em infundir fezes processadas de um doador saudável no paciente, restaurando rapidamente a eubiose (o equilíbrio do microbioma) e suprimindo o C. difficile.

III. A Expansão do Conceito de “Stewardship”

8. O que é “Microbiome Stewardship” (Gestão do Microbioma)?

É um conjunto de práticas clínicas que vão além do “Antimicrobial Stewardship”. O objetivo é preservar ativamente o microbioma do paciente. Isso inclui: reavaliar diariamente a necessidade de Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs), priorizar a nutrição enteral/oral sobre a parenteral e usar antibióticos da forma mais racional possível.

9. O que é “Immuno Stewardship” (Gestão Imunológica)?

É uma estratégia proativa focada em otimizar o sistema imunológico do hospedeiro, em vez de focar apenas em matar o patógeno. A ideia é tornar o paciente mais resiliente a futuras infecções.

10. Quais são os pilares do “Immuno Stewardship”?

São três pilares principais:

  1. Microbiome Stewardship: Preservar a flora, que é parte essencial da imunidade.
  2. Imunidade Treinada: Um conceito emergente sobre como “treinar” a imunidade inata com certos estímulos (ex: vacinas) para responder melhor a infecções subsequentes.
  3. Nutrição Imunomoduladora: O uso de nutrientes específicos para modular a resposta imune.

11. O que é “Imunonutrição” e quais nutrientes estão envolvidos?

É o uso de nutrientes específicos em doses farmacológicas para modular a resposta inflamatória e otimizar a função imune. É indicada em pacientes críticos, cirúrgicos de grande porte e pacientes sépticos. Os nutrientes mais estudados incluem Arginina, Glutamina, Ômega-3, Zinco e Selênio.

12. O que é “Diagnostic Stewardship” (Gestão Diagnóstica)?

É um programa que visa otimizar o uso de exames diagnósticos. Garante que o teste certo seja solicitado para o paciente certo, no momento certo, e (o mais importante) que o resultado seja interpretado corretamente. O objetivo é maximizar o benefício ao paciente e evitar danos, como tratar uma colonização detectada por um PCR.

13. Como o Diagnostic Stewardship e o Antimicrobial Stewardship se complementam?

Eles são parceiros sinérgicos. Um diagnóstico rápido e preciso (Diagnostic Stewardship) é a base para um uso racional e eficaz de antimicrobianos (Antimicrobial Stewardship). Sem um bom diagnóstico, o tratamento é empírico e, muitas vezes, excessivo, levando à disbiose.

IV. Papéis da Equipe Multidisciplinar

14. Qual o papel do médico na aplicação desses novos conceitos de stewardship?

O médico é central, devendo:

  1. Racionalizar o uso de antibióticos (Antimicrobial Stewardship).
  2. Reavaliar diariamente a necessidade de Inibidores da Bomba de Prótons (IBPs) (Microbiome Stewardship).
  3. Promover a nutrição enteral/oral prioritariamente à parenteral.
  4. Solicitar exames diagnósticos com critério (Diagnostic Stewardship).

15. Qual o papel do farmacêutico clínico?

O farmacêutico atua como um pilar do stewardship, auxiliando no descalonamento de antimicrobianos, monitorando interações medicamentosas, e sendo um guardião do uso de IBPs, além de participar ativamente das discussões sobre o risco de disbiose do paciente.

16. Qual o papel do enfermeiro?

O enfermeiro está na linha de frente e é crucial para:

  1. Garantir cuidados com a pele (respeitando pH e barreira cutânea).
  2. Manejo adequado de dispositivos invasivos.
  3. Estimular a nutrição oral e a mobilização precoce (que influenciam o microbioma intestinal).
  4. Monitorar ativamente sinais de disbiose, como o surgimento de diarreia.

17. Qual a importância da triagem nutricional precoce (24-48h) para a CCIH?

A desnutrição compromete seriamente o sistema imunológico e fragiliza a barreira intestinal, aumentando o risco de translocação bacteriana e infecções. A triagem nutricional precoce permite à CCIH e à equipe multidisciplinar identificar pacientes em risco e intervir (ex: com imunonutrição) como uma medida direta de prevenção de infecção.

V. Implicações Futuras

18. Práticas como banho de clorexidina e desinfecção ambiental podem ser questionadas por essa nova ótica?

Sim. A aula provoca essa reflexão. Práticas que matam indiscriminadamente todos os microrganismos (como banhos de clorexidina diários) podem, paradoxalmente, eliminar a flora protetora da pele, favorecendo a colonização por patógenos resistentes.

19. O que é “limpeza probiótica ambiental” mencionada na discussão?

É um conceito emergente onde, em vez de usar desinfetantes agressivos (que matam tudo, mas deixam DNA de resistência para trás), o ambiente seria “colonizado” com cepas probióticas (inócuas) que competiriam por espaço e nutrientes com os patógenos hospitalares.

20. Como um gestor hospitalar pode justificar o investimento em Diagnostic Stewardship (ex: Maldi-TOF, painéis sindrômicos)?

O investimento em diagnóstico rápido não é um custo, é uma economia. Ele permite o descalonamento ou a suspensão precoce de antibióticos de amplo espectro (reduzindo custos e disbiose), diminui o tempo de internação, otimiza o uso de leitos e melhora drasticamente os desfechos do paciente, sendo a base para todos os outros programas de stewardship.

 

 

Instituto CCIH+ Parceria permanente entre você e os melhores professores na sua área de atuação

Conheça nossos cursos de especialização ou MBA:

MBA Gestão em Saúde e Controle de Infecção

MBA Gestão em Centro de Material e Esterilização

MBA EQS – Gestão da Segurança do Paciente e governança clínica 

Especialização em Farmácia Clínica e Hospitalar 

Pós-graduação em Farmácia Oncológica

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress
×