O feedback imediato aprimora a aderência à higiene das mãos, e os principias pontos a corrigir foram após o auto toque e o uso de celular.
FAQ: Feedback Imediato para Aprimorar a Adesão à Higiene das Mãos
Esta seção de Perguntas Frequentes (FAQ) foi desenvolvida para orientar gestores hospitalares, membros da CCIH, médicos, farmacêuticos e enfermeiros sobre como o feedback em tempo real pode transformar a cultura de segurança e a prática de higiene das mãos (HM) em serviços de saúde.
Conceitos Fundamentais
1. Qual a importância da higiene das mãos (HM) nos serviços de saúde?
A higiene das mãos é a medida individual mais simples e eficaz para prevenir a propagação de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). A prática correta protege tanto os pacientes quanto os profissionais, quebrando a cadeia de transmissão de microrganismos.
2. Qual é a principal conclusão do estudo mencionado no artigo sobre feedback e adesão à HM?
O estudo demonstrou que o feedback fornecido imediatamente após a oportunidade de higiene das mãos foi significativamente mais eficaz para aumentar a adesão dos profissionais do que o feedback fornecido de forma agrupada no final do turno de trabalho.
- Referência:
3. Por que o feedback imediato é mais eficaz que o feedback tardio?
O feedback imediato cria uma associação direta e em tempo real entre a ação (ou a falta dela) e a consequência, reforçando a memória e o aprendizado. O feedback tardio perde esse impacto, pois o profissional pode não se lembrar do contexto específico da oportunidade perdida, diminuindo a eficácia da intervenção.
4. O que é o “Efeito Hawthorne” e como ele se relaciona com a observação da higiene das mãos?
O Efeito Hawthorne é a tendência que as pessoas têm de mudar seu comportamento quando sabem que estão sendo observadas. Na monitorização da HM, isso significa que os profissionais tendem a higienizar mais as mãos na presença de um observador, fazendo com que as taxas de adesão pareçam artificialmente mais altas do que realmente são na prática diária.
- Referência:
Para Gestores Hospitalares e Lideranças
5. Qual o argumento para investir em sistemas de monitoramento eletrônico da HM?
O investimento se justifica pela obtenção de dados de adesão mais precisos e contínuos, eliminando o viés do Efeito Hawthorne. Isso permite intervenções mais eficazes, melhora a segurança do paciente, reduz custos associados às IRAS e fortalece a cultura de segurança e a imagem da instituição.
6. Como a melhoria na adesão à HM impacta os indicadores financeiros do hospital?
A alta adesão à HM reduz diretamente as taxas de IRAS. Menos infecções significam menor tempo de internação, menor consumo de antimicrobianos de alto custo, menos reinternações e redução dos custos associados ao tratamento de complicações, impactando positivamente a sustentabilidade financeira do hospital.
7. Qual o papel da liderança na implementação de um programa de feedback imediato?
A liderança é fundamental para comunicar a importância do programa, garantir os recursos necessários (tecnologia, tempo, pessoal), e promover uma cultura justa e não punitiva. Líderes engajados que participam e valorizam o programa incentivam a adesão e o comprometimento de toda a equipe.
Para Membros da CCIH
8. Quais são as limitações do método tradicional de observação direta da HM?
As principais limitações são: o Efeito Hawthorne (que infla os resultados), o alto custo de tempo e pessoal para realizar as observações, a cobertura limitada (apenas uma pequena amostra de oportunidades é observada) e o potencial viés do observador.
9. Como a CCIH pode usar os dados de um sistema de monitoramento eletrônico?
Os dados podem ser usados para: fornecer feedback imediato e individualizado, identificar padrões de baixa adesão por setor, turno ou categoria profissional, direcionar treinamentos e campanhas educativas, e correlacionar as taxas de adesão com as taxas de IRAS para demonstrar o impacto do programa.
- Referência:
10. O que a Anvisa recomenda sobre o monitoramento da adesão à higiene das mãos?
A Anvisa, por meio do Programa Nacional de Segurança do Paciente, preconiza a monitorização da adesão à HM como um indicador obrigatório para os serviços de saúde. A Agência incentiva o uso da Estratégia Multimodal da OMS, que inclui a monitorização e o feedback como um de seus pilares.
