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Importância das ambulâncias na transmissão de infecções

As Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde (IRAS) são infecções adquiridas durante a internação hospitalar. Durante o transporte de ambulância, o paciente pode ser exposto a patógenos transmitidos pelos profissionais da saúde ou pelo contato em superfícies do transporte. A prevenção da IRAS é importante para reduzir a morbidade e mortalidade em nível global, comunitário e individual. Neste artigo veremos:

  • O que compõe o cenário dos serviços de emergência?
  • Qual foi o objetivo deste estudo e como foi desenvolvido?
  • Os microrganismos isolados nas ambulâncias são os mesmos do ambiente hospitalar?
  • Quais superfícies da ambulância estavam habitualmente contaminadas?
  • O que se pode concluir sobre a ambulância como fonte de contaminação?
  • Quais as limitações deste estudo e como devemos continuar essa prevenção?

O que compõe o cenário dos serviços de emergência?

Os cenários dos serviços de emergência contemplam de forma geral: ambulâncias terrestres, ambulâncias aéreas, instalações de uma unidade de emergência, além de envolver os profissionais da saúde que atuam nestas unidades. Desses cenários, a ambulância terrestre é a mais pesquisada, no que diz respeito a caracterização dos microrganismos, além de ter sido objeto deste estudo.

Qual foi o objetivo deste estudo e como foi desenvolvido?

O objetivo desta revisão sistemática da literatura foi determinar se os microrganismos comumente relacionados às IRAS são detectados em superfícies de ambulâncias terrestres.

Utilizou-se cinco bases de dados eletrônicas – PubMed, Scopus, Web of Science, Embase e Google Scholar para seleção das evidências científicas disponíveis. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em inglês, entre 2009 e 2020, que tivessem amostras microbiológicas positivas coletadas de ambulâncias terrestres, com relato do método de coleta das amostras por swab e/ou por placas de Detecção e Contagem de Microrganismos Replicados (RODAC). Os estudos que não atenderam a esses critérios foram excluídos desta revisão.

Os microrganismos isolados nas ambulâncias são os mesmos do ambiente hospitalar?

De um total de 1.376 artigos identificados, 16 foram incluídos na revisão. Esses estudos foram conduzidos em 8 diferentes países: Dinamarca, Egito, Alemanha, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Sul, Espanha, EUA. Com relação aos microrganismos reportados nos artigos teve-se em oito estudos como objetivo identificar a presença de contaminação por MRSA, enquanto outros tiveram por finalidade buscar especificamente pelo S. aureus, e os demais buscaram por espécies de bactérias no geral, ou seja, qualquer microrganismo associado a IRAS, além de microrganismos gram-negativos multirresistentes. A maior parte dos estudos utilizaram a técnica do swab para coleta das amostras, dois usaram apenas as placas de RODAC, um usou uma combinação de placas de RODAC e swabs e um usou uma combinação de lâminas de imersão e swabs.

Um estudo encontrou 100% de contaminação nas ambulâncias e nas superfícies de contato. Dois outros estudos, também, mostraram 100% de contaminação nas ambulâncias; contudo, o número total de superfícies contaminadas foi relativamente baixa. Todas as ambulâncias e superfícies do estudo com 100% de frequência de contaminação apresentaram microrganismos comumente associados a IRAS e outras diversas espécies bacterianas.

Quais superfícies da ambulância estavam habitualmente contaminadas?

