No Hemisfério Norte, o inverno traz consigo um aumento esperado de infecções respiratórias agudas, causadas por patógenos sazonais como influenza, vírus sincicial respiratório (VSR), Mycoplasma pneumoniae e metapneumovírus humano (hMPV). A co-circulação desses vírus pode sobrecarregar os sistemas de saúde e atualmente, em alguns países do Hemisfério Norte temperado, as taxas de síndrome gripal e/ou infecções respiratórias agudas aumentaram nas últimas semanas e estão acima dos níveis basais, no entanto, seguindo as tendências sazonais usuais.
FAQ: Metapneumovírus Humano (hMPV) – O que Profissionais de Saúde Precisam Saber
Esta seção de Perguntas Frequentes (FAQ) foi desenvolvida para orientar gestores hospitalares, membros da CCIH, médicos, farmacêuticos e enfermeiros sobre o Metapneumovírus Humano (hMPV). O recente aumento de casos na China serve como um alerta para a importância de compreender a epidemiologia, o diagnóstico, o manejo clínico e as medidas de prevenção deste relevante patógeno respiratório.
Seção 1: O que é o Metapneumovírus Humano (hMPV)?
1. O que é o Metapneumovírus Humano (hMPV) e por que estamos ouvindo falar mais sobre ele agora?
O hMPV é um vírus de RNA da família Pneumoviridae, a mesma do Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Ele é uma causa comum de infecções do trato respiratório superior e inferior. A atenção sobre ele aumentou globalmente devido a surtos atípicos e intensos que têm ocorrido após a flexibilização das medidas de prevenção da COVID-19, que alteraram a circulação sazonal dos vírus respiratórios.
- Referências:
2. O hMPV é um vírus novo?
Não. O hMPV foi identificado pela primeira vez em 2001, na Holanda, mas estudos retrospectivos mostraram que ele já circulava na população humana há pelo menos 50 anos. Ele não é um vírus emergente, mas sim um patógeno sazonal conhecido.
3. Quais são os principais sintomas da infecção por hMPV?
Os sintomas são muito semelhantes aos de outras viroses respiratórias, variando de quadros leves a graves. Os mais comuns incluem coriza, tosse, febre e dor de garganta. Em casos mais graves, pode evoluir para bronquiolite, pneumonia e exacerbação de asma.
4. Em quais grupos de pacientes a infecção por hMPV pode ser mais grave?
A gravidade é maior nos extremos de idade e em pacientes com comorbidades. Os principais grupos de risco são:
- Crianças muito pequenas (especialmente menores de 2 anos).
- Idosos.
- Pacientes imunocomprometidos (transplantados, oncológicos).
- Pacientes com doenças crônicas pulmonares (asma, DPOC) ou cardíacas.
- Referência:
5. Qual é a sazonalidade típica do hMPV no Brasil?
O hMPV geralmente circula nos meses mais frios e secos, coincidindo com o VSR e a Influenza, tipicamente no final do outono e no inverno. No entanto, o padrão de sazonalidade tem apresentado variações importantes no período pós-pandemia em todo o mundo.
Seção 2: Diagnóstico e Manejo Clínico
6. Como é feito o diagnóstico de hMPV? Ele é parte dos painéis virais de rotina?
O diagnóstico definitivo é feito por métodos moleculares (RT-PCR), que detectam o material genético do vírus. Sim, o hMPV está incluído na maioria dos painéis virais respiratórios comerciais disponíveis nos laboratórios, que testam para múltiplos patógenos (Influenza, VSR, COVID-19, Adenovírus, etc.) em uma única amostra de secreção nasofaríngea.
7. Qual é o tratamento para a infecção por hMPV? Existe um antiviral específico?
Não existe um tratamento antiviral específico para o hMPV. O manejo é de suporte, focado no alívio dos sintomas. Isso inclui hidratação, antitérmicos, e, nos casos mais graves, oxigenoterapia e suporte ventilatório.
- Referência:
- UpToDate – Human metapneumovirus infections (Requer assinatura)
8. Qual o papel do farmacêutico no suporte ao tratamento de pacientes com hMPV?
O farmacêutico atua na provisão de medicamentos sintomáticos, na orientação sobre o uso correto de antitérmicos e descongestionantes, e na identificação de possíveis interações medicamentosas, especialmente em pacientes idosos com polifarmácia. Em pacientes internados, ele garante a disponibilidade de fluidos e medicações de suporte.
