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Impactos da pandemia sobre o controle de infecção

Estudo discute os impactos da pandemia sobre as ações das comissões de controle de infecção, que adicionam ao seu trabalho habitual o verdadeiro gerenciamento da crise provocada pela pandemia. E aí, como está sendo no seu hospital?

Qual abrangência do trabalho das comissões de controle de infecção?

A pandemia da COVID-19 afetou diversas Comissões de prevenção e controle de infecção (CCIH) em todo o mundo.

As CCIHs assumem responsabilidades principalmente a frente de atividades como a vigilância das infecções relacionadas à saúde, contudo possuem também responsabilidades frente a programas de prevenção e controle das infecções, investigação de surtos, análise de dados de controle de infecção, redação de políticas, educação e colaboração com outros departamentos. Outras responsabilidades adicionais incluem otimizar a conscientização do pessoal de saúde, por meio de um monitoramento de práticas de higiene das mãos e na realização de atendimento de saúde ocupacional.

Quais os impactos da pandemia e do surgimento de novos patógenos no trabalho da CCIH?

O surgimento de novos patógenos e de pandemias levam as CCIHs a juntarem grandes

esforços para a preparação de novas recomendações que mudam e evoluem muito rapidamente. Sendo, portanto, enfatizado nas últimas pandemias a relevância do papel dessas comissões para o controle da transmissibilidade de doença. A pandemia do coronavírus 2019 (COVID-19) afetou os sistemas de saúde em todo o mundo desviando esforços das comissões de controle e prevenção de infecção no que está relacionado ao gerenciamento da pandemia.

Poucos estudos abordaram a carga de trabalho, as consultas e os impacto da pandemia de COVID-19 nas Comissões de prevenção e controle de infecção. Por isso a relevância deste estudo em descrever o volume e as características das atividades realizadas pelas CCIHs antes e durante a pandemia da COVID-19 e como isto afeta aos trabalhadores dessas comissões e a organização do programa.

Qual foi o objetivo deste estudo?

Avaliar o impacto da COVID-19 na Comissões de prevenção e controle de infecção (CCIH) da University of Iowa Hospitals & Clinics.

Medir o volume de chamadas para a comissão, as mudanças nas taxas de infecção associadas à assistência à saúde e as percepções dos trabalhadores que compõem essa comissão.

Como foi avaliado o aumento da demanda provocada na CCIH pela pandemia?

Recuperamos o registro de chamadas à CCIH e as tendências de infecções associadas à saúde dos de 2018 a 2020. Foi definido 2 períodos: pré-COVID-19 (2018 e 2019) e durante a COVID-19 (janeiro a dezembro de 2020). Também, foi realizado entrevistas individuais e em grupos focais com os membros da comissão para descrição das mudanças em suas condições de trabalho durante o período COVID-19.

A University of Iowa Hospitals & Clinics (UIHC) é uma unidade que possuí 811 leitos, de atenção terciária com mais de 200 ambulatórios. Mais de 36.000 pacientes são admitidos a cada ano. A atuação da CCIH na UIHC começou desde 1969. 

Quais foram os principais resultados deste estudo?

Um total de 6.564 ligações foram registradas durante os anos de 2018 a 2020. O período pré-COVID-19 teve uma mediana de 71 chamadas por mês (variando em um mínimo e um máximo de, respectivamente, 50 e 119 chamadas). Durante o período COVID-19, o volume médio de chamadas aumentou para 368 por mês (variando em mínimo e um máximo de, respectivamente, 149 e 829 chamadas), a maioria das ligações estavam relacionadas a orientações para a precaução no isolamento (50%).

Antes da pandemia:

A maioria das chamadas aconteciam durante o horário de trabalho (93%).

Os locais que mais faziam chamadas eram as unidades de internação (50%), o departamento de saúde pública (20%), o laboratório (9%), os ambulatórios (7%), a saúde ocupacional (4%), além dos serviços de engenharia clínica (3%) e outros estabelecimentos de saúde (3%). A maioria dos atendimentos era sobre o isolamento e as precauções de contato (42%), seguido de solicitações vindas externamente ao hospital (22%), exposições a patógenos (13%), resultados de testes (10%), entre outros menos relevantes. As chamadas mais importantes estavam relacionadas as infecções como a tuberculose (17%), organismos gram-negativos (14%), vírus como um todo (11%), virus da influenza (9%), outras pragas (7%), Clostridium difficile (6%), varicela (4%) e novas infecções como Ebola (3%).

Durante a pandemia:

A maioria das chamadas (83%) estava relacionada ao COVID-19. A incidência de infecção da corrente sanguínea associada ao cateter central aumentou significativamente.

A CCIH relatou grandes desafios para realizarem orientações durante a pandemia, que em sua maioria acabavam sendo ambíguas e conflitantes.

As primeiras ligações estavam relacionadas ao COVID-19, por conta de estudantes que estavam retornaram recentemente da China. Buscava-se por orientações relacionadas à quarentena e orientações sobre equipamentos de proteção individual (EPI). No início da pandemia (de janeiro a março de 2020), o processo de testagem para COVID-19 envolveu a aprovação do Departamento de Saúde Pública de Iowa (IDPH). A comissão de CCIH foi o canal entre os médicos do hospital e o departamento IDPH.

Quais as principais conclusões do estudo?

A comissão de CCIH da University of Iowa Hospitals & Clinics apresentou um aumento de 500% nos pedidos de consulta.

Planejamento para futuras bioemergências devem incluir estratégias criativas para aumentar a capacidade de resposta nas comissões de controle de infecção hospitalar, além de número de colaboradores com recebimento de remuneração adequada ao seu cargo.

Quais as principais limitações do estudo?

Há algumas limitações neste estudo, como ter sido desenvolvido em um único centro hospitalar e por dados retrospectivos, não sendo possível generalizar os achados para outros centros.

Houve variações nas documentações das chamadas, interferindo na precisão das chamadas. Nem todas as consultas foram realizadas por meio de ligações telefônicas.

Que observações adicionais podemos fazer?

Estudo observacional, que utilizou metodologia quantitativa e qualitativa para obter seus resultados, que comprovam o alto impacto da pandemia sobre a CCIH desse hospital. Esperamos que esse esforço traga um real reconhecimento da importância estratégica da CCIH para a saúde coletiva.

Elaborado por: Thalita Gomes do Carmo

https://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

Fonte: Alsuhaibani M, Kobayashi T, McPherson C, Holley S, Marra AR, Trannel A, Dains A, Abosi OJ, Jenn KE, Meacham H, Sheeler L, Etienne W, Kukla ME, Wellington M, Edmond MB, Diekema DJ, Salinas JL. Impact of COVID-19 on an infection prevention and control program, Iowa 2020-2021. Am J Infect Control. 2022 Mar;50(3):277-282.

Link:

https://pesquisa.bvsalud.org/global-literature-on-novel-coronavirus-2019-ncov/resource/pt/covidwho-1611567

Links de interesse:

https://www.cambridge.org/core/journals/infection-control-and-hospital-epidemiology/article/impact-of-coronavirus-disease-2019-covid19-on-healthcareassociated-infections-an-update-and-perspective/F0F3F6A4814A79FDC36410B5E3DDF73F

Palavras chave / TAGs: pandemia, coronavírus, CCIH, controle de infecção, sobrecarga, importância, novas demandas, orientações, EPI, atividades educativas

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