Entre meus 10 e 14 anos Pererê era meu gibi predileto e nunca entendi por que teve sua publicação subitamente interrompida em abril de 64. Com o tempo percebi o que ela tinha de diferente. Miscigenava raças, mostrava a solidariedade aos amigos, defendia natureza. Era diferente de Disney, por exemplo, e era brasileira em sua essência. Na ingenuidade de criança queria saber onde ficava a Mata do Fundão, onde viviam os personagens. Hoje, refletindo a partir da morte do Ziraldo, finalmente descobri. A Mata do Fundão existe em meu coração e mente, nos princípios éticos que defendo e na brasilidade que tanto admiro. Isso me fez decidir atuar contribuindo para dar um jeito brasileiro para enfrentar as ameças das infecções hospitalares e da resistência microbiana, respeitando suas interfaces com serviços de saúde e a natureza.
Obrigado Ziraldo, você nem imagina como foi importante para minha formação e agora sim entendi, por que a publicação do Pererê foi subitamente interrompida no dia primeiro de abril de 1964.
Não sou de escrever obituários, mas meu coração abriu essa exceção.
