Minutagem do SuperAção:
03:38 Início da apresentação
05:34 Uso de autoclave de mesa em CME
08:56 Aspectos introdutórios
10:37 Esterilização por vapor saturado sob pressão
13:17 Considerações sobre autoclave de mesa
15:12 Aspectos legais
16:03 Qualidade da água para geração de vapor
17:15 Fundamentos científicos
20:52 Classes de autoclaves
26:33 Mecanismos de remoção de ar
28:14 Diferenças entre autoclaves de mesa Classe B e Autoclaves de grande porte
29:55 Autoclaves S- Características
32:13 Dilemas cotidianos frequentes
34:59 Parâmetros críticos para Autoclave Classe B
36:11 Fatores que influenciam a esterilização
39:41 Síntese da aula
40:32 Por que o ciclo flash tornou-se o ‘patinho feio’?
44:09 Evidências científicas
45:43 Análise crítica do conhecimento
47:46 Características para reconhecer uma autoclave de bancada
50:52 Autoclave de bancada não é sinônimo de cliclo fash
54:54 Autoclave de bancada é a mesma coisa que esterilização a vapor para uso imediato
51:42 Ciclo flash – características
53:41 Todas as autoclaves de mesa são gravitacionais?
54:02 Autoclave de bancada é segura para esterilizar material com lúmen?
55:00 Qual objetivo da qualificação? Frase: Eu coloquei o biológico e o químico virou, o cirurgião não opera com os indicadores químicos e biológicos, ele opera com o instrumental.
57:10 É possível usar o teste de bowie dick na autoclave de bancada?
58:15 O problema das autoclaves sem bomba de vácuo é a ausência de um PCD específico.
59:21 Como garantir a qualidade da água em uma autoclave de bancada?
1:02:50 O que é prime e foan na autoclave?
1:04:24 O que é PCD (dispositivo desafio de processo) ou liberador de carga?
1:08:59 Utilização de água comercial sem acompanhamento de validade após aberta?
1:11:24 O que são endotoxinas na água?
1:12:58 Processo de morte celular pela esterilização
1:21:46 As autoclaves utilizadas em consultórios odontológicos, são classificadas por qual classe?
1:26:58 Estudo sobre uso de esterilização de materiais odontológicos com vácuo
Título: Autoclaves de Bancada: Compreendendo os Fundamentos, Riscos e Classificações para uma Prática Segura
Introdução
As autoclaves de bancada, também conhecidas como autoclaves de mesa, são equipamentos onipresentes em consultórios odontológicos, clínicas de estética, estúdios de tatuagem e até mesmo em setores de unidades de saúde. No entanto, seu uso é frequentemente cercado por equívocos e uma perigosa banalização. Historicamente vistas como soluções rápidas ou “patinhos feios” do processamento de materiais, muitas vezes são operadas sem o devido conhecimento técnico, comprometendo a segurança do paciente.
Este artigo, baseado na discussão técnica apresentada no programa “Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática”, visa desmistificar esses equipamentos, esclarecendo os princípios científicos de sua operação e detalhando as cruciais diferenças entre suas classes, que determinam sua correta aplicação.
O Inimigo Oculto: A Remoção do Ar
O princípio fundamental da esterilização por vapor saturado sob pressão não é apenas o calor, mas sim o contato direto desse vapor com todas as superfícies do material. O vapor, ao tocar uma superfície mais fria, condensa-se e libera uma enorme quantidade de energia latente, promovendo a termocoagulação e a morte dos microrganismos.
O maior obstáculo para esse processo é o ar. O ar residual dentro da câmara ou, mais criticamente, dentro das embalagens e lúmens (cavidades) dos instrumentos, atua como um isolante térmico. Ele impede a penetração do vapor, criando “bolsões frios” onde a temperatura de esterilização nunca é atingida. Portanto, o ponto mais crítico para a eficácia de qualquer autoclave é a sua competência na remoção do ar antes da fase de esterilização.
