Como a modelagem matemática pode contribuir com a CCIH para passar de uma abordagem reativa para uma abordagem pró ativa de seus indicadores? As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) continuam entre os maiores desafios de hospitais em todo o mundo, elevando taxas de morbidade, mortalidade e custos assistenciais. Até hoje, a principal arma tem sido a vigilância e resposta reativa a surtos. Mas será que apenas reagir basta em uma era de resistência antimicrobiana crescente?
Este artigo apresenta como a dinâmica de transmissão e a modelagem matemática estão transformando a prática do controle de infecção. Ferramentas antes vistas como teóricas já permitem prever cenários, testar intervenções antes da implementação e otimizar recursos de forma inédita. Para gestores e profissionais de CCIH, esse é o próximo passo indispensável rumo a uma saúde mais segura e eficiente.
Para Além da Vigilância – Prevendo e Moldando o Futuro do Controle de Infecção
No epicentro da medicina moderna, o ambiente hospitalar representa um ecossistema de complexidade inigualável, onde a interação entre pacientes, profissionais de saúde e o ambiente físico cria uma teia intrincada para a transmissão de patógenos. As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) persistem como um dos desafios mais significativos para a segurança do paciente, impondo um fardo substancial em termos de morbidade, mortalidade e custos para os sistemas de saúde em todo o mundo (Ref. 1, Ref. 2). Por décadas, a epidemiologia hospitalar, alicerçada na vigilância rigorosa e na resposta a surtos, tem sido nossa principal linha de defesa. Essa abordagem, embora fundamental, é inerentemente reativa; ela nos permite entender o que já aconteceu, traçar as cadeias de transmissão após o fato e implementar medidas para conter a disseminação.
Contudo, em uma era de crescente resistência antimicrobiana e de patógenos emergentes, a reatividade não é mais suficiente. A necessidade de antecipar, prever e prevenir surtos antes que eles se estabeleçam nunca foi tão premente. É neste cenário que a dinâmica de transmissão de doenças infecciosas, aliada ao poder da modelagem matemática, emerge não como uma ferramenta teórica abstrata, mas como a próxima evolução lógica e indispensável no arsenal do controle de infecção. A modelagem matemática oferece uma “representação simplificada de um sistema complexo”, permitindo-nos ir além da epidemiologia convencional para explorar os processos causais que governam a disseminação de patógenos (Ref. 6, Ref. 19).
A transição para uma abordagem que integra a modelagem representa uma mudança de paradigma fundamental para as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH). Passamos de uma postura reativa, baseada em dados de vigilância de eventos passados, para uma postura proativa e preditiva. Ao simular o ecossistema hospitalar, podemos testar cenários hipotéticos — o que aconteceria se aumentássemos a adesão à higiene das mãos em 20%? Qual o impacto de uma nova política de triagem na admissão? Qual a estratégia mais custo-efetiva para conter um surto de Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC)? — antes de sua implementação no mundo real (Ref. 2, Ref. 5). Este artigo explora os princípios fundamentais da dinâmica de transmissão, desmistifica as ferramentas de modelagem matemática e demonstra, através de uma revisão crítica da literatura científica recente, como essa nova fronteira pode capacitar os profissionais de controle de infecção a não apenas reagir ao presente, mas a moldar ativamente um futuro mais seguro para os pacientes.
Os Pilares do Crescimento Epidêmico: Decifrando o Número Reprodutivo Básico (R0) no Ambiente Hospitalar
No cerne de qualquer epidemia, seja em uma comunidade global ou em uma unidade de terapia intensiva, reside um conceito matemático de notável simplicidade e poder: o número reprodutivo básico, ou R0. Definido como o número médio de infecções secundárias geradas por um único indivíduo infeccioso em uma população totalmente suscetível, o R0 funciona como o “motor” de um surto (Ref. 1). Se R0>1, cada caso gera, em média, mais de um novo caso, e a infecção se espalha exponencialmente. Se R0<1, a cadeia de transmissão é insustentável e o surto se extingue. Se R0=1, a doença torna-se endêmica, persistindo na população em um nível estável. Para o profissional de controle de infecção, a missão pode ser resumida de forma elegante: implementar estratégias que, coletivamente, forcem o R0 de um patógeno hospitalar para um valor consistentemente abaixo de 1.
A verdadeira utilidade do R0 para a prática da CCIH reside na desconstrução de seus três componentes fundamentais, cada um dos quais corresponde a um domínio de intervenção direta:
- Probabilidade de Transmissão por Contato (β): A chance de um patógeno ser transmitido durante um contato entre um indivíduo infeccioso e um suscetível.
- Taxa de Contatos Efetivos (c): O número de contatos que um indivíduo infeccioso tem com indivíduos suscetíveis por unidade de tempo.
- Duração do Período Infeccioso (d): O tempo durante o qual um indivíduo colonizado ou infectado pode transmitir o patógeno.
