🎯 Tema: Humanizando a CCIH: agora voltada em gente
👩🏫 Professor Convidado: Prof. Tadeu Fernandes
🎙 Mediação: Enf. Karine Oliveira
A CCIH está passando por uma transformação fundamental. Mais do que números, auditorias e protocolos, o controle de infecção moderno está se voltando para a “gente” — entendendo o paciente como um ecossistema complexo que precisa ser protegido.
Nesta live essencial, o Prof. Tadeu Fernandes, com mediação da Enf. Karine Oliveira, redefine o conceito de “humanização” na prática da CCIH, movendo o foco para a nova fronteira do microbioma humano. A discussão aborda como a prática clínica diária impacta diretamente as defesas do paciente.
Os especialistas analisam:
• Microbioma vs. Stewardship: A relação direta entre a disbiose (desequilíbrio da flora) e o uso de antimicrobianos, e como isso afeta o risco de infecções por Clostridioides difficile.
• Probióticos no Hospital: Uma análise crítica sobre a promessa terapêutica versus os riscos ocultos e as barreiras de regulação.
• Imunidade de Mucosas: Como a proteção da imunidade de mucosas (como o papel do IgA) está redefinindo a prevenção das IRAS.
• Imuno-Stewardship: A apresentação de um conceito futuro (Imuno-Stewardship), focado na proteção da imunidade treinada e no uso da imunonutrição.
• A Aliança Diagnóstica: A importância do “Diagnóstico Stewardship” (DxS) e por que a tecnologia, sozinha, não resolve a resistência antimicrobiana.
Esta é uma visão transformadora sobre como médicos, enfermeiros e toda a equipe podem aplicar os conceitos de proteção ao microbioma para, de fato, humanizar o cuidado e a segurança do paciente.
Minutagem:
08:26 Discussão do artigo- Microbioma Humano: a nova fronteira no Controle das Infecções Hospitalares
09:42 Qual o objetivo do artigo – Microbioma Humano: a nova fronteira no Controle das Infecções Hospitalares
11:43 O que é eubiose e disbiose?
12:29 Qual é relação da disbiose com o stewardship de antimicrobianos
13:45 Quais as implicações práticas?
17:17 Discussão do artigo- Probióticos no hospital: promessa terapêutica ou risco oculto?
18:02 Objetivo do estudo
19:13 Quais os riscos ocultos?
20:44 Qual a regulação desses probióticos?
22:51 Discussão do artigo- A fronteira invisível, como o microbioma e a imunidade de mucosas estão redefinindo o controle das infecções
23:11 Qual a relação entre a imunidade de mucosas e a prevenção das IRAS?
26:28 Como o uso de antibióticos de amplo espectro afeta o microbioma intestinal e aumenta o risco de infecções por Clostridioides difficile?
27:14 Como são as principais ameaças ao microbioma de um paciente internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?
28:50 Como a nutrição do paciente internado influencia a saúde do seu microbioma e sua suscetibilidade a infecções?
29:05 Diferença de probióticos e prebióticos, existe evidência para seu uso na prevenção de IRAS?
31:54 Como os médicos podem aplicar os conceitos de proteção do microbioma na sua prática clínica diária?
33:54 Qual papel do enfermeiro na proteção do microbioma do paciente no dia a dia da assistência?
35:09 Discussão do artigo: Imuno-Stewardship: o futuro do controle de infecções em hospitais
40:37 Quais são os pilares do Imuno-Stewardship?
40:42 O que é imunidade treinada?
41:57 Quais são os pacientes que se beneficiam de nutrição imunomoduladora?
42:52 Discussão artigo: Imunidade em xeque: por que os anticorpos falham na prevenção da infecção hospitalar?
44:16 O que é o anticorpo IgA e qual seu papel específico na prevenção de infecções em mucosas?
45:01 Qual a diferença entre a função do anticorpo IgM e IgG numa resposta de infecção bacteriana?
47:30 Discussão artigo: Quando a dieta vira defesa: o impacto da nutrição no controle de infecções hospitalares
48:10 Qual a relação direta entre o estado nutricional do paciente e o risco de desenvolver infecções hospitalares?
49:00 O que é a imunonutrição e quando deve ser considerada no ambiente hospitalar?
50:59 Qual a importância da triagem nutricional na admissão hospitalar?
52:39 Como a desnutrição hospitalar afeta a resposta a tratamento e a recuperação do paciente?
53:54 Discussão artigo: Diagnóstico rápido, decisão certa: a parceria que redefine o controle de infecções.
54:38 Qual a ideia central da “Aliança Diagnóstica” proposta neste artigo?
54:48 Porque o artigo afirma que a tecnologia, por si só, é insuficiente para combater a resistência antimicrobiana?
