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Duração da antibioticoterapia empírica na suspeita de sepse neonatal

O diagnóstico de sepse e a antibioticoterapia empírica em UTI neonatal é um grande problema para CCIH em neonatologia. Esse estudo avalia a segurança da redução da duração da antibioticoterapia empírica em casos de suspeita de sepse neonatal precoce com hemocultura negativa. O paciente neonatal prematuro possui vários riscos importantes, entre os quais o desenvolvimento de sepse de início precoce já nos primeiros dias de vida.

O diagnóstico de sepse e a antibioticoterapia empírica em UTI neonatal é um grande problema para CCIH em neonatologia. Esse estudo avalia a segurança da redução da duração da antibioticoterapia empírica em casos de suspeita de sepse neonatal precoce com hemocultura negativa. O paciente neonatal prematuro possui vários riscos importantes, entre os quais o desenvolvimento de sepse de início precoce já nos primeiros dias de vida.

Qual a importância do diagnóstico e tratamento de sepse neonatal?

A sepse neonatal precoce – definida como uma hemocultura positiva nos primeiros 3 dias após o nascimento – aumenta o risco de morbidade e mortalidade em recém-nascidos, sendo os bebês prematuros particularmente suscetíveis com taxas de mortalidade de até 33%. Nessa população, o diagnóstico de sepse é particularmente desafiador devido a apresentação clínica inespecífica, com sinais e sintomas que se sobrepõe às manifestações da prematuridade, à síndrome do desconforto respiratório e à transição da fisiologia fetal para neonatal.

Devido às consequências potencialmente letais do não tratamento da sepse neonatal, a maioria dos bebês prematuros recebe terapia antibiótica empírica por pelo menos 48 horas para infecções bacterianas de início precoce; sendo comum que a propensão a cautela resulte em ciclos mais longos de antibiótico mesmo em caso de hemocultura negativa. Esse tratamento empírico, entretanto, apresenta diversos riscos, podendo levar a sérias consequências a curto e longo prazo.

O que foi estudado?

Levando em consideração que os principais patógenos envolvidos no desenvolvimento de sepse neonatal precoce crescem em até 24 horas, os autores investigaram a segurança e eficácia da redução da duração da terapia antibiótica empírica para 24 horas.

O principal objetivo do estudo foi a duração da terapia empírica, como os dados foram coletados?

Esse foi um estudo de melhoria de qualidade realizado em uma unidade de terapia intensiva neonatal em uma estrutura de cuidados terciários. Todos os pacientes incluídos foram bebês prematuros (idade gestacional ao nascer <35 semanas) internados entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020.

A primeira fase do estudo foi uma coleta de dados referentes a terapia antibiótica empírica e hemoculturas por suspeita de sepse em bebês prematuros entre janeiro e até final de novembro de 2019. A partir de dezembro de 2019 a recomendação de duração da antibioticoterapia empírica foi alterada para avaliação de sepse negativa e passou de 48 para 24 horas. Os autores realizaram então a análise comparativa dos dados.

Qual foi o impacto da valiação dos paciente em 24 horas na prescrição de antibióticos?

As características das coortes pré e pós-intervenção foram semelhantes, sendo que o grupo pré intervenção foi de 206 pacientes (sendo que 145 tiveram hemocultura realizada por suspeita de sepse) e o grupo pós-intervenção foi de 141 pacientes (sendo que 133 tiveram hemocultura realizada por suspeita de sepse).

No período após a intervenção, 57% dos bebês prematuros com avaliação para sepse negativa (n=71) receberam <24 horas de antibióticos; em comparação aos 10% (n=15) do período pré-intervenção. Excluindo os pacientes tratados para sepse clínica (que receberam ≥5 dias de antibióticos), esses 71 pacientes representavam 77% dos bebês com hemoculturas negativas.

A análise comparativa revelou para todas as hemoculturas negativas, uma redução média de 0.5 dia de tratamento (3.9 para 3.4 dias) – o que equivale a uma redução de 2.4 dias por 100 pacientes-dia para hemoculturas negativas, mas dias de antibióticos por 30 pacientes-dia semelhantes (com um pequeno aumento de 7.2 para 7.5). Um dado importante foi o não aumento de sepse subsequente <7dias após hemocultura negativa.

Por fim, o tempo médio até a positividade das hemoculturas foi de 13.2 horas (variando de 8-23) para os 8 casos positivos (sendo 4 do período pré-intervenção e 4 pós-intervenção).

Segundo os autores é vantagem rever a antibioticoterapia empírica em 24 horas ?

Os autores concluem que a implementação de um curso de antibióticos de 24 horas, ao invés de 48 horas, para avaliações negativas de sepse neonatal precoce reduziu com segurança a exposição a antibióticos em 77% dos bebês prematuros nos quais a hipótese diagnostica de sepse foi descartada por hemocultura. Ressaltam também que todos os patógenos clinicamente significativos cresceram dentro de 24 horas nesse estudo.

 

Fonte: Kumar, R., Setiady, I., Bultmann, C. R., Kaufman, D. A., Swanson, J. R., & Sullivan, B. A. (2023). Implementation of a 24-hour empiric antibiotic duration for negative early-onset sepsis evaluations to reduce early antibiotic exposure in premature infants. Infection control and hospital epidemiology, 44(8), 1308–1313.

Link: https://doi.org/10.1017/ice.2022.246

 

Sinopse por: Maria Julia Ricci

E-mail: [email protected]

Instagram: https://www.instagram.com/sonojuju/

 

Links relacionados:

Duração da antibioticoterapia empírica inicial e resultados em bebês de muito baixo peso: https://publications.aap.org/pediatrics/article/143/3/e20182286/76778/Duration-of-Initial-Empirical-Antibiotic-Therapy?autologincheck=redirected

Sepse precoce entre bebês prematuros extremos: https://publications.aap.org/pediatrics/article/148/4/e2021052456/183300/Early-Onset-Sepsis-Among-Very-Preterm-Infants

Características clínicas e microbiológicas da sepse de início precoce entre bebês de muito baixo peso ao nascer: oportunidades para administração de antibióticos: https://doi.org/10.1097/inf.0000000000001473

Programa de sepse hospitalar: elementos centrais CDC 2023 – https://www.ccih.med.br/programa-de-sepse-hospitalar-elementos-centrais-cdc-2023-resumidos/

Fatores de risco que levam ao desenvolvimento de sepse fúngica neonatal – https://www.ccih.med.br/fatores-de-risco-que-levam-ao-desenvolvimento-da-sepse-fungica-neonatal/

 

TAGs / palavras chave: antibioticoterapia, terapia empírica, sepse, neonatal, prematuridade, hemocultura

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