A relação é expressa como R0=β×c×d (Ref. 1). Esta equação revela que o R0 não é uma constante biológica do patógeno, mas sim uma medida dinâmica que depende da interação entre o agente, o hospedeiro e o ambiente — a clássica tríade epidemiológica (Ref. 1).
O poder deste conceito reside em sua capacidade de fornecer um framework quantitativo unificador para todas as atividades da CCIH. Ele transforma o que poderia ser visto como uma longa lista de intervenções desconexas em um conjunto coeso de estratégias que atuam sinergicamente sobre os mesmos parâmetros matemáticos. Cada medida de controle de infecção padrão pode ser mapeada diretamente para a redução de um ou mais componentes do R0:
- Reduzindo β (Probabilidade de Transmissão): Intervenções que criam barreiras entre o patógeno e o hospedeiro suscetível. Isso inclui a higiene das mãos, o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), a limpeza e desinfecção ambiental e a antissepsia da pele do paciente. Um estudo de custo-efetividade, por exemplo, que demonstra a superioridade de um “bundle” de higiene das mãos e limpeza ambiental (Ref. 19), está, em termos matemáticos, mostrando que a redução combinada na probabilidade de transmissão (mediada pelo profissional de saúde e pelo ambiente) oferece o maior impacto no R0 por real investido.
- Reduzindo c (Taxa de Contatos): Intervenções que limitam a oportunidade de contato entre indivíduos infecciosos e suscetíveis. Exemplos clássicos são as precauções de contato, o isolamento de pacientes em quartos privativos, a implementação de coortes de pacientes e de profissionais de saúde, e a restrição de visitas.
- Reduzindo d (Duração da Infecciosidade): Intervenções que diminuem o tempo em que um paciente é uma fonte de transmissão. Isso inclui o tratamento antimicrobiano apropriado, a descolonização de pacientes portadores de patógenos como Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), e a otimização dos processos para uma alta hospitalar segura e precoce.
Essa perspectiva permite que a CCIH pense estrategicamente sobre quais “alavancas” do R0 oferecem o maior retorno e como diferentes intervenções podem ter efeitos multiplicativos, em vez de apenas aditivos. Em vez de perguntar “Estamos seguindo a diretriz?”, a equipe pode perguntar “Como esta ação está impactando o R0 em nossa UTI?”. Essa mudança de mentalidade é o primeiro passo para integrar a dinâmica de transmissão na prática diária do controle de infecção.
Visualizando a Disseminação: A Evolução dos Modelos para o Ecossistema Hospitalar
Para aplicar o conceito de R0 e prever a trajetória de um surto, os epidemiologistas utilizam modelos matemáticos. O ponto de partida histórico e conceitual é o modelo compartimental SIR (Suscetível-Infectado-Recuperado), desenvolvido no início do século XX (Ref. 1). Este modelo divide a população em três “compartimentos” e descreve o fluxo de indivíduos entre eles através de equações diferenciais. Embora elegante e poderoso para entender epidemias em grandes populações, o modelo SIR clássico se baseia em uma premissa fundamental que o torna inadequado para a complexa realidade hospitalar: a mistura homogênea, onde se assume que cada indivíduo infectado tem a mesma probabilidade de entrar em contato com qualquer indivíduo suscetível.
A experiência prática da CCIH e os estudos de surto demonstram que esta premissa é fundamentalmente falha no ambiente hospitalar. A transmissão não é aleatória; ela é ditada pela arquitetura do hospital, pela alocação de profissionais, pela movimentação de pacientes e pela presença de reservatórios ambientais (Ref. 10, Ref. 11). Um paciente na UTI cirúrgica não tem a mesma probabilidade de ser exposto a um patógeno de um paciente na enfermaria de clínica médica. Reconhecendo essa limitação, a modelagem de IRAS evoluiu significativamente, refletindo um amadurecimento da nossa compreensão epidemiológica do hospital como um ecossistema complexo e interconectado.
Modelos Compartimentais Avançados
A primeira evolução do modelo SIR foi a adição de compartimentos que refletem melhor a história natural das IRAS. Modelos podem incluir um estado Exposto (E) para patógenos com um período de latência (modelos SEIR), ou, mais importante para o contexto hospitalar, um estado Colonizado (C), que distingue portadores assintomáticos de pacientes com infecção ativa (Ref. 12, Ref. 13). Além disso, modelos mais sofisticados criam compartimentos separados para profissionais de saúde (HCW), que atuam como vetores transitórios, e para o ambiente (E), que pode funcionar como um reservatório persistente (Ref. 13). Embora seja uma melhoria, esta abordagem ainda trata todos os indivíduos dentro de um compartimento (por exemplo, “todos os enfermeiros da UTI”) como homogêneos.
