Monitorar higiene das mãos com câmeras de TV dá resultado?
Estudo transversal realizado em uma Unidade de Terapia intensiva em Israel busca avaliar a adequação do monitoramento secreto por televisão em circuito fechado como uma alternativa à observação direta da conduta de HM de profissionais de saúde que cuidam de pacientes infectados com organismos multirresistentes.
Qual a importância de se avaliar a adesão à HM de profissionais que cuidam de pacientes com organismos multirresistentes?
As infecções associadas aos cuidados de saúde (IRAS) constituem um risco importante para pacientes hospitalizados, e é essencial fazer todos os esforços para garantir cuidados de saúde mais seguros. Uma proporção relativamente alta dessas bactérias desenvolvem resistência a antibióticos multidrogas devido a terapia antibiótica prolongada, inconsistente ou inadequada. A transmissão de organismos patogênicos multirresistentes de paciente para paciente acontece através da contaminação manual de profissionais de saúde. Esses organismos multirresistentes são, daí em diante, facilmente transmitidos do paciente infectado com organismos multirresistentes para outros pacientes na enfermaria, devido à aderência abaixo do ideal dos profissionais de saúde às diretrizes de higiene das mãos (HM). Por esse motivo, vários programas de monitoramento de HM foram introduzidos para melhorar a conduta dos profissionais de saúde que cuidam de pacientes infectados com organismos multirresistentes.
Quais as formas de monitoramento de HM possíveis?
Alguns programas de monitoramento da HM envolvem pacientes e familiares no processo de observação, enquanto outros empregam uma variedade de dispositivos eletrônicos para avaliar a conformidade, por sistemas de contagem de dispensadores e lavagem das mãos; dispositivos para medir o volume do produto; crachás de identidade Wi-Fi modificados para detectar vapores de álcool; sistemas de crachás de identificação por radiofrequência e redes automatizadas de monitoramento de HM.
Recentemente, foi descoberto que o sistema de televisão em circuito fechado era um método objetivo e confiável para a vigilância da HM na UTI e que foi tão eficaz quanto o método padrão de observação aberta recomendado pela OMS e pelo Ministério da Saúde de Israel.
Como ocorreu o estudo?
Uma equipe de 5 observadores treinados (composta por 3 médicos, 1 estudante de medicina e 1 membro da CCIH) operou o sistema. O presente estudo compreendeu 3 fases: na fase 1, a confiabilidade dos observadores foi validada simultaneamente comparando as observações de 2 observadores treinados. Na fase 2, a confiabilidade Inter examinadores para o sistema de televisão em circuito fechado foi igualmente validada. Finalmente, na fase 3, a eficácia do sistema de monitoramento de televisão em circuito fechado foi comparado com a técnica de observação direta dos profissionais de saúde atuando. O time observou apenas 1 ou 2 profissionais de saúde por vez. Conforme recomendado pela OMS, foram observadas pelo menos 200 oportunidades para realizar HM em cada fase, abrangendo todas as 5 indicações da OMS para HM.
Qual foi a adesão à HM com o sistema fechado de televisão?
No geral, durante 49 sessões, foram documentadas 1.104 oportunidades para desempenho de HM por profissionais de saúde que cuidavam de pacientes infectados com organismos multirresistentes sujeitos a precauções de contato.
Observações realizadas pelo método único aberto (nas fases 1 e 3) produziu uma taxa de conformidade geral de 37,3% (50 desempenhos reais de HM em 134 oportunidades), enquanto as observações conduzidas pelo método único secreto (nas fases 2 e 3) gerou uma taxa de conformidade geral de 26,9% (82 desempenhos reais de HH em 305 oportunidades). As sessões observacionais simultâneas “abertas versus secretas” (fase 3) produziram uma taxa de conformidade de 33,4% (111 performances reais de HM em 332 oportunidades) pelo método aberto e 29,3% (96 performances reais de HM de 328 oportunidades) pelo método simultâneo secreto.
Afinal, a avaliação por circuito de televisão vale a pena?
O método de televisão em circuito fechado é intrinsecamente confiável por causa de sua capacidade de neutralizar o efeito Hawthorne e, além disso, é de fato mais preciso em retratar a realidade da conformidade com HM do que o método de observador aberto.
Além de sua confiabilidade, a observação de televisão em circuito fechado também possui várias vantagens adicionais: evita a necessidade de presença do observador na sala de isolamento, e também permite a observação simultânea de vários profissionais de saúde, enquanto permite ao observador alterar as configurações facilmente (por exemplo, seguir os profissionais de saúde que se deslocam de sala em sala). O estudo mostra que o monitoramento de televisão em circuito fechado se correlaciona extremamente bem com observação direta ostensiva, e que, portanto, é apropriado, um método confiável e neutro para observar a conformidade de profissionais de saúde com adesão a HM em um cenário complexo do atendimento na UTI de pacientes infectados com organismos multirresistentes, que estão sujeitos a precauções de contato. Sugerimos que UTIs que já possuem sistemas de televisão em circuito fechado, considerarem a implementação de televisão em circuito fechado secreto para a observação da HM de profissionais de saúde que cuidam de pacientes infectados com organismos multirresistentes.
Quais limitações o estudo apresentou?
O estudo tem duas limitações importantes: primeiro, prórpio monitoramento, pois o sistema não foi programado para fazer gravações para referência futura, e, portanto, não foi possível reavaliar retrospectivamente os dados; e segundo, o desenho do estudo impedia a capacidade de avaliar a amostragem, um erro porque o pessoal da UTI na unidade de saúde variou bastante durante o período de observação.
Fonte: Riven IL et als. Efficacy of covert closed-circuit television monitoring of the hand hygiene. American Journal of Infection Control 48 (2020) 517-521.
compliance of health care workers caring for patients infected with
multidrug-resistant organisms in an intensive care unit
Sinopse por: Sarah F Vilella
Contato: [email protected]l.com
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