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Afinal, as precauções de contato reduzem a disseminação do MRSA?

O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é uma das principais causas de

Infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS). As precauções de contato têm sido, tradicionalmente, implementadas para interromper a transmissão, mas seu impacto é cada vez mais questionado. O objetivo principal deste estudo foi avaliar o impacto gerado pela descontinuação da PC para controle da IRAS por MRSA sobre as taxas de infecção durante um período prolongado em um hospital universitário terciário.

Qual a importância do Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) nas

Infecções relacionadas à assistência à saúde?

O Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) é uma das principais causas de

Infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS). O isolamento de contato tem sido, tradicionalmente, implementado para interromper a transmissão, mas seu impacto é cada vez mais questionado.

A IRAS afeta 1 em cada 31 pacientes que são hospitalizados nos EUA, um dos patógenos causadores mais importante é o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) que está associado a altas taxas de morbidade e mortalidade, especialmente em pacientes imunocomprometidos. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) traz recomendações para implementação de Precauções de contato (PC) para controlar e prevenir a transmissão cruzada entre pacientes com MRSA. No entanto, faltam evidências atuais que suportem os custos gerados por essa prática e a demora para realização desta intervenção. Sem falar que a PC gera impactos negativos aos pacientes, desde a diminuição da satisfação, até desfechos adversos como quedas, ansiedade e depressão. Vários estudos retrospectivos e prospectivos foram publicados debatendo a eficácia da PC e apoiando a descontinuação desta para controle da IRAS por MRSA.

Sabe-se que alguns hospitais dos Estados Unidos descontinuaram o uso da PC para MRSA em suas Instituições.

Qual foi o objetivo do estudo?

O objetivo principal deste estudo foi avaliar o impacto gerado pela descontinuação da PC para controle da IRAS por MRSA sobre as taxas de infecção durante um período prolongado em um hospital universitário terciário.

E, determinar se há impacto na descontinuação da PC nos custos relacionados ao uso de materiais para realização desta prática.

Como este estudo para avaliar a eficácia das precauções de contato foi planejado?

Trata-se de um estudo de único centro, retrospectivo, não randomizado, observacional, quase experimental que comparou as taxas de infecção relacionada à assistência a saúde pelo patógeno MRSA, antes, durante e pós a descontinuação do isolamento de contato para MRSA em um hospital universitário terciário por um período superior a 68 meses. Dados sobre os desfechos primários, as infecções da corrente sanguínea associadas ao acesso central e relacionados a eventos como a bacteremia por MRSA foram analisados ​​por meio de um desenho de séries temporais. Como desfechos secundários foram comparadas as infecções do trato urinário associadas a sondas, pneumonia associada à ventilação mecânica, infecções de sítio cirúrgico e pneumonia hospitalar usando os testes exatos de Fisher. A economia gerada pela descontinuação da PC foi calculado com base no uso do avental descartável.

Qual foi o impacto desta descontinuidade nos indicadores observados?

De janeiro de 2013 a setembro de 2018, foram internados 222.526 pacientes, no Wake Forest Baptist Medical Center, sendo que 295 pacientes desenvolveram 399 infecções associada ao patógeno MRSA.

As taxas de infecção pré e pós-intervenções foram: 0,02% versus 0,02% com p-valor = 0,64 nos casos de infecções da corrente sanguínea associadas ao acesso central; de 0,01% versus 0,02% com p-valor = 0,32 em eventos relacionados a bacteremia por MRSA; de 0,01% versus 0,01% com p-valor = 0,64 nos casos de pneumonia hospitalar; de 0% versus 0,01% com p-valor = 0,56 nas infecções de trato urinário associadas a cateter; de 0,01% versus 0,01% com p-valor = 0,32 nas pneumonias associadas a ventilação mecânica; e de 0,55% versus 0,15% com p-valor = 0,03 nas infecções do sítio cirúrgico. Demonstrando que há apenas diferença estatisticamente significativa nos casos para prevenção das infecções de sítio cirúrgico.

Com relação aos custos teve-se uma redução anual de 139.228 dólares.

O tempo médio de isolamento dos pacientes foram de 19 dias.

A que conclusões chegaram os autores sobre o impacto da descontinuidade das precauções de contato?

A descontinuação da precaução de contato não impactou negativamente sobre as taxas endêmicas de infecção relacionada à assistência a saúde por MRSA antes e após a descontinuação. Além de ter representado uma redução nos custos.

Quais as principais limitações deste estudo?

As limitações do estudo incluem a coleta de dados ter sido feita de forma retrospectiva, não randomizada, e realizada em um único centro que limitando a capacidade de generalização para outras Instituições. As baixas taxas relacionadas ao diagnóstico da IRAS resultam em uma probabilidade de super ou subestimativar.

Os quartos de internação dos pacientes são individuais o que pode influenciar nos resultados, pois reduz a possibilidade de transmissão de MRSA.

Que comentários adicionais podemos fazer?

A justificativa para a implementação da precaução de contato está baseada na expectativa de redução do risco do paciente em adquirir MRSA dentro de um ambiente hospitalar. Contudo, este estudo oferece uma evidência de que descontinuação da precaução de contato para prevenir IRAS por MRSA não representou um aumento significativo dessas infeções e gerou economia nos custos.

Fica claro, a necessidade de estudos adicionais sobre o impacto das práticas de prevenção de infecção, a fim de melhor compreender sua eficácia.

Estudos antes-depois apresentam limitações importantes que impactam no grau de evidência científica encontrado: comparabilidade dos pacientes nos dois períodos de estudos; se outras práticas profissionais podem ter se alterado, confundindo a causalidade; controle insuficiente das varáveis estudadas. Não foi também devidamente explicada o impacto negativo da descontinuidade das precauções na ocorrência de infecção do sítio cirúrgico, cujo contágio é essencialmente durante este procedimento.

Além disso, foi avaliado apenas o impacto sobre o MRSA, necessitando estudar outros grupos de microrganismos, para respaldar de forma conclusiva a abolição desta prática.

Fonte: AlMohanna Z, Snavely AC, Viviano JP, Bischoff WE. Long-term impact of contact precautions cessation for Methicillin-Resistant Staphylococcus Aureus (MRSA). Am J Infect Control. 2022 Mar;50(3):336-341

Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34793891/

Links de interesse:

https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/abs/effect-of-cessation-of-contact-isolation-for-endemic-methicillinresistant-staphylococcus-aureus-and-vancomycinresistant-enterococci/905595BFE67B3D41CF603C2D497EE517

https://www.ccih.med.br/incidencia-de-pacientes-positivos-para-microrganismos-produtores-de-esbl-associados-a-cuidados-de-saude-antes-e-apos-a-descontinuacao-das-precaucoes-de-contato/

Elaborado por: Thalita Gomes do Carmo

https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

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