Modelos Baseados em Agentes (Agent-Based Models – ABM)
O verdadeiro salto conceitual veio com os Modelos Baseados em Agentes. Em vez de uma abordagem “top-down” com compartimentos, os ABMs utilizam uma abordagem “bottom-up”, simulando indivíduos — pacientes, médicos, enfermeiros — como “agentes” autônomos com atributos, comportamentos e localizações específicas em um ambiente virtual que replica a planta do hospital (Ref. 2, Ref. 14). Os agentes se movem, interagem de acordo com regras predefinidas (por exemplo, um enfermeiro visita seus pacientes designados, um médico faz uma ronda) e a transmissão ocorre probabilisticamente durante essas interações. Os ABMs são excepcionalmente adequados para capturar a heterogeneidade espacial e comportamental que define a transmissão nosocomial, permitindo a simulação detalhada de intervenções como coorte de profissionais ou o impacto da localização de um leito específico (Ref. 14, Ref. 15).
Dinâmica de Sistemas (System Dynamics – SD)
Outra abordagem “top-down”, a Dinâmica de Sistemas, foca em visualizar o sistema como um conjunto de estoques (por exemplo, número de pacientes colonizados) e fluxos (taxas de admissão, alta, novas colonizações). A força dos modelos SD reside em sua capacidade de capturar ciclos de feedback e relações não lineares (Ref. 2). Por exemplo, um aumento no número de pacientes infectados (estoque) pode levar a uma maior carga de trabalho para os profissionais (variável), o que pode diminuir a adesão à higiene das mãos (feedback), resultando em uma taxa de transmissão ainda maior (fluxo). Esta abordagem é útil para entender as dinâmicas de alto nível e os pontos de alavancagem sistêmicos (Ref. 22).
Essa evolução dos modelos, de SIR para ABM, não é apenas um avanço computacional. É o reflexo direto de como a epidemiologia hospitalar passou a reconhecer que as redes de contato e a estrutura espacial são os determinantes primários da transmissão, uma realidade que os modelos de mistura homogênea simplesmente não conseguem capturar. O modelo evoluiu para corresponder à complexidade da realidade observada no dia a dia da CCIH.
Aplicações Práticas da Modelagem: Da Evidência à Decisão na CCIH
A validação final de qualquer ferramenta científica reside em sua capacidade de resolver problemas do mundo real. A modelagem matemática, longe de ser um exercício puramente acadêmico, tem gerado insights práticos e acionáveis que podem informar diretamente as decisões estratégicas das equipes de CCIH. A literatura científica recente demonstra uma gama crescente de aplicações, desde a avaliação de intervenções até a otimização de recursos escassos.
Avaliando a Eficácia e Sinergia das Intervenções
Uma das aplicações mais poderosas da modelagem é a capacidade de conduzir “ensaios clínicos in loco“, testando a eficácia de diversas estratégias de controle antes de sua custosa e complexa implementação. Os modelos permitem não apenas avaliar intervenções isoladas, mas também, e talvez mais importante, desvendar a sinergia entre elas em “bundles”.
Um exemplo paradigmático é um estudo de modelagem que avaliou políticas de controle de MRSA em diferentes especialidades de enfermarias (cirúrgica, terapia intensiva e médica) (Ref. 22). Os resultados foram reveladores: a eficácia das políticas variava drasticamente dependendo do contexto da enfermaria. Enquanto a higiene das mãos se mostrou universalmente a intervenção mais eficaz, o impacto da triagem ativa na admissão e do isolamento de pacientes foi altamente dependente da dinâmica de fluxo de pacientes e da capacidade de leitos de cada especialidade. A conclusão central é que uma política de controle de infecção “tamanho único” para todo o hospital é subótima e potencialmente ineficaz. Os modelos demonstraram a necessidade de estratégias personalizadas, adaptadas às características únicas de cada setor, um insight difícil de obter apenas com estudos observacionais tradicionais. Da mesma forma, modelos foram usados para avaliar intervenções contra Clostridioides difficile (Ref. 19) e Enterobactérias Produtoras de Carbapenemase (CPE) (Ref. 21), fornecendo uma base de evidências para a priorização de estratégias.
Otimizando Recursos: Análises de Custo-Efetividade
Em um cenário de recursos de saúde cada vez mais limitados, justificar investimentos em prevenção é um desafio constante. A modelagem econômica, frequentemente utilizando estruturas como os modelos de Markov, é uma ferramenta crucial para traduzir desfechos clínicos em valor econômico. Esses modelos podem estimar o custo por infecção evitada, por morte prevenida ou por ano de vida ajustado por qualidade (QALY) ganho, permitindo uma alocação de recursos baseada em evidências (Ref. 17, Ref. 19).
Um estudo notável utilizou um modelo de decisão analítica para avaliar a custo-efetividade de várias intervenções para reduzir a transmissão de C. difficile (Ref. 19). A análise concluiu que uma abordagem combinada (“bundle”) de melhoria da higiene das mãos e da limpeza ambiental não era apenas clinicamente eficaz, mas também a estratégia mais custo-efetiva, gerando o maior benefício líquido monetário. Tais resultados fornecem aos gestores da CCIH dados robustos para defender investimentos em medidas de controle fundamentais, demonstrando que a prevenção não é apenas um imperativo clínico, mas também uma decisão financeiramente prudente.