9. Como a infecção por hMPV se diferencia clinicamente da Gripe (Influenza), VSR e COVID-19?
Clinicamente, a diferenciação é muito difícil, pois os sintomas se sobrepõem bastante. A Gripe tende a ter um início mais abrupto com febre alta e mialgia intensa. O VSR é a principal causa de bronquiolite em lactentes. A COVID-19 pode apresentar sintomas multissistêmicos. No entanto, apenas o diagnóstico laboratorial pode confirmar o agente etiológico.
- Referência:
- CCIH Brasil (YouTube) – Diagnóstico Diferencial das Viroses Respiratórias (Link ilustrativo para o conceito)
10. A coinfecção do hMPV com outros vírus respiratórios é comum?
Sim, a detecção de mais de um vírus respiratório em um mesmo paciente é relativamente comum, especialmente em crianças. A coinfecção pode, em alguns casos, estar associada a uma maior gravidade clínica, embora essa relação ainda seja objeto de estudos.
- Referência:
Seção 3: Prevenção e Controle de Infecção
11. Quais são as medidas de precaução para um paciente internado com suspeita ou confirmação de hMPV?
Por ser transmitido por gotículas e contato, as medidas recomendadas são:
- Precauções Padrão
- Precauções de Contato (uso de luvas e avental ao entrar no quarto)
- Precauções para Gotículas (uso de máscara cirúrgica pelo profissional de saúde)
O paciente deve ser mantido, preferencialmente, em quarto privativo ou em coorte com outros pacientes com o mesmo diagnóstico.
- Referência:
12. Por quanto tempo um paciente com hMPV permanece transmissível?
A transmissão geralmente dura de 3 a 7 dias, mas pode ser mais prolongada em crianças pequenas e pacientes imunocomprometidos. As precauções devem ser mantidas durante todo o período sintomático.
13. Existe vacina para o Metapneumovírus Humano?
Não. Atualmente, não existe vacina disponível para prevenir a infecção por hMPV, embora haja pesquisas em andamento para o seu desenvolvimento.
- Referência:
14. Qual o papel da CCIH na vigilância de vírus respiratórios, incluindo o hMPV?
A CCIH é responsável por monitorar a incidência de síndromes respiratórias no hospital, incentivar a coleta de amostras para diagnóstico etiológico, analisar os resultados dos painéis virais, implementar as medidas de precaução, e detectar e controlar surtos intra-hospitalares.
15. Como a “dívida imunológica” pós-pandemia pode influenciar a circulação do hMPV?
O termo “dívida” ou “lacuna imunológica” refere-se à redução da imunidade populacional a vírus endêmicos devido à baixa exposição durante o período de isolamento social e uso de máscaras. Isso tornou a população, especialmente crianças pequenas, mais suscetível, resultando em surtos de maior magnitude e, por vezes, fora da estação habitual.
Seção 4: Perspectiva da Gestão e Saúde Pública
16. O aumento de casos na China é um alerta para os hospitais no Brasil? Como a gestão pode se preparar?
Sim, é um alerta. Demonstra a imprevisibilidade da circulação viral no cenário pós-pandêmico. A gestão hospitalar pode se preparar garantindo:
- Estoque adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
- Acesso facilitado aos testes de painel viral respiratório.
- Planos de contingência para um possível aumento na demanda por leitos de internação e de UTI.
- Educação continuada das equipes sobre a identificação e manejo de casos.
- Referência:
17. A infecção por hMPV é de notificação compulsória no Brasil?
Não individualmente. No entanto, casos graves que se enquadram na definição de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) são de notificação compulsória, independentemente do agente causador. O hMPV é um dos vírus monitorados pelo sistema de vigilância da SRAG.
18. Como os dados de vigilância de vírus respiratórios podem ajudar os gestores?
Os dados permitem antecipar picos de demanda. Ao saber qual vírus está predominando, os gestores podem planejar melhor a alocação de leitos (ex: leitos pediátricos durante picos de VSR), o estoque de antivirais (para Influenza) e a necessidade de pessoal e de EPIs.
19. Quais as principais complicações da infecção por hMPV em pacientes de risco?
As principais complicações incluem insuficiência respiratória aguda, necessidade de ventilação mecânica, exacerbação aguda de doenças de base como asma e DPOC, e infecções bacterianas secundárias (pneumonia bacteriana).
20. Onde encontrar informações e boletins epidemiológicos atualizados sobre a circulação do hMPV e outros vírus no Brasil?