55:53 O que é o Diagnóstico Stewardship (DxS)?
FAQ | Humanizando a CCIH: A Nova Fronteira do Microbioma e Imunidade
I. O Microbioma como Nova Fronteira
1. O que significa o conceito de “Humanizar a CCIH: agora voltada em gente”?
Significa uma evolução no controle de infecção. Além de focar em protocolos e números, a “humanização” da CCIH foca em entender e proteger as defesas individuais de cada paciente, tratando-o como um ecossistema complexo (microbioma) que precisa ser preservado.
2. O que é eubiose e disbiose?
- Eubiose: É o estado de equilíbrio saudável do nosso microbioma (a flora de bactérias “boas”), que atua como uma barreira protetora.
- Disbiose: É o desequilíbrio desse ecossistema, geralmente causado por antibióticos ou estresse da internação, que leva à perda de bactérias protetoras e aumenta o risco de infecção.
- Referência: A Fronteira Invisível: como o microbioma e a imunidade de mucosas estão redefinindo o controle de infecção (Artigo CCIH)
3. Qual a relação direta entre a disbiose e o Antimicrobial Stewardship?
A relação é central. A disbiose é o principal “dano colateral” do uso de antimicrobianos. Portanto, um programa de Stewardship (uso racional de antibióticos) eficaz não apenas trata a infecção, mas é a principal ferramenta para prevenir a disbiose e proteger o microbioma do paciente.
4. Como os antibióticos de amplo espectro aumentam o risco de infecção por Clostridioides difficile?
Os antibióticos de amplo espectro causam uma disbiose severa (“queimam a floresta”), eliminando as bactérias protetoras do intestino. O C. difficile, que muitas vezes já coloniza o paciente e é resistente ao antibiótico, cresce descontroladamente nesse ambiente sem competição, causando a colite.
5. Quais são as principais ameaças ao microbioma de um paciente na UTI?
As principais ameaças que levam à disbiose na UTI são:
- O uso de antibióticos de amplo espectro.
- A falta de nutrição enteral (jejum), que “mata de fome” as bactérias boas.
- O uso de outros medicamentos, como inibidores de bomba de prótons.
- O próprio ambiente de terapia intensiva.
- Referência: Humanizando a CCIH: agora voltada em gente (Artigo Principal)
II. Probióticos e Nutrição
6. O uso de probióticos em hospitais é seguro? Quais são os riscos ocultos?
O uso é controverso e não é isento de riscos. O principal risco oculto, especialmente em pacientes vulneráveis (imunossuprimidos, críticos), é a translocação bacteriana, onde a bactéria viva do probiótico pode atravessar a barreira intestinal e causar infecções graves na corrente sanguínea (bacteremia ou fungemia).
7. Como é a regulação do uso de probióticos em hospitais?
A regulação é um desafio, pois muitos probióticos são classificados como “suplementos alimentares”, não como “medicamentos”. Isso implica que eles não passam pelo mesmo rigor de controle de qualidade, potência e segurança da ANVISA exigido para fármacos, gerando um risco na padronização hospitalar.
- Referência: Você sabia que o uso de probióticos contendo Lactobacillus pode levar a infecções… (Artigo CCIH)
8. Qual a diferença entre probióticos e prebióticos?
- Probióticos: São os microrganismos vivos (bactérias, leveduras) que, quando administrados, conferem um benefício.
- Prebióticos: São o “alimento” para as bactérias boas (geralmente fibras) que estimulam o crescimento da flora saudável que já existe no intestino.
- Referência: A Fronteira Invisível: como o microbioma e a imunidade de mucosas… (Artigo CCIH)
9. Qual a relação direta entre o estado nutricional e o risco de IRAS?
A relação é direta. A desnutrição é um fator de risco independente para infecção hospitalar. Um paciente desnutrido não tem os componentes (proteínas, vitaminas, minerais) necessários para manter a integridade das barreiras (pele, mucosas) e para montar uma resposta imune eficaz.
- Referência: Quando a dieta vira defesa: o impacto da nutrição no controle de infecções hospitalares (Artigo CCIH)
10. Qual a importância da triagem nutricional na admissão?
A triagem nutricional (feita nas primeiras 24-48h) é fundamental para identificar pacientes em risco nutricional ou já desnutridos. A desnutrição hospitalar piora a resposta ao tratamento e a recuperação. Identificar esse risco precocemente permite uma intervenção da equipe de nutrição, o que é crucial para reduzir complicações e infecções.