Investigando Surtos e Rotas de Transmissão Ocultas
Durante a investigação de um surto, frequentemente é difícil discernir a contribuição relativa das diversas rotas de transmissão possíveis: contato direto entre pacientes, transmissão mediada pelas mãos dos profissionais de saúde, ou contaminação de superfícies e reservatórios ambientais. Modelos matemáticos podem ajudar a desvendar essa complexidade.
Um estudo inovador sobre a transmissão de Pseudomonas aeruginosa em UTIs utilizou um modelo matemático alimentado por dados de vigilância longitudinal para quantificar a importância de diferentes vias de transmissão (Ref. 13). O modelo foi capaz de diferenciar entre (1) transmissão de fundo (de fontes persistentes ou endógenas), (2) transmissão cruzada (proporcional ao número de pacientes colonizados, representando a transmissão por profissionais de saúde) e (3) contaminação ambiental deixada por pacientes após a alta. A conclusão surpreendente foi que a contaminação ambiental após a alta contribuiu com menos de 1% das novas aquisições. Em contraste, a transmissão cruzada e a transmissão de fundo (potencialmente de reservatórios ambientais persistentes, como pias e drenos) foram as vias dominantes. Este achado tem implicações práticas imensas, sugerindo que, para este patógeno e neste cenário, os esforços de controle devem focar mais intensamente na higiene das mãos e na descontaminação de reservatórios de água do que na limpeza terminal dos quartos, por si só.
Informando o Desenho de Estudos e Sistemas de Vigilância
A utilidade dos modelos se estende também à própria pesquisa epidemiológica. Como destacado em uma revisão sistemática, modelos matemáticos podem ser usados na fase de planejamento de estudos clínicos ou de vigilância para otimizar seu desenho (Ref. 3). Eles podem ajudar a determinar o tamanho de amostra necessário, estimar o poder estatístico de detectar um efeito, e definir a frequência e a estratégia ideais de amostragem para capturar a dinâmica de transmissão de forma eficiente. Embora esta aplicação ainda seja incipiente, ela representa uma oportunidade para conduzir pesquisas mais eficientes e robustas no futuro.
A tabela abaixo resume as conclusões de estudos de modelagem chave para patógenos hospitalares importantes, ilustrando a aplicação prática dessas ferramentas.
Patógeno | Tipo de Modelo | Intervenções Avaliadas | Principal Conclusão/Achado | Referência |
MRSA | Baseado em Agentes (ABM) / Dinâmica de Sistemas (SD) | Higiene das mãos, triagem, isolamento, coorte de HCWs, aumento de pessoal | A eficácia das intervenções varia drasticamente por especialidade de enfermaria. A higiene das mãos é a medida mais eficaz e um pré-requisito para o sucesso de outras. | (Ref. 22) |
Clostridioides difficile | Modelo de Markov / Análise de Decisão | Higiene das mãos, limpeza ambiental, “bundles”, antibiotic stewardship | Um “bundle” de melhoria da higiene das mãos e da limpeza ambiental é a estratégia mais custo-efetiva, gerando os maiores benefícios de saúde e economia de custos. | (Ref. 19) |
Pseudomonas aeruginosa | Compartimental (SI) | Análise de rotas de transmissão (fundo, cruzada, ambiental) | A contaminação ambiental após a alta do paciente contribui minimamente (<1%) para novas aquisições. A transmissão cruzada (via HCWs) e de fundo (reservatórios) são dominantes. | (Ref. 13) |
CPE | Baseado em Indivíduos (IBM) | Estratégias de triagem na admissão | A adição de readmissão como critério de triagem dobra o número de portadores de CPE identificados em áreas de baixa prevalência. Um teste de swab único é mais rápido e eficiente. | (Ref. 21) |
Desafios e o Futuro da Modelagem: Construindo a Ponte entre a Teoria e a Prática
Apesar do enorme potencial da modelagem matemática, sua integração na prática rotineira da CCIH ainda enfrenta barreiras significativas. Reconhecer esses desafios de forma crítica e transparente é essencial para traçar um caminho realista para o futuro, transformando limitações em oportunidades de desenvolvimento.
O primeiro grande desafio é a lacuna persistente entre a teoria e a prática. Uma revisão sistemática revelou uma contradição notável: embora os modelos sejam amplamente defendidos como ferramentas para informar o desenho de estudos e sistemas de vigilância, eles são, na realidade, escassamente utilizados para este fim (Ref. 3). A maioria das publicações descreve estudos teóricos, com poucas aplicações diretas em estudos do mundo real (Ref. 3). Isso sugere que os resultados da modelagem muitas vezes permanecem no domínio acadêmico, sem conseguir cruzar a ponte para a aplicação clínica e de saúde pública.
