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Prevenção de infecções associadas a dispositivos — cuidados com cateteres venosos

👩‍🏫 Professora Convidada: Enf. Jessica Silveira

🎙 Mediação: Prof. Tadeu Fernandes e Enf. Karine Oliveira

📌 Boas práticas no manejo e manutenção de cateteres venosos

📌 Estratégias de prevenção de infecções associadas a dispositivos

📌 Dicas para fortalecer a adesão da equipe e melhorar indicadores assistenciais

✨ Atualize-se sobre recomendações práticas e baseadas em evidências

✨ Entenda os principais riscos e como atuar para reduzi-los

✨ Aprimore a segurança do paciente em procedimentos invasivos

🙋 Participe ao vivo: envie suas dúvidas, compartilhe situações do seu serviço e troque experiências com colegas de todo o Brasil.

Minutagem:

04:38 Início da apresentação

07:14 Epidemiologia da Infecção de Corrente Sanguínea

09:16 Acessos vasculares

13:54 Cateteres centrais

19:06 Cateteres centrais- CICC

20:47 Cateteres centrais- PICC

26:16 Cateteres centrais- FICC

27:34 Cateteres periféricos

34:34 Prevenção baseado em evidência

36:43 Higiene das mãos

40:19 Acessos vasculares

42:42 Bundles de cateteres

51:03 Prevenção inicia antes da inserção e se mantém até a remoção

52:31 Teste de patência: fluxo e refluxo

54:53 Fisiopatogênia da infecção de corrente sanguínea

58:17 Troca de curativos

1:01:20 Sinais flogísticos

1:05:03 Tecnologia e inovação

1:10:10 Processos padronizados

17:07:12 Cultura de Segurança do Paciente

1:08:33 Indicadores assistenciais

1:13:52 Cateteres impregnados

1:24:56 O que é turbilhonamento?

 

A Arte de Manter um Cateter: Novas Classificações e Estratégias na Prevenção de Infecções Venosas

“Inserir um cateter é tecnicamente fácil, mantê-lo é uma arte.”

Essa foi a frase de abertura da aula ministrada pela enfermeira Jéssica no canal do Instituto CCIH+, e ela resume perfeitamente o complexo desafio que as equipes de saúde enfrentam diariamente. Enquanto a indústria de dispositivos médicos avança, introduzindo uma miríade de novos produtos, as Infecções de Corrente Sanguínea (ICS) associadas a esses dispositivos permanecem como uma das principais causas de mortalidade hospitalar no mundo, com taxas de sepse secundária no Brasil atingindo níveis alarmantes.

A aula propõe uma revisão profunda não apenas das práticas, mas do próprio pensamento clínico sobre terapia infusional. O debate central é que a prevenção eficaz de infecções não reside apenas em seguir “bundles”, mas em compreender fundamentalmente o dispositivo que está sendo utilizado, o seu propósito e os riscos inerentes a cada manipulação.

A Nova Linguagem: Por que a Posição da Ponta é Mais Importante que o Nome

Historicamente, os profissionais de saúde aprenderam a classificar cateteres por seus nomes comerciais ou tipos (CVC, Porth, Hickman, PICC). A aula, no entanto, destaca uma mudança crucial de paradigma, alinhada com as diretrizes globais (como a INS – Infusion Nurses Society): a classificação deve ser feita pela *localização da ponta do cateter.

Essa nova nomenclatura define onde o medicamento será infundido e, consequentemente, que tipo de cuidado ele exige:

  1. Cateter Central: Aquele cuja ponta termina na Veia Cava (Superior ou Inferior). É o único local seguro para drogas com pH extremo (<5 ou >9) ou alta osmolaridade (>900 mOsm/L).

2* SIQC: Cateter de Inserção Central (ex: Jugular, Subclávia), com ponta central. Pode ser de curta permanência (não tunelizado) ou longa (tunelizado/totalmente implantado).

3* PICC: Cateter de Inserção Periférica, mas com posicionamento central.