- Referência: Quando a dieta vira defesa: o impacto da nutrição no controle de infecções hospitalares (Artigo CCIH)
III. Imunidade e Imuno-Stewardship
11. Como a imunidade de mucosas redefine a prevenção de IRAS?
Tradicionalmente, a CCIH foca na transmissão exógena (mãos, superfícies). A nova abordagem foca na proteção da imunidade de mucosas (nos tratos respiratório e intestinal), que é a nossa principal barreira endógena. Proteger essa barreira (que é afetada pela disbiose) é uma forma direta de prevenção de IRAS, impedindo a invasão de patógenos que já colonizam o paciente.
12. O que é o anticorpo IgA e qual seu papel na proteção de mucosas?
O IgA (especificamente o IgA secretor – SIgA) é o principal anticorpo de defesa nas superfícies mucosas (como intestino e pulmão). Sua função é “neutralizar” patógenos no muco antes que eles consigam se ligar e invadir as células epiteliais do corpo, agindo como uma primeira linha de defesa imune.
- Referência: Imunidade em xeque: por que os anticorpos falham na prevenção da infecção hospitalar? (Artigo CCIH)
13. Qual a diferença entre as funções do IgM e IgG na infecção bacteriana?
- IgM: É o anticorpo de “resposta rápida”. É o primeiro a ser produzido em uma infecção aguda, sendo muito eficaz em ativar o sistema complemento e eliminar bactérias da corrente sanguínea.
- IgG: É o anticorpo de “memória” e o principal anticorpo do sangue. É produzido mais tardiamente na resposta primária, mas é o principal na resposta secundária (memória) e dura mais tempo.
- Referência: Imunidade em xeque: por que os anticorpos falham na prevenção da infecção hospitalar? (Artigo CCIH)
14. O que é o conceito de “Imuno-Stewardship”?
É um conceito futuro de controle de infecções. Assim como o Antimicrobial Stewardship gerencia o uso de antibióticos, o Imuno-Stewardship é um programa para gerenciar, proteger e modular ativamente as defesas (o sistema imune) do paciente, como forma de prevenir infecções.
- Referência: Controle de infecção além dos antibióticos: o futuro é o Imuno-Stewardship (Artigo CCIH)
15. Quais são os pilares do Imuno-Stewardship?
Os pilares incluem a imunonutrição (uso de nutrição imunomoduladora), a compreensão e aplicação do conceito de imunidade treinada (como o sistema imune inato “aprende” com exposições prévias) e a proteção do microbioma.
16. O que é imunonutrição e quais pacientes se beneficiam dela?
Imunonutrição é o uso de dietas enriquecidas com nutrientes específicos (como arginina, ômega-3, nucleotídeos) que atuam modulando a resposta inflamatória e imune. Os pacientes que mais se beneficiam são aqueles em preparo para cirurgias de grande porte (especialmente oncológicas) e pacientes graves em UTI, visando reduzir complicações infecciosas.
- Referência: Quando a dieta vira defesa: o impacto da nutrição no controle de infecções hospitalares (Artigo CCIH)
IV. Papel da Equipe e Diagnóstico
17. Como aplicar os conceitos de proteção do microbioma na prática clínica diária?
O médico aplica esses conceitos principalmente através de um rigoroso Antimicrobial Stewardship:
- Evitando antibióticos desnecessários (ex: em colonização).
- Descalonando o espectro do antibiótico assim que possível.
- Usando o menor tempo de tratamento clinicamente necessário.
- Prescrevendo nutrição enteral precocemente para “alimentar” o microbioma.
18. Qual o papel do enfermeiro na proteção do microbioma no dia a dia?
A enfermagem é vital na proteção das barreiras e do microbioma do paciente. As ações incluem:
- Realizar a correta higiene oral (que protege o microbioma da boca e previne a PAV).
- Assegurar a administração da dieta enteral prescrita.
- Manter os cuidados e a higiene da pele (outra barreira de microbioma).
19. O que é “Aliança Diagnóstica” e por que a tecnologia sozinha é insuficiente?
A “Aliança Diagnóstica” é a parceria essencial entre o laboratório de microbiologia (que tem a tecnologia, ex: testes moleculares rápidos) e a equipe clínica (CCIH/Médicos). A tecnologia sozinha é insuficiente, pois ela apenas gera um dado; a aliança é o que transforma esse dado em uma decisão clínica rápida e correta, como descalonar um antibiótico.
20. O que é o “Diagnóstico Stewardship” (DxS)?
O Diagnóstico Stewardship (DxS) é o uso racional dos testes diagnósticos. Assim como o stewardship de antibióticos, o DxS foca em otimizar o processo: solicitar o teste certo, para o paciente certo, no momento certo, e (o mais importante) agir corretamente com base no resultado, evitando tanto o subdiagnóstico quanto o tratamento excessivo.
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