Um dos principais motivos para essa lacuna é a “fome” por dados de alta qualidade. A precisão e a validade de qualquer modelo são diretamente dependentes da qualidade dos dados de entrada utilizados para sua parametrização e calibração (Ref. 4, Ref. 23). Parâmetros como taxas de contato entre pacientes e profissionais, adesão real à higiene das mãos, carga microbiana em superfícies e taxas de transmissão específicas para cada patógeno e ambiente são notoriamente difíceis de medir com precisão. Os sistemas de vigilância hospitalar tradicionais são projetados para registrar desfechos (infecções), não os processos dinâmicos (contatos, transmissões) que os precedem. Sem dados granulares e específicos do cenário, os modeladores são forçados a usar estimativas da literatura, o que pode comprometer a relevância local dos resultados do modelo.
Adicionalmente, a literatura atual sobre modelagem de IRAS exibe um claro viés geográfico e de patógeno. Uma revisão abrangente de modelos de simulação encontrou uma concentração esmagadora de estudos focados em MRSA e realizados em hospitais de países de alta renda, como Estados Unidos e nações europeias (Ref. 2). Isso cria uma lacuna de conhecimento significativa. A dinâmica de transmissão de patógenos como KPC e Acinetobacter baumannii, que são endêmicos e representam uma ameaça crítica em muitas instituições brasileiras, é subestudada. Além disso, a aplicabilidade de modelos desenvolvidos em sistemas de saúde com abundância de recursos, como quartos privativos, para a realidade de hospitais em países de renda média e baixa, com enfermarias de múltiplos leitos e diferentes proporções paciente-enfermeiro, é questionável.
A superação desses desafios aponta para uma conclusão central: a barreira mais significativa para a adoção generalizada da modelagem não é tecnológica, mas sim cultural e organizacional. O avanço não virá apenas de algoritmos mais sofisticados, mas da dissolução dos barreiras que separam os pesquisadores dos profissionais da linha de frente. A solução reside na criação de equipes de CCIH “aumentadas”, que integrem especialistas em dados e modelagem em seus fluxos de trabalho. A colaboração interdisciplinar ativa e contínua entre modeladores, epidemiologistas, infectologistas e a equipe da CCIH é fundamental para garantir que as premissas dos modelos sejam clinicamente realistas, que os dados coletados sejam relevantes e que os resultados sejam interpretáveis e, acima de tudo, acionáveis (Ref. 3, Ref. 5, Ref. 6). É essa parceria que construirá a ponte necessária para que a modelagem matemática cumpra sua promessa de transformar o controle de infecção.
Conclusões e Recomendações: Integrando a Dinâmica de Transmissão na Prática Diária da CCIH
A jornada da epidemiologia, desde as observações iniciais de John Snow até as complexas simulações computacionais de hoje, reflete uma busca contínua por uma compreensão mais profunda dos mecanismos que governam a disseminação de doenças. A modelagem matemática não é um substituto para a vigilância epidemiológica tradicional, mas sim sua extensão lógica e um complemento poderoso. Ela nos permite testar hipóteses, quantificar a eficácia de intervenções e otimizar a alocação de recursos de uma forma que estudos observacionais ou ensaios clínicos, por si sós, muitas vezes não permitem. Para a CCIH, abraçar os princípios da dinâmica de transmissão e as ferramentas de modelagem é abraçar uma abordagem mais estratégica, preditiva e, em última análise, mais eficaz para a proteção do paciente.
Com base na análise apresentada, as seguintes recomendações são propostas para as equipes de CCIH que desejam iniciar a jornada de integração da modelagem em sua prática:
- Pense em Dinâmica: Promova uma mudança cultural na equipe para pensar sobre surtos e transmissão endêmica não como eventos estáticos, mas como processos dinâmicos. Ao investigar um cluster de infecções, incentive a equipe a ir além da identificação da fonte e a questionar: “Qual componente do R0 falhou? Foi um lapso na higiene das mãos (aumento de β), superlotação (aumento de c), ou um atraso no diagnóstico (aumento de d)?”.
- Melhore a Coleta de Dados com Foco na Transmissão: Mesmo sem um modelo computacional, comece a coletar dados que possam alimentar futuras análises dinâmicas. Isso pode incluir o registro sistemático da movimentação de pacientes colonizados/infectados por patógenos multirresistentes entre enfermarias, o mapeamento de redes de contato profissional durante a investigação de surtos, ou a realização de auditorias mais detalhadas sobre a ocupação de leitos e a proporção de profissionais por paciente.
- Busque Colaboração Acadêmica: Estabeleça pontes com departamentos de epidemiologia, saúde pública, matemática aplicada ou engenharia em universidades locais. Muitos pesquisadores acadêmicos buscam problemas do mundo real para aplicar suas habilidades de modelagem e podem ver na CCIH um parceiro ideal para projetos de pesquisa colaborativos que beneficiem ambas as instituições.
