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Qual o futuro do controle de infecção segundo a APIC (associação dos profissionais de controle de infecção dos Estados Unidos)?

Evolução da profissão: Uma atualização da perspectiva do modelo de competências no desenvolvimento do profissional de controle e prevenção de infecções.

Em 2012 o Modelo de competência da associação para profissionais controladores de infecção e epidemiologia dos Estados Unidos, foi desenvolvido, com o objetivo de nortear os controladores por 2-5 anos. A evolução deste conteúdo proporcionou um avanço desses profissionais para outras competências.

Com o novo modelo, o CI (Controlador de Infecção), pode envolver a segurança do paciente durante todo o seu cuidado, fato esse que transcende as paredes da unidade hospitalar, para cuidados domiciliares e até trabalhos laboratoriais. Foram desenhadas algumas áreas de domínio dos C.I.´s. Para desenvolver esse modelo foi necessária uma revisão e coleta de informações em 7 grupos envolvidos tanto no modelo anterior quanto na construção do futuro, traçando um perfil multifacetado desses controladores de infecção.

O modelo se sobrepõe intencionalmente a domínios e subdomínios de competência para refletir a complexidade da prática do controle de infecções.

Afinal, como esse modelo de desenvolvimento de controladores de infecção foi elaborado?

Foram desenvolvidos 4 estágios de progressão do profissional, entre novato e expert, interdependentes entre si e a sua evolução leva à formação certificada. Foram desenvolvidos os domínios e subdomínios que competem a cada característica.

                              apic

Figura 1- A escada de evolução do profissional controlador de infecção e as múltiplas habilidades a serem desenvolvidas no exercício dessa profissão.

Como podemos notar, grandes mudanças no nível organizacional foram realizadas, classificando o profissional nos mais diferentes níveis de conhecimento e experiência, sendo possível até, após análises, a sua certificação. Diante desse manual, temos vários domínios que serão especificados bem suas características, ou seja, o desenvolvimento de um perfil.

Quais os domínios qual a importância desses na formação e/ou certificação desse profissional? Quais os subdomínios?

Os principais domínios estão descritos abaixo com seus subdomínios principais. Vale salientar que constituindo um profissional desde o novato até o expert, eles devem ser desenvolvidos nas mais variadas formas, contando sempre com a capacidade individual e proatividade.

O que o modelo destaca no domínio da liderança?

O profissional envolvido deve ter uma visão clara e uma boa relação com os líderes e colegas para formarem alianças comprometidas com o programa.

1.1-Comunicação: Buscar o melhor meio de passar sua mensagem. Desenvolver uma rede interdisciplinar com peças chaves, proporcionando o acompanhamento do desfecho do paciente;

1.2 Pensamento crítico: Usar todas as informações à sua disposição para examinar a situação problema e procurar formas criativas de aplicar conhecimento e evidencias;

1.3 Colaboração: Ouvir e respeitar as opiniões alheias demonstrando comprometimento e desenvolvendo lealdade nos demais, construindo uma rede crítica no serviço;

1.4 Ciência comportamental: Com o conhecimento da ciência do comportamento e posicionados de forma para recomendar como a informação é transmitida aos líderes locais e líderes institucionais, para a mudança comportamental contínua;

1.5 Gerenciamento de programas: Deverão ter voz mais forte e participar das discussões com as partes interessadas, garantindo que sua experiência em controle e prevenção de infecção esteja presente durante a tomada de decisões chaves;

1.6 Ensino: Deverão transmitir conhecimentos sobre prevenção de infecção através da sua experiência profissional e ajudar os colegas na adaptação das informações de livros didáticos e diretrizes baseadas em evidências para a realização de protocolos e solução de problemas relacionados.

O que o modelo destaca para as habilidades em gestão?

O controlador de infecção deve estar disposto e pronto para ser responsabilizado por um setor organizado nas instituições  para as quais eles trabalham.

2.1 Responsabilidade: Os controladores de infecção devem ter habilidades em comunicação, educação, construção de relacionamentos, mudança de comportamento e facilitação para garantir que todos atuem de acordo com as recomendações e que todos os profissionais de saúde sejam educados e se sintam responsáveis por prevenir e controlar infecções.

2.2 Ética: Como administradores da profissão, os controladores de infecção devem demonstrar os mais altos padrões de conduta pessoal e profissional, responsabilidade, comportamento e tomada de decisões.

2.3 Perspicácia financeira: Estarem aptos a realizarem uma análise de custo benefício nas iniciativas de controle de infecção e na implementação de programas como lavagem de mãos e nos demais que devem ser desenvolvidos nas entidades;

2.4- Saúde populacional: Abordar a segurança do paciente nos mais variados setores de saúde, agindo com prevenção, controle e até em modalidades de tratamento, pensando fora das paredes do hospital;

2.5- Cuidado contínuo: O controlador deve facilitar a comunicação entre os serviços.

Como o controlador de infecção deve contribuir com a qualidade assistencial?

Ele deve estar ciente que toda melhoria requer análise significativa e uso de dados; uma clara compreensão de como avaliar o risco, aplicar estratégias de redução de risco, e incorporar metodologia de melhoria de desempenho e a capacidade de manter um foco na segurança do paciente.

