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Detecção de proteínas por fluorescência de canetas odontológicas de alta rotação limpas manualmente

A prática clínica odontológica requer, muitas vezes, o uso de canetas odontológicas de alta rotação (produtos para a saúde complexos), que representam um desafio para as práticas adequadas de controle de contaminação cruzada durante o uso do equipamento.

As canetas odontológicas de alta rotação requerem esterilização por métodos que utilizam calor (ou seja, autoclave) após cada uso. Por mais que a esterilização seja o método de escolha, a presença de matéria orgânica (proteínas) remanescente nas superfícies dos produtos para a saúde, resultante de um processo de limpeza inadequada, limita a eficácia da esterilização. Além disso, a matéria orgânica remanescente pode proteger os microorganismos por atuar como uma barreira física, favorecendo a formação de biofilmes. Assim, a remoção do biomaterial é necessária para que a esterilização seja efetiva.

Mesmo com o surgimento de dispositivos de limpeza automatizados, a limpeza manual das canetas odontológicas de alta rotação, ainda é, o método de limpeza mais usual nos serviços de saúde bucal. Nessas situações, a inspeção visual por lupas tem sido o método adotado para validar o processo de limpeza. Mas essa prática é suficiente para fornecer níveis seguros de limpeza?

 

Qual foi o objetivo do estudo?

Analisar a eficácia da limpeza manual da superfície externa das canetas odontológicas de alta rotação, utilizando identificação de proteínas por fluorescência.

 

Como o estudo foi realizado?

Trata-se de um estudo transversal e exploratório.

A coleta de dados ocorreu em 3 clínicas odontológicas com pelo menos 5 unidades odontológicas para atendimento ambulatorial. A amostra consistiu na avaliação do processo de limpeza de, pelo menos, 3 canetas odontológicas de alta rotação por cada local de estudo. As peças foram utilizadas em procedimentos clínicos, como: restaurações e tratamentos endodônticos.

A análise da existência de proteínas nas canetas foram identificadas após a realização do método de limpeza usualmente realizado em cada serviço de saúde, de acordo com a escolha de cada clínica (grupo A) e após a adoção do protocolo de limpeza adaptado do CDC-EUA (grupo B).

 

Este protocolo foi realizado por pessoal treinado da seguinte forma: (1) ativação das linhas de ar e/ou água das canetas odontológicas de alta rotação (30 segundos); (2) envolvimento da caneta com gaze embebida em detergente enzimático; (3) esfregação da gaze embebida em detergente enzimático (Indazyme7 Max/Indalabor – Brasil) sobre todo o corpo da caneta (30 segundos); (4) enxágue da caneta sob água corrente; (5) inspeção visual; e (6) secagem da caneta.

O equipamento de detecção de proteínas (ProReveal, Synoptics Health/Reino Unido) foi utilizado de acordo com as instruções do fabricante.

As 3 partes de cada caneta odontológica (corpo, tampa e rolamento) foram analisadas ao mesmo tempo, e 2 leituras de fluorescência foram realizadas: 1 leitura para cada lado da caneta de alta rotação.

 

Quais foram os principais resultados?

Os procedimentos de descontaminação das canetas odontológicas de alta rotação adotados por todas as clínicas consistiram na aplicação de solução de álcool etílico a 70% na superfície externa das canetas sob fricção com gaze ou papel absorvente por tempo indeterminado, porém não superior a 30 segundos.

A quantificação de proteína foi realizada em 14 canetas odontológicas de alta rotação.

A quantificação média de proteína nas canetas odontológicas de alta rotação foi de 37,02mg (grupo A) e 24,02mg (grupo B).

A proporção de canetas que passaram no teste após a aplicação de cada protocolo de limpeza foi de 35,7% (grupo A) e 57,1% (grupo B).

 

Quais as limitações do estudo?

O protocolo de limpeza do CDC (grupo B) foi adaptado para o presente estudo para superar a limitação de que, alguns fatores podem ter contribuído para a permanência das proteínas de superfície mesmo após a limpeza. Uma delas está relacionada ao design externo do equipamento que funciona como um abrigo para o acúmulo de proteínas. Outro aspecto é o fato de muitos fabricantes contraindicam tanto a imersão em soluções detergentes quanto a limpeza automatizada. No entanto, os dados aqui apresentados revelam a fragilidade na aplicação da limpeza manual de canetas odontológicas de alta rotação no protocolo do grupo B. Além disso, o desempenho do álcool etílico em superfícies de canetas odontológicas de alta rotação provou ser uma prática inadequada sem limpeza prévia.

Que comentários e críticas finais?

Em conclusão, o protocolo de limpeza manual usado pelos 3 prestadores de serviços odontológicos incluídos no estudo foram ineficazes em atingir de forma confiável uma contagem de proteína pós-limpeza de cerca de 10mg de resíduo. O protocolo do CDC-USA adaptado foi capaz de diminuir a quantidade de proteína residual. Entretanto, em mais de 40% das canetas, as quantidades de proteína residual permaneceram maiores que 10mg.

 

Fonte:

Souza FB, Bruna CQM, Mesiano RAB, Cicarelli RMB, Perrett D, Graziano KU. Protein detection by fluorescence of manually cleaned high-speed dental handpieces. Infect Control Hosp Epidemiol. 2023 May;44(5):840-842. doi: 10.1017/ice.2022.36. Epub 2022 Apr 7. PMID: 35387696.

 

Link:

DOI: 10.1017/ice.2022.36

 

Sinopse por:

Thalita Gomes do Carmo

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Linkedin: www.linkedin.com/in/thalitagomesdocarmo/

 

Links relacionados:

Adaptação de um protocolo do CDC-EUA para reprocessamento de canetas de alta-rotação: DOI: https://doi.org/10.5216/ree.v13i3.10381

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