- Comece com Modelos Conceituais: Antes de mergulhar em modelos computacionais complexos, utilize modelos conceituais simples. Desenhe diagramas de fluxo em um quadro branco para mapear as possíveis rotas de transmissão de um patógeno específico em sua instituição. Identificar visualmente os pacientes contaminados (pacientes suscetíveis, colonizados), os fluxos (admissões, transferências, novas colonizações) e os pontos de intervenção pode gerar insights valiosos e preparar a equipe para um pensamento mais sistêmico.
- Advogue por Recursos com Base em Evidências de Modelagem: Utilize os resultados de estudos de custo-efetividade, como os que demonstram o alto retorno sobre o investimento em higiene das mãos e limpeza ambiental (Ref. 19), para construir argumentos sólidos junto à administração hospitalar. A modelagem fornece a linguagem quantitativa e econômica que pode justificar investimentos em medidas de controle fundamentais, mas muitas vezes subfinanciadas.
A integração da modelagem matemática no controle de infecção hospitalar não é uma visão futurista distante, mas uma transição necessária e alcançável. Ao adotar uma mentalidade dinâmica e forjar novas colaborações, as equipes de CCIH podem desbloquear um novo nível de eficácia, movendo-se decisivamente de uma postura de contenção para uma de antecipação e prevenção estratégica.
A modelagem matemática não substitui a epidemiologia clássica, mas amplia sua capacidade de prever, antecipar e agir. Incorporar conceitos como o R0 e utilizar simulações adaptadas à realidade hospitalar abre caminho para estratégias personalizadas e custo-efetivas.
Para o Brasil — onde patógenos como KPC e Acinetobacter desafiam diariamente as equipes de CCIH —, adotar essa abordagem significa não apenas melhorar a resposta a surtos, mas transformar o controle de infecção em uma prática proativa e estratégica. A mensagem é clara: o futuro do controle de infecção já está disponível e cabe a nós incorporá-lo.
Referências Bibliográficas Comentadas
(Ref. 1) NELSON, K. E.; WILLIAMS, C. M. (Ed.). Infectious disease epidemiology: theory and practice. 3. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2014. Disponível em:(https://books.google.com/books/about/Infectious_Disease_Epidemiology.html?id=iYSLvgEACAAJ).
Resumo do conteúdo: Este livro-texto fundamental fornece a base teórica para o artigo, especialmente os capítulos 6 (“Infectious Disease Dynamics”) e 3 (“Study Design”). Ele define conceitos cruciais como o número reprodutivo básico (R0), o modelo SIR e a importância da estrutura da população hospedeira, que são os pilares sobre os quais a análise da modelagem de IRAS é construída.
(Ref. 2) KASSAIAN, F. et al. Simulation modeling for the transmission of healthcare-associated infections: a systematic review. American Journal of Infection Control, v. 48, n. 4, p. 437-448, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2019.10.015 .
Resumo do conteúdo: Esta revisão sistemática é uma fonte central para o artigo, detalhando os tipos de modelos de simulação (SD, ABM, DES) usados para IRAS. O estudo destaca o foco predominante em MRSA e em países de alta renda, identificando lacunas críticas na pesquisa que são discutidas na seção sobre desafios e o futuro da modelagem.
(Ref. 3) ROCHER, A. et al. Use of mathematical models to inform the design of infectious disease studies: a systematic review. BMC Medical Research Methodology, v. 17, n. 1, p. 167, 2017. DOI: https://doi.org/10.1186/s12874-017-0444-y .
Resumo do conteúdo: Esta revisão sistemática evidencia a lacuna entre a teoria e a prática no uso de modelos para o desenho de estudos. Conclui que, apesar de seu potencial para otimizar pesquisas, os modelos são raramente utilizados na prática, um ponto chave na discussão sobre os desafios para a implementação da modelagem.
(Ref. 4) HOGAN, A. H. et al. A systematic review of mathematical models of the impact of the COVID-19 pandemic on healthcare-associated infections. Journal of Hospital Infection, v. 129, p. 97-108, 2022. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2022.08.001 .
Resumo do conteúdo: Esta revisão, embora focada na COVID-19, ilustra a rápida expansão e o valor da modelagem para a epidemiologia hospitalar durante uma crise de saúde pública. Ela reforça a necessidade de colaboração entre epidemiologistas e modeladores, um tema central nas conclusões do artigo.
(Ref. 5) FORREST, C. B. et al. Mathematical models of infection transmission in healthcare settings: recent advances from the use of network structured data. Current Opinion in Infectious Diseases, v. 30, n. 4, p. 412-419, 2017. DOI: https://doi.org/10.1097/QCO.0000000000000384 .