Nem Todas São Iguais: As Classes de Autoclaves de Bancada
O erro mais comum é presumir que todas as autoclaves de mesa funcionam da mesma maneira. Elas são, na verdade, classificadas (seguindo normativas técnicas) de acordo com sua capacidade de remover o ar e o tipo de carga que podem processar com segurança.
- Classe N (Naked/Nu): Representa a tecnologia mais rudimentar. Nestes equipamentos, a remoção do ar ocorre por deslocamento gravitacional: o vapor, mais leve, é injetado e “empurra” o ar, mais pesado, para fora através de um dreno. Este método é passivo e ineficaz para remover o ar de dentro de embalagens, tecidos ou instrumentos com cavidades. Como o nome sugere (“Nu”), sua indicação de uso é exclusivamente para materiais sólidos e desembalados.
- Classe B (Bulk/Volume): É considerada a classe ideal e mais segura, equiparando-se em conceito às grandes autoclaves hospitalares. A autoclave Classe B possui um sistema de remoção de ar dinâmico, mais comumente uma bomba de vácuo. O ciclo realiza pré-vácuos que removem ativamente o ar da câmara e, crucialmente, de dentro de cargas complexas. Por isso, é a única classe apta para esterilizar todos os tipos de materiais: porosos (tecidos), embalados, sólidos e com lúmens (canulados).
- Classe S (Specific/Específico): Esta é uma classe intermediária, projetada para cargas específicas conforme definido e validado pelo fabricante. Pode incluir sistemas alternativos de remoção de ar (como pulsos de vapor), mas sua eficácia é garantida apenas para os materiais para os quais foi testada (por exemplo, determinados tipos de cânulas de videocirurgia ou peças de mão odontológicas).
Mitos Comuns e Fatores de Sucesso
É fundamental desfazer a confusão entre “ciclo flash” e “autoclave de bancada”. O “ciclo flash” (termo hoje desencorajado e substituído por “esterilização para uso imediato”) refere-se a um programa de esterilização rápido, sem secagem, para um item urgente e desembalado, e não ao equipamento em si.
Além da escolha do equipamento, dois fatores são determinantes para o sucesso da esterilização:
- Limpeza Rigorosa: A esterilização não é um substituto para a limpeza. A presença de sujidade, sangue ou qualquer matéria orgânica impede fisicamente o contato do vapor com a superfície do instrumento, criando uma barreira intransponível e inviabilizando o processo.
- Qualidade da Água: O vapor deve ser gerado a partir de água de boa qualidade (como a destilada ou deionizada). O uso de água de torneira leva à deposição de minerais e incrustações na câmara e nos sensores, podendo danificar o equipamento, gerar vapor “sujo” e comprometer a eficácia do ciclo.
Conclusão: Uma Questão de Responsabilidade Técnica
O uso de autoclaves de bancada exige conhecimento e responsabilidade. Utilizar um equipamento Classe N (gravitacional) para esterilizar materiais embalados ou instrumentos complexos, como é comum em muitos consultórios, é uma prática de alto risco que fornece uma falsa sensação de segurança. A falha na remoção do ar dentro dessas cargas pode levar à sobrevivência de microrganismos e a infecções graves.
A segurança do paciente começa com a escolha correta do equipamento, baseada no tipo de carga a ser processada, e se sustenta no rigor dos processos de limpeza e na correta operação da tecnologia.
FAQ: Autoclaves de Bancada e Segurança na Esterilização
Este guia rápido destina-se a gestores hospitalares, membros da CCIH, enfermeiros, farmacêuticos e médicos, respondendo às principais dúvidas sobre o uso, classificação e riscos associados às autoclaves de pequeno porte (de bancada).
Seção 1: Conceitos Fundamentais
1. O que é uma autoclave de bancada?
É um equipamento de esterilização a vapor saturado sob pressão, de pequeno porte, projetado para ser operado sobre uma mesa ou bancada (geralmente com volume de câmara interna inferior a 60 litros).
