fbpx


CCIH Cursos: há 20 anos disseminando sabedoria

Dias
Horas
Minutos
EM CONTAGEM REGRESSIVA PARA A JORNADA DE SEGURANÇA DO PACIENTE. INSCREVA-SE GRATUITAMENTE!
logo-ccih-famesp-496-x-866-px-1

Como evitar a contaminação cruzada a partir de dispositivos médicos não críticos?

Os artigos não críticos são as vezes ignorados como possível fonte de contaminação dos pacientes, não sendo adequadamente manipulados pelos profisisnais de saúde. A Associação de profissionais em epidemiologia e controle de infecção publicou recentemente este artigo, do qual destacamos os seguintes tópicos:

  • Quais dispositivos médicos não invasivos podem ser implicados na transmissão de infecções e como ela ocorre?
  • Como prevnir esta transmissão?
  • O que fazer com brinquedos e livros compartilhados?
  • O que fazer com as fitas adesivas (esparadrapo) e estetoscópio?
  • Como habitualmente estes dispositivos são processados?
  • O que as instituições de saúde podem fazer para redução deste risco?
  • Quais são as principais recomendações da APIC?
  • Quais as diretrizes para desinfecção destes artigos?
  • Que protocolos adicionais podem ser propostos?
  • Como envolver os recursos humanos quanto a este risco?

Quais dispositivos médicos não invasivos podem ser implicados na transmissão de infecções e como ela ocorre?

A APIC (Association for Professionals in Infection Control and Epidemiology), lançou o documento Estratégias para Mitigar Contaminação Cruzada de Dispositivos Médicos não críticos. Este resumo fala sobre produtos médicos não críticos de uso múltiplo frequentemente usados ​​em ambientes de atendimento ao paciente. O objetivo é abordar as melhores práticas para minimizar risco de infecção cruzada para a população de pacientes adultos e pediátricos durante a prestação de cuidado, em uso desses tipos de itens. Abrange dispositivos médicos não invasivos e não críticos, como medidores de pressão arterial, oxímetro  e estetoscópios, além de brinquedos terapêuticos e outros itens de uso múltiplo que entram em contato com a pele intacta, como esparadrapo.

Itens clínicos portáteis não invasivos compartilhados entre os pacientes fazem parte do nicho do paciente e podem representar uma ameaça de transmissão de patógenos. Os microrganismos podem viver nas superfícies desses itens por longos períodos, dependendo do material da superfície, da temperatura do ar ambiente e umidade e da presença de material orgânico.

A literatura mostra que algumas das fontes de contaminação mais negligenciadas em ambientes de saúde são itens considerados “não críticos” (por exemplo, campainhas, bombas de infusão, fios condutores e fluxômetro de oxigênio) que são tocados ao longo do dia, mas podem não ser devidamente limpos e desinfetados até a alta do paciente. Assim, tais itens não críticos contaminados podem tornar-se uma fonte crítica de transmissão de patógenos, principalmente se a higiene das mãos for deficiente. Quando os itens são rotulados como “não críticos”, eles serão percebidos como tal – e a importância de limpar e desinfetar esses itens provavelmente serão de baixa prioridade. Por esta razão, Livshiz-Riven e coautores argumentaram que “o conceito de ‘item não crítico’ é inadequado e é um termo infeliz que precisa ser alterado.

Como prevnir esta transmissão?

É difícil garantir que os equipamentos médicos sejam limpos e desinfetados adequadamente, pois diversos fatores influenciam neste processo (como a eficácia  a segurança de cada desinfetante, sua inflamabilidade, corrosividade, estabilidade e tempo de contato necessário. O tempo de contato, também conhecido como “tempo úmido” ou “tempo de morte”, é a quantidade de tempo que a superfície deve permanecer úmida para garantir a eficácia do desinfetante. A segurança da equipe e do paciente durante a aplicação do desinfetante não deve ser negligenciada.

Uma vez selecionado um desinfetante compatível e apropriado para uso, a equipe responsável pela desinfecção deve compreender e executar a técnica correta para a aplicação do desinfetante conforme explicado em instruções do fabricante e os controladores de infecções são um bom recurso para auxiliar na compreensão das instruções de uso.

O que fazer com brinquedos e livros compartilhados?