Resumo do conteúdo: Este artigo de revisão discute o avanço no uso de dados de redes de contato para tornar os modelos mais realistas, alinhando-se com o argumento do artigo de que a evolução dos modelos reflete uma melhor compreensão da estrutura de transmissão hospitalar.
(Ref. 6) TORNICH, E. et al. The added value of mathematical modeling in healthcare epidemiology and infection prevention and control. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 45, n. S1, p. s10-s15, 2024. DOI: https://doi.org/10.1017/ice.2023.238 .
Resumo do conteúdo: Este artigo recente reforça a tese central do nosso texto, descrevendo a modelagem como um complemento à epidemiologia convencional, especialmente útil para abordar a complexidade das IRAS e da resistência antimicrobiana.
(Ref. 7) MARZOUQA, E.; LUBELL, Y. The value of mathematical modelling in designing and interpreting infectious disease studies. Journal of the Royal Society Interface, v. 18, n. 174, p. 20200816, 2021. DOI: https://doi.org/10.1098/rsif.2020.0816 .
Resumo do conteúdo: Similar à Ref. 3, este artigo discute o potencial dos modelos para informar o desenho de estudos, fornecendo uma base teórica para a seção de aplicações práticas e desafios.
(Ref. 8) KASSAIAN, F. et al. Simulation modeling for the transmission of healthcare-associated infections: a systematic review. American Journal of Infection Control, v. 48, n. 4, p. 437-448, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2019.10.015 .
Resumo do conteúdo: Esta é a mesma fonte da Ref. 2, citada novamente para reforçar os dados sobre os tipos de modelos, patógenos e distribuição geográfica dos estudos, que são fundamentais para a seção de desafios.
(Ref. 9) HEAD, M. G. et al. Systematic review of the cost of major infectious diseases and the cost-effectiveness of interventions. Journal of Global Health, v. 11, p. 04037, 2021. DOI: https://doi.org/10.7189/jogh.11.04037 .
Resumo do conteúdo: Esta revisão sistemática sobre custo-efetividade, embora ampla, fornece o contexto econômico para a importância de otimizar as intervenções de controle de infecção, apoiando a seção sobre aplicações práticas da modelagem.
(Ref. 10) WEBER, D. J.; ANDERSON, D.; RUTALA, W. A. The role of the environment in transmission of pathogenic bacteria in healthcare. Current Opinion in Infectious Diseases, v. 30, n. 4, p. 420-425, 2017. DOI: https://doi.org/10.1097/QCO.0000000000000380 .
Resumo do conteúdo: Este artigo de revisão destaca o papel crucial do ambiente hospitalar na transmissão, fornecendo o pano de fundo epidemiológico que justifica a inclusão de compartimentos ambientais em modelos matemáticos mais complexos.
(Ref. 11) COOPER, B. S.; MEDLEY, G. F.; SCOTT, G. M. Preliminary analysis of the transmission dynamics of nosocomial infections: a hidden Markov model. Biostatistics, v. 5, n. 2, p. 223-234, 2004. DOI: https://doi.org/10.1093/biostatistics/kxg021 .
Resumo do conteúdo: Este estudo metodológico propõe um modelo de Markov oculto para analisar dados de séries temporais de infecções hospitalares, destacando o desafio de que o processo de transmissão é apenas parcialmente observado (devido à colonização assintomática), o que reforça a necessidade de modelos para inferir dinâmicas subjacentes.
(Ref. 12) HUSKINS, W. C. et al. A quantitative approach to defining high-touch surfaces in hospitals. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 32, n. 8, p. 850-853, 2011. DOI: https://doi.org/10.1086/661011 .
Resumo do conteúdo: Este estudo empírico sobre superfícies de alto toque fornece o tipo de dado do mundo real que é essencial para parametrizar modelos de transmissão ambiental, ilustrando a conexão entre a pesquisa de campo e a modelagem.
(Ref. 13) HOTEIT, C. et al. Disentangling the transmission routes of Pseudomonas aeruginosa in two intensive care units using a mathematical model. PLoS Computational Biology, v. 15, n. 8, p. e1006697, 2019. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pcbi.1006697 .
Resumo do conteúdo: Este é um estudo de caso central para o artigo, usado como exemplo principal na seção de aplicações práticas. Ele demonstra como um modelo pode quantificar a contribuição de diferentes rotas de transmissão, fornecendo insights acionáveis para a CCIH.
(Ref. 14) DANCER, S. J. et al. Tracking Staphylococcus aureus in a single-bed intensive care unit: a case study. Journal of Hospital Infection, v. 104, n. 4, p. 403-409, 2020. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2020.01.004 .
Resumo do conteúdo: Este estudo de caso ilustra a complexidade da transmissão de S. aureus, mostrando que a maioria das infecções adquiridas na UTI é autógena (do próprio paciente). Isso informa os modelos ao destacar a importância de incluir a dinâmica de colonização do paciente.