2. Por que a remoção do ar é o ponto mais crítico na esterilização a vapor?
O ar atua como um isolante térmico. A esterilização só ocorre quando o vapor saturado entra em contato direto com a superfície do material. Se houver ar residual (um “bolsão frio”) dentro da embalagem ou de um lúmen, o vapor não penetra, a temperatura de esterilização não é atingida e o item não será esterilizado.
3. Autoclave de bancada é o mesmo que “Ciclo Flash”?
Não. Este é um erro conceitual comum. Autoclave de bancada é um equipamento (um tipo de máquina). “Ciclo Flash” (termo antigo para “esterilização para uso imediato”) é um programa/processo de esterilização rápido, para itens desembalados e de uso emergencial. Embora um ciclo rápido possa ser executado em uma autoclave de bancada, os termos não são sinônimos.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: CCIH.med.br – Ciclo Flash: o que realmente sabemos?
4. A limpeza prévia do material realmente impacta a esterilização?
Sim, é a etapa mais importante do processamento. A sujidade (matéria orgânica, biofilme) age como uma barreira física que impede o contato do vapor com a superfície do instrumento, inviabilizando a esterilização. Como citado na aula, “não existe sujidade esterilizada”.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: Rutala, W. A., & Weber, D. J. (2023). Risk of surgical site infection associated with sterile processing in healthcare facilities. Infection Control & Hospital Epidemiology.
5. Qual a importância da qualidade da água na autoclave de bancada?
É crucial. O vapor deve ser gerado a partir de água purificada (destilada, deionizada ou por osmose reversa). Usar água de torneira ou inadequada gera incrustações, danifica sensores, pode criar espuma no gerador e arrastar gotículas e contaminantes para dentro da câmara, comprometendo a qualidade do vapor e a eficácia do ciclo.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: CCIH.med.br – Água para CMEs: muito além da osmose reversa
Seção 2: As Classes de Autoclaves (B, N, S)
6. Todas as autoclaves de bancada são iguais?
Não. Elas são divididas em classes (principalmente B, N e S), baseadas em sua performance e capacidade de remover o ar. A escolha errada da classe para o tipo de material que você processa é um risco grave à segurança do paciente.
- Referência: CCIH.med.br – Autoclaves de bancada: nivelando o conhecimento
- Norma técnica: EN 13060 – Norma Europeia para Esterilizadores a Vapor Pequenos (Sumário)
7. O que é uma autoclave “Classe N”?
A Classe N (de “Naked”, que significa “Nu”) é a mais rudimentar. Ela remove o ar por deslocamento gravitacional (o vapor “empurra” o ar para fora). Este método não consegue remover o ar de dentro de embalagens, campos ou lúmens.
8. Posso usar uma autoclave Classe N (gravitacional) para materiais embalados?
Não. A autoclave Classe N só é indicada para esterilizar instrumentos sólidos e desembalados. Colocar um pacote ou um instrumento canulado em uma autoclave Classe N resulta em uma falha de esterilização quase certa, pois o ar ficará preso dentro da embalagem.
9. O que é uma autoclave “Classe B”?
A Classe B (de “Bulk” ou “Bom”) é a mais completa e segura. Ela possui um sistema de remoção de ar dinâmico, geralmente uma bomba de vácuo, que retira ativamente o ar da câmara e de dentro das cargas (incluindo pacotes e lúmens) antes da entrada do vapor.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: CCIH.med.br – Autoclaves de bancada: nivelando o conhecimento
10. Qual tipo de autoclave é necessária para esterilizar instrumentos canulados (com lúmens)?
Para materiais complexos, como cânulas ou peças de mão odontológicas, é necessária uma autoclave com remoção forçada de ar, como a Classe B (com bomba de vácuo) ou, em alguns casos, uma Classe S (Específica). A Classe N (gravitacional) é inadequada.
11. O que é uma autoclave “Classe S”?
A Classe S (de “Específico”) é projetada para esterilizar tipos de cargas específicas, conforme definido e validado pelo fabricante. Ela pode ter métodos alternativos de remoção de ar (ex: pulsos de vapor), mas sua eficácia só é garantida para aqueles itens específicos (ex: um determinado modelo de endoscópio ou peça de mão).
