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Bundles de prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central: o que diferentes países estão fazendo?

Bundles de prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central: o que diferentes países estão fazendo?

O presente estudo demonstrou que existem diferenças significativas nos bundles de cateter central entre países de renda baixa/média-baixa e países de renda média-alta/alta.

 

Qual impacto das infecções de corrente sanguínea relacionadas ao cateter venoso central?

A sepse causada por infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central é uma complicação relacionada ao uso do dispositivo, que aumenta a morbidade, mortalidade, tempo de internação e custos hospitalares.

 

O que é proposto para prevenção das infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central?

As entidades Infectious Diseases Society of America, Infusion Nurse Society, International Nosocomial Infection Control Consortium e o Centers for Disease Control and Prevention desenvolveram diretrizes para prevenção de infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central (ICS-RC). Eles defenderam o uso de bundles de cuidados, que foram amplamente implementados em todas as unidades hospitalares, e que compreendem os seguintes cuidados: preparações da pele com gluconato de clorexidina, barreiras estéreis máximas durante a inserção do cateter, preferência pela veia subclávia ou jugular interna ao invés da veia femoral, higiene rigorosa das mãos e revisão diária da necessidade do cateter venoso central.

 

Os bundles são eficazes em reduzir infecção da corrente sanguínea relacionada a cateter venoso central, independente da riquesa da nação?

Embora os estudos tenham avaliado a eficácia dos bundles para prevenção de ICS-RC em nível nacional em vários países, há escassez de dados na literatura comparando os procedimentos para o seu controle de acordo com a situação econômica dos países envolvidos.

Dado que as ICS-RC foram relatadas como sendo de 3 a 5 vezes mais prevalentes em países com recursos limitados do que em países com alta renda, os dados disponíveis são apenas uma gota no oceano.

O objetivo deste estudo foi obter informações sobre a aplicação dos bundles de acesso venoso central em vários países.

 

Como foram coletadas as informações sobre prevenção de infecção relacionada ao cateter venoso central?

Participaram do estudo as unidades de terapia intensiva adulto, pediátrica e neonatal que concordaram em preencher um questionário de 38 perguntas. Originalmente, o questionário foi escrito em inglês.

O questionário é composto por 3 tópicos principais:

  1. As características demográficas da unidade de saúde.
  2. Os procedimentos e rotinas da comissão de controle de infecção.
  3. Informações sobre a manutenção do cateter venoso central. As questões de manutenção incluíram etapas do bundle, monitoramento do bundle, lavagem, uso de conectores desnecessários ou torneiras de três vias e uso de esponja ou curativo transparente.

O link do questionário foi distribuído via e-mail aos membros da plataforma Infectious Diseases International Research Initiative, entre julho e novembro de 2021. A pesquisa foi totalmente voluntária.

 

Quais eram as características dos hospitais envolvidos nesse estudo?

A pesquisa foi distribuída para 72 participantes em potencial.

A taxa de resposta foi de 59,7% (n = 43).

Os entrevistados eram de 22 diferentes países (Afeganistão, Bangladesh, Bulgária, Croácia, Egito, França, Alemanha, Irã, Itália, Jordânia, Líbano, Paquistão, Polônia, Porto Rico, Portugal, Romênia, Rússia, Eslováquia, Eslovênia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Turquia), de 46 diferentes hospitais e de 85 Unidades de terapia intensiva (UTIs).  A pesquisa coletou dados de 23 unidades de terapia intensiva cirúrgica (27,1%), 12 unidades de terapia intensiva neonatal (14,1%), 11 unidades de alta dependência (13,9%), 10 unidades de terapia intensiva pediátrica (11,8%), 9 unidades de terapia intensiva coronariana (9,6%), 6 unidades de recuperação pós-anestésica (7,1%), 6 unidades de terapia intensiva (7,1%), 4 unidades de terapia intensiva traumática (4,7%), 2 UTIs de cirurgia cardiovascular pediátrica (2,4%), 1 unidade cirúrgica pediátrica (1,2 %) e 1 UTI adulto (1,2%).

Entre os 46 hospitais, 35 hospitais (76,1%) eram para atendimento a adultos e crianças, enquanto 8 (17,4%) eram apenas para adultos e 3 (6,5%) eram apenas hospitais pediátricos.

Vinte e um hospitais (45,7%) eram universitários, 10 (21,7%) eram hospitais de pesquisa e treinamento, 5 (10,9%) eram públicos, 9 (19,5%) eram privados e 1 (2,2%) era militar.

 

Como as comissões de controle de infecção são estruturadas nesses hospitias estudados?

