As infecções oportunistas em pacientes hemato-oncológicos e submetidos a transplante de medula óssea (TMO) representam um desafio para o sucesso do tratamento. Nesta live do Superação, receberemos o infectologista e Prof. Filipe Prohaska para debater sobre os principais microrganismos causadores de infecção nos pacientes onco-hematológicos, os fatores de risco associados, as profilaxias indicadas e quais as medidas de prevenção de infecção no TMO. A moderação será feita por Beatriz Grion e Tadeu Fernandes.
As infecções oportunistas em pacientes hemato-oncológicos e submetidos a transplante de medula óssea (TMO) representam um desafio para o sucesso do tratamento. Nesta live do Superação, receberemos o infectologista e Prof. Filipe Prohaska para debater sobre os principais microrganismos causadores de infecção nos pacientes onco-hematológicos, os fatores de risco associados, as profilaxias indicadas e quais as medidas de prevenção de infecção no TMO. A moderação será feita por Beatriz Grion e Tadeu Fernandes.
Principais tópicos debatidos na live:
07:40 Poderia explicar resumidamente as principais caracteristicas dos pacientes onco-hematológicos?
11:00 Quais os tipos de transplante e quais as fases do tratamento?
14:30 Existe maior risco de infecção em alguma dessas modalidades de transplante e fases do tratamento?
22:20 Quais as principais infecções virais e para quais há profilaxia?
27:50 Quais as principais infecções bacterianas e para quais há profilaxia?
30:00 Esses pacientes têm risco maior para infecção por MDR?
36:10 quais vacinas são indicadas nestes pacientes?
37:20 Principais infecções fúngicas?
38:40 Qual a importância do controle do ambiente hospitalar para prevenção de infecção? (Ex: filtro hepa, quarto individual..)
43:30 Que orientações devem ser dadas a estes pacientes no momento de alta?
45:00 qual o impacto das drogas imunobiológicas na ocorrência de infecção e como podem ser monitoradas ou prevenidas?
48:00 quais perspectivas temos para o controle, prevenção e tratamento de infecções em pacientes com doenças hemato-oncológicas?
Fundamentos para entender a importância das infecções em pacientes hemato-oncológicos e sua prevenção
Os pacientes hemato-oncológicos, ou seja, aqueles diagnosticados com cânceres do sangue ou distúrbios hematológicos malignos, como leucemias, linfomas e mielomas, enfrentam um risco significativamente elevado de infecções. Esse risco aumentado é atribuído à própria natureza dessas doenças, que afetam o sistema imunológico, bem como aos efeitos colaterais dos tratamentos empregados, como quimioterapia, radioterapia e transplante de medula óssea. Esses tratamentos podem levar à neutropenia, uma diminuição no número de neutrófilos, um tipo de glóbulo branco essencial na defesa contra infecções.
A prevenção de infecções em pacientes hemato-oncológicos é um componente crítico do cuidado oncológico, exigindo uma abordagem holística e multidisciplinar. Ao mitigar o risco de infecções, é possível não apenas melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas também aumentar as chances de sucesso do tratamento oncológico.
Fisiopatologia das Infecções
A susceptibilidade a infecções em pacientes hemato-oncológicos é multifatorial. A própria malignidade pode causar imunossupressão, reduzindo a capacidade do corpo de combater invasores patogênicos. Além disso, a quimioterapia e a radioterapia, enquanto visam células cancerígenas, também podem danificar células saudáveis do sistema imunológico. A neutropenia induzida por quimioterapia é particularmente perigosa, pois os neutrófilos desempenham um papel crítico na defesa do corpo contra bactérias e fungos.
Prevenção de Infecções
A prevenção de infecções em pacientes hemato-oncológicos envolve uma abordagem multifacetada:
Profilaxia Antimicrobiana: Em certos casos, os médicos podem prescrever antibióticos, antivirais e antifúngicos como medida preventiva, especialmente em períodos de neutropenia severa.
Isolamento Protetor: Pacientes com alta susceptibilidade a infecções podem ser colocados em quartos de isolamento para protegê-los de patógenos transmitidos pelo ar e por contato.
Higiene Rigorosa: A higiene pessoal meticulosa é vital, incluindo lavagem frequente das mãos, uso de desinfetantes e manutenção de um ambiente limpo e estéril.
Vacinação: Vacinas contra influenza, pneumococos e outros agentes patogênicos são recomendadas para reduzir o risco de infecções. A imunização de contatos próximos dos pacientes também pode ser aconselhada para reduzir a exposição a doenças transmissíveis.