3.1 Prevenção de infecção: Ele deve ter acesso a fontes de conhecimento, técnica e expertise em prevenção e controle de infecção. Ter consciência e sistemas para entender como as mudanças no ambiente e a introdução de novas técnicas poderiam potencialmente impactar na segurança do paciente.

3.2 Melhoria do desempenho: É essencial para criar uma mudança transformadora, levando a melhores resultados em prevenção de infecção, que sejam mantidos. Diversas metodologias com ferramentas concomitantes estão disponíveis. Independentemente do método escolhido, os controladores de infecção devem avaliar o desempenho em uma determinada área, definindo metas alcançáveis, usando dados para iniciar mudanças, incorporando a teoria na prática profissional e desenvolvendo medidas que garantam a sustentabilidade da melhoria.

3.3 Segurança do paciente: Criar conexões dentro e fora do serviço de saúde para melhorar a oferta do trabalho, constituem esse item: preocupação com o evento adverso, sensibilidade às operações, relutância em simplificar e desenvolvimento de resiliência

3.4 Utilização de Dados: O objetivo da utilização de dados é auxiliar na tomada de decisões e estabelecimento de metas, desenvolver o programa anual do controle de infecções e determinar oportunidades prioritárias de melhoria, buscando a colaboração com pessoal da linha de frente e apresentando informações à liderança.

3.5 Detecção do risco e sua prevenção: Permite que seja determinado o foco da prevenção de infecção e planejar atividades. Adicionalmente, esse progresso pode levar a outros. O risco reduzido ocorre via implementação baseada em evidência.

3.6 Prevenção de infecções e controle de procedimentos de risco

3.7 Epidemiologia e vigilância

3.8 Rounding: realizar rounding Interdisciplinares e individuais. Apoio nas decisões e comunicação são peças chave.

Os profissionais controladores de infecção ainda devem apoiar ações de Limpeza, desinfecção e esterilização, ao uso racional de antibióticos, estar atentos às novidades na informatização de prevenção e controle de infecção e vigilância, além da participação em pesquisas. Acredito que a construção do perfil agrega muitos valores em um profissional do mais alto nível técnico, que apenas em condições exemplares, com toda a estrutura disponível, ou seja, serviços de qualidade e com gestão em pleno funcionamento, talvez condizente com a realidade do país da equipe que escreveu perfil de profissional.

Por quanto tempo esse modelo será usado e como aplicar todas essas competências?

O modelo funcionará como princípio para essa formação por 2-5 anos. E A aplicação do modelo pode ser usada para melhorar orientação e avaliação contínua de competências, para desenvolvimento de profissionais ,  esclarecer papéis e responsabilidades. O objetivo é desenhar uma  jornada de carreira de forma consistente e padronizada.

Como alterativa para melhorar o cuidado à  nível territorial, foi criada uma ferramenta de auto-avaliação interativa online que ajuda os controladores proficientes a identificar oportunidades de crescimento e desenvolvimento por meio dos domínios de competência orientados para o futuro. Isso pode ser usado pela instituição em si.

Outra alternativa é a de desenvolver metas personalizadas para passar para a próxima fase da carreira. Incluindo conteúdo de competência delineado no modelo que se encaixa dentro das metas da organização. É possível desenvolver demonstrativos de competência usando as definições de domínio e subdomínio como um guia, permitindo avaliação contínua de competências de pensamento técnico, crítico e habilidades interpessoais.

Como esse artigo pode nos ajudar, enquanto controladores de infecção?

Acredito que acima de tudo, o modelo de 2019 para o desenvolvimento do perfil de profissionais discutido é organizado, permite uma visão ampla das capacidades e discernimento do perfil de funcionário que deve desenvolver essa função, além de ter ferramentas para avaliar a evolução do mesmo. De forma otimista, enxergo nesse tipo de profissional a maior parte dessas capacidades, em cada um de nós (incluo-me atualmente como controladora), somos como polvos, com vários tentáculos para dar conta de todas essas funções ao mesmo tempo, acredite….há quem consiga! Porém, as forças estão divididas, com mais diversas funções nas unidades hospitalares, postos de saúde, cuidados domiciliares, enfim nos cenários mais diversificados, a pessoa, em sua maioria o enfermeiro responsável por essa “ mágica” também é da CME, das comissões, assistencial, ajuda na gerencia….MULTIFACETADO!!!!

É interessante ver que nossas capacidades podem atravessar as paredes do local de trabalho, expandir-se para um cuidado mais ampliado e aumentar o seu impacto, ganhamos novos territórios e pela narrativa, uma voz mais forte, vale destacar que desenvolveu-se de uma forma muito concisa e torço para que isso chegue além dos países do hemisfério norte.

Uma observação interessante é que o curso MBA Gestão em saúde e controle de infecção já inclui praticamente todos estes temas em sua grade curricular desde sua primeira turma em 2.003, justificando sua liderança e os resultados satisfatórios que seus alunos conseguem em sua carreira profissional.

Fonte: Billings C et al. Advancing the profession: An updated future-oriented competency model for professional development in infection prevention and control. American journal of infection control, v. 47, n. 6, p. 602-614, 2019.

Sinopse por: Sara Fernanda Hilgert

Contato: [email protected]

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