11. Como implementar um programa de feedback imediato de forma eficaz?
A implementação deve começar com uma comunicação clara sobre os objetivos (melhorar a segurança, não punir). É crucial garantir a privacidade dos dados individuais e focar em feedbacks construtivos, que podem ser dados por pares, líderes ou através de alertas discretos de sistemas automatizados (sonoros, luminosos).1
Para Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos
12. Quais são os “5 Momentos para a Higiene das Mãos” da OMS?
São eles:
- Antes de tocar o paciente.
- Antes de realizar procedimento limpo/asséptico.
- Após o risco de exposição a fluidos corporais.
- Após tocar o paciente.
- Após tocar superfícies próximas ao paciente.
13. Como o profissional de saúde deve receber o feedback imediato sobre sua prática?
O feedback deve ser visto como uma ferramenta de desenvolvimento profissional e um lembrete para a segurança do paciente, e não como uma crítica pessoal. Uma atitude receptiva e não defensiva é essencial para que a estratégia funcione e contribua para o aprimoramento da equipe.
14. A farmácia hospitalar tem um papel na promoção da higiene das mãos?
Sim. O farmacêutico pode atuar garantindo a disponibilidade e a qualidade de produtos para HM (álcool em gel, sabonete), participando de treinamentos, orientando equipes sobre o uso correto dos produtos e, como profissional de saúde, aderindo exemplarmente à prática nos seus 5 momentos.
- Referência:
15. O feedback imediato pode ser considerado punitivo? Como evitar essa percepção?
Pode, se mal implementado. Para evitar, a liderança deve comunicar que o objetivo é educativo e de melhoria de processo, não de punição. O feedback deve ser construtivo, privado sempre que possível, e focado no ato, não na pessoa. A ênfase deve estar na meta compartilhada de proteger os pacientes.
- Referência:
Tecnologia e Implementação
16. Como funcionam os sistemas eletrônicos de monitoramento da higiene das mãos?
Geralmente, eles usam sensores nos dispensadores de álcool em gel e crachás ou pulseiras nos profissionais. O sistema registra quando um profissional entra e sai de um quarto e se o dispensador foi acionado, gerando dados em tempo real sobre a conformidade com os 5 momentos.
17. O feedback de um sistema automatizado pode ser dado de que forma?
Pode ser um alerta discreto no crachá do profissional (uma vibração ou luz), um sinal sonoro suave no quarto, ou um painel que mostra a taxa de adesão do setor em tempo real. O feedback individualizado geralmente é acessado em relatórios privados.
18. O monitoramento eletrônico substitui completamente o observador humano (CCIH)?
Não. Ele substitui a tarefa de contagem de eventos, mas não o papel da CCIH. Com os dados precisos em mãos, a CCIH pode focar seu tempo em atividades de maior valor, como análise de dados, planejamento de intervenções, treinamento e investigação de surtos.
19. Quais os principais desafios na implementação desses sistemas?
Os desafios incluem o custo inicial de aquisição e instalação, a necessidade de integração com a infraestrutura de TI do hospital, a gestão da mudança para garantir a aceitação pelas equipes, e a correta parametrização do sistema para que os dados sejam confiáveis.
20. Onde encontrar mais recursos sobre a Estratégia Multimodal de Higiene das Mãos?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Anvisa são as principais fontes. Elas oferecem guias, manuais, pôsteres e ferramentas para ajudar os hospitais a implementar os cinco componentes da estratégia: mudança de sistema, treinamento, avaliação e feedback, lembretes no local de trabalho e clima de segurança institucional.
1. Principal Achado
A implementação de um programa de observação aberta de higiene das mãos (HM) com feedback em tempo real no Hospital Infantil da Filadélfia resultou em uma taxa de conformidade sustentada acima de 95% entre 2013 e 2019. O programa demonstrou que observações abertas e intervenções diretas são eficazes para promover mudanças comportamentais na adesão à HM.
2. Importância do Tema
A higiene das mãos é um dos pilares da prevenção de infecções hospitalares, reduzindo a transmissão de patógenos e melhorando a segurança do paciente. Estratégias eficazes de monitoramento e feedback podem impactar diretamente a redução de infecções associadas à assistência à saúde.
3. O Que Se Sabia Sobre o Tema
- A observação da adesão à HM é tradicionalmente feita de forma encoberta, mas há evidências de que observações abertas com feedback imediato são mais eficazes.
- Sistemas eletrônicos de monitoramento da HM têm sido usados, mas apresentam alto custo e limitações na identificação de oportunidades reais de higiene.