Os microrganismos associados a IRAS foram comumente encontrados nos diversos compartimentos de atendimento aos pacientes em ambulâncias, incluindo manguitos de pressão arterial, aparelhos de oxigênio e nas macas para atendimento dos pacientes. As bactérias patogênicas mais detectadas foram: MRSA, Estafilo goagulase negativo multi-R (MRCoNS), Klebsiella pneumoniae, Klebsiella ESBL, E. coli e E. coli ESBL. De 184 Staphylococcus spp. identificados, a frequência de MRSA e MRCoNS foi, respectivamente de, 35 dos 184 isolados (19%) e 22 dos 184 isolados (12%). Foram detectados um total de 49 isolados de K. pneumonia, dos quais, 18 dos 49 (37%) eram produtores de ESBL. Da mesma forma, 40 isolados de E. coli foram observados em 11 dos 40 isolados (3%) e classificados como produtores de ESBL. As superfícies positivas para essas bactérias foram o manguito de pressão arterial, vidro do umidificador de oxigênio, parede da ambulância, maçaneta da porta, cama, cadeira de transporte, colar cervical, desfibrilador, ventilador portátil e aspiradores.

Uma alta prevalência de bactérias patogênicas em ambulâncias sugere que à adesão aos protocolos relacionados à limpeza não estão sendo seguidos de forma eficaz.

O que se pode concluir sobre a ambulância como fonte de contaminação?

Em conclusão, os organismos mais comumente associados a IRAS foram detectados no compartimento de atendimento ao paciente de ambulâncias em todo o mundo e em uma variedade de superfícies. Os microrganismos multirresistentes encontrados no ambiente das ambulâncias preocupam, por sua dificuldade de tratamento.

Os resultados deste estudo sugerem que trabalhos futuros são necessários para avaliar a eficácia dos protocolos de limpeza e/ou os fatores que afetam a descontaminação na ambulância. Essas investigações podem fornecer dados científicos para prevenir potencialmente a transmissão de microrganismos comumente associados a IRAS em pacientes transportados por ambulâncias terrestres.

A principal recomendação é que os especialistas em prevenção e controle de infecção sejam incorporados a equipe desses serviços de emergência, atuando como um elo entre o ambiente pré-hospitalar (por exemplo, transporte de ambulância) e o hospitalar.

Quais as limitações deste estudo e como devemos continuar essa prevenção?

Esta revisão sistemática apresentou limitações no que tange o quantitativo da amostra de estudos incluídos (16 artigos elegíveis), no entanto, os autores acreditam ter encontrado evidências suficientes para responder ao objetivo proposto e justificar as conclusões.

Apenas artigos publicados em inglês foram considerados para esta revisão; portanto, estudos relevantes que foram publicados em outros idiomas podem ter sido perdidos.

Apesar dessas limitações, os 16 estudos capturados para esta revisão sistemática destacam a necessidade de pesquisas futuras sobre microrganismos comumente encontrados nas IRAS em ambulâncias terrestres.

Adicionalmente ao artigo podemos afirmar que nas ambulâncias também se destacam as superfícies de alto toque, assim como nos hospitais, devem ser limpas e descontaminadas com frequência. Também devemos salientar a importância da higiene adequadas das mãos, principalmente com soluções alcoólicas e que este estudo apenas comprova que as mesmas espécies estão na ambulância e no hospital, sem direcional se a ambulância contamina o hospital, ou este contamina a ambulância, mas os pacientes e os profissionais de saúde são os elos comuns e possíveis veículos desta contaminação cruzada.

Fonte: Obenza A et cols. Microbial contamination on ambulance surfaces: a systematic literature review. J Hosp Infect. 2022 Apr;122:44-59.

Sinopse por: Thalita Gomes do Carmo

https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Link: https://www.journalofhospitalinfection.com/article/S0195-6701(22)00002-0/pdf

Links interessantes:

https://omjournal.org/images/622_M_Deatials_Pdf_.pdf

https://www.ccih.med.br/condicoes-de-limpeza-das-superficies-das-ambulancias-de-um-servico-de-atendimento-movel-de-urgencia-do-parana/

https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

Palavras chave / TAGs: IRAS, Infecção relacionada à assistência à saúde, IH, ambulância, emergência, alto toque, contaminação, revisão sistemática, amostras microbiológicas, manguitos, macas, aparelhos de oxigênio, parede, maçaneta, cadeira de transporte, colarcervical, desfibrilador, ventilador portátil, aspiradores, limpeza, descontaminação

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