As fontes mais confiáveis são os boletins da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS) e o Boletim InfoGripe da Fiocruz, que monitora e divulga semanalmente as tendências das síndromes respiratórias em todo o país.
Recentemente, tem crescido o interesse internacional em relação a um possível aumento na transmissão de vírus respiratórios na China, especialmente do hMPV, com relatos que sugerem hospitais sobrecarregados. O hMPV é um vírus respiratório comum, da família Pneumoviridae, juntamente com o vírus sincicial respiratório (RSV), e circula em muitos países durante o inverno até a primavera. No entanto, nem todos os países testam e publicam dados sobre tendências de hMPV. Ele foi identificado pela primeira vez em 2001 e se espalha por meio de gotículas respiratórias ou contato com superfícies contaminadas. O vírus infecta especialmente em crianças pequenas, idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometido. Embora alguns casos possam ser hospitalizados com bronquite ou pneumonia, a maioria das pessoas infectadas com hMPV apresenta sintomas leves das vias respiratórias superiores, semelhantes ao resfriado comum, e se recupera em poucos dias.
A OMS mantém contato com as autoridades de saúde chinesas e não recebeu relatos de surtos incomuns. A China possui um sistema de vigilância sentinela para síndrome gripal e infecções respiratórias agudas graves, incluindo hMPV, e realiza vigilância virológica rotineira para patógenos respiratórios comuns. Dados atualizados até 29 de dezembro de 2024, divulgados pelo CDC da China, mostram um aumento esperado de infecções respiratórias agudas durante o inverno no Hemisfério Norte, impulsionadas principalmente por influenza, VSR e hMPV. A influenza é atualmente a principal causa de doenças respiratórias, com a maior taxa de positividade entre todos os patógenos monitorados para todas as faixas etárias, exceto em crianças de 5 a 14 anos, onde Mycoplasma pneumoniae é mais prevalente. A atividade do SARS-CoV-2 permanece baixa, mas com aumento de casos graves de COVID-19. A variante XDV e suas sublinhagens são as predominantes, representando 59,1% % das detecções entre as amostras sequenciadas. Além disso, a atividade de síndromes gripais (ILI) nas regiões norte e sul da China tem aumentado desde o final de 2024, seguindo padrões observados no ano anterior. As autoridades chinesas afirmam que o sistema de saúde não está sobrecarregado e que não houve declarações de emergência ou respostas acionadas. Além disso, as síndromes gripais nas regiões norte e sul da China tem aumentado desde o final de 2024, seguindo padrões observados no ano anterior. As autoridades chinesas afirmam que o sistema de saúde não está sobrecarregado e que não houve declarações de emergência ou respostas acionadas.
Recomendações da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que, em regiões onde é inverno, as pessoas adotem medidas preventivas para reduzir a propagação e os riscos associados a patógenos respiratórios, com atenção especial aos grupos mais vulneráveis. Indivíduos com sintomas leves devem permanecer em casa para evitar a transmissão e garantir o repouso necessário. Já aqueles que pertencem a grupos de risco ou apresentam sintomas graves ou complicados devem buscar atendimento médico imediatamente.
Entre as medidas recomendadas, destacam-se o uso de máscaras em ambientes lotados ou com ventilação inadequada, a cobertura de tosses e espirros com lenço ou o cotovelo flexionado, a prática de higiene regular das mãos e a adesão às vacinas indicadas, conforme orientação médica e das autoridades locais de saúde pública.
A OMS também incentiva os Estados-Membros a manterem a vigilância de patógenos respiratórios por meio de abordagens integradas, levando em conta o contexto local, as prioridades nacionais, os recursos disponíveis e a capacidade instalada. Para apoiar esses esforços, foram publicadas diretrizes atualizadas sobre vigilância integrada e avaliação da gravidade de epidemias e pandemias de influenza, incluindo o impacto nas unidades de saúde. As orientações estão disponíveis no link: https://iris.who.int/handle/10665/379678
No Brasil, sua identificação ocorreu pela primeira vez em 2004 e, desde então, ele tem sido monitorado como parte das ações de vigilância epidemiológica.
Com base na avaliação de risco atual, a OMS não recomenda restrições de viagem ou comércio relacionadas às tendências observadas de infecções respiratórias agudas.
Fontes:
https://www.who.int/emergencies/disease-outbreak-news/item/2025-DON550
https://www.cdc.gov/human-metapneumovirus/about/index.html
https://www.mdpi.com/1999-4915/14/4/677
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