4* FIQC: Cateter de Inserção Femoral, com ponta central. É considerado o de maior risco de infecção devido à sua localização.

  1. Cateter Periférico: A ponta não está na veia cava (termina em vasos como a axilar).
    • Linha Média (Midline): Um cateter mais longo (15-25 cm) que é inserido perifericamente, mas cuja ponta para na região axilar.

Por que essa distinção é vital? Como Jéssica exemplificou, um PICC (central) que exterioriza 10 cm durante uma troca de curativo, muito provavelmente deixou de ser central. Se a equipe continuar a infundir drogas vasoativas ou nutrição parenteral (NPT) com alta osmolaridade, estará, na prática, infundindo uma substância cáustica em uma veia periférica, levando a um dano tecidual severo.

Os Pilares da Manutenção: Desmistificando Práticas Comuns

O verdadeiro foco da prevenção de infecções ocorre após a inserção. A aula desmistificou várias práticas diárias que, quando feitas incorretamente, se tornam as principais portas de entrada para microrganismos.

  1. A Falácia do “Soro a 10ml/h”

Uma das críticas mais contundentes foi à prática de manter cateteres “salinizados” com uma infusão contínua de soro em baixa velocidade (ex: 10 ml/h). Essa prática não previne infecção nem obstrução. O fluxo é laminar (reto) e passa pelo centro do lúmen, permitindo que fibrina e biofilme se acumulem nas paredes do cateter. Além disso, gera custos desnecessários com equipos e soluções, e sobrecarrega o paciente com volume.

  1. A Prática Correta: Fluxo Pulsátil (O “Soquinho”)

A manutenção eficaz da permeabilidade é feita com o flushing (lavagem) em fluxo pulsátil ou turbilhonado. A técnica, descrita como “soquinho, soquinho, soquinho” (injeções curtas e rápidas de 1ml), cria turbulência dentro do cateter, limpando mecanicamente as paredes internas e prevenindo a formação de biofilme.

  1. O Risco da Patência Parcial

Um cateter só está seguro para uso se apresentar fluxo e refluxo (retorno sanguíneo). A aula foi enfática ao alertar que um cateter que “só infunde, mas não reflui” é um sinal de alerta máximo. Pode indicar que a ponta migrou para a pleura, que há um rompimento ou que há uma obstrução severa na ponta. Administrar quimioterapia ou drogas vasoativas em um acesso sem refluxo é correr um risco inaceitável de extravasamento.

Além do Sítio de Inserção: Onde a Infecção Começa

Frequentemente, o foco da prevenção de ICS se limita ao curativo. No entanto, a aula expandiu o conceito de “porta de entrada” para todo o sistema:

  • Preparo de Medicação: A borracha (tampa) de um frasco-ampola de antibiótico não é estéril. Ela viajou por caixas e estoques. A falta de desinfecção dessa borracha com álcool antes da reconstituição pode contaminar a medicação na origem.
  • O Sistema de Conectores: A imagem de um cateter com múltiplas “torneirinhas” (three-ways) e conectores expostos foi usada para ilustrar como cada conexão desnecessária é uma oportunidade de contaminação. O uso de sistemas fechados e conectores valvulados é uma barreira essencial.
  • O Curativo: O curativo deve ser trocado a cada 7 dias (transparente) ou 48 horas (gaze), e imediatamente se estiver sujo, úmido ou solto. O uso de gaze sob o curativo transparente (exceto por 24h pós-inserção) cria um ambiente úmido e quente, ideal para proliferação de fungos e bactérias.

O Futuro: Tecnologia e Cultura de Segurança

A aula concluiu abordando o papel das novas tecnologias, como cateteres e curativos impregnados (com clorexidina ou prata), que são ferramentas importantes de Nível 1A de evidência. Contudo, elas não substituem os fundamentos.

