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É possível ter programa de stewardship de antimicrobianos sem farmacêuticos e infectologistas?

Devido ao problema da crescente resistência antimicrobiana é fundamental que os hospitais implantem programas de stewardship de antimicrobiamos para orientar sua prescrição e controlar a resistência antimicrobiana. Será necessário o suporte de profissionais especializados nesta implantação. Este estudo pretende responder esta questão.

  • O que pode apoiar um bom programa de stewardship de antimicrobianos?
  • Qual foi o objetivo deste estudo?
  • Como foi conduzido este estudo?
  • Como hospitais sem especialistas com dedicação específica realizam stewardship de antimicrobianos?
  • A que conclusões chegou o estudo a respeito do stewarship sem especialistas dedicados?
  • Quais as limitações destes estudos, segundo seus autores?

O que pode apoiar um bom programa de stewardship de antimicrobianos?

Tem-se comprovação de que os programas de administração de antibióticos melhoram a prescrição e, por sua vez, possibilitam a redução da resistência a esses medicamentos.

Embora uma variedade de estratégias seja necessária para a implementação desses programas dentro das unidades hospitalares, percebe-se que o apoio de profissionais como os farmacêuticos controladores de infecção e infectologistas são particularmente importantes.

O envolvimento de um farmacêutico controlador de infecção e/ou de um infectologista foi um elemento comum em vários estudos do tipo ensaio clínico randomizado que demonstraram a eficácia na administração dos antibióticos.

Finalmente, em dados observacionais do Veterans’ Health Administration (VHA) demonstraram que os pacientes atendidos em hospitais com o suporte desses profissionais fizeram a prescrição de antibióticos de forma mais consistente com os princípios esperados do que pacientes em hospitais sem tal suporte.

Qual foi o objetivo deste estudo?

Apesar desses benefícios, muitos hospitais ainda não possuem acesso a esses profissionais.  Não está claro como os hospitais sem o suporte de um farmacêutico controlador de infecção e/ou de um infectologista estão implementando os programas de administração de antibióticos e tão pouco se essas abordagens são eficazes.

Neste estudo, buscou-se entender a implementação dos programas de administração de antibióticos em hospitais que não possuem o suporte de um farmacêutico controlador de infecção e/ou de um infectologista no Programa de Saúde dos Veteranos.

Como foi conduzido este estudo?

O estudo foi conduzido a partir do sistema de dados nacional do Veterans’ Health Administration (VHA), que inclui 130 Hospitais de cuidados críticos em saúde. Em 2014, o Veterans’ Health Administration (VHA) obrigou que todas as Instituições desenvolvessem e aplicassem o Programa de administração de antibióticos. Ficou a cargo de cada Instituição que elegessem quem seriam os profissionais envolvidos na liderança do Programa.

Como critério de inclusão foram elegíveis Instituições de cuidados intensivos em saúde, que não possuíam profissionais especializados em cuidados com doenças infecciosas. Entendeu-se como profissionais especializados em cuidados com doenças infeciosas os farmacêuticos controladores de infecção e/ou infectologistas.

Foi realizado entrevista semiestruturada com o pessoal que estava envolvido nas atividades do Programa de administração de antibióticos.

Portanto, o estudo foi realizado em 7 Instituições hospitalares e obteve no total, 42 profissionais não especializados em cuidados com doenças infeciosas incluídos no estudo.

Como hospitais sem especialistas com dedicação específica realizam stewardship de antimicrobianos?

Os principais achados dos autores foram determinados por três categorias:

Categoria 1: Os farmacêuticos líderes dos programas de administração de antibióticos executam múltiplas funções. A responsabilidade pelos programas de administração de antibióticos recaiu sobre os farmacêuticos, que normalmente já desenvolviam diversas outras atividades que não só a liderança do programa.

Categoria 2: Estabelecer um relacionamento de confiança e influenciar a mudança de comportamento entre os médicos que estão na clínica leva tempo. Os farmacêuticos que tiveram mais sucesso na adesão ao programa foram aqueles que mantiveram um bom relacionamento com os médicos, contudo em algumas Instituições, os médicos por serem profissionais contratados tinham grande rotatividade, o que trazia potenciais barreiras para o desenvolvimento do programa.

Categoria 3: O acesso a um especialista em controle de infecção externo ao hospital tinha uma melhor aceitação por parte dos médicos às recomendações feitas para administração dos antibióticos. Algumas instituições acharam que a liderança do programa por um especialista em controle de infecção externo ao hospital seria um fator importante para superar as barreiras institucionais e melhorar a aceitação de suas recomendações por parte dos profissionais de saúde.

No geral, as lideranças dos programas de administração de antibióticos encontraram dificuldades para mobilizar recursos institucionais, a fim de permitir o avanço desses programas.

A que conclusões chegou o estudo a respeito do stewarship sem especialistas dedicados?

Observou neste estudo, realizado em 7 hospitais que os programas de administração de antibióticos são em grande parte um processo orientado pelo departamento de farmácia, da Instituição. Existe uma grande proporção de hospitais nos EUA que não possuem um especialista em controle de infecção para liderança desse programa.

Assim, essas Instituições precisarão adaptar seus programas de administração de antibióticos, de acordo com os processos, que são regulamentos para o desenvolvimento desses programas.

Quais as limitações destes estudos, segundo seus autores?

Como limitações os autores declaram que só foram pesquisadas Instituições que permitiram que o estudo fosse realizado, trazendo viés de escolha para aqueles que possuíam Programas de administração de antibióticos ativos e desejam compartilhar o seu sucesso. Não se sabe a capacidade de generalização desses achados a outras realidades hospitalares, que não as dos Hospitais militares americanos.

Este viés, mencionado pelos autores, limita bastante a conclusão apresentada, pois só se inscreveram hospitais que tinham confiança no resultado de suas ações, possivelmente não representativos do universo dos hospitais americanos, o que compromete a validade externa do estudo. De qualquer forma, não deu para se chegar a conclusão se farmacêutico clínico e infectologista com tempo dedicado ao stewardship são fundamentais para o programa ter o resultado esperado, apenas tivemos ideias do que profissionais sem tempo dedicado podem apoiar sua implantação.

Fonte: Livorsi DJ, Stewart Steffensmeier KR, Perencevich EN, Goetz MB, Schacht Reisinger H. Antibiotic stewardship implementation at hospitals without on-site infectious disease specialists: A qualitative study. Infect Control Hosp Epidemiol. 2022 May;43(5):576-581.

Link: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33993897/

Link de interesse:

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32267496/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32704510/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33766135/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/27080992/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32704510/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31320775/

https://www.ccih.med.br/stewardship-de-antimicrobianos-gerenciando-o-uso-dos-antimicrobianos-para-salvar-vidas/

https://www.ccih.med.br/stewardship-de-antimicrobianos-primeiros-passos/

https://www.ccih.med.br/antimicrobial-stewardsip-uma-estrategia-para-o-uso-racional-dos-antimicrobianos/

Sinopse por: Thalita Gomes do Carmohttps://www.instagram.com/profa.thalita_carmo/

TAGs: stewarship, infectologista, farmacêutico clínico, especialistas, facilitadores, trabalho em equipe, interdisplinaridade, transdiscipliaridade, antibióticos, antibioticoterapia, uso criterioso

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