A comissão de controle de infecção faziam reuniões em um cronograma variável, incluindo semanalmente em 1 (2,2%) hospital, mensalmente em 21 (45,7%) hospitais, a cada 3 meses em 10 (21,7%) hospitais, a cada 6 meses em 8 (17,4%) hospitais e uma vez ao ano em 4 hospitais (8,7%). Dois hospitais (4,4%) não realizavam reuniões regularmente, mas o faziam quando necessário.

Oito (17,4%) dos hospitais participantes careciam de um sistema de vigilância para infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central, enquanto 38 hospitais (82,6%) tinham um sistema de vigilância implantado.

Apenas 1 centro (2,2%) disponibilizou dados da vigilância publicamente, enquanto 21 hospitais (45,6%) compartilharam dados da vigilância com funcionários hospitalares relacionados, como chefes de UTI. Os relatórios da vigilância de infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central foram enviados mensalmente para 41,3% (19) dos hospitais e trimestralmente para 8,7% (4). Juntamente com os oito hospitais que careciam de sistemas de vigilância ativa para infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central, 5 hospitais (10,9%) não relatavam rotineiramente dados da vigilância de infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central às UTIs, enquanto 5 hospitais relatavam os dados da vigilância anualmente (10,9%).

 

Como esses hospitais selecionavam o tipo de acesso vascular e como eram coletadas informações de seus bundles relacionados a cateter venoso central?

Vinte e dois (47,8%) dos hospitais participantes usaram algoritmos bem definidos ou árvores de decisão para a seleção dos dispositivos para acesso vascular, enquanto vinte e quatro hospitais (52,2%) não o fizeram.

Aproximadamente 93,0% (n = 79) das UTIs tinham um bundle de cuidados para prevenção das ICS-RC para uso na UTI, enquanto 7,1% (n = 6) não tinham nenhum. Sessenta e cinco UTIs (76,5%) possuíam o checklist como protocolo, enquanto vinte UTIs (23,5%) não possuíam.

Nas 65 UTIs, a lista de verificação de conformidade do pacote foi preenchida por uma enfermeira líder (n = 26, 40,0%), uma enfermeira de UTI (n = 33, 50,8%), uma enfermeira de controle de infecção (n = 5, 7,7%) ou outra enfermeira (n = 1, 1,5%).

 

Como foram inseridos os cateteres venossos centrais?

Os cateteres foram inseridos principalmente por intensivistas (n = 73; 84,9%), seguidos de enfermeiros (n = 11, 12,9%), radiologistas intervencionistas (n = 5, 5,9%), especialistas em cirurgia cardiovascular (n = 11, 13,0%), cirurgiões adultos (n = 13, 15,3%) e os cirurgiões pediátricos (n = 8, 9,5%).

A inserção do cateter guiada por ultrassonografia foi preferida em 42,4% (n = 36) e a inserção cegada em 55,3% (n = 47) e ambas as técnicas foram usadas em 1 centro, dependendo do paciente (1,2%).

 

Que tipo de cateter venoso central foi utilizado nesses hospitais?

O tipo de cateter mais comumente usado foi o dispositivo de cateter venoso central com uma percentagem de 85,9% (48 participantes responderam “sempre” e 25 participantes responderam “com frequência”).

23,5% dos participantes preferiram um acesso central de inserção periférica (11 responderam “sempre”, 9 participantes responderam “com frequência”) e 8,2% (n = 7) fizeram uso dos cateteres de linha média.

 

Em quais setores foram inseridos os cateteres venosos centrais e quais foram as veias escolhidas?

Entre as 85 respostas válidas, os cateteres foram inseridos à beira do leito em 62,4% (n = 53) das UTIs, seguido por 28,2% (n = 24) inseridos nas salas cirúrgicas e em 8,2% (n = 7) em salas reservadas das UTIs.

O local de cateter mais comumente preferido foi a veia subclávia (n = 43/83, 51,8%), seguida da veia jugular interna (n = 38/83, 45,7%) da veia femoral (n = 2/83; 2,4%) e veias umbilicais (n = 3 /83; 3,6%).

 

Que barreiras de contaminação foram empregadas durante a inserção dos cateteres venosos centrais?

Dentre as 85 UTIs, 8 (9,4%) participantes declararam que faltou pelo menos um dos elementos da barreira máxima durante a inserção do cateter.

Durante a inserção do cateter, 90,6% dos indivíduos usavam touca (n = 77), 98,8% usavam máscara (n = 84), 98,8% usavam aventais estéreis (n = 84) e 100% usavam luvas estéreis (n = 85).

 

Como foi realizado o preparo de pele dos pacientes?