A prevenção de infecção não é um ato isolado, mas uma cultura. Isso exige a implementação de checklists de inserção, a realização de auditorias de processo (e não apenas de resultados) e, o mais importante, a criação de uma cultura de segurança onde qualquer membro da equipe, de qualquer nível, sinta-se capacitado e obrigado a interromper um procedimento se uma barreira asséptica for quebrada.

Como resumiu a palestrante, “cada manipulação é uma oportunidade de prevenir uma infecção”. O objetivo final não é apenas manter o acesso, mas lembrar o lema que guia a terapia infusional moderna: “Salve veia, salve vida.”

FAQ: Prevenção de Infecções e Cuidados com Cateteres Venosos

Esta página destina-se a responder às principais dúvidas de gestores hospitalares, membros da CCIH, médicos, farmacêuticos e enfermeiros sobre as melhores práticas em terapia infusional.

I. Classificação e Escolha Estratégica de Dispositivos

1. Qual é a mudança fundamental na classificação de cateteres venosos discutida na aula?

A mudança principal é classificar os cateteres pela posição da ponta (onde o medicamento é infundido) e não apenas pelo local de inserção ou nome comercial. A ponta estar ou não na Veia Cava (Central vs. Periférico) define quais drogas podem ser administradas e o risco associado.

2. O que significam as siglas SIQC, PICC e FIQC?

São subdivisões dos cateteres centrais (ponta na Veia Cava):

3. Qual a diferença crucial entre um PICC e um Midline (Linha Média)?

Ambos são inseridos perifericamente (geralmente no braço). A diferença é a ponta:

4. Quando a escolha do dispositivo impacta diretamente a gestão hospitalar?

A escolha correta evita falhas de tratamento e custos. Por exemplo, um paciente que precisa de 14 dias de antibiótico (como citado na aula) se beneficia de um Midline, que evita as múltiplas punções de um acesso periférico curto (AVP) e os riscos de infecção de um acesso central (CVC). A escolha errada (ex: múltiplas punções) esgota a rede venosa e prolonga a internação.

5. Quais drogas exigem estritamente um acesso central?

Qualquer solução com pH inferior a 5 ou superior a 9 (ex: Fenitoína, Amiodarona), osmolaridade superior a 900 mOsm/L (ex: Nutrição Parenteral Total – NPT), ou drogas vesicantes/irritantes (ex: quimioterápicos, drogas vasoativas como Noradrenalina). Infundir essas drogas em acesso periférico pode causar flebite química grave e necrose tecidual.

II. Práticas de Manutenção

6. Qual a técnica correta de flushing (lavagem) do cateter?

A técnica correta é o fluxo pulsátil (descrito na aula como “soquinho, soquinho, soquinho”). Consiste em injetar o soro em pequenas “pausas” (ex: 1ml por vez), o que cria turbulência e limpa mecanicamente as paredes internas do lúmen, removendo fibrina e biofilme.

7. A infusão contínua de soro a 10ml/h previne obstrução?

Não. A aula foi enfática em afirmar que esta é uma prática ineficaz. O fluxo a 10ml/h é laminar (reto) e passa apenas pelo centro do cateter, não limpando as paredes e permitindo o acúmulo de biofilme. Além disso, gera custos desnecessários e risco de sobrecarga de volume no paciente.

8. Por que um cateter que “só infunde, mas não reflui” não deve ser usado?

Um cateter só é considerado seguro se tiver fluxo e refluxo (retorno de sangue). A ausência de refluxo é um sinal de alerta máximo. Pode indicar uma obstrução na ponta, migração do cateter (ex: para a pleura) ou formação de “bainha de fibrina”. Infundir quimioterapia ou drogas vasoativas sem refluxo pode causar extravasamento grave.

9. Além do hub (conector), onde mais a farmácia e a enfermagem devem se atentar à contaminação?

No preparo da medicação. A aula destaca que a tampa de borracha do frasco-ampola (ex: antibióticos) não é estéril. Ela deve ser desinfetada com álcool 70% antes da perfuração pela agulha, pois a falta dessa fricção pode contaminar a medicação na origem.