Ainda compondo os materiais não críticos, estão o desafio de limpar e desinfetar brinquedos e livros compartilhados. Animais de pelúcia e outros brinquedos que tenham pano, pele ou outras superfícies que não possam ser desinfetadas ou limpas devem ser evitados. Em vez disso, selecione brinquedos que possam ser lavados com sabão e bem enxaguados com água da torneira ou limpos com álcool 70%. As instituições de saúde devem realizar uma avaliação de risco para determinar se livros compartilhados devem ser evitados completamente, ou  se um processo de limpeza e desinfecção deve ser posto em prática.

O que fazer com as fitas adesivas (esparadrapo) e estetoscópio?

Outro exemplo importante de material não crítico com potencial de contaminação, é a fita adesiva e não pode ser negligenciado enquanto reservatório de infecção, uma vez que não podem ser limpas, desinfetadas ou reprocessadas, mas são frequentemente armazenados sem embalagem em áreas sem protocolos de limpeza, deixados em balcões ou em gavetas, usados para vários pacientes, e não descartado após um único uso.

Os estetoscópios, que também são considerados itens não críticos, são outro exemplo de um item comumente utilizado para fornecer cuidados de saúde e que representam um reservatório negligenciado para patógenos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Society for Healthcare Epidemiology of America, e Infectious Diseases Society of America recomendam o uso de estetoscópios exclusivos para pacientes em precauções baseadas na transmissão; no entanto, de acordo com um fabricante de estetoscópios de uso único, 74% dos médicos relataram usar seus estetoscópios pessoais isoladamente.

Como habitualmente estes dispositivos são processados?

Saber como manusear e gerenciar itens médicos não críticos pode ser difícil quando a única orientação é fornecer desinfecção de baixo nível quando os itens estiverem visivelmente sujos ou se forem frequentemente usados. Além disso, os dispositivos de uso único devem ser considerados descartáveis ​​e é importante garantir que eles sejam usados ​​em um paciente durante um único procedimento conforme pretendido.

As Recomendações e diretrizes atuais para prevenir IRAS concentram-se principalmente nos fatores de risco de infecção mais notáveis, como higiene inadequada das mãos e superfícies ambientais contaminadas. No entanto, apesar dos esforços para minimizar os riscos óbvios, itens não críticos de atendimento ao paciente ainda servem frequentemente como reservatórios para organismos resistentes a múltiplas drogas (MDROs).

O que as instituições de saúde podem fazer para redução deste risco?

O Johns Hopkins Medicine Armstrong Institute for Patient Safety and Quality observa que, apesar da melhor das intenções, o pessoal de saúde “pode ser induzido a erros por produtos mal projetados, processos de cuidado descoordenados e sistemas fragmentados”. Para evitar esses erros e melhorar a conformidade com os protocolos de prevenção e controle de infecções, as organizações de saúde devem reconhecer como pessoal e pacientes interagem com o ambiente específico da instituição e abordar estrategicamente os obstáculos ambientais

As cargas de trabalho, responsabilidades e prioridades dos profissionais de saúde sempre afetaram os resultados clínicos. Apesar dos hospitais terem equipes de serviço de higiene, áreas de alto toque e os itens que nela são manuseados com frequência nem sempre são limpos e desinfetados. Quando as responsabilidades não são claramente delineadas e as cargas de trabalho são exigentes, essas áreas podem ser negligenciadas tanto pelo serviço de higiene quanto pela enfermagem. Se as responsabilidades de limpeza e desinfecção recaem sobre a equipe de saúde, a probabilidade de oportunidades perdidas aumenta porque a equipe de saúde geralmente não têm tempo para fazer esse trabalho. Aumentar a carga de trabalho está associada a atividades de controle de infecção comprometidas – quando a equipe da saúde tem que escolher entre as prioridades, o atendimento ao paciente vem em primeiro lugar.

Lindberg e coautores argumentam que os profissionais de saúde parecem ter uma falsa sensação de segurança que os materiais são microbiologicamente limpos quando são visualmente limpos. Exortam os profissionais de saúde a presumir que as superfícies são “impuras” em vez de “limpas”.

Quais são as principais recomendações da APIC?