- A cultura hospitalar e a integração de práticas de higiene no dia a dia são essenciais para a sustentabilidade da conformidade.
4. Metodologia do Estudo
- Local: Hospital Infantil da Filadélfia (CHOP), um hospital pediátrico de alta complexidade.
- Período: 2011-2019.
- Método: Observação aberta e feedback imediato sobre a HM, seguindo os “Cinco Momentos” da OMS.
- Equipe: Um gerente de programa e cinco observadores treinados (estudantes universitários).
- Dados Coletados: 160.917 observações em 29 unidades hospitalares.
- Análise: Dados foram organizados por unidade, função profissional e tipos de falhas na HM.
5. Principais Resultados (com Significância Estatística)
- Taxa de Conformidade: Acima de 95% a partir de 2013, chegando a 100% em algumas unidades como o centro cirúrgico.
- Principais Falhas Identificadas: “Tocar o próprio corpo” e “uso do telefone durante o atendimento ao paciente”.
- Impacto da Análise Temática: Educação específica sobre os erros mais comuns levou à redução de falhas ao longo do tempo.
- Unidades de Maior Desafio:
- Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (NIICU): A conformidade caiu para 93% em 2014, mas foi recuperada com educação direcionada.
- Centro Cirúrgico: Conformidade inicial abaixo de 90%, mas atingiu 100% em 2018 com intervenções personalizadas.
6. Conclusões dos Autores
- O modelo de observação aberta fortaleceu a adesão à HM, promovendo diálogo contínuo entre a equipe de controle de infecção e os profissionais de saúde.
- O feedback em tempo real e a transparência do programa aumentaram a conscientização sobre segurança do paciente e a confiança entre observadores e equipe assistencial.
- O programa pode ser adaptado para outras instituições e pode auxiliar na investigação de surtos hospitalares.
7. Fatores Limitantes e Possíveis Confundidores
- Efeito Hawthorne: A possibilidade de os profissionais mudarem seu comportamento ao saberem que estão sendo observados.
- Cobertura Parcial: Apesar do grande número de observações, apenas uma pequena fração das oportunidades reais de higiene foi avaliada.
- Turnover da Equipe: A rotatividade de profissionais, especialmente em períodos de treinamento de novos residentes, representou um desafio na manutenção da conformidade.
- Uso de Tecnologias: O uso de dispositivos móveis para comunicação (celulares) impactou a necessidade de maior educação sobre sua higienização.
8. Fonte:
WILSON, Kimberly B.; SATCHELL, Lauren; SMATHERS, Sarah A.; LE GOFF, Lauren F.; SAMMONS, Julia S.; COFFIN, Susan E. The power of feedback: Implementing a comprehensive hand hygiene observer program. American Journal of Infection Control, v. 51, p. 142-148, 2023.
9. Nossos Comentários
O artigo reforça a necessidade de programas estruturados para adesão à HM e valida que observações abertas com feedback imediato são mais eficazes que métodos tradicionais encobertos. Essa abordagem é relevante para hospitais brasileiros, que frequentemente enfrentam desafios na adesão à HM, especialmente em áreas de alta rotatividade de profissionais. Além disso, a análise temática das falhas pode ajudar a direcionar treinamentos específicos e melhorar a eficácia dos programas de prevenção de infecção, pois o auto toque e o emprego de celulares não estão dentre os 5 momentos para higiene das mãos, conforme divulgado pela OMS.
10. Links relacionados:
Implementação de um programa abrangente sobre higiene das mãos: https://www.ccih.med.br/implementacao-de-um-programa-abrangente-sobre-higiene-das-maos/
ANVISA lança nota técnica sobre higiene das mãos: https://www.ccih.med.br/anvisa-lanca-nota-tecnica-sobre-higiene-das-maos/
Estratégias Multimodais para Campanhas de Conscientização sobre Higiene das Mãos em Hospitais: https://www.ccih.med.br/estrategias-multimodais-para-campanhas-de-conscientizacao-sobre-higiene-das-maos-em-hospitais/
Debatendo o novo guia SHEA/ISDA/APIC sobre higiene das mãos: https://www.ccih.med.br/debatendo-o-novo-guia-shea-isda-apic-sobre-higiene-das-maos/
Autor da sinopse:
Antonio Tadeu Fernandes:
https://www.linkedin.com/in/mba-gest%C3%A3o-ccih-a-tadeu-fernandes-11275529/
https://www.instagram.com/tadeuccih/
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