10. Qual a diferença de cuidado no flushing de um PICC valvulado vs. um de ponta aberta (com clamp)?

  • Ponta Aberta (com clamp): Exige a técnica de “pressão positiva”. O profissional deve clampear o cateter enquanto ainda está injetando o último ml de soro, para evitar o refluxo de sangue para dentro do cateter.
  • Valvulado (sem clamp): Possui uma válvula interna que se fecha automaticamente, impedindo o refluxo de sangue. Não é necessário clampear durante a injeção.
  • Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Prevenção de infecções associadas a dispositivos

11. Como evitar a “queimadura química” por clorexidina alcoólica?

A lesão de pele ocorre quando o curativo transparente é aplicado sobre o antisséptico (clorexidina alcoólica) ainda úmido. O álcool fica “preso” e macera a pele. A prevenção exige esperar a secagem completa do antisséptico (mínimo 30 segundos, ou até 2 minutos) antes de aplicar o curativo. Nunca se deve abanar ou secar com gaze.

12. Qual a frequência recomendada para troca de curativos de cateter central?

13. Qual o tamanho mínimo da seringa para o flushing?

Deve-se usar sempre seringas de 10ml ou maiores. Seringas menores (1, 3, 5ml) geram uma pressão interna (PSI) muito alta, que pode romper o cateter.

III. CCIH e Gestão Hospitalar

14. Por que a CCIH deve auditar os Bundles além de apenas checar se foram preenchidos?

A aula alerta para o risco do “X” no bundle ser apenas um ato burocrático. A CCIH deve auditar o processo (ex: observação direta) para garantir que as práticas (higiene das mãos, fricção do hub, técnica de curativo) estão sendo feitas corretamente. Um bundle apenas preenchido não garante a prevenção se a prática for falha.

15. Qual é a prática mais básica e eficaz na prevenção de infecção de cateter?

A higiene das mãos. Conforme citado na aula, é o pilar de todas as ações. Deve ser realizada nos 5 momentos, e especialmente antes de qualquer manipulação do cateter ou conexões.

16. A CCIH deve se preocupar com infecções em acessos periféricos (flebite)?

Sim. Embora a notificação compulsória seja focada nos acessos centrais, a aula reforça que uma infecção em acesso periférico (flebite infecciosa) pode ser grave. O monitoramento das taxas de flebite pela CCIH é um indicador de qualidade da terapia infusional e da prática de enfermagem.

17. O que é “Cultura de Segurança” aplicada à inserção de cateteres?

É o ambiente onde qualquer membro da equipe (ex: o enfermeiro que circula, o técnico) se sente seguro para interromper o procedimento (como a inserção de um CVC) se notar uma quebra de barreira (ex: contaminação da luva, máscara caindo), sem medo de represálias. Isso é mais importante que punir o erro.

IV. Novas Tecnologias

18. O que são cateteres impregnados e qual sua recomendação?

São cateteres (CVC) que vêm de fábrica impregnados com antissépticos (ex: clorexidina e sulfadiazina de prata). Eles liberam gradualmente a substância para prevenir a colonização e formação de biofilme. O CDC (EUA) os recomenda (Categoria 1B) em unidades com altas taxas de infecção, mesmo após a implementação dos bundles básicos.

19. O que são os curativos impregnados com Clorexidina?

São curativos transparentes que possuem uma pequena placa de gel de gluconato de clorexidina. Essa placa fica sobre o sítio de inserção e oferece proteção antisséptica contínua por até 7 dias, protegendo contra a infecção extraluminal. São recomendados (Categoria 1A) pelo CDC.

20. O uso de tecnologia (cateteres impregnados) substitui os cuidados básicos (higiene das mãos, bundle)?

Não. A aula é clara ao afirmar que a tecnologia é um apoio, mas não substitui os fundamentos. A higiene das mãos e a execução correta das práticas do bundle (como a desinfecção do hub e a técnica asséptica) continuam sendo a base da prevenção de infecção.

 

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