Monitoramento e Avaliação Precoce: A identificação precoce de sinais de infecção permite intervenções rápidas, que podem ser cruciais para o desfecho do paciente. A monitorização regular das contagens de células sanguíneas e a vigilância para sintomas de infecção são práticas padrão.
Nutrição Adequada: Uma nutrição adequada é essencial para manter a imunidade. Dietas ricas em vitaminas, minerais e outros nutrientes podem ajudar a fortalecer o sistema imunológico do paciente.
Educação do Paciente e da Família: Informar pacientes e familiares sobre os riscos de infecção e medidas preventivas é fundamental para a prevenção eficaz.
Qual impacto das drogas imunobiológicas sobre a incidência de infecções nesses pacientes e que medidas adicionais podem ser recomendadas?
O uso de drogas imunobiológicas transformou significativamente o tratamento de pacientes com doenças hemato-oncológicas, oferecendo novas esperanças e aumentando as taxas de sobrevida. Essas terapias, também conhecidas como imunoterapias, trabalham modulando o sistema imunológico para reconhecer e combater as células cancerígenas mais eficientemente. Contudo, a modulação do sistema imunológico pode aumentar a susceptibilidade a infecções, representando um desafio no manejo desses pacientes. Este texto discorre sobre as principais drogas imunobiológicas utilizadas em pacientes hemato-oncológicos, as infecções mais frequentemente associadas ao seu uso e medidas de controle e prevenção dessas infecções.
Principais Drogas Imunobiológicas em Hemato-Oncologia
Dentre as drogas imunobiológicas mais empregadas, destacam-se os anticorpos monoclonais, as terapias com células CAR-T, inibidores de checkpoint imunológico e citocinas. Os anticorpos monoclonais, como o Rituximabe, são utilizados em linfomas e leucemias, enquanto as terapias com células CAR-T representam uma inovação no tratamento de neoplasias hematológicas refratárias. Os inibidores de checkpoint, como o Nivolumabe e Pembrolizumabe, atuam desbloqueando os mecanismos de inibição do sistema imunológico, permitindo uma resposta imune mais eficaz contra o tumor.
Infecções Associadas e Suas Causas
A manipulação do sistema imunológico por estas terapias pode predispor os pacientes a um espectro variado de infecções. As infecções bacterianas, virais, fúngicas e por protozoários podem ser mais frequentes ou graves nesse contexto. Dentre elas, destacam-se as infecções por Pneumocystis jirovecii, citomegalovírus (CMV), infecções fúngicas invasivas, como as causadas por Aspergillus spp., e bacteremias por bactérias gram-positivas e gram-negativas.
Medidas adicionais de Controle e Prevenção de infecções em pacientes que utilizam drogas imunobiológicas
O controle e prevenção dessas infecções envolvem uma abordagem multifatorial:
Avaliação e Monitoramento: Avaliação pré-tratamento para identificar riscos de infecção, incluindo a análise do estado imunológico do paciente e a presença de infecções latentes.
Profilaxia Antimicrobiana: Uso de antibióticos, antivirais e antifúngicos profiláticos, baseado no espectro de infecção mais provável para cada tipo de terapia imunobiológica e o perfil de susceptibilidade do paciente.
Vacinação: Administração de vacinas recomendadas para prevenir infecções, adaptadas à condição imunológica do paciente e ao tipo de terapia recebida.
Educação do Paciente: Orientações sobre higiene pessoal, nutrição, manejo de exposições a potenciais fontes de infecção e a importância da comunicação imediata de sinais e sintomas de infecção.
Manejo Ambiental: Medidas para reduzir a exposição a agentes infecciosos, especialmente em ambientes hospitalares e durante procedimentos que possam representar um risco aumentado de infecção.
Isolamento Seletivo: Em casos de imunossupressão acentuada, o isolamento pode ser necessário para proteger os pacientes de exposições ambientais e interpessoais a patógenos.
A integração dessas medidas requer uma equipe multidisciplinar e um acompanhamento rigoroso, visando a maximização dos benefícios terapêuticos das drogas imunobiológicas enquanto minimiza os riscos de infecções. A pesquisa contínua e o desenvolvimento de novas estratégias para o manejo dessas complicações são essenciais para melhorar os resultados dos pacientes hemato-oncológicos submetidos a tratamento com imunobiológicos.