Durante a antissepsia da pele antes da inserção do cateter (83 respostas válidas), foi utilizado:

  • iodopovidona em 23 UTIs (27,7%).
  • gluconato de clorexidina a 2% e álcool isopropílico a 70% em 35 UTIs (42,1%).
  • álcool isopropílico a 70% foi usado exclusivamente em 8 UTIs (9,6%).

 

Quais foram os cuidados realizados no sítio de inserção dos cateteres venosos centrais?

Foram 83 respostas válidas:

  • 42 UTIs (50,6%) utilizaram curativos transparentes, semipermeáveis ​​com clorexidina,
  • 14 UTIs (16,8%) usavam curativo semipermeável transparente sem clorexidina, e
  • 16 UTIs (19,2%) usavam gaze estéril.
  • 10 UTIs foi utilizado um dos 3 curativos de acordo com a disponibilidade do produto.

O local de inserção foi avaliado a cada plantão em 28 UTIs (%33,3), diariamente em 39 UTIs (46,4%) e a cada troca de curativo em 17 (20,2%) UTIs.

O tratamento com selo antibiótico não foi feito rotineiramente em 47 UTIs (55,6%) enquanto em 17 UTIs (20,2%) foi realizado em pacientes de alto risco, e foi aplicado na presença de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres em 19 UTIs (22,6%).

 

Quais tipos de conectores foram utilizados e quais cuidados estavam padronizados?

Entre as 83 UTIs com respostas válidas, apenas torneiras de 3 vias foram usadas em 21 UTIs (25,3%) e apenas conectores sem agulha em 17 UTIs (20,4%) e 25 UTIs (30,1%), utilizaram ambos. Em 20 UTIs (24,1%), os participantes não sabiam o tipo de conectores.

Em 80,0% (n = 68) das UTIs a irrigação era rotineira, enquanto nas 17 UTIs (20%) não era realizada nenhuma irrigação.

 

Que diferenças foram observadas na prevenção dessas infecções de acordo coma riqueza da nação?

De acordo com os critérios do “Banco Mundial”, 17 (37,0%) dos hospitais participantes estavam localizados em países de renda média-baixa (grupo-I) e 29 (63,0%) estavam localizados em países de renda média-alta (grupo-II). Vinte e nove UTIs (34,1%) estavam no grupo-I e 56 UTIs (65,9%) estavam no grupo-II.

A percentagem de uso de ultrassonografia durante a inserção dos cateteres venosos centrais, os curativos semipermeáveis ​​transparentes, os conectores sem agulha e NaCl 0,9% estéril pré-preenchido de uso único foi significativamente maior em países com renda alta e média-alta (p < 0,05). A percentagem de uso de esponja estéril e seringas salinas pré-preenchidas manualmente para irrigação foi significativamente maior em países de renda média-baixa (P < 0,05).

 

Quais as limitações do estudo, segundo seu autores?

Várias limitações se aplicam a este estudo. As UTIs não foram distribuídas uniformemente com base em seu tipo e população de pacientes atendidos. Além disso, como foram incluídos participantes com base em sua disponibilidade para participar do estudo, o estudo contém um viés de seleção.

Que comentários e críticas finais?

O estudo revelou disparidades significativas na inserção e manutenção de bundles ​​para prevenção de infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central entre os países de baixo, média e alta renda. Ações devem ser tomadas, como aumentar a conscientização em nível nacional e internacional, para o fornecimento de materiais necessários e de boas práticas em saúde e em países com fontes limitadas.

 

 

Fonte: Analyzing central-line associated bloodstream infection prevention bundles in 22 countries: The results of ID-IRI survey. Am J Infect Control. 2022 Dec;50(12):1327-1332. Epub 2022 Mar 7. PMID: 35263612. Doi: 10.1016/j.ajic.2022.02.031

Link: https://www.ajicjournal.org/article/S0196-6553(22)00138-9/fulltext

 

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Sinopse por: Thalita Gomes do Carmo

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Links relacionados:

Plataforma Infectious Diseases International Research Initiative (https://infectdisiri.com/).

 

Bundles, além do controle de infecção –

https://www.ccih.med.br/bundles-alem-do-controle-de-infeccao/

 

Bundles e prevenção de infecções relacionadas à procedimentos invasivos –

https://www.ccih.med.br/bundles-e-prevencao-de-infeccoes-relacionadas-a-procedimentos-invasivos/

 

Prevenção e controle de infecção: https://www.ccih.med.br/como-e-por-que-controlar-as-infeccoes-hospitalares/

 

 

TAGs / palavras chave:

infecções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central, bundles, renda, cateteres, barreia máxima

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