Os protocolos e os procedimentos de uma organização de saúde para limpeza e desinfecção de materiais não críticos e dispositivos médicos não invasivos devem ser fundamentados no risco de transmissão de patógenos.               Assim, itens importantes que devem compor tais protocolos, segundo o CDC,  incluem:·        Avaliação de risco:  ü  Fator de contaminação: quanto mais contaminado um item pode se tornar, mais frequente e rigorosamente ele precisará ser limpo e desinfetado.ü  Fator de vulnerabilidade: itens usados ​​em áreas onde os pacientes altamente vulneráveis ​​estão localizados (ex.: UTI’s, centros de parto, unidades de queimados, quimioterapia e sala cirúrgica) podem requerer limpeza e desinfecção mais frequentes e mais rigorosas do que itens comparáveis ​​usados ​​em áreas com pacientes menos vulneráveis. ü  Fator de exposição: classificação de itens não críticos como alto toque (tanto os utlizados para tocar o paciente, quanto os muito utilizados na assistência entre pacientes) versus baixo toque, com itens de alto toque tendo um escopo mais amplo de exposição potencial e exigindo mais limpeza e desinfecção frequentes e mais rigorosas.

Quais as diretrizes para desinfecção destes artigos?

As diretrizes do CDC (2009) também enfatizam a importância de desinfetar dispositivos médicos não críticos com um desinfetante hospitalar registrado e assegurando que, no mínimo, os dispositivos não críticos de assistência a pacientes sejam desinfetados quando visivelmente sujos e regularmente (entre pacientes ou uma vez ao dia ou semanalmente). Além disso, pode-se utilizar uma abordagem integrada para desinfetar itens não críticos que tem cinco componentes (Rutala and Weber, 2019): (1) criação de protocolos e procedimentos; (2) seleção apropriada de limpeza e desinfecção de produtos; (3) educação de funcionários, principalmente para aqueles que trabalham com serviços de higiene, equipamentos para pacientes, e enfermagem; (4) monitoramento do cumprimento do feedback (com uso de ATP ou UV, por ex.); e (5) implementação de tecnologia “sem toque” de descontaminação – incluindo desinfecção apropriada de superfícies ambientais não críticas – para espaços que abrigam pacientes em Precauções de Contato ou Precauções Entéricas.

Que protocolos adicionais podem ser propostos?

É importante reconhecer que nem todos os dispositivos médicos não críticos possuem instruções de uso ou orientação sobre como manuseá-los adequadamente quando contaminados e muitas vezes, nem podem ser descontaminados pelos métodos tradicionais de limpeza e desinfecção. Na ausência de diretrizes mais robustas para itens médicos não críticos de assistência ao paciente, os formuladores de protocolos deve considerar a orientação de utlização de produtos de uso único mencionados anteriormente; identificar soluções simples para esses produtos manuseados com frequência, incluindo embalagens de itens como fitas que tradicionalmente não possuem essa camada extra de proteção; e revisar os protocolos internos nas instituições para lidar com limpeza, desinfecção, manuseio e armazenamento de itens de cuidados não críticos ao paciente, quando aplicável.

Como envolver os recursos humanos quanto a este risco?

As organizações podem ajudar a minimizar o risco de infecção de equipamentos e dispositivos médicos não críticos compartilhados, orientando e melhorando a compreensão da gama de fatores humanos que afetam como esses equipamentos e dispositivos são usados – incluindo o ambiente físico e as tarefas, ferramentas e tecnologias envolvidas no manuseio, limpeza, desinfecção, armazenamento e outras tarefas críticas – e usar esse conhecimento para avaliar e redesenhar as cargas e fluxos de trabalho para melhorar a segurança do paciente e o desempenho da equipe de saúde.

Sinopse por: Maria Teresa Dias
Contato: [email protected] https://www.linkedin.com/in/maria-teresa-dias-464768190

Fonte: APIC issue brief: Strategies to mitigate cross contamination of non-critical medical devices. APIC, 2022.

Link: https://apic.org/noncritical-is-critical/

Links de interesse:https://www.cdc.gov/infectioncontrol/pdf/guidelines/disinfection-guidelines-H.pdf

https://www.cdc.gov/hai/prevent/resource-limited/risk-assessment.html

https://www.ccih.med.br/descontaminacao-de-materiais-nao-criticos/

https://www.ccih.med.br/microrganismos-podem-desenvolver-tolerancia-ao-alcool/

https://www.ccih.med.br/descontaminacao-de-artigos-nao-criticos-parte-2/

Palavras chave / TAGs: não críticos, infecção cruzada, estigmomanômetro, medidores de PA, oxímetro, estetoscópios. Brinquedos, livros, bombas de infusão, campainhas, fluxômetro, limpeza, desinfecção, higiene das mãos, tempo de contato, animais d epelúcia, álcool 79%, fias adesivas, esparadrapo, descartáveis, protocolos

 

Compartilhe:

Facebook
Twitter
LinkedIn
plugins premium WordPress
×