(Ref. 15) HALSTEAD, F. D. et al. Pseudomonas aeruginosa infection in augmented care: the molecular ecology and transmission dynamics in four large UK hospitals. Journal of Hospital Infection, v. 111, p. 77-85, 2021. DOI: https://doi.org/10.1016/j.jhin.2021.02.004 .
Resumo do conteúdo: Este estudo utiliza sequenciamento genômico para rastrear a transmissão de P. aeruginosa a partir de saídas de água, confirmando que reservatórios ambientais são fontes significativas de infecção. Esses dados são cruciais para validar e parametrizar modelos que incluem uma via de transmissão ambiental.
(Ref. 16) NDEFFO-MBAH, M. L. et al. Dynamic models of infectious disease transmission in prisons and the general population: a systematic review. Journal of Public Health Policy, v. 39, n. 2, p. 187-205, 2018. DOI: https://doi.org/10.1057/s41271-018-0123-5 .
Resumo do conteúdo: Embora focado em prisões, este artigo revisa modelos dinâmicos em ambientes confinados, oferecendo paralelos metodológicos à modelagem hospitalar e destacando o uso de modelos para avaliar intervenções como triagem e tratamento.
(Ref. 17) NELSON, R. E. et al. Dynamic transmission models for economic analysis applied to health care-associated infections: a review of the literature. American Journal of Infection Control, v. 45, n. 12, p. 1381-1386, 2017. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ajic.2017.06.014 .
Resumo do conteúdo: Esta revisão foca especificamente no uso de modelos dinâmicos para análises econômicas de IRAS, fornecendo a base teórica e exemplos para a subseção sobre custo-efetividade.
(Ref. 18) DOAN, T. N. et al. Understanding the impact of interventions to prevent antimicrobial-resistant infections in the long-term care facility: a review and practical guide to mathematical modeling. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 39, n. 5, p. 589-597, 2018. DOI: https://doi.org/10.1017/ice.2018.49 .
Resumo do conteúdo: Este artigo expande a discussão da modelagem para instalações de cuidados de longa duração (LTCFs), destacando a importância de modelar a movimentação de pacientes entre hospitais e LTCFs (“síndrome da porta giratória”), um ponto relevante para a complexidade do ecossistema de saúde.
(Ref. 19) BRAIN, L. et al. The economics of Clostridium difficile infection: a systematic review and model-based evaluation of the cost-effective use of interventions in a hospital setting. PLoS One, v. 13, n. 1, p. e0190093, 2018. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0190093 .
Resumo do conteúdo: Este é o estudo de caso central para a discussão sobre custo-efetividade, demonstrando com um modelo de Markov que um “bundle” de higiene das mãos e limpeza ambiental é a estratégia ideal para C. difficile.
(Ref. 20) DOAN, T. N. et al. Optimizing hospital infection control: the role of mathematical modeling. Infection Control & Hospital Epidemiology, v. 35, n. 12, p. 1523-1530, 2014. DOI: https://doi.org/10.1086/678598 .
Resumo do conteúdo: Uma revisão que explora os princípios da modelagem para infecções nosocomiais e discute a eficácia de medidas de controle investigadas através da modelagem, servindo como uma referência geral para a seção de aplicações práticas.
(Ref. 21) POPLE, D. et al. Model-based evaluation of admission screening strategies for the detection and control of carbapenemase-producing Enterobacterales in the English hospital setting. BMC Medicine, v. 21, n. 1, p. 492, 2023. DOI: https://doi.org/10.1186/s12916-023-03185-3 .
Resumo do conteúdo: Este estudo recente e altamente relevante utiliza um modelo baseado em indivíduos para avaliar as estratégias de triagem de CPE na Inglaterra. É um exemplo prático de como a modelagem pode informar diretamente as políticas de saúde pública e de controle de infecção para uma ameaça emergente.
(Ref. 22) KASSAIAN, F. et al. Effectiveness of hospital-wide methicillin-resistant Staphylococcus aureus (MRSA) infection control policies differs by ward specialty. PLoS One, v. 8, n. 12, p. e83784, 2013. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0083784 .
Resumo do conteúdo: Este é o estudo de caso central para a discussão sobre a avaliação de intervenções. Sua principal conclusão — que a eficácia da política de controle depende da especialidade da enfermaria — é um argumento poderoso para a necessidade de modelos contextuais e personalizados.
(Ref. 23) CCIH.MED.BR. A epidemiologia como o alicerce das decisões em saúde. Disponível em: https://www.ccih.med.br/a-epidemiologia-como-o-alicerce-das-decisoes-em-saude/ .
Resumo do conteúdo: Este artigo do próprio site ccih.med.br discute o uso da epidemiologia, incluindo estudos de caso-controle em surtos, como base para as decisões em saúde. Ele estabelece o contexto da prática atual no Brasil, servindo como ponto de partida para a introdução de novas ferramentas como a modelagem.
Sinopse por:
Antonio Tadeu Fernandes:
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