12. Como identifico a classe da minha autoclave de bancada?
Essa informação deve constar no manual do equipamento, no catálogo do fabricante ou, muitas vezes, em uma etiqueta no próprio equipamento (procure pelos símbolos “Classe B”, “Classe N” ou “Classe S”). Na dúvida, contate o fabricante.
Seção 3: Monitoramento e Regulamentação
13. Preciso fazer o teste de Bowie-Dick em uma autoclave de bancada?
Somente se ela for Classe B (ou Classe S com ciclo de vácuo). O teste de Bowie-Dick avalia exclusivamente a eficácia da bomba de vácuo na remoção do ar. Não faz sentido (e não funciona) realizar um Bowie-Dick em uma autoclave Classe N (gravitacional).
14. A RDC 15/2012 da Anvisa aborda as autoclaves de bancada?
A RDC 15/2012 (Boas Práticas para Processamento de Produtos para Saúde) foca principalmente em CMEs hospitalares e autoclaves de grande porte. Ela não detalha as especificidades (Classes B, N, S) das autoclaves de bancada, o que é visto como uma lacuna na regulamentação, especialmente para serviços não hospitalares (como consultórios).
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Norma: ANVISA – RDC nº 15, de 15 de março de 2012
15. O que é um PCD (Dispositivo Desafio de Processo)?
O PCD (Process Challenge Device) é um dispositivo (pacote-teste) que simula o maior desafio para a penetração do vapor na carga. Ele contém um indicador (químico ou biológico) e é usado para monitorar a eficácia do ciclo de esterilização antes da liberação dos materiais.
16. Onde encontro as normas técnicas oficiais sobre autoclaves pequenas?
As normas mais referenciadas, citadas na aula, são as europeias (EN 13060) e as internacionais (ISO), que foram adotadas ou adaptadas pela ABNT no Brasil (ex: série ABNT NBR ISO 17665 sobre esterilização a vapor, e a ABNT NBR 11817 sobre esterilizadores a vapor de pequeno porte).
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Norma: ABNT Catálogo – NBR 11817
Seção 4: Aplicações Práticas e Riscos
17. Qual é o tipo de autoclave correta para um consultório odontológico?
A prática odontológica utiliza muitos materiais embalados e instrumentos complexos com lúmens (ex: peças de mão, cânulas de implante). Portanto, a autoclave Classe N (gravitacional) é inadequada para a maioria da carga. O consultório deve optar por uma autoclave Classe B (com vácuo) para garantir a esterilização de todos os seus itens.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: Instituto CCIH + (YouTube) – Controle de Infecção em Odontologia (Série de vídeos)
18. A esterilização em autoclaves de bancada (Classe B) é menos segura que em autoclaves hospitalares de grande porte?
Não necessariamente. Se for uma autoclave Classe B, bem mantida, operada corretamente (com água de qualidade, limpeza prévia) e monitorada, ela segue os mesmos princípios físicos de uma autoclave de grande porte e é considerada segura e eficaz.
19. Quais os riscos de usar uma autoclave de forma incorreta (ex: Classe N para pacotes)?
O risco principal é a falha na esterilização, resultando na utilização de um material contaminado no paciente. Isso eleva drasticamente o risco de Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC), infecções cruzadas (ex: Hepatite B/C) e outras complicações graves.
20. O que um gestor ou membro da CCIH deve verificar em um setor que usa autoclave de bancada?
Deve verificar:
- A classe da autoclave (B, N ou S).
- A compatibilidade da classe com os materiais que estão sendo processados (especialmente se há pacotes ou lúmens).
- A qualidade da água utilizada (é destilada/purificada?).
- A evidência de limpeza prévia dos materiais.
- Os registros de monitoramento (físico, químico e biológico) e manutenção.
- Referência: Instituto CCIH + (YouTube) – Autoclaves de Bancada: fundamentos e segurança na prática
- Saiba mais: CCIH.med.br – Autoclaves de bancada: nivelando o conhecimento
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