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Qual o impacto na sobrecarga de trabalho de enfermeiros e controladores de infecção relacionados a exposições aos agentes infecciosos e surtos?

O presente estudo traz como objetivo avaliar o impacto da exposição de agentes infecciosos frequentemente encontrados no cenário de cuidados na carga de trabalho dos enfermeiros assistenciais e enfermeiros controladores de infecção. Infelizmente, existem poucos estudos que conseguem fazer esta relação.

Karine Ferreira de Oliveira

Por que os autores realizaram este estudo?

Exposições a agentes infecciosos endêmicos e epidêmicos podem ter impacto negativo na equipe de enfermagem, bem como refletir no paciente, porque as exposições muitas vezes exigem mais tempo e recursos para exercer os cuidados em saúde.

Os controladores de infecção são responsáveis pela vigilância, detecção, identificação, prevenção e controle das Infecção Relacionadas a Assistência à Saúde (IRAS), sua especialização perpassa por vários domínios e competências, incluindo liderança e gestão, melhoria de desempenho e implementação de ciência e ainda devem equilibrar a rotina de trabalho com a gestão de eventos adversos, tais como exposições e surtos.  De uma maneira geral, os controladores de infecção gastam 25% do seu tempo na vigilância epidemiológica, é provável que a investigação de surtos e exposições contribua para um aumento deste tempo.

A avaliação do impacto potencial na carga de trabalho dos enfermeiros assistenciais e controladores de infecção para cuidar de paciente, surtos ou em situações de exposições é importante para ajudar a determinar as necessidades para um momento de exposição e surto. 

Qual foi a metodologia utilizada no estudo?

Perguntas foram realizadas aos enfermeiros assistenciais e aos controladores de infecção.

No primeiro questionário era necessário responder através de uma escala, o aumento na carga de trabalho para algumas exposições (piolho ou sarna, caxumba ou sarampo, coqueluche, tuberculose e gripe, surtos de bactérias multirresistentes, Clostridium difficile e vírus gastrointestinais).

Na segunda questão realizada com os enfermeiros assistenciais foi necessário escolher três atividades que mais consumiam o tempo na jornada de trabalho (precauções adicionais, registros eletrônicos, educação de paciente e familiares sobre as precauções e surtos, mudanças na equipe ou paciente em coorte, profilaxia medicamentosa quando necessária, visita da vigilância em saúde ou saúde ocupacional, reunião e treinamento com o pessoal do controle de infecção). Para os enfermeiros controladores de infecção também era necessário que eles respondessem as três atividades mais demoradas na rotina de trabalho (detecção de surtos, revisão de prontuários, organização de leitos, planilha de exposições, notificações, educação de pacientes, medidas de preventivas, registro eletrônico, relatórios e reuniões com a diretoria).

Quais foram os principais resultados do estudo?

Enfermeiros assistenciais relatam uma sobrecarga de trabalho adicional de mais de uma hora na exposição e surto de Clostridium difficile (76%), seguido de piolho ou sarna (46%), já para os enfermeiros controladores de infecção, desprendem mais horas de trabalho para exposição ou surto de caxumba ou sarampo (66%), seguido de tuberculose (64%) e apenas 19% com piolhos ou sarna.

Outro resultado interessante e muito presente no dia-a-dia, os enfermeiros assistenciais responderam que 92% do aumento na carga de trabalho está relacionado ao cuidado direto com o paciente, ou seja, precauções adicionais, seguido por 63% para educação do paciente e familiar. Para o controlador de infecção, a tarefa mais demorada estava relacionada a documentação (65%) e planilha de exposições (61%).

A exposição a doenças infecciosas e surtos podem impactar na sobrecarga de trabalho dos enfermeiros assistenciais e enfermeiros controladores de infecção?

Este estudo foi capaz de quantificar as tarefas mais demoradas relatadas pelos enfermeiros, cerca de três quartos dos enfermeiros relatam que mais de uma hora da sua carga de trabalho está relacionada as precauções adicionais, mais relacionado com o isolamento de Clostridium difficile.

Em respostas a um surto ou exposição de agentes infecciosos, é provável que os enfermeiros gastem mais tempo com as precauções adicionais e educação de pacientes e familiares, enquanto os controladores de infecção gastam maior parte do tempo na revisão de gráficos e na compilação de planilhas de exposições.

Compreender os papeis e demandas dos outros membros da equipe interdisciplinar é essencial para que o cuidado prestado ao paciente não seja descontinuado. Por exemplo, para o controlador de infecção despendem maior tempo os pacientes expostos ou com suspeita de tuberculose para aloca-los em quarto adequado, assegurar que os profissionais estejam utilizando a paramentação correta e acompanhamento de possíveis profissionais expostos. Da mesma forma, que para os enfermeiros assistenciais, paciente expostos a sarna ou piolho aumentam a carga de trabalho, pois até o final do tratamento o paciente demanda cuidados adicionais.

Um ponto importante e preocupante, ambos os enfermeiros responderam gastar um tempo mínimo para reuniões e treinamentos sobre controle de infecção, na ausência destas situações emergenciais. Quanto menos tempo os enfermeiros têm para desenvolver as atividades de prevenção, isto pode impactar no cuidado ofertado ao paciente, diminuindo qualidade e segurança na assistência prestada e provocando estas situações que demandam muito tempo para seu controle adequado.

Os autores reforçam que todos os enfermeiros, tanto os da linha de frente quanto controladores de infecção devem estar preparados para o surgimento de situações emergentes e que tenham capacidade e competência para prevenir e controlar as infecções, dando uma assistência mais segura ao paciente.

Fonte: Hessels AJ et cols. Impact of infectious exposures and outbreaks on nurse and infection preventionist workload. American Journal of Infection Control 47 (2019) 623−627.

Sinopse por: Karine Ferreira de Oliveira

Contato: [email protected]

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